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terça-feira, 3 de junho de 2014

Salada de feijão-manteiguinha, pesto de folha de rabanete e mais um monte de coisa


Era para ser um almocinho vegan. Mas abri a geladeira e dei de cara com aquele maço de folhas de rabanete. Achei uma receita de pesto e, já que Madame Bochechas resolvera não dormir no meu horário de trabalho, resolvi preparar o danado para congelar e usar depois. [Pois há ainda muita verdura na geladeira para ser usada A.S.A.P., já que eu tive um impulso consumista na feira da semana passada e comprei uma variedade e quantidade maior do que consigo consumir de fato.]

Na hora de preparar o pesto, fiz poucas modificações: aferventei as folhas antes para tirar aquela sensação piniquenta, e usei castanhas do pará. O bicho ficou tão gostoso (Laura queria comer de colher), que resolvi usar o pesto na salada de feijão-manteiguinha que planejara para hoje, já que o dia estava bonito e não estava tão frio.

Feijão-manteiguinha: com um nome desse, não dá vontade de levar pra casa quando você vê na gôndola? Eu levei. E achei uma delícia. E fui pesquisar e descobri que ele é famosinho em várias partes do Brasil, mas que eu que era boba e nunca tinha ouvido falar. E é saboroso, e pequenininho, e bom em saladas. Como vi que era parente do feijão-fradinho, achei por bem descartar a água da primeira fervura, lavar e aí sim cozinhar com alguns temperos, para evitar qualquer possível amargor. Quem conhece o moço que me diga se era preciso fazer isso ou se é bobagem minha.

Sabia que queria usar na salada, abacate, que o Matador de Dragões (agora) adora. E tomate, e pepino japonês, e rabanete. Bati o olho numa salada de quinua que levava ingredientes semelhantes, e que levava também amêndoas e tâmaras. Resolvi arriscar, substituindo as amêndoas por castanha-do-pará de novo. Fui comedida e botei só quatro tâmaras, mas da próxima vez, uso mais, muito mais, porque o docinho da tâmara enriqueceu muito o prato.

Madame Bochechas provara do feijão na panela e do pesto no processador. Mas quando lhe apresentei o prato montado, ela torceu o nariz. Expliquei que era a mesma coisa. Mostrei pra ela. Passei o dedo no processador ainda sujo e deixei que lambesse. Fiz o mesmo no molho da salada. Ela apanhou a colher e foi valente, experimentando de tudo, gostando de alguns itens, cuspindo outros, mas, em geral, mandando ver.

Matador de Dragões viu o almoço e não quis sentar à mesa. Disse-lhe, como sempre, que se não queria comer, que não comesse; mas que precisava sentar-se conosco e esperar que todos terminarem. Ele veio, a contragosto. Ficou olhando, bem uns cinco minutos, enquanto Laura e eu comíamos, "hmmms", "aaahs", "boooons". Então apanhou a colher e experimentou. "Gostou, Thomas?" "Hm-rum", disse, continuando a comer. "Quéo mais." "Mais fejão?" "Dãaaao. Esse." Apontou para o rabanete.

Fico contente que ele tenha entendido o esquema e simplesmente experimente metendo o colherão na boca e mastigando. Laura entrou já cedo na fase do Não Gosto, Não Quero, e às vezes, recusa-se a comer, tornando-se minha mais nova Catadora de Salsinha. Hoje foi uma exceção conseguir convencê-la pelos meios da razão. Também não há promessa de chocolate que a faça experimentar algo, já que ela ainda não entende completamente condicionais. [Só promessa de chocolate fez com que Thomas experimentasse a berinjela recheada de painço, que ficou feia como o demônio, mas uma delícia. Experimentou, raspou o prato. Já Laura, não esboçou problemas com a gororoba marrom-acinzentada em seu prato e mandou ver sem manha.]

Vejo que a pequena Catadora de Salsinha ainda tem a dificuldade da mastigação, por não ter todos os dentes, já que o modo como mastigamos muda completamente o gosto que sentimos do alimento. Dependendo de como ela põe a comida na boca, o tamanho do pedaço, ela come ou rejeita. Pensei nisso outro dia, quando Thomas apanhou um legume qualquer para experimentar e apenas tocou-o na ponta da língua e o rejeitou. Tento explicar que desse jeito ele não está sentindo o gosto de nada e que isso é roubar no jogo: experimentar é botar na boca, mastigar e engolir. Imagina apanhar um pepino e encostar a ponta da língua na casca? Nem maçã tem gosto bom assim. o_O

Fiquei contente de ver os dois comendo com gosto, pedindo mais. Também, pudera: saladinha que ficou uma delícia, e eu mesma raspei o prato, repeti e comi o pouco que eles deixaram nas suas tigelinhas. Achei que sobraria pro jantar, mas já vi que vou pra cozinha de novo hoje. ¬_¬

SALADA DE  FEIJÃO-MANTEIGUINHA, PESTO DE FOLHAS DE RABANETE E UM MONTE DE COISA
Rendimento: 2-4 porções, dependendo se prato principal ou acompanhamento

Ingredientes:
(feijão)

  • 1 xic. feijão-manteiguinha seco, deixado de molho na noite anterior e escorrido
  • 1 colh. (sopa) azeite
  • 1 ramo de salsinha
  • 1 folha de louro
  • 1 pitada de pimenta-calabresa seca
  • sal e pimenta a gosto

(pesto)

  • 1 maço de folhas de rabanete bem verdinhas, com os talos
  • 1 dente de alho, descascado
  • 5-6 castanhas-do-pará
  • 1/2 xic. queijo parmesão ralado na hora
  • suco de 1/2 limão
  • azeite de oliva (1/4 xic. ou mais, dependendo da consistência desejada)
  • sal e pimenta a gosto

(salada)

  • 2-3 colh. (sopa) água do cozimento do feijão
  • 1 tomate maduro mas firme, cortado em cubinhos pequenos
  • 1/4 cebola picada
  • 1/2 abacate maduro, cortado em cubos e regado com suco de limão, para não escurecer
  • 2 rabanetes cortados ao meio no sentido do comprimento e fatiados bem fininho
  • 1 pepino japonês fatiado bem fininho
  • 4 castanhas-do-pará picadas
  • 4 (ou mais) tâmaras, sem caroço, picadas
  • sal e pimenta a gosto


Preparo:

  1. Coloque o feijão para cozinhar em água. Quando ferver, escorra, lave, volte à panela com água limpa bastante para cobrir, o azeite, o louro, a salsinha e a pimenta-calabresa. Leve à fervura, abaixe o fogo, e deixe cozinhando com meia-tampa até que o feijão esteja macio (o tempo vai depender da idade do feijão e se você usar panela de pressão ou não).
  2. Retire as ervas, tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto e escorra, reservando o caldo. 
  3. Enquanto isso, faça o pesto: coloque água com sal para ferver em uma panela grande. Coloque as folhas de rabanete e deixe cozinhar por 1 minuto. Retire e deixe que esfriem. Quando estiverem frias, esprema nas mãos até tirar todo o líquido e coloque as folhas no processador com as castanhas, o alho, o limão e o azeite. Pulse até transformar em purê. Acrescente o azeite, o queijo, sal e pimenta e bata novamente até que fique homogêneo. Você terá mais pesto do que precisa. O restante pode ser congelado. 
  4. Numa tigela grande, misture o feijão ainda quente a 1/3 xic. do pesto diluído em 2-3 colh. (sopa) da água do cozimento do feijão. (O restante do caldo do feijão pode ser usado no caldo de legumes, assim como a água do cozimento das folhas de rabanete.)
  5. Quando o feijão estiver bem temperado, junte o restante dos ingredientes da salada, misturando muito bem. Prove e acrescente mais suco de limão, azeite, sal e pimenta a gosto, se precisar. Deixe a salada descansar em temperatura ambiente por 15-30 minutos, para que os sabores se desenvolvam e sirva. 


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Almoço e jantar na mesa da cozinha, legumes no forno e uma loja nova

Crostini de tomate, polenta e saladinhas diversas.
Daí que nisso de comida estar cara pra dedéu me impus um orçamento mensal do qual não pretendo fugir mais. E daí que nisso de comer coisinhas variadas na mesa da cozinha, muitos dos meus almoços tem tido mais ou menos essa cara. E daí que meus ovos acabaram, não tinha macarrão, e por dez segundos tive um surto psicótico, pois não sabia o que preparar; não havia polenta para um adulto, uma criança e um bebê, e não dava tempo de preparar mais. Também não havia sobrado mozzarelinha o bastante da saladinha de tomate da noite anterior para nada mais substancial. Então o restinho de polenta foi requentado, saladinhas foram montadas e temperadas, e o pão de transantontem, seco e esturricado, virou crostini com tomate bem maduro, alho e bastante azeite.

