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terça-feira, 21 de agosto de 2018

Agosto e sorvete, sorvete, sorvete

Precisa de receita? Dá para usar qualquer biscoito e qualquer sorvete de baunilha? CLARO QUE DÁ. Mas se tem receita, ótimo, não é?
 O Verão que dava sinais de terminar voltou, contrariando as previsões do tempo. Uma onda de calor varreu Toronto este mês e os dias foram quentes, úmidos, pegajosos, de ar espesso no pulmão e peso nas pernas. Voltam os parques, os Splash Pads, os mergulhos no lago, a grama, a lama, as abelhas, as pedras, os galhos, o pula, salta, escala, escorrega, corre, pega, empurra, anda de bicicleta, voltam os piqueniques, a melancia, o pão de queijo, a toalha no chão, o pé na terra, o livro na mão.

Almoço.
Novamente, lembro dos meus pais, com duas filhas confinadas num apartamento pouco maior que o meu, sem clube, sem playground nas redondezas. Eles me contavam contos de liberdade infantil em suas infâncias soltas na rua, e eu sonhava acordada com a possibilidade de ter aquilo para mim. Lembro do parquinho do prédio, única opção para gastar a energia borbulhante das crianças, e como a cada ano um brinquedo desaparecia, retirado prontamente sempre que uma criança do prédio se machucava. Foi-se a gangorra, foi-se o trepa-trepa, foi-se o gira-gira, foi-se o escorregador. Nenhuma criança no meu prédio tinha uma segunda chance de aprender a não cair. Caiu, perdeu. Para sempre confinada a seu trauma. Num dia de férias, descemos para o parquinho e só restara o tanque de areia. Única opção considerada segura o suficiente para brincar, até o dia em que ele também foi embora, restando apenas um pátio árido com dois bancos, onde velhinhos e babás sentavam-se para conversar e mandavam as crianças pararem de correr e fazer barulho. Não pode correr, não pode gritar, não pode pisar na grama, não pode subir na árvore, não pode jogar bola, não pode andar de bicicleta, só pode ficar em casa, pode ver tv, tv isso pode, que aí a gente fica quieto e não atrapalha ninguém.

Lembro disso todas as vezes que me dá preguiça (preguiça-monstro) de levá-los ao parquinho. Só meia hora, digo a mim mesma. Ás vezes são eles que estão com preguiça. Só meia hora, digo a eles. E é sempre igual. Chegamos, e meia hora vira uma e vira duas, e todo mundo se diverte, e todos voltam relaxados e cansados e temos um jantar calmo depois de um banho gostoso. A gente tem mais fome quando correu a tarde toda, e criança com fome simplesmente senta e come qualquer coisa. Paz e sossego à mesa.

Esse mês que o papai conseguiu chegar mais cedo, pegamos o hábito de jogar algum jogo de tabuleiro ou de cartas antes de ler história e ir dormir. Não todos os dias, depende do horário da janta, mas quando dá, fazemos, que as crianças ficam contentíssimas e nós damos boas risadas. Os maiores sucessos aqui em casa são Zombie Dice, Dungeon Roll, Exploding Kittens, Uno, Trouble (Ludo, no Brasil) e Dominó.

Eles vão dormir e o sol começa a se por num horário mais razoável. Talvez por isso às nove da noite já venha o sono, influenciado pela luz que desaparece lá fora. Os dias longos nos mantiveram despertos e ativos por mais tempo que o que considerávamos normais durante nossos quase quarenta anos no Brasil. Estico as pernas no sofá ao lado de Allex. Afe, quão louca eu sou de ter saudades do Inverno?, pergunto. Não muito, ele responde. Também pensei outro dia como dormi bem durante os meses de frio.
O cão, morrendo de calor, quer ficar na água.
O calor começa a cansar. Aquele cansaço de quem não dorme direito há um mês, o calor de quem não quer andar no sol esturricante até o mercado, o calor de quem sabe que vai terminar o dia varrendo areia da casa toda. Eu que reclamara da lama da neve derretida, não pensara na areia dos parquinhos no verão. O cão já não quer passeios tão longos a não ser que haja um grande suprimento de água ou um lago onde se refrescar. As crianças pedem parquinho na mesma medida em que pedem para ficarem em casa brincando de Lego. Há dias em que arrasto os dois para fora, quando começam a se espezinhar. Vai, gente, meia hora no parquinho, assim vocês param de se provocar e gastam toda essa vontade de se bater (Não seria bom resolver os problemas entre adultos dessa forma? Vou começar a mandar os adultos que me aporrinham darem uma corridinha ou subirem numa árvore por aí.Vai ver que a chatice passa com um pouco de exercício.) 

Mas não é só o calor que cobra pedágio.

Veja bem. Não tenho nem coragem de reclamar desse Verão. Poder deixá-los mais independentes nos parquinhos e simplesmente sentar e colocar a leitura em dia foi uma bênção com a qual sonhei desde que entendi o trampo louco que é ser mãe vinte e quatro horas por dia. O cansaço não vem do preparo dos piqueniques ou das caminhadas de seis quilômetros, da busca por parquinhos ou de ficar ensinando criança a andar de bicicleta sem rodinha. Isso eu realmente gosto e era o que eu queria desses meses. Adoro ficar ao ar livre. Os piqueniques facilitaram minha vida ao não ter de pensar em almoço. Gosto de andar bastante (o exercício faz a MINHA chatice passar) e me dá uma alegria imensa ver esses dois brincando do lado de fora e aprendendo coisas novas. É a parte de ser mãe que eu mais gosto.

Mas aí.. Vem uma dorzinha de cabeça diferente no fim do dia, uma irritaçãozinha chata que parece sem motivo, que você só entende a origem quando, no fim de semana, leva o cão para passear sozinha enquanto as crianças brincam com o pai. Você se dá conta de que está ouvindo os pássaros. E as cigarras. Quando encontra um adulto, tem uma conversa inteira sem interrupções. UAU! O que está faltando? Falta o alto e sonoro MÃAAAAE! que costuma acompanhar as férias todas num ritmo preciso de um relógio suíço: de cinco em cinco minutos, vem a badalada. E os segundos entre uma e outra são preenchidos com...

...aranhas têm cérebros?
...por que os esquilos têm cores diferentes?
...por que não tem grilos no inverno?
...o Thomas me bateu!
...é nada!
...a gente pode ver desenho?
...compra sorvete?
...a Laura me chamou de cocô!
...mas se os grilos dormem, como eles sabem que chegou a primavera?
...mas você trouxe dinheiro pra comprar sorvete?
...por que você não trouxe dinheiro pra comprar sorvete?
...quero água!
...mas se o besouro se enterrou, o que acontece se ele cavar fundo até chegar na lava?
...quero água!
...o Thomas não quer devolver minha espada!
...quero água!
...a gente pode ver desenho?
...deixa eu terminar de falar Thomas!
...eu é que tava falando primeiro!
...tava nada!
...por que o sorvete de ameixa é rosa se a ameixa é azul e amarela?
...a Laura destruiu o robô que eu fiz com o Lego!
...mas o Thomas não quer me emprestar a peça azul!
...a peça azul é do meu robô! Eu vi primeiro!
...é nada!
...não é verdade que chuva é xixi de nuvem?
...claro que não, Laura!
...é sim! Não é, mamãe?
...seu cocô!
...a Laura me chamou de cocô de novo!
...chamei nada!
...se o caminhão de sorvete aparecer você compra sorvete?
...quero água!
...como o Gnocchi aprendeu a nadar?
...a gente pode ver desenho?
...por que só o papai sabe comprar sorvete?
...por que as meninas tiram os pelos das pernas?
...a gente pode ver desenho? 
...e quando a gente chegar em casa, a gente vai poder ver desenho tomando sorvete?

É muito amor pelo cérebro desses dois, mas quando minhas têmporas começam a zumbir é sinal de que mamãe precisa de meia horinha de silêncio. Assim como começo a ansiar por um ventinho frio e um agasalho, uma panela de ragù cozido por três horas e um vinho tinto, também começo a pensar naquelas horinhas em que os pimpolhos estão na escola e posso sair para correr, posso trabalhar sem interrupções, resolver com calma pendências de banco e governo sem precisar arrastar criança junto, que, claro, prossegue com toda a verborragia aí em cima em português enquanto tenho explicar para o funcionário do banco em inglês que meu cartão foi clonado, cancelado, refeito, mas quando refizeram, fizeram no nome do meu marido, e  cancelaram o dele, e quando ele foi refazer o dele, cancelaram o meu de novo, e eu preciso PELAMORDETODOSOSSANTOS de uma droga de um cartão funcionando para poder comprar o macarrão do jantar, P*RRA!

Quando chegam os fins de semana, me escondo um pouquinho. Levo o cão para um passeio longo sozinha. Vou à biblioteca sem pressa apanhar um livro novo. Ofereço-me para ir ao mercado sozinha pegar o que precisamos para que Allex prepare o jantar.

Podemos ir todos juntos, diz ele.

Neh, tá sussa, deixa que eu vou sozinha, respondo. ;)

Deixa a mamãe descansar, pede ele, puxando os dois para brincar, passear, comprar uma pizza pra jantar, tomar um sorvete.

Afinal, papai sabe comprar sorvete. ;)

Cansou. Na falta de um selfie nas mesmas condições, vai o cão mesmo.

Os dias seguem, e começo devagar a eliminar o piquenique. Os almoços são sempre leves, pois saímos logo em seguida para o parque para encontrar os amigos da escola que voltaram de suas viagens e vão sempre ao playground à tarde. 

Torrada com manteiga, queijo e pepinos e salada de tomate e melancia. Um MONTE de sorvete de sobremesa.

Uma omelete com salada verde, uma tartine de algum legume e queijo. Uma das coisas boas do verão são as espigas de milho. Imensas e dulcíssimas, grelhadas até chamuscarem, são almoço acompanhadas de salada. As refeições vão saindo sempre no improviso, pois nunca sei quanto tempo ficarei em casa ou fora, e quando estou de fato em casa às vezes adianto algumas coisas como massas de torta ou feijão, para usar em outro dia. Já duas vezes preparei essa torta de dente de leão do New York Times, mas sem os cogumelos. 

Uma constante em todas as refeições de Agosto tem sido, contudo, o sorvete. Mamãe não sabe comprar sorvete mas sabe FAZER sorvete. Há! :D

Dois dias depois que publiquei o post anterior, minha tia, que mora aqui na América do Norte, escreveu-me dizendo que lera o texto e queria me dar uma sorveteira. E é claro que aceitei o presente. Alguns dias depois, dias longos em que a criançada me perguntou todo santo dia se ela tinha chegado e se eu faria sorvete, a máquina foi entregue na minha casa.

No dia em que ela chegou, no entanto, eu estava fora de casa, resolvendo o pepino de um cartão de débito clonado. Porque sim, tem disso aqui no Canadá. Tem crime no mundo todo, e você nunca deve desligar completamente o paulistano dentro de você. (Tem uma reportagem ótima da Vice sobre clonagem de cartão, ao qual, ironicamente, eu assisti dois dias antes do meu cartão ser bloqueado pelo banco.) Achei que o entregador da Amazon, ao bater na porta e não encontrar ninguém, voltaria outro dia. Quando a mercadoria é entregue pelos correios, o carteiro deixa um aviso na sua porta para que você vá buscar a caixa na agência mais próxima. Mas eu estava do outro lado da cidade, e a caixa estava marcada como entregue pelo próprio funcionário da Amazon.

Passei o resto do dia encafifada, pensando como haviam entregado a sorveteira se não havia ninguém em casa. Talvez minha vizinha da frente tenha recebido, como já aconteceu. Tentei voltar o mais rápido possível para casa, e qual não foi minha surpresa ao encontrar a caixa da Cuisinart, assim, lacrada, foto do produto exposta, totalmente solta e solitária, sem nem um papelzinho pardo em volta, na frente da minha porta.

Prédios canadenses não têm porteiros, e em geral a segurança é bem precária, quando comparada com a justificada paranoia dos prédios paulistanos. Suspirei aliviada por aparentemente ter vizinhos honestos, principalmente depois de ouvir histórias de mercadorias roubadas no prédio. Sim, como disse, aqui também tem disso. Canadá não é essa bolha cor de rosa que a mídia pinta.

Fica a dica, para quem mora aqui e não sabe disso: você pode e deve mandar entregar suas compras nas agências de correio para que você busque quando for conveniente. É mais seguro.

De qualquer forma, a chegada da sorveteira foi uma alegria generalizada aqui em casa. Havia meses que as crianças me pediam para fazer sorvete.

Antes que perguntem, esse é o modelo básico da Cuisinart. Apesar do motor ser trambolhoso em relação àquela que eu tinha da Hamiltom Beach, o balde é maior, gela mais rápido e achei o motor mais potente. Achei ótima e recomendo. O sorvete batendo é o de ameixas (Blue Plums, aqui).
Comecei com um de chocolate. Não sei por que cargas d´água, inventei de fazer de novo aquele primeiro gelato de chocolate do blog, mas usando a receita original, que levava unswetened chocolate. O chocolate talhou na mistura e ficou muito forte. Thomas e eu comemos, mas não foi um sucesso imediato com a famíla toda. Em seguida, claro, veio o sorvete de morango, que é um clássico aqui em casa e sempre foi o mais pedido de todos. Esse sim foi sucesso retumbante e acabou em poucos dias. Nem deu tempo de tirar foto.


Frozen Yogurt de Pêssego e o que sobrou do Sorvete de Morango
Decidi que duramte esses dias de calor aproveitaria para fazer os sorvetes mais simples e refrescantes, de frutas, e que deixaria os pesados, baseados em custards, para quando o tempo começasse a esfriar. (Também porque eu não estava nem um pouco afim de ficar mexendo custard quente dia sim, dia não, nesse calor do inferno.) Peguei na biblioteca a versão nova do livro The Perfect Scoop (já declarei amor eterno à biblioteca de Toronto?) e as crianças me ajudaram a escolher algumas receitas.

Sorbet de Amora Preta e Frozen Yogurt de Pêssego (uma coisa que eu não tenho ainda é uma colher de sorvete. Blog da vida real - aqui o sorvete não é servido em bolas perfeitas. hahaha  Mas a textura dos sorvetes estava excelente, apesar da carinha de bloco de gelo que têm aqui.)
Quero aproveitar o fato de que as frutas da estação aqui não são exorbitantemente caras (apesar de também não serem baratas), como era um saquinho de cerejas ou uma caixa de pêssegos lá em São Paulo. Sempre tinha dó de usar as frutas em doces quando morava no Brasil, e tanto os pimpolhos quanto o marido pareciam gravitar sempre à volta de sorvete de baunilha, enquanto eu era a única que dava conta sozinha de um litro de sorbet de abacaxi. Isso mudou agora que as crianças cresceram, e eles andam empolgados com os sabores diferentes, o que me deu vontade de comprar outra vez o livro do David Lebovitz, que está ainda mais bonito na nova edição.

Dele, fizemos Frozen Yogurt de Pêssego, sorvete de Ameixas frescas, Sorbet de Amora Preta (que ficou parecendo sorvete de açaí, por algum motivo - delicioso! - basta bater no liquidificador 450g de amoras congeladas, 1 xíc. de água, 2/3 xic. de açúcar e 2 colh. (chá) de suco de limão, passar na peneira para tirar as sementes e colocar na sorveteira), sorbet de banana e mirtilos, e eu ainda tenho planos de preparar vários outros sorvetes de frutas sazonais, bem refrescantes.

Então, olhando o livro, as crianças encontraram a foto da contra-capa, com uma pilha de Ice Cream Sandwiches, polvilhados de granulados coloridos. Vieram os dois correndo, o livro em riste nas mãozinhas, pedir POR FAVOR MÃE FAZ ISSO HOJE!!!

Lá fui.

Preparei o sorvete, preparei os chocolate chip cookies, e foi tudo muito fácil. Achei apenas que os cookies espalharam mais do que deviam e ficaram finos. Talvez eu tenha usado pouca farinha, no momento de medir (sempre usei a equivalência de 1 xic de farinha = 125g, mas ele pede 140g. Não sei se é o bastante para fazer diferença, mas enfim,). O resultado é que ficaram grandes, e a camada de sorvete, consequentemente, ficou mais fina. Eu faria os biscoitos com metade do tamanho da próxima vez, pois no fim, acabamos cortando todos ao meio na hora de comer, pois inteiros, eles eram imensos. Aqui em casa gostamos que a sobremesa seja MENOR que o almoço. ;) Mas entendo como esses Ice Cream Sandwiches podem ser considerados uma porção normal norte-americana. Tudo aqui é sempre gigante.

O calor tornou um pouco difícil a montagem. O sorvete começou a derreter enquanto eu cobria as laterais de granulados, e tudo já estava desmilinguindo antes de chegar ao freezer. Acabei colocando todos os sanduíches numa assadeira no freezer até que endurecessem e eu pudesse transferi-los para um pote fechado.

O resultado foi excelente, e não tive um momento de paz ou silêncio até enfim colocar os biscoitos na mesa. Laura reclamou das nozes no biscoito, mas depois comeu e lambeu os dedos. Thomas só ficou triste por a receita render tão pouco: só dois Ice Cream Sandwiches para cada um.

No ritmo que vamos, acho que vai demorar até a novidade do sorvete passar. Há toda uma série de receitas com frutas de outono a serem feitas e mais um punhado de outras que ficarão maravilhosas com bolos e tortas de inverno.

A novidade do Verão em Toronto com certeza passou. Agora que até a brincadeira virou rotina, que o verde e o calor lá fora parecem eternos, resta a espera pelas mudanças por vir. Laura pergunta: Mamãe, falta muito para a neve voltar?

Logo as férias acabam. Falta pouco para as aulas recomeçarem. Já sei mais ou menos o que me espera com Laura no Senior Kindergarten, mas confesso estar empolgada e ansiosa por ver Thomas no Grade 2.

Hoje chove. Acho que o dia todo.

Thomas acordou cedo, seis e meia, olhou para fora enquanto o pai fazia o café, e perguntou: Por que está escuro lá fora?

.....................

Em tempo: OBRIGADA TIAAAAAAAAAA!!! 💓💓💓💓💓💓💓💓

ICE CREAM SANDWICHES
(Do livro The Perfect Scoop, de David Lebovitz)
Rendimento: 8 porções

BISCOITOS
Ingredientes:
  • 115g manteiga sem sal em temp. ambiente
  • 1/4xic. açúcar
  • 1/3xic. açúcar mascavo
  • 1 ovo grande
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 1 xic. (140g) farinha de trigo
  • 1/4 colh. (chá) baicarbonato de sódio
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 3/4 xic. chocolate chips
  • 1/2 xic. nozes picadas

Preparo:
  1. Bata a manteiga e os açucares até que fique cremoso. Junte o ovo e a baunilha e bata até incorporar. 
  2. Junte a farinha, bicarbonato e sal e misture apenas até que a farinha desapareça. Incorpore os chips e as nozes. 
  3. Forme um disco largo com a massa, embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por 1 hora. 
  4. Pré-aqueça o forno a 180oC e posicione as grades no terço inferior e superior. Divida a massa em dezesseis partes. Forme bolas com elas e disponha metade delas em cada assadeira. pressione as bolas para formar discos mais finos e leve ao forno por 15 minutos, trocando as assadeiras de lugar no meio do cozimento. 
  5. Deixe que esfriem na assadeira por 1 minuto antes de retirar com uma espátula e deixar que esfriem completamente sobre uma grade. 