E esse esquema tem funcionado bem para que o pequeno matador de formigas coma seus legumes. Afinal, está ali, e ninguém o força a pegar, e afinal, papai e mamãe fazem sons de "hmmmm" ao comer rabanete, então rabanete deve ser bom. E come-se cenoura, e come-se rabanete, e come-se pepino, tudo bem temperadinho. Tomate, por algum motivo, não. Só no molho do macarrão. ¬_¬

E esse esquema tem funcionado também para manter o orçamento em dia e em dia também as pelancas da mamãe, que não aumentam com o sorvete de morango da sobremesa porque se entupiram de rabanete, pepino e cenoura antes. Quanto tempo vai durar o interesse pelo "bar de salada"? Vai saber. Mas enquanto durar, a criança [e os pais] come seus legumes.

E a pequena caçadora de rabo de cachorro? Come da mesma coisa. Polentinha, tomate bem picadinho, cenoura ralada fininho, mozzarelinha que derrete na boca. Mas sobremesa pra ela é pera, não sorvete.
Pra não falar que tenho favoritos, tá aqui a foto da Madame Bochechas se refestelando de pera.

Daí que no jantar o pequeno devorador de ovos de codorna está sempre meio sonado e birrento e quase nunca come alguma coisa direito. Então me dou o direito de preparar o que eu bem entender, já que vai ficar no prato mesmo. E de novo: o que é que eu faço sem ovos em casa?? Nunca pensei que ficaria tão perdida.

Bom, faço mais legumes. [Em tempo: não é que acabou o dinheiro para os ovos; é que sei que se for ao mercado comprar, vou acabar levando outra coisa junto pra aproveitar a viagem; e instituí que dia de supermercado é quinta, o mesmo da feira.]

A foto antes de ir ao forno é tão mais bonita...
Abobrinhas e tomates no forno e salada de beterraba e agrião.
A salada foi adaptada daqui, feita apenas sem o vinho e as folhas de beterraba, que já haviam sido consumidas em forma de macarrão na quinta passada. O outro prato é do sempre ótimo e prático I Know How To Cook, a "Dona Benta" francesa. Adoro esse livro pois os pratos levam sempre pouquíssimos ingredientes, e sempre fica bom. 

No caso desse prato específico, no entanto, recomendo apenas se seus tomates estiverem bem maduros e saborosos, pois o sabor do prato finalizado é bem suave, e com os tomates errados, pode beirar o insosso. Também por isso, recomendo carregar no tempero. 

Pode ser mais fácil? Fatie fino 2 abobrinhas médias e meio quilo de tomate, esses fatiados um pouco mais grossos que a abobrinha. Unte uma travessa refratária com azeite e arranje os legumes, alternando as fatias. Tempere generosamente com sal e pimenta-do-reino moída na hora e mais um belo fio de azeite. Salpique folhas de tomilho fresco e leve ao forno pré-aquecido a 190ºC por no mínimo 20 minutos (o tempo pode variar um bocado dependendo da espessura das fatias), até que os legumes estejam macios. Polvilhe com farinha de rosca e mais um fio de azeite e leve ao forno novamente para dourar, ou para baixo do grill, como eu fiz. Sirva quentinho. 

Esse jeito de cozinhar é infinitamente mais simples do que o que fiz nos últimos anos, ainda que eu goste de pratos mais elaborados. Mas além de colaborar para a comilança do pequeno, tem também me dado mais tempo para pintar. O que é ótimo, porque com o mercado de ilustração comercial à beira de um colapso, ando migrando cada vez mais para a venda direta de originais para pessoa física, encomenda ou não, coisa que me deixa muito mais feliz. Sei que quem compra uma aquarela minha vai emoldurar, pendurar e ter muito mais apreço pelo meu trabalho do que uma empresa que me contrata para ilustrar embalagem de biscoito. E satisfação no trabalho é que ando mais buscando.

Assim, remontei minha lojinha e, além das reproduções, estou vendendo mais originais. Ando pintando muitas paisagens e temas culinários, coisas que me agradam muito, e pretendo aumentar rapidamente o número de peças por lá. Gostaria de também colocar a venda novas reproduções, em quantidade limitada, como dessa peça aqui:
Aquarela à venda em http://anegg.iluria.com
Então, quem se interessa por esse tipo de trabalho e quiser ajudar essa pobre ilustradora a comprar ovos para as crianças, dê uma passada lá: 


Ah, e é claro que o Thomas não comeu nem os legumes nem a salada do jantar. ¬_¬


quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bolinhos de cenoura, o sucesso dos pepinos e a imprevisibilidade do paladar infantil

Já escrevi aqui algumas "dicas anti-stress" para alimentar uma criança pequena (ou pelo menos a MINHA criança pequena). Mas faltou uma. Uma boa para mãe que gosta de cozinhar mas não gosta de comer todo dia a mesma coisa: nunca presumo de antemão que o pequeno caçador de formigas vai recusar a comida que estou fazendo.

Porque é fácil fazer isso. Você, com uma vontade imensa de comer ensopado francês de peixe, imagina a criança lidando com aquele creme, os pedaços do peixe e frutos do mar, as texturas e temperos diferentes, a dificuldade com a colher, e repensa o jantar. E faz macarrão com molho de tomate, que é mais fácil. No dia seguinte, querendo soba com berinjela e manga, aparecem as mesmas inseguranças, seu dia foi cansativo, não está com o menor saco de lidar com criança birrenta... macarrão com molho de tomate. Pro pimpolho, apenas. Depois que ele vai dormir, você prepara seu soba para matar vontade.

Claro que às vezes eu caio nessa. Mas ando tentando não mais entrar na pegadinha da "comida fácil de criança". Principalmente quando Thomas me surpreende ao tomar um copo inteiro de lassi com água de rosas, chá de jasmim sem açúcar nenhum ou castanhas de caju crocantes e cheias de pimenta caiena. Nessas horas me lembro de que simplesmente não dá para prever o que uma criança vai gostar de comer ou recusar.

Tanto que, querendo ainda apresentar alimentos crus ao pimpolho, preparei essa raita? tzatziki? esse... pepino com iogurte para acompanhar os bolinhos de cenoura do Bill Granger. Presumi que ele comeria os bolinhos, pois bolinhos sempre fazem sucesso, e que talvez, se eu desse sorte, se interessasse em experimentar os pepinos, uma vez que estavam envoltos em iogurte e ele adora chuchar comida em molhos de qualquer espécie.

Surpresa: nem tocou nos bolinhos; comeu todo o pepino. o_O

Vai entender.

Fica a dica: não presuma nunca que o pimpolho vai ou não vai comer xis coisa baseado em experiências prévias. Lembra o vício em bananas do pequeno? Sumiu. Anda deixando bananas pela metade. Mas experimente deixar uma caixa de morangos à disposição. Tadinho, vai sofrer quando eles pararem de aparecer na banca orgânica.

Mesmo sem pimpolhos, no entanto, esse é um almocinho leve e muito gostoso. Apesar das inúmeras receitas, acabo fazendo os pepinos meio que sempre da mesma forma: fatiando fino, salgando e deixando numa tigela por um tempo, para sorarem. Espremo e descarto o líquido e misturo os pepinos a iogurte caseiro, um dente de alho bem picadinho, menta seca, cebolinha picada, pimenta-do-reino, um fio de azeite e mais sal, se julgar necessário.

Para os bolinhos, do ótimo livro Bill's Open Kitchen, de Bill Granger, misture numa tigela:
  • 60g (1/2 xic.) farinha de trigo
  • 125ml (1/2 xic.) de água com gás ou tônica
  • 1 ovo
  • 1/4 colh. (chá) de cominho moído
  • 1/4 colh. (chá) de sementes de coentro moídas
  • 1/4 colh. (chá) de cúrcuma
  • 1 colh. (chá) açúcar
  • 1 colh. (chá) de sal
  • 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes e picada (ou a gosto)
  • 235g (1 1/2 xic.) cenoura ralada grosso
  • 8 talos de cebolinha picados
  • 25g (1/2 xic.) de coentro fresco picado
Aqueça uns 60ml de óleo numa frigideira grande e frite os bolinhos em porções de 2 colh. (sopa) cada, sem encher demais a frigideira. Frite por uns 2 minutos cada lado, até que dourem, escorra em papel-toalha e sirva quente, com um molhinho de iogurte à sua escolha ou os pepinos. Faz cerca de 12 bolinhos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Salada de arroz, pepino e mozzarella para um menino que ainda não come pepinos

Minha mais recente missão na cozinha tem sido ensinar o pequeno escalador de poltronas e perseguidor de Border Collie a comer coisas cruas. Agora que todos os seus dentes nasceram (os caninos já despontaram todos, e eram só os que faltavam), ele está pronto, a meu ver, para qualquer tipo de textura. Qualquer rejeição da sua parte será efeito do gosto ou costume, e não de uma dificuldade em mastigar, como era antigamente o caso de alguns alimentos como folhas e feijões. 

Foi engraçado notar que o primeiro entrave dele foi ter algo frio em seu prato na hora do almoço ou jantar, quando a comida vinha sempre fumegante. Juro que podia ver em seus olhinhos a expressão inconformada de "não vai esquentar isso não, mãe?". Mas aos poucos a coisa vai andando. 

Comecei com cenouras, que são doces, e que já haviam figurado cruas em seu prato há muitos meses atrás, quando usava apenas as gengivas para mastigar. Raladas bem fininhas, naquela textura para bolo de cenoura, elas viravam quase um purezinho cru, naturalmente docinho. Já naquela época eu misturava a passas escuras, temperava com sal, pimenta-do-reino, uma boa quantidade de azeite e um salpicar de vinagre de jerez. (Segredo de uma boa salada de cenoura: não economize no azeite ou óleo utilizado; salada de cenoura muito seca fica sem gosto.) A única diferença dessa para uma de minhas saladas de cenoura favoritas é o tamanho da cenoura ralada. Logo, quando preparei a versão adulta, com a raiz ralada grossa, não foi um estranhamento tão imediato. Ele olhou, olhou, apanhou uma passa, outra, e logo havia devorado toda a salada. 

Depois foram os tomates. Thomas come qualquer coisa que esteja envolta em molho de tomate, mas toda vez que eu colocava tomates frios no seu prato, ele estranhava e não comia. Mesmo quando tentei um molho de macarrão com tomates crus. Comeu toda a massa, deixou todo o tomate no prato. Desta vez, para acompanhar a omelete de talos de espinafre [melhor jeito de preparar talos de espinafre para qualquer uso: cozinhar em água fervente com sal até que fiquem bem macios, escorrer e refogar em alho e manteiga, temperando um pouquinho de suco de limão], fiz os tomates picadinhos, apenas temperados com sal, pimenta, azeite e vinagre de jerez, que junto com o de maçã é dos meus favoritos. Demorou, enrolou, fez que fez, não foi, acabou experimentando. E no que experimentou, tive de dar o que havia também no meu prato. 

Os pepinos tem sido mais difíceis. Tentei palitinhos de pepino temperadinhos, imaginando que ele acharia divertido mordiscá-los, mas nada. Quando mais novo, ele engasgava com folhas verdes que não estivessem bem picadinhas, e por isso criou uma cisma com coisas verdes grandes no prato, a não ser que sejam abobrinhas. Via de regra: se estiver irremediavelmente misturado ao resto, ele come as coisas verdes; se estiver remotamente separável, ele separa. Cuidadosa e meticulosamente. Então quando servi essa salada quente de arroz com pepinos e mozzarella, lá foi ele separar os pepinos. Eventualmente comeu um ou dois, meio que por engano. Mas eu não desisto. A próxima tentativa será num tzatziki, pois ele gosta um bocado de iogurte e adora comer qualquer coisa melequenta. Ainda estou pensando na melhor estratégia para apresentá-lo às folhas de alface. Hmmm...

Enquanto isso, esse é um almocinho tranquilo e gostoso: arroz integral cozido, misturado a pepinos fatiados bem fino, deixados previamente salgados durante o tempo de cozimento do arroz, e espremidos antes de serem juntados ao arroz ainda quente. Mozzarella de búfala em pedaços, algumas folhas de manjericão, cebolinha picada, casca ralada de um limão e um vinaigrette de azeite, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. A proporção de arroz, pepinos e queijo depende do gosto do freguês: se estiver de dieta, mais pepinos; se for uma grávida faminta, mais arroz. ;)

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Cavalinha marinada com beterrabas e um blog


Buscando uma receita melhor de cream cheese caseiro na net, um site levando a outro, levando a mais outro, acabei por acaso no Tipsy Baker, um blog americano de culinária sem receitas. A autora percorre toda a sua enorme coleção de livros de culinária, preparando pratos e fazendo uma crítica ao volume, quase sempre bastante justa e frequentemente bem humorada. Além de uma leitura divertida, é uma boa referência (ainda que não uma palavra final) antes de decidir por comprar ou não determinado livro.

Foi muito interessante, no entanto, ler suas críticas a respeito de livros que também tenho. Fui obrigada a concordar com o que ela diz sobre os livros da David Tanis, que são lindos mas nem sempre práticos para o dia-a-dia. No entanto, enquanto ela não conseguiu encontrar nada ali que valesse o livro, para mim o que vale é a lembrança de que às vezes basta um punhado de uvas de sobremesa ou um belo pedaço de um bom queijo. Em meio a ingredientes caros e cardápios montados, uma ideia de simplicidade fica sobrevoando seus pensamentos.

Foi o A Platter of Figs que me ensinou a cozinhar ovos decentemente, com lindas gemas cor-de-laranja e cremosas, e minha receita favorita de repolho cozido saiu do Heart of The Artichoke. Isso é o bastante para mim.

O efeito mais intrigante de ler as críticas, contudo, foi a vontade que tive de abrir novamente alguns dos livros que andavam empoeirados na estante. Foi o caso de Tender, do Nigel Slater, que ela julga lindíssimo mas nada essencial. Mais informações botânicas do que eu gostaria de ter ao estar morando num apartamento onde não posso plantar aspargos. Mas indiscutivelmente um lindo livro.

Folheando novamente suas páginas, buscando os ingredientes sazonais que me esperavam na cozinha, procurei algo diferente para cozinhar. E encontrei essa receita de cavalinhas (mackerel) marinadas em uma espécie de picles rápido de beterraba. Pareceu suficientemente diferente, eu tinha todos os ingredientes menos o peixe, e era exatamente o tipo de receita estranha tipo "o que eu comi na terça-feria com o que encontrei na geladeira" que ela mencionara no blog.

E lá fui eu. Primeiro fiquei contentíssima por levar minhas cavalinhas já limpas e filetadas para casa por apenas seis reais. Que maravilha é comprar peixes baratos para variar. Então, chegando em casa, liguei o forno para assar minhas beterrabas. E, ao ler a receita mais atentamente... percebi que comeria peixe frio. Hmmmm... ok, então. Era para ser um prato de verão, que coincidentemente tem ingredientes também disponíveis no outono. Bom... peixe frio, então.

Quando o peixe foi para a frigideira, o aroma foi... forte. Bastante forte. A casa toda ficou com o inconfundível cheiro do porto de Santos. [Segundo me lembro do porto de Santos há muitos anos atrás. Se algum santista lendo isso me disser que não, o porto de Santos não tem mais cheiro de porto de Santos, acredito e peço desculpas, mas você há de entender o por quê da comparação e me desculpar também.] Cavalinhas são um fishy fish. Então se você acha que salmão já empesteia o bastante sua casa, ignore essa receita. Se você gosta de comer algo gostoso independente da puzza que fique impregnada nas suas cortinas, vá em frente. ;)

Por um instante suspirei de alívio por ter decidido preparar aquele prato apenas para mim, pois Allex não suporta peixes fortes. Enquanto isso, o aroma da marinada, aquele caldo ácido e cheio de legumes e temperos estava inebriante. Ao menos para alguém que gosta de picles.

Quando me servi do peixe frio, marinado, percebi que seu cheiro não estava mais forte. E seu sabor parecia incrivelmente equilibrado pela acidez do caldo e pela doçura dos legumes. Mesmo num dia frio, aquele "peixe com salada" estava delicioso, e foi apenas por amor que consegui forças para guardar pedacinhos da pele crocante do peixe para meu cachorro salivando ao meu lado.

Referências são boas, mas como se pode ver, não são palavras finais. :)

CAVALINHAS MARINADAS COM BETERRABSAS
Tempo de preparo: 1h para assar as beterrabas, 20 min. para o restante e 30 minutos para deixar esfriar e marinar.
Rendimento: 4 porções

Ingredientes:
  • 4 beterrabas médias
  • 4 cavalinhas, limpas e filetadas e com pele
  • 50ml vinagre de sidra
  • 120ml suco de limão
  • 2 folhas de louro
  • 1 cenoura pequena fatiada bem fino
  • 1 cebola fatiada bem fino
  • 1 dente de alho pequeno, descascado e ligeiramente esmagado
  • 1 colh. (chá) açúcar
  • 1 colh. (chá) sementes de coentro
  • 12 bagos de zimbro
  •  5 bagos de pimenta-do-reino
  • 80ml azeite de oliva
(Obs: o autor usa também 5 bagos de pimenta-do-reino branca, e endro/dill fresco; omiti ambos e não fizeram falta.)