SORVETE DE BAUNILHA
Ingredientes:
  • 2 xic. creme de leite fresco
  • 1 xic. leite
  • 3/4 xic. açúcar
  • 1 pitada de sal
  • 3/4 colh (chá) extrato de baunilha

Preparo:
  1. Leve 1 xic. de creme e o açúcar e o sal em uma panela pequena ao fogo médio, mexendo sempre, até que o açúcar dissolva completamente.
  2. Remova do fogo, misture o restante do creme e do leite e o extrato de baunilha. 
  3. Leve à geladeira por algumas horas até ficar bem frio e então coloque na sorveteira. 

MONTAGEM
Simplesmente coloque uma ou duas bolas de sorvete entre dois biscoitos, pressionando ligeiramente. Talvez você não usei todo o sorvete de baunilha. Não tem problema, é a gosto. Se quiser, role as laterais do sanduíche de sorvete em granulados, castanhas picadas ou mini chocolate chips, antes de levar ao freezer. Mantenha-os embrulhados, depois de firmes, em potes fechados, para evitar formação de gelo na superfície do sorvete ou dos cookies.   

sexta-feira, 12 de maio de 2017

Pão de queijo francês, bolo de fubá americano, ler livros, seguir vidas


Faz já quase um ano daquelas férias de julho sem televisão que mudaram o jeito como fazemos as coisas aqui e como enxergamos nossa casa. A televisão com certeza voltou, pois ela sempre volta, mas uma mente expandida por boas idéias nunca mais volta ao tamanho original.

Naquela época, com a televisão desligada, começamos a passar muito mais tempo do lado de fora e, quando do lado de dentro, muito mais tempo juntos. Havia algo, no entanto, que me incomodava um bocado havia tempos, mas o qual não me dava ao trabalho de mudar, e que, tendo o empurrãozinho final daquelas férias, finalmente consegui: voltei a ler como lia antigamente. Um livro depois do outro, o que cair na minha mão, romance, sociologia, filosofia, Saramago, José de Alencar, ficção científica, best seller, livro técnico de arte, o que for. Felicidade pura, voltar a ler, hábito que andava em suspensão desde o nascimento dos meus filhos.

Preciso admitir que o que me impedia era pura preguiça. Os dias terminavam cansados, e eu buscava aquele entretenimento fácil debilitador de cérebros da televisão e da internet. Meu tempo andava dominado de tarefas e trabalhos e eu não conseguia nem me dar cinco minutos nem enxergar esse precioso intervalo de tempo em minha rotina para ler meia dúzia de páginas.

Foi daí que as noites sem tv se tornaram noites de leitura. E uma vez que você termina um livro bom em três dias, a empolgação é tanta que você não consegue parar mais.

Nesse meio tempo descobri tardiamente o canal da Tatiana Feltrin, da qual virei absoluta fã. E não se passou muito tempo de TV retornada até que eu estivesse de novo sentada ao sofá assistindo vídeos sobre os livros que os outros leram. Ficava encantada, fazia notas mentais sobre ler esse ou aquele volume, mas no frigir dos ovos o que eu estava fazendo de fato era parando de ler e vivendo uma vida imaginária através dos feitos dos outros.

O mesmo aconteceu quando descobri meu blog favorito, Seis Mais Dois, da Maria Cordeiro. Li de cabo a rabo, concordando com tudo, achando linda aquela vida tranquila, natural, aquelas sextas-feiras em família, aqueles jantares com amigos, aqueles piqueniques no parque, aquela simplicidade dos pães e bolachas descomplicadas de todo dia. Amei tudo aquilo, quis aquele ritmo de vida para mim, e tão logo acabei de ler o post mais recente, saí internet afora buscando outros blogs que fossem semelhantes, para suprir aquela minha carência por mais inspiração, mais vidas que não eram minhas para preencher os espaços dos meus dias, para que eu pudesse sonhar em ser assim um dia e criar aquela perigosa fantasia de que, porque eu tomara conhecimento daquela vida, a tal vida era minha também.

Aí eu tomei uns tabefes da vida que era minha e voltei a meditar.

Meditação, essa coisa linda. Dizia meu guru de Kriya Yoga que meditar é como colocar gasolina no carro: você nunca pode estar tão ocupado a ponto de esquecer de parar para abastecer. ;)

E assim mesmo parece funcionar. Os pensamentos ficam mais claros, e parece que você consegue enxergar as coisas de uma forma mais ordenada.

E numa noite dessas, quando eu procurava enfadonhamente ao que assistir no YouTube (o bom e velho zapear canais e perder tempo valioso de vida fazendo nada de bom), ao escolher um video antigo do Tiny Little Things, ocorreu um estalo no meu cérebro. Assim, como se alguém tivesse atirado um pedregulho na parte de trás da minha cabeça e me chamado de idiota. Lá estava eu, assistindo a um video de alguém falando sobre um livro que eu tinha na minha estante e nunca tinha lido na vida. Tinha a noite toda pela frente, e estava prestes a me contentar em ouvir sobre a incrível experiência que aquela pessoa tinha tido ao ler a história ao invés de eu mesma apanhar o livro e lê-la.

A sensação de desperdício de vida foi tão assustadora, que desliguei a TV imediatamente, arranquei o livro da estante e comecei a leitura. Pensei: Tatiana consegue ler 100 páginas por dia. Como ? Ah, ela não tem filhos, ela lê no ônibus a caminho do trabalho. Todas aquelas desculpas que a gente se dá para os outros conseguirem algo e nós não. Mas e daí? Quanto tempo eu de fato tenho no meu dia em que não estou ativamente com as crianças, ou trabalhando ou em alguma tarefa? Comecei a andar com um livro na bolsa o tempo todo. Até mesmo para apanhar as crianças na escola. Comecei a chegar dez minutos mais cedo apenas para me sentar no banco em frente ao portão e ler mais meia dúzia de páginas antes do sinal da saída tocar. Continuo não conseguindo ler 100 páginas por dia, a não ser que o Allex chegue tarde do trabalho. Senão, sinto muito, livros, mas ainda prefiro a agradável companhia do meu marido. :)

Isso do livro na mão o tempo todo, enquanto mexo o risotto, enquanto as crianças brincam no parquinho, enquanto espero um documento no cartório, fez-me sentir infinitamente mais feliz durante o meu dia. Eram cinco minutinhos só meus, imersa em uma atividade que gosto muito, mesmo que outras coisas estivessem acontecendo concomitantemente.

E então comecei a olhar em volta. As crianças pedindo para brincar um pouco mais na escola antes de irem para casa. Ok. Abro meu livro, leio mais um pouco. Sem pressa. Ergo os olhos. É uma escola. O único livro à vista está em minhas mãos. Adultos, jovens e crianças tem aparelhos eletrônicos nas mãos. Senti-me novamente com quinze anos, matando aula para ler Senhor dos Anéis no corredor.

Pensei em pedaços de uma conversa com a coordenadora. Quando veio um comunicado dizendo que Thomas teria de fazer lições de matemática num tablet. Fui ter com ela, incomodada. Ele tem seis anos. Já tem lição de casa todos os dias. Não precisa ficar mais tempo estudando, ainda mais na frente de uma tela. Precisa ter tempo de brincar. Ele ainda é uma criança. Além disso, nós não temos um tablet.

Ela explicou que o programa de matemática era todo lúdico e divertido e extremamente pedagógico, e que os exercícios eram de quebra-cabeças e lógica. Eu expliquei que lúdico e divertido e extremamente pedagógico é montar quebra-cabeças de verdade, de papel, de madeira, de 200 peças, em que as peças não se encaixam magicamente ao arrastar de um dedo, em que você precisa separar as peças por tipo e pensar numa estratégia. E que mais divertido era aprender lógica e probabilidade jogando Zombie Dice e Dungeon Roll com o pai, ou livros de RPG com a mãe, somando dados e descobrindo se sua soma de 12 é suficiente para matar o ogro que tem 7 de força. Ou fazer frações calculando uma receita de bolo. Quantas medidas de 1/3 de xícara cabem em 1 xícara? Matemática que permite lamber a tigela no final. Lúdico, divertido e extremamente pedagógico é entender no mundo de verdade a aplicação daquilo que se aprende no livro da escola. É mexer com diferentes materiais para criar coordenação motora fina ao invés de exercitar unicamente o dedo indicador em riste e respostas automáticas de uma tela fria com cores berrantes.

Houve um incômodo. Ela quis defender o povo que criou o material pedagógico. Defendeu-se dizendo que o povo da quinta série estava indo mal em português e que por isso eles tinham se empenhado em estimular mais as crianças. Perguntei-lhe porque não estimulavam MENOS. Perguntei-lhe em que espaço da rotina de uma criança de 11 anos que tinha aulas de manhã e à tarde, lições de casa todos os dias, trabalhos todas as semanas e provas aos sábados, haveria um momento de suficiente tédio para que ela de fato escolhesse buscar na instante um livro para ler por prazer. Se todo o tempo dela era ocupado por leitura obrigatória de assuntos que de fato não lhe interessavam. Perguntei por que não faziam uma parceria com uma livraria para montar um stand na porta da escola, onde fica visível, onde atrai olhares, já que não há uma única livraria em nosso bairro. Recebi de volta uma resposta atravessada, dizendo que havia sim uma livraria mas fechara por falta de público, e encerrei a conversa aí, pensando no verdadeiro significado daquela sentença.