Preparo:
  1. Aqueça o forno a 200ºC, lave bem as beterrabas com casca e embrulhe em papel alumínio. Leve ao forno por uns 50 minutos, até que estejam macias.
  2. Abra o embrulho, deixe que esfriem o bastante para que consiga manipulá-las, retire-lhes a casca e corte-as em fatias redondas.
  3. Numa panela pequena, coloque o vinagre, o suco, a cenoura, a cebola, o alho, o açúcar, o zimbro, o coentro e 150ml de água. Leve à fervura. 
  4. Junte a pimenta e 1 colh. (chá) sal. Junte o azeite e deixe ferver em fogo baixo por um minuto ou dois, até que a cebola pareça macia. Desligue o fogo.
  5. Aqueça um fio de azeite numa frigideira bem grande. Tempere os filés de cavalinha com sal e pimenta-do-reino moída na hora, e coloque-os na frigideira, pele para baixo. Cozinhe em fogo médio-alto até que as peles estejam bem douradas e desgrudem fácil da frigideira. Vire os filés e cozinhe do outro lado até que dourem um pouco. 
  6. Retire e disponha numa travessa rasa. Junte as fatias de beterraba à marinada e despeja-a sobre os peixes. Deixe que esfriem. Sirva com uma salada de agrião e/ou pão preto com manteiga.

sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Quinua com couve-flor assada

Ele faz sujeira. Ele quer segurar a colher. Quer pegar o pote. Quer comer direto do pote, enfiando a cara inteira no purê. Ele emite grunhidos de nhaum-nhaum-nhaum com a colher na boca. Ele mete os dedos no purê e os passa na orelha, nos cabelinhos ralos. As mangas da roupa, mesmo arregaçadas, já foram esfregadas na comida espalhada sobre a bandeja de sua cadeira. Ele inclina todo o corpo em direção à próxima colherada, bracinhos jogados para trás, e então ri, boca escancarada, cheia de comida.

Quando a papinha faz sucesso, ela acaba em quinze minutos. Quando nem tanto, o processo pode durar até uma hora. Os maiores sucessos foram sopa de espinafre com aveia e parmesão, e refogado de legumes (cenoura, couve e repolho) com crumble de tofu. As frutas nem têm mais graça, ele devora todas, mas se animou um bocado com a compota de pera e fava de baunilha e a de pera e cardamomo.

Tinha deixado separada uma sopa de lentilhas e maçã para ele. Mas quando o almoço ficou pronto, decidi que daria uma boa papinha. Como já havia temperado com pimenta, bati a quinua e a couve-flor com leite, para amenizar o apimentado e manter o sabor, além de melhorar a textura para ele.  O pequeno raspou o prato e as lentilhas ficaram para amanhã. Orgulho desse moleque! :)

No que diz respeito aos adultos, esse prato era apenas uma salada quente de couve-flor, da revista do Jamie Oliver. Acrescentei quinua cozida para completar a refeição, que ficou muito saborosa. Adoro jeitos diferentes de se preparar couve-flor; principalmente uma que leva coentro, erva adorada aqui em casa.

Corte uma couve-flor média em floretes menores; mergulhe em água fervente com um pouco de sal pr um minuto ou dois, escorra e deixe sair um pouco o vapor antes de dispor em uma assadeira. Amasse no pilão 2 colh. (chá) sementes de cominho, 1/2 colh. (sopa) de coentro em grão e uma pitada de pimenta calabresa. Misture à couve-flor, regue com azeite, tempere com sal e pimenta, misture 2 colheres de semente de abóbora ou girassol e leve ao forno a 200ºC por 20 minutos. Enquanto isso, cozinhe um pouco de quinua segundo instruções da embalagem. Retire a couve-flor, junte coentro e cebolinha picadas, tempere com uma espremida de limão e sirva sobre a quinua. Serve 4 pessoas.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Salada de lentilhas e beterrabas pra mamãe e bebê

E o pequeno cavaleiro começou a almoçar. Eu vinha me divertindo com os lanchinhos entre as mamadas, e ele gostara de quase tudo que eu lhe dera: banana (que ele come sozinho, sem precisar amassar), pera, mamão, abacate, atemóia, cenoura com laranja, compota de maçã com canela e limão siciliano, compota de maçã com canela e pimenta-da-jamaica, morango, abóbora com sálvia e noz-moscada, guacamole (abacate com tomate picadinho e limão)... Apenas kiwi e purê de favas com hortelã não fizeram sucesso. Dei risada quando vi um livro dizendo: "a partir dos 6 meses você não precisa mais peneirar a papinha...". Hein? Era pra peneirar?? Até então eu vinha raspando com a colher ou amassando no disco de buracos menores do passa-verdura, que transformam em purê sem eliminar todas as fibras, mantendo alguma textura.

Quando veio a hora de de fato substitur uma mamada por uma refeição, meu cérebro pirou um pouquinho. Não ia rolar preparar todo dia uma refeição diferente para ele além do que eu já cozinho, e eu não gostei da ideia de fazer uma batelada e congelar, pois sei que ele acabaria meio que comendo sempre a mesma coisa, o que não é muito bom para um vegetariano, que precisa de variedade.

Entra em cena a mãe neurótica.

Comecei a pesquisar. De sites médicos a blogs de culinária como o meu, passando por nutricionistas, entusiastas, mães e pais experientes... Cada um dizendo uma coisa diferente. Um ingrediente novo a cada 7 dias. A cada 5 dias. Todo dia uma coisa nova. Não pode botar sal. Uma pitada não mata. Não pode botar gordura (sites americanos). Tem que variar a gordura: um dia manteiga, um dia gordura de pato (sites franceses). Não pode colocar temperos fortes (sites ocidentais). Essa papinha tem 25 especiarias diferentes (sites indianos). Comida de criança tem que ser especial. Pega o Pad Thai e bate no liquidificador (NY Times).

A conclusão a que cheguei? Go free style, como disse meu marido. Aparentemente ninguém sabe porcaria nenhuma, e papinha de criança é o maior chutômetro do mundo. Concluí que a melhor forma de garantir uma alimentação saudável para o meu pequeno é se ele comer o que eu como. E pronto. Bate o Pad Thai no liquidificador é o novo lema da casa. (A não ser que seja massa de trigo ou tabuleh, como aprendi do pior jeito: o glúten estimulado transforma a papa numa cola muito pouco apetitosa.) As únicas coisas vetadas pelo médico no momento são peixes e ovos. Para a cozinha, então.

Essa salada de lentilhas ficou deliciosa, e o purê dela também, passado no passa-verdura e afinado com a água de cozimento das próprias lentilhas. Para 2 porções de adulto, ou 1 adulto e 2 porções de bebê comilão, descasquei e cortei em cubos 2 beterrabas pequenas, temperei com azeite, uma pitadinha de sal e coloquei em uma assadeira, no forno a 180ºC por 20-30 minutos, até que estivessem caramelizadas e macias. Enquanto isso, cozinhei destampado 1/2 xícara de lentilhas verdes com 2 cenouras picadas, 1 folha de louro, 1 ramo de salsinha, 1 ramo de tomilho e 1/2 cebola picada, com água bastante para cobrir. Quando macias, escorri as lentilhas reservando o líquido, retirei as ervas, juntei as beterrabas e temperei com azeite, uma espremida de limão siciliano, salsinha e hortelã picadas. Separei a minha porção, que temperei com mais um pouco de sal e pimenta, e fiz purê do resto, conseguindo dois potinhos como o da foto, afinados com o líquido das lentilhas. A receita é um nadinha adaptada do ótimo Vegetarian Cooking For Everyone, da Deborah Madison.

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Salada de tofu com cominho, abacate e tomate e referências verdes

Quanto mais simplifico minha vida, mais em evidência ficam as coisas que de fato importam. Quando me desvio desse caminho, volto e releio alguns posts dos sites e blogs abaixo, que sempre me ajudam a lembrar o que realmente quero para minha vida:

Zero Waste Home
Recycle This
Green Baby Guide
Simplesmente
O Tao do Consumo
Extreme Frugality

Apesar de toda a rotina nova com o bebê, tem sido muito mais fácil do que parece simplificar as coisas e buscar hábitos e soluções mais "verdes", mais saudáveis, e que, quase sempre, no fim do mês, acabam resultando também mais econômicas.

Nesse espírito, essa salada com tofu é bem mais gostosa do que parece. Abacate e tomate fatiados. Salsinha picada. Tofu esfregado com azeite, sal, pimenta-do-reino e muito cominho moído. Tofu na frigideira quente até dourar e formar uma casquinha quase crocante. Tofu junto com o abacate, tomate e salsinha. Azeite, limão, sal e pimenta. Nham! Tudo orgânico, by the way.

PS: agradeço a quem sugeriu as fraldas de pano. Ganhei um kit de minha mãe e pretendo testá-las já. :)

UPDATE: Infelizmente as fraldas de pano não deram certo para mim, por vários motivos escatológicos que não vêm ao caso num blog culinário. Mas pode ser que a marca não fosse lá essas coisas. Bem... Lá vou eu diminuir a "pegada de carbono" do menino de outras formas.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Salada de beterrabas (1) com azeitonas e funcho (2) com pecorino

Achei muito interessante uma reportagem da revista do Jamie Oliver que dizia que o governo britânico sugere que as pessoas consumam 5 porções de vegetais e frutas por dia para serem saudáveis. A reportagem vinha para tentar explicar o que seriam essas porções e como introduzi-las na sua dieta. Quando comentei sobre isso com minha mãe, ela ergueu as sobrancelhas, espantada, e disse: "mas tudo isso?"

Então matutei a respeito.

Ontem meu almoço foi uma salada de batatas (1), abacate (2) e agrião (3). O jantar foi uma sopa de repolho (4), grão-de-bico (5) e batatas (ops, de novo, não conta). No dia anterior, almoçara uma salada de agrião (1), pera (2), nozes e queijo serrano. Comera de café-da-manhã um mingau de aveia (3) e banana (4) e jantara uma massa com molho de brócolis (5). Hoje o almoço foi essa salada de beterrabas (1) e funcho(2) com queijo pecorino e azeitonas, e a sobremesa foi arroz (3) doce de café. O jantar vai ser uma omelete de agrião (4) com hortelã e uma saladinha de trigo (5) e tomates (6).

Fiquei pensando na chateação que seria cozinhar se eu ficasse calculando esse tipo de coisa. Assim como seria se eu calculasse calorias, ou porcentagens de qualquer coisa, ou nutrientes, ou benefícios. Não só isso, pensei no espanto de minha mãe, e me dei conta de que as pessoas acham difícil comer essa quantidade (mínima) de verduras, legumes, grãos e frutas, porque presumem que devem ACRESCENTAR esses itens a um cardápio já existente de itens pouco naturais. Quando, na verdade, se você comer todo dia arroz, feijão, uma coisa verde, uma colorida e uma fruta de sobremesa, você não só cumpriu a meta, como a ultrapassou. Sem nem pensar a respeito. Sem nem ser tachado de "natureba".

Por que, ao invés de bagunçar o coreto criando regras complexas, o governo não simplesmdente sugere "coma o que estiver mais próximo de seu estado natural"? Isso resolveria tudo. Não?

Para preparar essa salada, apanhe algumas beterrabas pequenas, inteiras, tempere-as com sal e azeite, embru-lhe-as em papel alumínio e asse-as a 180ºC por 1 hora ou até que fiquem macias. Quando estiverem cozidas, retire-as do forno e deixe que esfriem o bastante para manuseá-las e retirar-lhes a casca. Corte-as em fatias grossas e misture-as a um vinaigrette feito de um punhado de azeitonas pretas picadas bem miúdo, azeite e vinagre de vinho tinto. Então fatie um bulbo de funcho, mergulhe-o em água fervente com sal por 1 minuto e depois em água gelada. Escorra e tempere com azeite, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. Disponha as beterrabas no prato, o funcho por cima, e coloque por cima lascas de queijo pecorino. A receita é do lindo livro A16 Food+Wine.

Bom mesmo é comer comida fresquinha, colorida, e se preocupar apenas com o sabor. :)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Salada de repolho e laranja para um dia de chuva

O frio e a chuva acabam com minha vontade de comer sorvete, mas o mesmo não ocorre com as saladas. Muito pelo contrário, adoro as saladas de outono e inverno, com folhas robustas, frutas e castanhas. A falta da refeição quente não me assusta, contanto que haja uma xícara de chá fumegante esperando por mim em seguida. O melhor de tudo é que saladas como essa podem esperar sem murchar enquanto você troca uma fralda e coloca um bebê para dormir.

Basta fatiar fino um pouco de repolho, ralar grosso uma cenoura pequena e cortar gomos de uma laranja doce, em cima da tigela, para recolher todo o suco que pingar. Junte a isso fatias fininhas e quebradiças de queijo Feta, nozes picadas e sementes de girassol tostadas, que acredito que sejam as sementes mais aromáticas que existem ao serem aquecidas. Para temperar, sal, pimenta, azeite e um pouco de óleo de nozes. A acidez fica por conta do suco da laranja.

Poderia comer dessa salada por todos os meses de frio. Adoro sua textura, o sabor da laranja e a cor viva da cenoura, mais calorosa que o céu cinza e chuvoso lá fora.

Receita adaptada do lindo Apples For Jam, da Tessa Kiros.

domingo, 15 de maio de 2011

Salada de espinafre. radicchio e maçã

Sei que deveria ter paciência e uma pitada de misericórdia comigo mesma, e fazer uso do mantra "faz só um mês que eu expeli um ser humano". Mas noutro dia, depois de uma noite mal dormida (culpa da insônia, e não do bebê), deparei-me com uma assustadora imagem no espelho: uma mulher pálida, de olheiras, cabelos desgrenhados e sem corte, molengona, vestida com as roupas largas e puídas da gravidez, pontuadas de manchas de leite regurgitado.

Choque.

Dei-me o direito de ficar deprimida com aquela figura por cinco minutos. Percebi quão fácil é, sozinha em casa com o bebê, deixar-se levar pelo cansaço, tédio social e fome por conta das mamadas, e simplesmente esquecer quem era aquela mulher pré-maternidade. Como, apesar de ter me cuidado durante a gravidez e engordado pouco, eu poderia facilmente desandar agora e enfiar o pé na jaca, tornando-me, de forma praticamente irreversível, uma mãe com barriga de pochete, moletom, perna peluda e cocô na testa.

Decidida a não deixar isso acontecer, fiz um voto de "não ao cocô na testa": apesar de minha calça jeans não entrar ainda (faltam 8 miseráveis quilos), estou me esforçando para sair por aí bonitinha, fazendo o melhor uso do que cabe em mim; a maquiagem saiu da gaveta, mesmo que para ficar em casa; e no mesmo dia em que o médico liberou, corri para a musculação. Incrível como senti falta da endorfina liberada pelos exercícios, o que, mais do que nunca, faz com que eu não entenda um ser humano sedentário.

Dou início ao projeto "Xô, pochete!', vulgarmente chamado "Projeto M.I.L.F." ;)

SALADA DE ESPINAFRE, RADICCHIO E MAÇÃ
(ligeiramente adaptado da revista Jamie)
Numa tigelinha, misture cerca de 2 colh. (sopa) de cebola fatiada fino e 1 colh. (chá) de vinagre de vinho tinto. Numa frigideira, toste algumas avelãs picadas grosseiramente  e 1 colh. (chá) de sementes de girassol. Numa tigela grande, misture 1 maçã pequena fatiada, punhados de radicchio e espinafre, as avelãs, as sementes, e queijo Stilton esmigalhado (ou outro queijo azul). Misture ao vinagre e cebola 1/2 colh. (chá) de mostarda de Dijon e 1 colh. (sopa) de azeite. Tempere a salada e coma imediatamente. Serve 1 porção.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Salada de melancia para a melancia que eu carrego

Eu tenho um mês para entregar todos os trabalhos pendentes, para então ter como única preocupação esperar o bebê decidir nascer. Afinal, deus me livre ter de levar ilustrações para finalizar na maternidade! ;)

Correria à parte, fiquei felicíssima na última consulta médica ao descobrir que após meras duas semanas comendo minha comida, tudo voltou ao normal. Pessoinha saudável de bebê gostoso novamente. Muitos grãos integrais, muitas frutas e verduras frescas, pão, bolo e iogurte, tudo caseiro. Haveria coisa melhor? Fico satisfeita em ver que Michael Pollan tinha razão: coma comida; não muito; principalmente vegetais. Sábias palavras.