Atravessei o pátio da escola carregando meu José de Alencar velho e esfarelento e olhando em volta as crianças que usavam seus "tablets pedagógicos" para ver bobagens na internet. Pensei em algumas crianças de quatro anos que conheço que já sabem ligar o computador e escolher videos de youtube sem supervisão. Suspirei alto, sentei-me no banco e abri meu livro, esperando o sinal tocar. Às vezes meu ouvido captava a conversa dos adultos ao meu lado conversando sobre Candy Crush.

O sinal tocou, as crianças apareceram. Era sexta-feira e cada uma trazia um livro novo para ler no fim de semana. Ás vezes são livros legais, e muitas vezes são livros muito ruins. Mas eles vêm sempre felizes pedindo para ler antes do almoço, e depois do almoço, e depois do desenho, e antes de dormir. E antes de dormir Thomas pede para ler O Pequeno Príncipe de novo. Ou Como Treinar Seu Dragão pela terceira vez. E Laura apanha Pippi Meialonga e abre no colo e insiste em ela mesma ler a história, passando o dedo nas letras ao contrário e inventando as frases segundo a alternância entre sua memória e sua imaginação. E fico maravilhada com a riqueza de sua imaginação. E as palavras que eles conhecem, e as histórias que eles criam enquanto brincam e enquanto desenham. E me lembro do maior elogio que já recebi do meu marido, quando comentei sobre isso com ele: "Ana, o desenho-animado vem pronto; mas quando você lê O Hobbit e o Thomas escuta uma frase como "...e ele fez um cumprimento à moda dos anões", ele precisa criar na mente dele como diabos seria esse cumprimento e porque seria assim e não de outro jeito; eles criam assim porque você lê para eles todo dia livros legais."

Quem é mãe sabe que são raros os momentos em que ganhamos crédito pelo saldo positivo, então isso me deixou muito, muito feliz. De vez em quando a gente faz algo certo.

Dois dias depois ele me enviou um cartoon da New Yorker que eu nunca mais encontrei e procurei muito para ilustrar esse texto. O cartoon mostrava dois bancos de praça. Um com o pai lendo o jornal e as crianças lendo livros, e outro com o pai ao celular e as crianças com tablets e games. E o pai do celular perguntava: "Como você consegue fazê-los ler?"

Já dizia meu guru de yoga: viva pelo exemplo.

Da mesma forma como lemos blogs e vemos videos para nos inspirar, as crianças nos observam para nos imitarem. Se a única coisa que eles vêm em nossas mãos é um celular, não é difícil adivinhar o que eles farão para fingirem serem adultos. É preciso dar o exemplo. E é por isso que, ao invés de reservar minha noite, com crianças na cama, para ler em paz, eu me esforço para encaixar pequenos intervalos de leitura no meu dia, quando eles passam por mim no meio de uma brincadeira de velho-oeste e vêm me perguntar o que eu estou lendo e se posso ler em voz alta para eles. Nessa brincadeira de curiosidade infantil, numa tarde em que Laura cochilava no sofá, Thomas se aninhou comigo na poltrona e leu comigo oito contos do Neil Gaiman, atento e de olhos encantados, até se acabarem os contos apropriados para sua idade.

É importante para mim que eles peguem amor aos livros, pois acho que isso abre um mundo maravilhoso ao mesmo tempo que mantém seus pés bem firmes no chão. Traz possibilidades de fantasia mas também de aprendizado real e prático. Estimula a curiosidade, e melhora sua concentração muito mais do que qualquer texto eletrônico recheado de distrativos hiperlinks.

Tento o máximo que posso buscar respostas para suas perguntas nos livros ao invés de buscar na internet, outra briga, aliás, que tenho com a escola. Pois se você quer saber quantas pernas tem uma formiga, basta escrever "pernas" e "formiga" no google e apertar o Enter. Você sequer precisa formular saber formular uma pergunta coerente. Numa biblioteca, precisa começar raciocinando: formiga é um bicho. Que bicho? Inseto. Onde encontro informações sobre insetos? Seção de biologia. Qual livro? Qual página? E nem sempre você encontra nos livros uma resposta pronta. Às vezes precisa cruzar informações e desenvolver sua própria hipótese. Sabe isso que a gente costumava fazer o tempo todo? Pensar?

Como quase tudo hoje em dia, parece que nosso cérebro se beneficia quando temos mais trabalho.

Ironia das ironias, enquanto escrevia esse texto, nesse exato ponto, a internet desapareceu, deu tilt, e fiquei 2 dias sem a bendita em casa. Quem mais sentiu falta fui eu, pois não conseguia resolver meus assuntos de trabalho apropriadamente e fiquei justamente sem o meu filme de quinta-feira. O universo jogando na minha cara aquilo mesmo que eu estava escrevendo. As crianças aceitaram rapidamente que não haveria desenho àquela tarde e, enquanto eu discutia com o provedor de internet ao telefone, eles cataram um quebra-cabeças de mapa-mundi, levaram para a sala e ficaram montando e deliberando a respeito dos países que eles gostariam de visitar, os lugares onde moram pessoas que conhecemos, de onde vem a comida chinesa, se há dragões na Noruega e se precisa ou não de avião para chegar ao Japão, que, segundo Thomas, é o lugar especial dele, onde quer e vai morar um dia.

Enfim. Exemplos. Inspiração.

Nós somos como crianças buscando inspiração constante em quem acreditamos ter algo mais bem resolvido que nós. Seja a realização de um guru de yoga, seja a vida descomplicada de uma numerosa família portuguesa, seja alguém que lê oito livros ao mesmo tempo. Mas ao contrário das crianças, que não vêm a hora de partir para a ação e nos imitar, tentar sem vergonha ser como nós, nós, os adultos, parecemos nos refrear e nos contentar em apenas viver através dos outros. Colecionamos centenas de fotos do Pinterest de casas que não são as nossas, lemos sobre hábitos que não colocamos em prática, guardamos no coração ansioso essa vida potencial, porque um dia eu vou fazer isso, um dia eu chego lá, amanhã quem sabe, se minha rotina fosse diferente, segunda feira eu começo, mês que vem eu vou ter tempo, assim que eu terminar esse projeto vai dar pra começar, pena que eu nunca termino esse projeto.

Baumann diz que nessa nossa sociedade líquida procuramos incessantemente gurus (elementos externos a nós) para resolver nossas vidas e criamos metas inalcançáveis (ou metas alcançáveis cuja realização postergamos o quanto possível), pois enquanto temos uma meta, nos sentimos mais firmes no chão. O que acontece quando atingimos nosso peso ideal? O que fazemos quando terminamos de escrever aquele livro? O que eu faço quando já aprendi a costurar? O que eu faço quando finalmente fizer a minha viagem dos sonhos? O que eu faço com esse vazio imenso que sobra quando não há mais o que perseguir? Não é o medo de falhar que paralisa a maior parte das pessoas, mas o medo de conseguir.

Uuuuuuuuuuh.
Profundo, isso.

Enfim. Exemplos. Inspiração.

É preciso ser mais como nossos filhos e dar a cara a bater, enfiar o pé na jaca, guardar menos as experiências para o amanhã e simplesmente desligar a televisão e catar aquele livro de uma vez por todas. Começar alguma coisa e terminar o que se começou.

Inspiração é ótimo. Eu continuo assistindo ao canal da Tatiana e continuo lendo avidamente os posts da Maria. É fácil cair de novo na armadilha de maravilhar-se com o tempo que ela passa com os filhotes, e mergulhar na internet atrás de mais inspiração. Mais fácil ainda é ter o que admiramos tanto naquela vida: basta desligar o monitor e chamar as crianças para jogar um jogo de tabuleiro no tapete da sala. Ao invés de passar o resto do dia enfurnada no computador buscando mais dos reality shows que me viciam, eu leio um post, sinto-me feliz, e chamo as crianças para fazer um bolo.

Isso aconteceu duas vezes. E naquele dia eu tinha planos para fazer um bolo de milho da Dorie Greenspan, quando eu ainda tinha o livro comigo. É muito gostoso cozinhar com as crianças, se você desapegar um pouco da perfeição do resultado e estiver disposto a limpar um pouco de sujeira depois. (Mas em pouco tempo eles aprendem a quebrar os ovos sem que explodam e a não jogar farinha para todo lado, e o máximo que se deve fazer é mandar todo mundo lavar as mãos e a cara depois de enfiar a cabeça inteira na tigela do bolo. E se você tiver um pouco de TOC, basta deixar todos os ingredientes já medidos, e não tem risco de alguma mãozinha enfiar na massa uma xícara a mais de farinha.)

Esse bolo de milho, ouso dizer, correndo o risco de tomar pedradas dos leitores, botou no chinelo a maioria dos bolos de fubá que já fiz com receitas brasileiras. Melhor textura que já vi num bolo exclusivamente de farinha de milho. Nada esfarelento, super úmido. Não sei se de fato precisa dos grãos de milho. Mas muito, muito bom. Quem diria, bolo de fubá americano. ;) Sem preconceitos, povo. Com figos frescos e uma colherada de mel serviria facilmente de sobremesa para amigos.