E eis o resultado. Boa comida, não muito, principalmente vegetais e exercício o bastante para não virar uma grávida-ameba. Sempre quis ser dessas grávidas que você só nota a gravidez quando elas viram de lado, mas confesso que nunca achei que conseguiria, com toda a minha tendência infantil e adolescente às gordurinhas. O engraçado é que não foi esforço nenhum. Bastou continuar fazendo o que eu já fazia antes. Comer comida de verdade e tirar a bunda do sofá. Para quem estava curioso pra ver o barrigão, tchananans! Foto mequetrefe de computador, tirada ontem.
Para nutrir minha pequena melancia e afastar o calorão, o almoço vapt-vupt de hoje foi uma salada de melancia e tomates. Eu me lembrava de várias saladas de melancia em diversos livros e sites diferentes, mas confesso que morri de preguiça de ir atrás de uma específica e simplesmente improvisei. Misturei pedaços de melancia (sem as sementes), tomate orgânico, queijo feta, azeitonas pretas kalamata, salsinha e cebolinha picadas e temperei com um pouco de suco de limão, muito azeite, sal e pimenta-do-reino moída na hora. Tão gostoso e tão refrescante que quero comer de novo amanhã. :) (Falei que a sobremesa foi bolo de chocolate?)

O pequeno metaleiro dentro de mim se espreguiça satisfeito após um almoço gostoso e me lembra de cochilar por cinco minutinhos antes de voltar para a correria do trabalho.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Salada de grão-de-bico, atum e alcachofras

Os afazeres não terminam nunca. Há tantos pequenos reparos ainda a serem feitos no apartamento novo, e, ao mesmo tempo, tanto trabalho para entregar, que tem sido difícil incorporar tudo à nova rotina modificada por meus pés de melão. Tenho contado com a ajuda de minha mãe para correr para cima e para baixo, ao correio, ao supermercado, passeando o cachorro, pois nesse calor não posso dar dois passos fora de casa sem que minha pressão despenque. 

E o bebê não pára quieto na barriga, chutando e se movendo o tempo todo, tentando me lembrar de que preciso, de vez em quando, parar um pouco e descansar (mas quem consegue??).

No espírito vapt-vupt, na tentativa de conseguir quinze minutinhos para colocar os pés de melão para cima, passei no mercado e comprei uma latinha de atum em azeite de oliva e uma lata de grão-de-bico conservado apenas em água e sal. Apanhei uma receita de sanduíche de Giada di Laurentiis e transformei-a em salada. Misturei o grão-de-bico, o atum e alcachofras em conserva numa tigela. Juntei um pouco de azeitona preta picada, um dente de alho minúsculo bem picadinho, raspas e suco de limão, um punhadinho de folhas de hortelã, azeite e pimenta-do-reino. Rúcula teria sido bem-vinda, mas não havia nenhuma em casa. Usei minhas alcachofras em conserva, que, muito menorzinhas do que a receita pedia na época, acabaram meio molenguinhas do cozimento e excessivamente ácidas do vinagre. Ainda assim, a salada ficou ótima. Acompanhei-a de pés pra cima e um copão de suco de laranjas orgânicas recém-espremidas. 

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Uma salada Ceaser para um dia apressado

Minha lista de coisinhas gostosas que quero cozinhar é quase tão extensa quando a lista de trabalhos e afazeres a serem entregues até minhas tão sonhadas férias. Por isso, resolvi deixar todos os meus projetos de Natal temporariamente engavetados até poder de fato passar a tarde fazendo torrone, sem pensar que eu deveria estar no computador finalizando algum trabalho ou respondendo email para cliente.

Por isso, o almoço hoje foi muito rapidinho, como tem sido nas últimas semanas. Eu andava fantasiando com uma salada Ceasar, então voltei – apressada – da feira com tantos pés de alface romana quantos couberam na minha sacolona. E dois deles (pequenos, ok) foram parar no meu prato. Não seja mesquinho ao rasgar sua alface para essa salada, pois as folhas murcham sob o peso do molho e o prato diminui consideravelmente de tamanho. E, afinal, é só alface. Go nuts.

Lembre-se: ovos crus, orgânicos, sempre. Aliás, ovos deveriam ser SEMPRE orgânicos, crus ou cozidos. Eu não quero nos meus ombros o peso do sofrimento das pobres galinhas confinadas e mal tratadas. Se você só puder comprar um item orgânico da sua lista de supermercado, que sejam ovos. Prioridade número 1. Assim você não pensa nem em salmonela, nem nos hormônios de crescimento e antibióticos e nem no sofrimento das galinhas. Aproveita o seus lindos ovos de gema cor-de-laranja e fica feliz com sua mousse, seu bolo, sua salada Ceaser. Tá combinado, então? [A saber, gosto muito dos ovos Yamaguishi, granja sobre a qual a Fer já falou aqui.]

A receita da salada é um repeteco. Então fica o link para o post original. Posso dizer que rachei o bico ao me ler falando em calorias? Ah, a vida dá voltas...

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Salada picadinha de desentralhamento

Ok, talvez eu tenha ficado um pouco... alarmada (alucinada? aterrorizada?) com a quantidade de tralha que os lojistas e os médicos sem noção (além de algumas mães malucas) dizem que um bebê precisa. Na minha inocente concepção, acreditava que, contanto que eu mantivesse meu filho quentinho, alimentado e limpo, tudo estaria bem. Mas ai de mim se não tiver as tralhas máximas da modinha que o último psicopedagogo disse que são primordiais para o desenvolvimento "correto" do meu pequeno. Bastou uma visita a uma grande loja de tralhas de bebê para sair de lá com alergia de tanto plástico rosa e azul claro.

Em tempo: não é falta de amor, e não é uma crítica a quem montou o enxoval todo no primeiro mês de gravidez. Cada um na sua. Tem gente que compra roupinha porque gosta de roupinha. Eu, que poderia vestir um saco de batatas, ando colecionando receitas de papinha e juntando meus brinquedos antigos [aleluia! eu guardei minha coleção do He-Man e todo o meu Lego] e todos os meus livros de infância, louca para lê-los para o pequeno. O caso é que sou uma pessoa essencialmente prática. E não vi muita (ou qualquer) utilidade na maioria dos objetos vendidos na loja. O que vai tornar a lista do chá de bebê pequena e estranha.

Desde a fatídica visita à loja, tenho olhado em torno e, pensando já numa mudança de casa e na vinda das inevitáveis tralhas infantis, tenho sentido necessidade de "desentralhar" meu lar. Ou, como diria a Oprah, "unclutter". Vira e mexe me dá um siricotico de arrumação e, quando não posso resolver algum problema maior imediatamente, saio organizando aquilo que está ao meu alcance. É um processo catártico, no mínimo.

Semana passada foi meu armário: eu, que não sou lá muito ligada em moda, fiquei surpresa de ver quanta roupa havia no meu armário que não usava há mais de um ano. Encontrei um casaco que estava no cabide há mais de 6 anos. Foi tudo passado para frente, para quem puder aproveitar melhor as peças. Sem dó. Desapego total.

Depois, veio o banheiro. Mesmo não tomando mais do que um Tylenol a cada morte de papa, fiquei besta com a quantidade de remédios vencidos embaixo da pia. E creminhos que nunca usei nem nunca vou usar. E amostras grátis de perfume que já perderam o cheiro. Consegui até abrir espaço para minha caixinha de laços e papéis de presente. [A exemplo da minha cunhada, eu tento reaproveitar os papéis de presente, quando não embrulho presentes em páginas coloridas das revistas que não quero mais. Uma vez dei a um amigo um livro embrulhado em uma entrevista da Fergie, com uma foto sua de lingerie. Ele guardou o embrulho.]

Depois, os livros. Apesar de ter feito uma rapa há uns 6 meses, ainda consegui encontrar livros que nunca mais vou ler de novo ou mesmo alguns de culinária que simplesmente não uso e SEI que não vou usar.

E a cozinha. Surpreendentemente, uso toda a louça que tenho. A falta de espaço não me permite ficar colecionando muitos pratos e potes diferentes. As coisas já estão perigosamente empilhadas do jeito que estão. O que vai embora é o miniprocessador, que nunca mais usei depois de ganhar o grande no último Natal, dois potes de plástico impossíveis de desengordurar e que já estavam me enervando, e a cafeteira Bialetti, inutilizada depois do advento da máquina de espresso. O que me surpreendeu sim foram os ingredientes vencidos (REALMENTE vencidos, e não o velho "ainda dá pra comer") e aqueles escondidos no fundo da geladeira, sem uso nenhum por falta de conhecimento de sua existência.

Isso trouxe à luz um péssimo hábito meu, e grande responsável por, vira e mexe, eu estourar o orçamento do supermercado: comprar ingredientes específicos para uma receita só. Aquilo de ter um pé de alface e sair para comprar o queijo, o pão, o ovo e a anchova para fazer salada Ceaser, ao invés de combinar o alface com o que tem na despensa. Quando me dei conta, além de gastar mais dinheiro, estava com uma despensa abarrotada de itens que uso a cada morte de papa e que ocupam precioso espaço na minha geladeira pequena e em minhas diminutas prateleiras. Tenho certeza de que não sou a única a levar um pacote de sagu pra casa para "o dia em que quiser fazer tapioca pudding". Preciso dizer que o sagu estragou e eu nunca fiz tapioca pudding na vida? Bom...

Basta.

Trouxe à frente todos os "itens especiais" dentro das datas de validade, e estabeleci a meta de usá-los todos em detrimento de qualquer novo item. E se acabou o leite, voltar do mercado apenas com leite. E se não tem queijo para o soufflé, fazer uma omelete. Parece muito, muito óbvio, mas eu NUNCA havia me dado conta do meu erro, tão absorta no prazer de cozinhar e de testar novas receitas.  

O almoço de hoje foi nesse espírito. Numa revista do Jamie Oliver, havia uma reportagem sobre "Chopped Salads", e vi uma que levava quatro coisinhas viventes em minha geladeira: alface romana, erva-doce, cenouras e rabanetes. Meu primeiro impulso foi sair para comprar o salmão defumado e as endívias que faltavam, mas me estapeei mentalmente. Nein, nein. Bad Ana.

Piquei a cenoura, alguns rabanetes e um pouco de erva-doce, em pedacinhos pequenos. Então apanhei uma mistura de alfaces romana, roxa e frisée e piquei com um pouco de rúcula. Misturei tudo a cubos de um queijo Feta que precisava ser terminado, e temperei com uma espremida de limão siciliano, sal, pimenta-do-reino e uma bela quantidade de azeite. Ficou ótimo e leve, com diferentes texturas, e me esqueci completamente do salmão e das endívias.

Estrelinha dourada na testa.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Salada quente de lentilhas, queijo feta, rabanetes e suas folhas

A perspectiva das mudanças por vir (físicas, emocionais, de rotina, de hábitos, de casa, talvez...) me trazem ao mesmo tempo prazer e ansiedade. Meu eu-metódico fica apavorado com a possibilidade de ter de mudar o horário do treino de corrida, por exemplo, ao mesmo tempo em que meu outro eu, o com bom senso, explica que a vida é assim mesmo, e que eu vou precisar me adaptar.

Enquanto isso, para não surtar muito, para não me ver planejando uma agenda virtual do futuro baseada em variáveis imprevisíveis, atenho-me ao prazer de saber que teremos um rapazote saudável, quiçá inteligente, e bonito não dói, então, por que não bonito também?! Grandes esperanças de que puxe o cabelo do pai, que é lisinho e sem mistério, porque se o moleque inventar de usar chapinha, vai apanhar de chapinha quente. ;) Emo não!

Para trazer o conforto daquilo que não muda, ontem preparei lentilhas do meu jeito. Não importa quantas receitas teste, volto sempre para essa, a melhor, mais saborosa, favorita de todos os tempos. Para duas pessoas, refoguei meia cebola média em uma colher de manteiga, até amaciar. Juntei alguns raminhos de tomilho, uma folha de louro e 1/2 xic. de lentilhas verdes e 1 xic. de água. Deixei levantar fervura e então cozinhei semitampado, em fogo baixo, por cerca de 20 minutos. O importante é o ponto da lentilha, que deve estar macia, mas ainda mantendo sua forma. Se já estiver pronta e ainda restar líquido na panela, é só escorrer. Se a água estiver quase no fim e elas ainda estiverem duras, junte mais água quente. Quando estão prontas, tempero com sal e pimenta-do-reino moída na hora, a gosto, um fio generoso de azeite, uma colherinha de vinagre (tinto, branco, tanto faz), 1/2 colh. (sopa) de mostarda de Dijon e um belo punhado de salsinha e cebolinha picados. Tãaao bom...

E para mudar um pouquinho, misturei as lentilhas a rabanetes pequenos fatiados, queijo feta esmigalhado e um maço de folhas de rabanete picadas grosseiramente e refogadas em alho e azeite. Caso seus rabanetes venham sem as folhas, ou elas estejam muito amarelas e murchas, substitua por folhas de nabo, espinafre, ou mesmo folhas de mostarda, que são uma delícia.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Salada Waldorf com atum, ou sem, ou com frango, ou peça uma pizza

Para quem anda achando meus posts um pouco esporádicos demais, uma "explicação": nóis é fia de deus e de vez em quando dá uma canseira de cozinhar.


Óh!

O choque.


E por que não, afinal? Por que não, de vez em quando, se dar umas férias das panelas e pedir uma pizza? Ir até um árabe/libanês e comprar excelentes esfihas de verdura? Dar um pulo numa rotisserie de bairro, sair para almoçar fora ou simplesmente comer um sanduíche despretencioso e fácil de preparar? No pressure. Cozinhar deve ser um prazer, não uma obrigação. Principalmente porque, se você for como eu, cozinhar sem vontade é garantia de comida queimada, sem gosto, esquisita.

A primeira vez em que ouvi falar de Salada Waldorf foi com uns 19 anos, quando queria muito emagrecer uns vários quilos e comprei um livrinho de receitas light.

Óh!
Mais um choque.

É, meus amores, também padeci desse mal um dia. Mas vou dizer que muito do que sou hoje devo a esse livrinho nada a ver. Pois na época minha mãe deixara bem claro que não faria refeições especiais para ninguém, e que se eu quisesse comer diferente, teria de cozinhar eu mesma. Dito e feito. De repente lá estava eu preparando peito de frango grelhado com molho de laranja, salada de qualquer coisa com algum molho de iogurte desnatado, gazpacho, etc e tal. Minha mãe ficou ligeiramente impressionada. Mais ainda porque eu limpava a bagunça que fazia na cozinha depois. ;)

O livro tinha bem seus méritos: os diferentes molhos para o danado do frango grelhado de fato tornavam a dieta bem menos tediosa. E aquela variedade dentro do mundinho restrito da dieta me atiçou um pouco mais a curiosidade pela cozinha e a vontade de comer pratos diferentes todos os dias, sem cair na rotina do arroz e feijão.

Eventualmente acabei mandando o livro embora, uma vez que se tratava apenas de receitas clássicas exageradamente simplificadas e com pouca gordura. O que hoje, convenhamos, não faz sentido nenhum na minha cabeça.

E lá estava a salada Waldorf. Na sua versão que conheci pela primeira vez e que passei a acreditar que era a única e original: alface, maçã, aipo, nozes, frango e maionese. (Acho que no livro era iogurte, mas a memória me falha agora.) De modo que todas as vezes, depois disso, em que me deparei com uma Salada Waldorf num livro ou num cardápio, passei reto sem nem uma segunda olhadela, uma vez que não como mais frango.

Então, num belo dia, abro uma revista do Jamie Oliver e me deparo com uma salada Waldorf em formato de wrap... com atum no lugar do frango. Claro! Como não havia pensado nisso antes? E então, querendo ver se a versão mais "clássica" continha mais ingredientes do que apenas aqueles cinco citados na revista, abri meu Professional Chef e surpresa! Salada Waldorf não leva frango coisa nenhuma. :P

E eu ignorando a coitada ate´ hoje.

Para esse almoço sossegado, rasgue algumas folhas de alface e misture a 1/2 maçã verde em cubinhos, 1 talo pequeno de salsão em cubinhos, um punhado de nozes ligeiramente tostadas e picadas, 1 colh. (sopa) de maionese (caseira, de preferência, mas se não for, não conto prá ninguém), e 1/2 lata de atum escorrido. Tempere com sal e pimenta-do-reino e misture muito bem. Com as mãos é bem mais fácil, para que tudo fique muito bem coberto pela pequena quantidade de maionese, e se você só estiver fazendo essa porção para seu almoço solitário, ninguém vai ver se você lamber os dedos. ;)

Claro, sinta-se à vontade para omitir o atum ou mesmo trocá-lo por peito de frango (orgânico, please!) grelhadinho e cortado em cubos. Ou faça como o Jamie diz e embrulhe em pão pita ou pão-folha e leve para o almoço.