A segunda vez, interessantemente, foi justo ontem, durante a ausência de internet. Estava um dia lindo, e eu queria muito levá-las ao parquinho ou brincar lá fora. Mas um torcicolo acachapante me impedia  e mesmo o relaxante muscular que eu tomara não fizera nem cócegas. Meio de mal humor, catei o celular e comecei a torrar minha franquia de internet fuçando por aí. Lá fui eu de novo do SeisMaisDois para ler o post novo. E de novo comecei a mergulhar, mergulhar, mergulhar. Ouvi as crianças fazendo sabe-se lá o quê no quintal, e de novo aquilo me despertou.

"Quem quer fazer um bolo com a mamãaaaaaeeeee???"

Diga-me se esse bolo não ficou lindo. :)
Lembrando do bolo de alecrim da Maria, resolvi testar um bolo de louro e laranja do David Leibovitz, cuja receita eu anotara antes de vender o livro. Mal sabia eu que havia encontrado o melhor e mais fácil pound cake que já fiz. Eu AMO pound cakes. São meus bolos favoritos, por conta da textura compacta. Quero muito depois omitir o louro e a laranja e simplesmente fazer um pound cake de baunilha usando essa receita, que além de tudo não precisa de batedeira. :) O truque de colocar uma linha de manteiga no centro do bolo produziu o pound cake mais lindo da minha vida. (Aliás, eu cortei a manteiga gelada em tirinhas bem fininhas com uma faca afiada e montei a linha, ao invés de às colheradas ou com saco de confeitar, como ele sugere.)

Laura veio correndo me ajudar a fazer o bolo, quebrou os ovos,  misturou tudo, ajudou a lamber a tigela no fim e depois a cobrir com o glacê aromático e crocante. E não fui só eu que adorei. Achei que as crianças estranhariam o sabor do louro, que fica bem forte, mas o bolo fez um sucesso estrondoso.

A foto não faz jus ao bolo. Mas tiver de correr pra fotografar antes que ele acabasse.

Inspiração não serve de nada se não inspirar ação. Se não fizer você se mexer, não é inspiração, é entretenimento, é distração. Inspiração de nada serve se só te traz aquela nostalgia melancólica de algo que você nunca viveu.



Noutro momento desses, inspirada pelos blogs minimalistas, embalando os livros que vendera, pensei na receita de gougères do livro da Dorie Greenspan que já estava empacotado para o correio. Deu-me uma vontade imensa de gougéres, e me dei conta de que já fizera éclairs e profiteroles, mas nunca sua versão salgada. Antes que me arrependesse de me despedir do livro, lembrei-me que havia uma receita no I Know How to Cook, minha bibliazinha de cozinha francesa. Em pouco mais de meia hora havia gougères quentinhas saindo do forno, que a pimpolhada recheou com manteiga e devorou no lanche da tarde. Consegui guardar alguns para comer depois com uma tacinha de vinho, versão sanduichinho, com manteiga, uma fatia fina de tomate bem maduro e folhinhas de rúcula. Os dois que sobraram foram de lanche da escola no dia seguinte, exatamente como meus sanduichinhos adultos, pois apesar de serem preparados exatamente como os nossos pães-de-queijo, os gougères se conservam maravilhosamente bem de um dia para o outro. Pão de queijo francês perfeito para o lanche da escola, Fica a dica.


Encerro o texto aqui, com essas receitas deliciosas, pois está na hora de buscar as crianças na escola e eu quero aqueles meus dez minutinhos para terminar de ler A Luneta Mágica, do Joaquim Manuel de Macedo. Que livrinho bom!

Torcendo para que esse texto inspire a ação de muita gente. ;)

(Disclaimer: aqui todo mundo lê bastante mas todos vêm TV e jogam video-game - com supervisão.)

BOLO DUPLO DE MILHO
(Do livro Baking Chez Moi, da Dorie Greenspan)
Rendimento: 1 bolo em forma de bolo inglês

Ingredientes:
  • 1 3/4xic (203g) farinha de milho
  •  1 1/2 colh (chá) fermento químico em pó
  • 1/2colh (chá) sal
  • 1/2colh (cha) grãos de coentro moídos
  • 115g manteiga em temperatura ambiente
  • 1 xic (200g) açúcar
  • 3 ovos grandes, em temperatura ambiente
  • 3 colh (sopa) leite integral
  • 1 xic. (125g) grãos de milho frescos cozidos, descongelados ou em lata (escorridos e secos em papel toalha)

Preparo:
  1. Unte uma forma de bolo inglês de uns 22cm, enfarinhe e coloque a forma sobre uma assadeira. Pré-aqueça o forno a 180oC.
  2. Numa tigela, misture com um fouet a farinha de milho, fermento, sal e coentro. 
  3. Na batedeira, bata a manteiga em velocidade média, até que fique cremosa. Adicione o açúcar aos poucos e bata por 2 minutos, até que esteja bem misturado. Não tem problema se ficar um pouco granuloso.
  4. Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição.
  5. Em velocidade baixa, junte os ingredientes secos. Como o milho não tem glúten, não precisa se preocupar se bater demais, mas você só precisa de uma massa amarela e uniforme. Junte o leite.  
  6. Adicione o milho e misture com uma espátula para espalhar bem os grãos.  Aproveite para verificar se não ficou nenhum ingrediente seco mal misturado no fundo da tigela.
  7. Derrame na forma, alisando a superfície para que fique uniformemente espalhado. Leve ao forno por 55-65 minutos, até que uma faca saia seca do meio. Se depois de 30-40 minutos, o bolo estiver dourando demais, cubra com um telhadinho de papel alumínio, solto. 
  8. Transfira o bolo para uma grade e deixe que esfrie por 5 minutos pelo menos antes de tentar desenformar.

BOLO INGLÊS DE LOURO E LARANJA
(Do livro My Paris Kitchen, de David Lebovitz)
Rendimento: 1 bolo inglês

Ingredientes:
(bolo)
  • 6 colh. (sopa) (90g) manteiga + 1 colh (sopa)
  • 10 folhas de louro, frescas ou secas
  • 1 2/3 xic. farinha de trigo
  • 1 xic açúcar
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh (chá) sal
  • 3 ovos grandes, em temperatura ambiente
  • 1/2 xic creme azedo (sour cream: creme de leite fresco + 1 colherinha de vinagre, deixado por algumas horas em temperatura ambiente)
  • Casca ralada de 1 laranja
  • 1/2 colh (chá) extrato natural da baunilha
(glacê)
  • 1 xic açucar de confeiteiro, peneirado
  • 1 1/2 - 2 1/2 colh (sopa) suco de laranja fresco
  • 1 colh (chá) licor de laranja, como Grand Marnier ou Cointreau

Preparo:
  1. Numa panela pequena, derreta os 90g de manteiga com 3 folhas de louro. Desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por 1 hora. 
  2. Pré-aqueça o forno a 180oC. Unte com manteiga uma forma de bolo inglês de uns 22cm de lado, enfarinhe e forre o fundo com papel-manteiga. 
  3. Passe um pouco de manteiga em uma das faces das folhas de louro restantes (o jeito mais fácil é simplesmente esfregar de leve a folha na superfície do tablete de manteiga) e posicione as folhas no fundo da forma, com a parte amanteigada virada para baixo. As folhas não serão comidas. Elas apenas darão sabor ao bolo. Na hora de cortar as fatias, elas são descartadas.
  4. Numa tigela grande, misture a farinha, o açúcar, o fermento e o sal. 
  5. Em outra tigela, misture os ovos, o creme, as raspas de laranja e a baunilha até que fique homogêneo.
  6. Reaqueça a manteiga da panela, para que se liquefaça novamente e descarte as folhas. 
  7. Use uma espátula para misturar os ovos à farinha apenas até que esteja homogêneo. Então junte a manteiga e misture até que a manteiga seja absorvida. 
  8. Derrame na forma com cuidado para não mover as folhas. Alise a massa com a espátula. Então, disponha a manteiga restante por cima da massa, fazendo uma linha central no sentido do comprimento. (Achei mais fácil cortar tiras bem finas da manteiga do que fazer às colheradas). 
  9. Leve ao forno por 40-50 minutos, até que uma faca inserida no centro saia limpo. 
  10. Deixe que esfrie por 10 minutos sobre uma grade e então desenforme, retirando o papel manteiga da parte debaixo. 
  11. Quando esfriar, prepare o glacê, misturando todos os ingredientes até obter uma pasta lisa e opaca e que escorra devagar pelo bolo. Espalhe por cima do bolo e deixe que solidifique completamente. 
 GOUGÈRES
(Do livro I Know How to Cook, de Ginette Mathiot)
Rendimento: 6 porções (cerca de 3 por pessoa, dependendo do tamanho)

Ingredientes:
  • 1/2 xic manteiga sem sal (cerca de 100g)
  • 1 colh (chá) sal
  • 1 xic. farinha (cerca de 125g)
  • 4 ovos grandes, batidos
  • 1 3/4xic queijo Gruyère ralado 

Preparo:
  1. Numa panela grande, aqueça 1/2 xic água, a manteiga e o sal até que a manteiga tenha derretido, e então deixe abrir fervura. 
  2. Imediatamente e de uma vez, adicione a farinha, misturando energicamente com uma colher de pau. Abaixe o fogo para o mínimo e continue batendo por cerca de 1 minuto, até que a mistura se desprenda facilmente das laterais da panela. 
  3. Unte um prato grande com um pouco de manteiga e espalhe ali a massa e deixe que esfrie até temperatura ambiente. 
  4. Volte a massa para a panela desligada e junte os ovos gradualmente, até obter uma massa lisa, uniforme e brilhante. (Essa é a massa choux salgada. Se junto do sal, você usar 1 1/2 colh (sopa) de açúcar, voilà, você tem a pâte à choux doce para éclairs e profiteroles).
  5. Junte o queijo, misturando até que ele esteja bem espalhado. 
  6. Pré-aqueça o forno a 220oC. Unte uma assadeira grande com manteiga. 
  7. Com um saco de confeitar, ou uma colher, disponha porções de massa do tamanho de ovos pequenos, dando alguns centímetros de espaço para que os pãezinhos inflem. 
  8. Coloque a assadeira no forno e imediatamente reduza a temperatura para 205oC. Asse por 15-20 minutos para gougères individuais como esse, até que fiquem bem inflados e mais dourados do que você deixaria pães de queijo brasileiros. Atenção, pois se não assarem o suficiente (como aconteceu com minha primeira leva, que achei que já estavam dourados o bastante), eles desinflam. 
  9. Retire e sirva-os com o recheio que quiser, quentes ou em temperatura ambiente. Guarde os restantes embrulhados num pano de prato para que se conservem frescos até o dia seguinte. 