Para acompanhar, suco de uva concord orgânico, que descobri que produz um excelente picolé. Só o suco direto na forminha e bum! no freezer. Delícia. Dá um couro nos Frutare da vida.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Salada de escarola, funcho, maçã verde e queijo coalho

Para que ninguém acredite que ando vivendo à base de bolo, pão e pudim, essa é uma de minhas novas saladas favoritas. Na hora do almoço, a não ser que esteja um frio de rachar nariz, nada me apetece mais do que uma salada. Um hábito que tinha na época em que morava com meus pais e que retornou com força na época da dieta. Só uma refeição leve impede meu cérebro de desligar completamente após o almoço e me permite trabalhar, tranquila porém alerta.

Trata-se de uma mistureba de outras várias saladas de escarola que já comi. Apenas algumas folhas de escarola rasgadinhas, um talo bonito de funcho fatiado fino, meia maçã verde picada grosseiramente, cebolinha, salsinha e estragão frescos picados, tudo temperado com azeite de oliva extra-virgem, um pouco de vinagre de sidra, sal e pimenta-do-reino. A graça fica por conta do bastão de queijo coalho, desses de churrasco, cortado em cubos e dourado em um fiozinho de azeite em uma frigideira bem quente, até que quase todos os lados dos cubos estejam bem dourados e ligeiramente crocantes.

Essa salada ficou tão boa, que a comi durante quase a semana toda, apenas acompanhada de um belo suco de laranja feito na hora. As laranjas orgânicas estão feias de dar dó, mas incrivelmente doces e suculentas, e apenas duas delas renderam mais de meio copo de suco. Mesmo completando o copo com água o suco continua denso e doce como se fosse apenas fruta. Felicidade total!

De sobremesa, jabuticabas. ;)

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Linguado com beterrabas e molho de raiz forte

Esse linguado é um excelente prato para esse inverno ameno em que estamos. É leve, mas não o deixa com fome; apenas aquele saudável apetite por uma sobremesa para encerrar a refeição. E a combinação é maravilhosa. O peixe, depois de ter marinado por uma noite inteira, ficou saborosíssimo. A doçura das beterrabas, amargor da rúcula, a gordura do creme e o ardido da raiz forte se complementam tão bem que será um pecado deixar qualquer desses ingredientes de fora.

Vivo brigando com o marido, no entanto, quando sirvo pratos assim, empilhadinhos. Já lhe disse várias vezes que quando o prato vem empilhado, a intenção é que se coma de todas as camadas em uma só garfada, pois é a combinação de tudo que faz o prato. Mas ele insiste em comer primeiro sua parte favorita e deixar o monte de folhas para comer por último, sozinhas e sem graça. :P Um dia ele me ouve...

LINGUADO COM RÚCULA, BETERRABAS ASSADAS E MOLHO DE RAIZ FORTE
(Ligeiramente adaptado do livro Sunday Suppers at Lucques, de Suzanne Goin)
Tempo de preparo: 1 hora (+ 4 horas para o peixe marinar)
Rendimento: 2 porções

Ingredientes: 
  • 2 filés de linguado
  • raspas de 1 limão
  • 1/2 colh. (sopa) folhas de tomilho (frescas ou secas)
  • 1 colh. (sopa) salsinha picada
  • 1 colh. (sopa) azeite extra-virgem
  • dois punhados generosos de rúcula
(beterrabas e molho)
  • 2-6 beterrabas, dependendo do tamanho, com parte de seus talos (eu gosto das pequeninas)
  • 3 colh.(sopa) azeite extra-virgem
  • 1 colh. (sopa) cebola picada + 1/4 xic. cebola fatiada fino, em meias-luas
  • 1 colh. (chá) vinagre balsâmico
  • 2 colh. (chá) vinagre de vinho tinto
  • 1 colh. (chá) suco de limão
  • 1/4 xic. creme de leite fresco (ou iogurte integral caseiro, se não tiver o creme à mão)
  • 1/2 colh. (sopa) rasa de raiz forte em conserva (raiz forte ralada conservada em vinagre)
  • sal e pimenta-do-reino a gosto

Preparo:
  1. Tempere o peixe com as raspas de limão, o tomilho e a salsinha. Cubra com filme plástico e leve à geladeira por no mínimo 4 horas ou durante a noite. Remova o peixe da geladeira 15 minutos antes de cozinhá-lo, para que volte à temperatura ambiente.
  2. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Limpe as beterrabas de qualquer resquício de terra e coloque em uma assadeira. Tempere com um fio de azeite e sal. Espirre um pouco de água na assadeira, para que crie vapor depois, cubra firmemente com papel-alumínio e leve ao forno por cerca de 40 minutos (mais ou menos dependendo do tamanho das beterrabas), até que sejam facilmente perfuradas por um garfo.
  3. Enquanto isso, misture a cebola picada, os vinagres, metade do suco de limão e uma pitada de sal em uma tigelinha e deixe descansar por 5 minutos. Junte o azeite e experimente, acertando o tempero.
  4. Em outra tigela, misture o creme de leite, a raiz forte, o restante do suco de limão, sal e pimenta-do-reino. Experimente e acerte o tempero.
  5. Retire as beterrabas do forno e deixe que esfriem um pouco. Quando conseguir manipulá-las, retire a casca com os dedos. Corte as beterrabas em quartos ou fatias de 1cm de espessura, se elas forem maiores. Misture as beterrabas ao vinaigrette. 
  6. Aqueça o azeite em uma frigideira grande. Tempere o peixe com sal e pimenta e coloque cuidadosamente os dois filés lado a lado na frigideira (ou um de cada vez, se a panela não for grande o bastante).  Cozinhe em fogo médio-alto por 3-4 minutos, até que esteja dourado. Vire cuidadosamente com uma espátula e cozinhe o outro lado, agora em fogo médio-baixo, por alguns minutos, até dourar. 
  7. Enquanto isso, arranje uma porção de rúcula em cada prato. Distribua as beterrabas sobre a rúcula e tempere com metade do creme de raiz forte. Retire o peixe do fogo, coloque-o sobre as beterrabas e distribua o restante do creme sobre ele. Tempere com um fio de azeite e uma espremidinha de limão e sirva imediatamente.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pêras gratinadas com roquefort

É claro que ando me empolgando horrores com a variedade de maçãs e pêras disponível nessa época do ano. Apenas quando se tenta comer sazonalmente é que se percebe como durante todo o ano reinam as velhas maçãs Fuji e "Turma da Mônica" e, de repente, assim que o tempo esfria, pipocam as Gala, Oregon, Golden, Pink, Red, Granny Smith... O mesmo com as pêras. Por conta disso e de minha insaciável curiosidade, acabei comprando muito mais pêras e maçãs do que conseguiria consumir. Daí que já fiz pelo menos três tortas com diferentes misturas de maçãs, pêras e marmelos. Tenho comido marmelos pochées com iogurte de manhã, e as pêras e maçãs restantes acabam parte integrante do almoço e do jantar, em forma de sanduíche de pêra e taleggio, saladas, couscous com maçãs ao curry, e outras gostosuras mais.

Esta delícia saiu, como quase tudo o que tenho feito de salgado ultimamente, da revista francesa Saveurs. Se você entende francês, está aí uma revista excelente. Depois que você se acostuma com algumas medidas padrão francesas como "1 iogurte" ou "1 envelope de fermento químico" [resolvido com uma busca rápida na internet, para descobrir que se trata de 125g de iogurte e 11g de fermento], e depois que se habitua a substituir determinados queijos que não se encontra por aqui, a revista é lindíssima e incrivelmente útil para uma cozinha do dia-a-dia com um toquezinho sofisticado.

Corte uma pêra por pessoa ao meio (descasque se quiser) e retire o miolo. Coloque as metades com a parte cortada virada para cima em um refratário ou assadeira. Em uma tigelinha, misture (por pessoa) cerca de 50g de gorgonzola ou roquefort esmigalhado, 1/2 colh. (sopa) vinagre balsâmico, 1/2 colh. (sopa) sementes de gergelim e 1/2 colh. (sopa) uvas passas (claras ou escuras). Distribua a mistura nas cavidades da pêra, tempere com 1 colh. (chá) óleo de nozes para cada 2 metades de pêra, pimenta-do-reino moída na hora e leve ao forno a 180ºC por 15 minutos ou sob o grill aceso, até que o queijo esteja derretido. Sirva com uma salada e use os sucos que ficarem na assadeira para temperá-la. No meu caso, rasguei algumas folhas de radicchio e de almeirão pão-de-açúcar, cujas folhas mais internas têm a cor da endívia, mas um amargor muito suave e delicioso.

Cozinhe isso também!

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