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Um bom pão e picles de melancia outra vez


Se há algo que amo muito em Nigel Slater, além do fato de ele parecer um doce de pessoa, sempre de bom humor em seu jardim fantástico, é o fato de que ele me fez redescobrir os sanduíches. Essa coisa de pão com queijo no meio, que fica chato muito rápido quando é sempre o mesmo pão francês insosso de padaria mequetrefe e o mesmo queijo prato marca-barbante de bandejinha de isopor com data de validade duvidável.

Aí vem esse homem fofo, com quem eu queria muito tomar um chá [chá com Nigel Slater, café com Dave Grohl, e cerveja com Russel Allen] e pega cada vez um pãozim lindo diferente e enche de várias sobras de ontem e várias coisas novas, e vários molhos xyz e pronto. O estrago está feito.

Meu amor pelos sanduíches voltou. A carne escura do frango assado de outro dia recheou uma baguette caseira, acompanhada de mostarda de grãos, molho inglês, picles de casca de melancia e queijo prato. Juro que ficou uma delícia, apesar da mistura estranha.

Pão de centeio, queijo emmenthal e kimchi.

Pão branco, pepinos marinados, maionese e óleo de gergelim com pimenta (tão bom e leve que fiz outro logo em seguida).

Fritatta de legumes no pão italiano, com tomates frescos.

Pão de farinha de castanha portuguesa, geleia de maçã com alecrim e provolone. 

Focaccia de alecrim, prosciutto e queijo quartirolo.

Queijo prato, mortadela (tudo quentinho de frigideira, estilo boteco) e chutney de manga fresquinho (em breve, post sobre esse chutney).
 
O da foto, salada verde do almoço, emmenthal e picles de melancia no pão bloomer.

Coisa boa isso de lembrar que sanduíche também é refeição.

Difícil mesmo é ensinar o Thomas a comer sanduíche sem desconstruí-lo. Dá aquele nervoso de ver o menino tirando o pão, lambendo o tempero, comendo o queijo separado do tomate, e por último o pão, começando pelo miolo e terminando pela casca. Sério, criança, por quê?? ¬_¬ [Pelo menos, na última reunião da escola, ouvi uma mãe comentando que a filha faz a mesma lambança. Menos mal que não sou só eu que crio gente estranha aqui em casa.]

O picles de melancia já apareceu por aqui antes, mas essa é uma receita nova. A primeira vez que fiz, estragou no armário, talvez por falta de acidez, talvez por erro na esterilização do pote, talvez por bolhas de ar, talvez por cabeça-dura, que inventei de transformar uma conserva de geladeira em uma conserva de armário. O segundo ficou bom, mas acabei dando tudo para minha mãe (que adorou), pois eu não esperava que ficasse tão doce. Na minha cabeça, achei que ficariam como pepinos em conserva, apenas ácidos, salgadinhos. Não sabia como usar, os sites americanos recomendavam comer com bacon, coisa que na época não estava comendo, então foi isso, picles doado (e devorado por minha mãe, que adorou). Desta vez tentei uma receita nova, e fica doce sim, mas também ácido, só que desta vez aprendi a usar, e nossa, como é viciante. Meu primeiro pote está já na metade. Como um chutney, como um ketchup, aquele docinho-azedinho no sanduíche.

O pão já havia feito outra vez, e sempre fica muito gostoso, muito macio, de casquinha fina e crocante. Receita do senhor Paul Hollywood. Eu ia dizer que é uma pena que removeram da internet os episódios do programa dele baseado nesse livro, Paul Hollywood's Bread, mas encontrei de novo quando pretendia linkar qualquer imagem dele sovando massa. Uma das melhores séries sobre pão a que já assisti, pois mostra os movimentos dele em câmera lenta e vários ângulos, de modo que você pudesse replicar em casa os gestos com mais facilidade. Por conta desse programa, ando sovando pão de um jeito diferente, combinando primeiro a técnica de Richard Bertinet, e então essa do Paul Hollywood de usar só uma mão, passando então à Marcella Hazan e essa maravilha que é catar a massa e batê-la na bancada como uma surra de toalha molhada [juro que essa foi a imagem menos bizarra que me veio à mente ao sovar a massa dessa forma; outras comparações não são pertinentes a um blog... ahn... de família]. Tão natural sovar assim, que nunca mais usei a batedeira para o processo nem nunca mais enfarinhei bancada.

PÃO BLOOMER
(do ótimo Paul Hollywood's Bread)
Rendimento: 1 pão médio-grande

Ingredientes:
  • 500g farinha de trigo + extra para polvilhar
  • 10g sal
  • 7g fermento ativo seco instantâneo
  • 40ml azeite de oliva + extra para a bancada
  • 320ml água fria

Preparo:
  1. Coloque a farinha numa tigela grande e junte o sal de um lado e o fermento de outro. Junte o azeite e 240ml da água e use os dedos para misturar e amassar tudo junto até que comece a formar uma massa, assim, como criança brincando de massinha mesmo, usando a massa mais úmida para grudar os pedacinhos ainda secos.
  2. Vá juntando o restante da água aos poucos, misturando e sovando, até obter uma massa grudenta, mas não encharcada. Pode ser que você não precise acrescentar toda a água, e pode ser que precise de mais um pouquinho (nesse caso, vá juntando às colheradas, para não exagerar). Lembre-se de que a massa vai ficando menos grudenta conforme você sova.
  3. Unte com um fio de azeite a bancada e derrube sua massa ali. Sove por 5-10 minutos, até que a massa fique elástica e macia. Forme uma bola e coloque numa tigela grande, untada com azeite. Cubra com filme plástico e deixe fermentar por 1h30 a 3h, até que dobre de tamanho, dependendo da temperatura da cozinha. 
  4. Coloque a masssa fermentada em uma superfície enfarinhada. Sove um pouco, dobrando a massa sobre si mesma, apertando com a base da mão, até que a massa esteja macia e uniforme de novo. 
  5. Achate-a em forma de retângulo, e dobre uma aba do lado mais longo em direção ao meio, e a outra aba sobre a primeira, apertando bem. Vire o pão de cabeça-para-baixo, deixando a fenda para baixo e puxe as bordas para debaixo dele, tornando-o oval.
  6. Coloque o pão em uma assadeira forrada com papel-manteiga ou silpat. Coloque a assadeira em um saco plático grande, fechando-o mas tomando cuidado para que ele não toque o pão, e deixe fermentar por mais 1 hora, ou até que dobre de tamanho.
  7. Aqueça o forno a 220ºC e coloque uma assadeira no chão do forno para esquentar.
  8. Retire a assadeira com o pão do saco plástico. Pulverize o pão com água, polvilhe uma mão cheia de farinha por cima, esfregando delicadamente com as mãos para uniformizar a farinha sobre o pão.  Com uma faca bem afiada, faça 4 cortes diagonais no pão, com cerca de 2-3cm de profundidade. 
  9. Logo antes de colocar o pão no forno, coloque 1 litro de água na assadeira vazia e quente dentro do forno, para criar vapor. Coloque a assadeira com o pão na prateleira do meio do forno e asse por 25 minutos. Abaixe a temperatura para 200ºC e asse por mais 10-15 minutos, até que esteja dourado-claro e saia um som oco do pão ao bater-lhe em baixo com os nós dos dedos. Deixe esfriar completamente sobre uma grade.

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Wraps de verdade e criança que come... alguma coisa, tipo o wrap de verdade

E o pequeno matador de dragões continuava empurrando o prato para longe. Incomodou-se ao ver a irmã sentada em seu cadeirão, e ficou curioso a respeito da papinha, e seu ciúme funcionou meras duas vezes como artifício, apenas tempo bastante para que enjoasse da textura da comida de bebê. A hora da refeição era infernal, com a alternância das crianças no cadeirão e o ciúme, e a correria em volta, e a recusa em comer aquele prato que mamãe tivera tanto trabalho e cuidado em preparar.

Então resolvi fazer um quebra-cabeça na cozinha e encaixar de volta a mesa que andara perdida na varanda e depois vagando pelo meu atelier. E aquela mesa foi uma mão na roda para mim, pois eu bem sentia falta daquele apoio extra para cozinhar. E num ímpeto curioso, em manhã de waffles com maçã caramelizada, Thomas subiu numa cadeira e quis ajudar a mexer a colher na tigela, e me dei conta de que aquela mesa era mais baixa do que a da sala, e que o pequeno guerreiro ítalo-germânico não era mais assim tão pequeno, e conseguia sentar-se em uma cadeira comum e comer àquela mesa sem problemas.

E Thomas cedeu seu cadeirão definitivamente à pequena-justiceira-bochechas-de-brioche. E consegui sentar os dois filhos ao mesmo tempo para comer e dar atenção a ambos simultaneamente. Desde que eu não estressasse com o fato de ele não comer, a hora da refeição galgara mais um degrau em direção ao "momento feliz". 

Então li um texto que falava sobre as expectativas dos pais em relação à alimentação da criança, e como aos dois anos os pequenos simplesmente não crescem tanto, não tem tanta fome e têm coisas mais interessantes a fazer além de comer. E como elas querem algum controle, e algum poder de escolha.

Como o texto sugeria, tentei, ao menos na hora do almoço, começar a colocar mais de um prato na mesa. Não como opções, substituindo o que ele negara, no pior jogo de "adivinha o que eu quero comer", mas como "partes de uma refeição completa". Quinua, couve refogada, cenoura glaceada, ovos cozidos. Num dia, Thomas é o grande-devorador-de-ovos-de-codorna. No outro, o abominável-catador-de-arroz-branco. Às vezes apanha dois ou três elementos para compor seu prato, às vezes come muito de uma coisa só. Mas come. Come contente. Comporta-se. Limpa a boca com o guardanapo. Pede água. Interage com a irmã que tenta falar "a-da-bu-brrrrrrrphsh..." enquanto come papinha, cuspindo brócolis moído na blusa branca da mamãe. Momento feliz.

A quinua, couve e cenoura que não quis num dia viram bolinho no dia seguinte, e, assim douradinhos, ele os come de bom grado, mergulhados no ketchup, sem saber que está sendo secretamente nutrido. E, sem o stress habitual, dou-me conta de que ele não tem mais separado os verdinhos da comida, quando antes a mera visão de uma micro-salsinha era o bastante para que rejeitasse o prato todo. Talvez o problema não fosse ele, mas a mãe neurótica que ficava bufando na orelha dele toda vez que ele começava a remexer a comida. A regra continua a mesma: tem que experimentar. Tem que comer ALGUMA coisa que está na mesa. Qualquer coisa e o quanto quiser. Senão não tem sobremesa. Mas de repente não há mais berros, não há mais mãe estressada e, principalmente, não há mais criança estressada.

Assim, fico mais tranquila para preparar o que eu quiser, e desde que haja um pedaço de queijo na mesa, não fico mais quebrando a cabeça para combinar o que eu quero comer, o que Laura pode comer e o que Thomas talvez, quem sabe, por ventura, venha a querer comer. Também me pego menos nutricionalmente histérica, e aceitando que pão com queijo é um jantar muito digno. Principalmente se o pão for feito em casa.

Claro, ainda tem o berro do "não brinca com a comida", o do "pára de correr em volta da mesa e senta essa busanfa na cadeira" e o do "não, só ganha sobremesa quando TODO MUNDO terminar de jantar". Mas, ainda assim, é menos berro.

Esse wrap parece pesado na foto, mas na verdade é fino, leve e maleável, além de delicioso. É chatinho pensar em abrir com rolo e depois passar na frigideira todos os pãezinhos, mas é algo que vale a pena ser feito em quantidade num dia de paciência, pois o pão pronto congela maravilhosamente bem, e descongela em segundos na frigideira quente, mantendo-se tão gostoso e macio quanto no dia em que foi feito. Perfeito para uma quarta-feira cansativa de pão com queijo.

A dica-master-blaster é não tentar abrir com rolo até os 20cm. Dez centímetros com o rolo são fáceis, e depois basta segurar delicadamente o disco de massa entre os dedos e ir girando, como quem segura uma direção de carro, deixando que o próprio peso da massa termine de abri-la até o tamanho apropriado, ficando mais massudinha nas bordas e praticamente transparente no centro. Outra dica é sobre o tempo de fermentação: Paul Hollywood sempre menciona um tempo mínimo e um máximo e já percebi que seus pães ficam infinitamente melhores se deixados fermentando pelo tempo máximo, principalmente se o dia estiver muito frio. Nesses casos, também tenho usado água morna, ao invés da fria que ele sugere, pois nesses dias em que a cozinha está a 13ºC, o fermento pode ficar praticamente inativo se mantido frio.

WRAPS
(do excelente How to Bake, de Paul Hollywood)
Tempo de preparo: 1-2 horas + 3 minutos de frigideira por wrap
Rendimento: 15-20, dependendo do tamanho

Ingredientes:
  • 500g farinha de trigo (de preferência orgânica, ou para pães)
  • 10g sal
  • 30g açúcar cristal orgânico
  • 10g fermento biológico seco instantâneo
  • 30g manteiga sem sal, amolecida
  • 320ml água (fria se o dia estiver quente, morna se o dia estiver com temperatura muito abaixo dos 21ºC)
  • um pouco de óleo para cozinhar

Preparo:
  1. Coloque a farinha numa tigela grande e deposite o sal e o açúcar num canto da tigela e o fermento no outro. Junte a manteiga e 3/4 da água e misture com as pontas dos dedos.Vá juntando o restante da água aos poucos, até que toda a farinha esteja úmida. Pode ser que você precise de um pouco mais de água ou que não use toda ela. O que você quer é uma massa úmida e macia, quase grudenta, mas não pegajosa.  
  2. Unte uma superfície com um pouco de óleo e despeje sua massa ali. Unte as mãos e sove a massa por 5-10 minutos, até que ela esteja bem macia, lisa e elástica (gosto de pensar na textura de uma bexiga cheia de água).  (Na receita original, Paul usa farinha na superfície, mas a massa estava numa textura tão boa, que achei melhor não correr o risco de ela ficar seca com a farinha extra. Então use farinha caso a massa esteja mais difícil de manipular.)
  3. Forme uma bola e coloque numa tigela untada com óleo. Cubra com filme plástico e deixe fermentar por pelo menos 1 hora (pode deixar por até 3 horas), até que a massa tenha dobrado de tamanho. 
  4. Despeje a massa numa superfície ligeiramente enfarinhada, amasse para tirar o ar e divida em bolinhas de mais ou menos 60g (um nada maiores que bolas de ping-pong).
  5. Abra cada bolinha com um rolo de madeira enfarinhado, sempre partindo do meio do círculo para as bordas, até obter um círculo de 20cm de diâmetro. 
  6. Aqueça uma frigideira grande (23-25cm) em fogo alto e derrame uma colh. (sopa) de óleo vegetal. Quando começar a sair fumaça, coloque um círculo de massa na frigideira e cozinhe por 2 minutos. Vire e cozinhe por mais 1 minuto. Você verá a massa inflando e depois desinflando, e terá pontos pretos por toda ela. Não deixe tempo demais, ou esses pontos pretos ficarão quebradiços ao invés de macios. Retire da frigideira e vá empilhando os pães num prato. O fato de ficarem empilhados faz com que o vapor e o calor os mantenha maleáveis quando esfriarem. (Coloque mais óleo na frigideira conforme necessário.)
  7. Use-os imediatamente ou embale-os em filme plástico, usando por até 24 horas. Também pode embalá-los colocando papel-manteiga entre os pães, para que não grudem uns nos outros, e congelá-los. Para descongelá-los, basta retirar do freezer e colocar alguns segundos na frigideira quente.




quinta-feira, 10 de maio de 2012

Hambúrguer que não é fast food

Fico irritada toda vez que me pego me sentindo culpada em jantar um hambúrguer ou me pego calculando meu prato em termos de carboidratos e proteínas. É como se falhasse comigo mesma. Caí na pegadinha. Entrei no sistema. Tô lá comprando iogurte que faz ir ao banheiro e botando brócolis no prato porque é "funcional", e não porque é gostoso.

Não! Deus do céu, não!

A vida não pode ser uma eterna preocupação com a ciência da comida. Porque se você come um tomate como se fosse uma pílula, então seria mais prático partir de vez para comida de astronauta e admitir que você não gosta de comida de verdade. E pronto.

Confesso que foi difícil desligar em mim a preocupação com as proporções do prato depois que o pequeno devorador de bananas nasceu. Afinal, eu quero oferecer a ele a melhor alimentação possível sempre. Mas eu quero que ele olhe para seu prato e veja funcionalidade? Ou quero que ele veja em seu prato sensações, experiências, gostosuras, tempo aproveitado com família e amigos, natureza... enfim. Com certeza, a segunda opção.

Por isso, para mim, ultimamente, existe apenas uma regra: que esteja o mais próximo do estado natural possível. Que, se eu morasse numa fazenda, eu poderia produzir em casa. Se eu precisar de um laboratório científico e máscaras de proteção, então não compro, não como, não dou ao meu filho.* E ponto. E se um dia o almoço for apenas um prato de beterrabas gratinadas, e no outro for pizza de gorgonzola, não tem problema. Porque sei que no seguinte será quinua com três legumes diferentes, e no outro arroz integral, feijão e couve, e depois abóbora, espinafre e cevada, e curry com tofu e berinjela, e fritatta de radicchio, e, de alguma forma, a variação e o fato de ser tudo natural vai continuar tornando meu pequeno forte. E tem tornado. Meu pequeno touro, meu pequeno lenhador canadense, forte, saudável e incrivelmente sorridente.

Mas não conseguimos desprogramar tão rápido esse nosso cérebro mequetrefe que acaba, de um jeito ou de outro, absorvendo toda a porcariada que ouve por aí na televisão, nas revistas, na internet. E quando, na preguiça ou na gula (adoráveis pecados), decidimos que o jantar vai ser mesmo hambúrguer, é difícil não se senti um pouco culpada, pensando em toda aquela escarola saudável que jaz na gaveta de legumes.

Nesses momentos o hambúrguer vegetariano vem para salvar a pátria. Não aquele de proteína de soja texturizada, com gosto de coisa nenhuma (convenhamos que nem o orgânico tem muito sabor). Mas o feito em casa, numa combinação de várias coisinhas gostosas.

Venho testando várias receitas nos últimos meses, para definir minha favorita para deixar congelada para os momentos de jantar-desespero. E até o momento tenho duas campeãs em categorias diferentes. Uma, de feijão preto e aveia, emulou com perfeição a textura chamuscadinha e crocante por fora e suculenta por dentro que os hambúrgueres de carne de minha mãe tinham. E eles vão do freezer à panela com perfeição. Mas este da foto, com mais ingredientes, apesar de precisar de uma meia horinha para descongelar, é campeão em termos de sabor.

E quão maravilhoso é livrar-se da culpa do hambúrguer, ao se dar conta de que seu sanduíche é feito de pão, queijo, soja orgânica, beterrabas, amêndoas, aveia e gergelim? Pensou na beterraba, você já se sente comendo salada... ;) Ok, não é para tanto, mas a variedade com certeza ajuda.

A receita original levava cenouras, mas os hambúrgueres ficaram deliciosos com a beterraba em seu lugar, além de ficarem engraçadinhos cor-de-rosa. Bizarro mesmo é apertá-los com a espátula contra a frigideira e ver o suco da beterraba minar do hambúrguer, lembrando justamente o sangue da carne crua. Bom... fazer o quê?

Recomendo que se cozinhe todo o pacote de soja orgânica de uma vez e se deixe congelado para fazer mais hambúrgueres depois, pois a soja demora cerca de 3 horas para cozinhar, mesmo tendo ficado a noite inteira de molho. O que me faz querer testar a receita com feijão branco. Algo me diz que deve funcionar.

HAMBÚRGUER DE BETERRABA, SOJA, AMÊNDOAS E GERGELIM
(livremente adaptado do livro O Livro Essencial da Cozinha Vegetariana)
Rendimento: cerca de 10 hambúrgueres

Ingredientes:
  • Cerca de 1 xic. soja orgânica em grão cozida, drenada
  • 125g amêndoas
  • 1 cebola picada
  • 1 beterraba média ou 2 pequenas raladas
  • 1 colh. (sopa) shoyu
  • 3 colh. (sopa) aveia em flocos
  • 1 ovo grande, orgânico
  • 3 colh. (sopa) farinha de aveia
  • 1 colh. (chá) cominho moído
  • 1 colh. (chá) sementes de coentro moídas
  • 3 colh. (sopa) gergelim

Preparo:
  1. Coloque num processador a soja, as amêndoas, a cebola, a beterraba, a aveia em flocos e o shoyu e processe por alguns minutos até que tudo esteja triturado grosseiramente.
  2. Transfira para uma tigela grande, junte o ovo, a farinha de aveia, o cominho, coentro e o gergelim e misture bem com uma colher ou com as mãos. (Experimente e verifique se precisa de mais shoyu.)
  3. Forme 10 hambúrgueres do mesmo tamanho (pequenos; mais semelhantes aos tamanhos dos congelados comprados prontos do que aqueles de lanchonetes chiques). Se quiser congelá-los, embrulhe-os individualmente em filme plástico. Senão, aqueça um fio de óleo numa frigideira de fundo grosso e frite por cerca de 5 minutos de cada lado, até que estejam bem chamuscadinhos por fora e cozidos por dentro.  
*[Só para esclarecer: não, no MEU turno, sob a MINHA supervisão, na MINHA casa, meu filho não vai comer Danoninho, Toddynho nem nada dessas porcarias. Se ele quiser comer na casa do amiguinho – e eu sei que vai – é problema dele. Mas não é porque ele vai comer na escola e na casa dos outros que vou deixá-lo se entupir de Trakinas e Coca-cola em casa. Não mesmo.]

OBS: Post programado para ser publicado durante minhas férias. Os comentários só vão ser moderados depois do dia 15 de maio.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bolo de carne sem carne num belo de um sanduíche


Tem coisa mais caseira que "bolo de carne"? Num dia desses, perguntei ao Allex se ele sentia falta de algum prato específico de sua infância, que ele não comia mais, e bolo de carne foi a resposta, quase imediata.

Para ser sincera, não me lembro de minha própria mãe preparando bolo de carne com muita frequência. Carne moída, em casa, tinha quase sempre outros destinos: lasagne, polpette, e, principalmente, aquela "torta" de carne moída e purê de batatas, que muitos anos depois, quando minha mãe se lamentava que sua comida não era "sofisticada" como a minha (até parece!), contei-lhe que se tratava de Hachis Parmentier, o que a deixou muito contente e orgulhosa. ;)

O caso é que desde que comprei esse livro da Deborah Madison, que apesar de trabalhoso é um dos melhores que tenho, estava de olho nessa receita de "Cheese and Nut Loaf", uma versão vegetariana do bolo de carne, que prometia ser tão "meaty" e satisfatória quanto o original. Mas eu nunca tinha todos os ingredientes em casa, e eu sempre arranjava uma desculpa para não prepará-lo.

Até ontem.

Se arrependimento matasse... como é que eu não fiz esse prato no dia em que comprei o livro?? Ele é de preparo fácil, principalmente se você tiver sobras de arroz integral. E a única parte chatinha é picar as nozes, mas isso você pode fazer num processador, com cuidado para não transformá-las em farinha: você quer pedaços irregulares para conferir textura ao bolo.

Além do fato de ele ficar a cara de um meatloaf de verdade (inclusive mesma textura), fica absolutamente delicioso. E eu me diverti com a carinha caseira dele e o fato de seus ingredientes serem tão naturebas: parece o tipo de prato que uma mãezona "hipponga", de saia indiana e lenço na cabeça, faria. Imagino que seja uma receita dada a adaptações, também, trocando-se os tipos de nozes (com castanha-do-Pará deve ficar bom!), variando os tipos de queijo ralado, as ervas (acho que dá pra simplificar), os cogumelos... Se duvidar, deve continuar gostoso mesmo sem o gosto forte dos cogumelos secos. Ah, e funciona mesmo quando o arroz fica empapado. :D

O resultado é um bolo de queijo e nozes bastante substancial, então uma saladinha basta para acompanhá-lo. Deborah Madison sugere servi-lo com molho branco com ervas, mas eu sabia que o condimento principal aqui em casa estava fadado a ser o ketchup. O melhor de tudo, ele é facilmente "requentável", e fica ótimo dentro de um belo sanduíche com alface, tomate, mostarda e maionese, que foi, por acaso, meu almoço. :)

BOLO DE QUEIJO E NOZES (bolo de carne vegetariano)
(do livro The Greens Cookbook, de Deborah Madison)
Tempo de preparo: 40 min + 1h15min de forno
Rendimento: 1 bolo de cerca de 21x10cm

Ingredientes: 
  • 1 1/2 xic. de arroz integral (orgânico) já cozido (Cerca de 1/2 xic. de arroz integral cru rendem o suficiente para a receita)
  • 1 1/2 xic. nozes
  • 1/2 xic. castanhas de caju
  • 1 cebola média, picada
  • 2 colh. (sopa) manteiga
  • sal
  • 2 dentes de alho, picados
  • 1/2 xic. cogumelos (à sua escolha), limpos e picados
  • 15-30g cogumelos shiitake ou porcini secos
  • 2 colh. (sopa) salsinha picada
  • 2 colh. (chá) folhas de tomilho, ou 1/2 colh. (chá) tomilho seco
  • 1 colh. (sopa) manjerona fresca, ou 1 colh. (chá) manjerona seca
  • 1 colh. (chá) sálvia fresca picada, ou 1/2 colh. (chá) sálvia seca
  • 4 ovos orgânicos
  • 1 xic. queijo cottage (caseiro ou comprado pronto, sem gomas)
  • 250-350g queijo ralado grosso que derreta bem (como Parmesão ralado na hora, Gruyère, Ementhal, Fontina, Prato, Mussarela, Cheddar... dependendo do que você tiver à mão)
  • Pimenta-do-reino moída na hora

Preparo:
  1. Comece cozinhando o arroz, caso você não o tenha pronto. Enquanto o arroz cozinha, deixe os cogumelos secos de molho em água quente. Toste as nozes e castanhas numa frigideira grande e quente, até que fiquem perfumadas, sem deixar queimar. Pique e reserve. 
  2. Pré-aqueça o forno a 190ºC.
  3. Limpe os resquícios de nozes da frigideira e derreta a manteiga em fogo moderado. Junte a cebola, uma pitada de sal, e cozinhe até amaciá-la. Enquanto isso, rapidamente escorra os cogumelos secos e pique-os grosseiramente. Junte-os à cebola com o alho, os cogumelos frescos e as ervas. Cozinhe até que todo o líquido liberado pelos cogumelos se evapore. 
  4. Bata ligeiramente os ovos numa tigela grande. Junte o arroz cozido, os cogumelos refogados, as nozes, os queijos e misture muito bem. Experimente, tempere com pimenta e acerte o sal se necessário.
  5. Unte uma forma de bolo inglês com manteiga. (A receita original pede para forrar com papel-manteiga untado, mas ele grudou no bolo. Eu faria novamente sem o papel, pois fica mais fácil de apenas passar uma faquinha nas laterais e desenformar. Só fique de olho para não queimar.) Espalhe uniformemente a mistura na forma, preenchendo bem e alisando a superfície com uma colher.
  6. Asse por 1h-1h15m, ou até que o bolo esteja inflado, bem dourado e pareça firme ao balançar a forma. Retire do forno e deixe descansar por 10 minutos antes de desenformar e servir. Para reaquecer as sobras, pegue a fatia que você quer, embrulhe em papel alumínio e leve ao forno médio por uns 15 minutos. 

Cozinhe isso também!

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