sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Jantar com titia


Ontem à noite minha tia veio jantar conosco. Fiquei feliz pois, no fim das contas, Allex conseguiu chegar a tempo de comer com a gente.

Tudo correu muito bem. Começamos com caipirinhas (estreando os copos dados pela tia do Allex), mas quase os quebramos tentando socar o limão com meu socador de pedra-sabão. Para acompanhar a bebedeira, comprei um pão sensacional na Pâtisserie do Le Vin, um patezinho de pimentão do Santa Luzia e azeitonas pretas chilenas.

Para jantar, resolvi ser a rainha da praticidade: cannelloni de abóbora e cenoura ao molho branco, que preparei no dia anterior e deixei para assar na hora, e tian de legumes (foto), do livro Cozinhando para Amigos, que montei à tarde e deixei quietinho até a hora de colocar no forno. Claro que a manobra só é possível porque meu forno é duplo.

O cannelloni é fácil: coloquei a abóbora inteira (depois de espetá-la algumas vezes com a ponta da faca) em uma assadeira com um dedinho d´água, e assei em forno médio até que um garfo entrasse fácil em sua casca (cerca de 40 minutos). Retirei a polpa com uma colher, e reservei. Tirei a água da assadeira e coloquei pedaços de 2,5cm de cenoura com dentes de alho inteiros e com casca, tomilho, sal, pimenta e azeite e assei por 20 minutos. Espremi o alho, misturando à abóbora, e amassei junto com a cenoura. Um punhado de queijo ralado, noz-moscada, sal e pimenta e uma folha de sálvia muito bem picada, e recheei as cascas dos cannelloni. Fiz um molho branco rápido, despejei uma parte no fundo de uma travessa untada, acomodei os cannelloni, despejei o resto do molho, queijo ralado, e forno por 20-30 minutos. Na verdade era para ser só de abóbora, mas ela não me forneceu recheio suficiente, então tive que improvisar com as cenouras que tinha (ambas são laranja e docinhas, o que poderia dar errado?), e ficou delicioso.

Para o tian, piquei uma cebola, 1/2 pimentão vermelho pequeno e dois dentes de alho, misturei com um pouco de manjericão, tomilho, sal e pimenta, e espalhei no fundo de uma travessa com azeite. Cortei uma berinjela e uma abobrinha em fatias de 0,5cm, e depois em meias-luas, e fiz fileiras intercalando com cerca de 4 tomates cortados em quartos, sem as sementes. Mais manjericão, mais tomilho, sal, pimenta e azeite, cobri com papel alumínio e coloquei no forno a 180ºC por 30 minutos. Tirei o papel e deixei mais 30. Servi quente, mas fica muito gostoso frio também.

Achei que fosse comida demais, mas como todo mundo repetiu (eu ADORO quando isso acontece), não sobrou nada! De sobremesa, depois de pratos razoavelmente substanciosos, achei melhor manter a simplicidade, então coloquei uma tigela cheia de morangos orgânicos, que apesar de meio pálidos, estavam deliciosos. Minha tia surpreendeu-se, e disse que na Califórnia, onde mora, os morangos são estupidamente vermelhos, mas completamente sem gosto. No fim, o jantar foi um sucesso, e eu estou muito feliz!

Mini-kit-cozinha

Dei esse mini-kit de cozinha de aniversário para minha irmã. Tem um fouet grande, colheres-medida e potinhos-medida. De aço-inox, bonitinho e fácil de lavar, melhor do que as melecas de plástico que ela tinha, que já estavam manchadas. O livro, Larousse da Cozinha Prática é ótimo para quem está começando, pois suas receitas são divididas por ingredientes principais em ordem alfabética; são todas receitas fáceis e rápidas e há toda uma sessão de técnicas de molhos e massas com fotografias passo-a-passo no final. Gostei também do fato de o começo ser recheado com dicas de compra e conservação de inúmeros ingredientes, de queijos a peixes. Agora é só esperar um convite para jantar... hehehe...

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Pimentas de comer, não de enfeitar...




Esse ano minhas pimentas estão indo muito bem, ainda mais pensando que estão num apartamento! Recorde de produção até agora...

Empórios orgânicos

Há muitas fontes de ingredientes em minha região: um Pão-de-Açúcar que detesto, o Santa Luzia que adoro, uma feira de quinta (mais barata) e uma feira de domingo (mais cara, com um pastel fantástico), um empório orgânico na minha rua e um a sete quarteirões, que faz uma espécie de feira no sábado de manhã. Hoje, minha tia vem jantar em casa. E, antes que eu soubesse que o Allex será abduzido no trabalho novamente, achava que apenas o cannelloni seria pouco, e resolvi sair para comprar mais comida. Ah, vou comprar tudo orgânico, pensei. Sabendo que no supermercado tudo é mais caro, resolvi apoiar o comércio local e visitar ambos os empórios.

Que decepção!

O da minha rua eu já visitara algumas vezes. Sempre entro, dou uma fuçada, pego a cestinha, olho para aquela escassa variedade de legumes embaladas em plástico e bandejas de isopor e me deprimo. Olho para a prateleira de laticínios e há um único pacote de mozzarella de búfala solitário no meio de outros pouquíssimos produtos abandonados. Um mar de produtos de quinoa, um mar de geléias caras demais, conservas que não imagino ninguém comendo (cenouras em conserva???) e coisinhas integrais e naturebas demais pro meu gosto, como proteína de soja texturizada. Acabo levando um suco, só de dó.

Um pouco cabisbaixa, caminhei os sete quarteirões até o segundo empório, mais antigo, na esperança de encontrar abobrinhas frescas e "a granel", se é que posso usar esse termo. O que me faz ir à feira ou pedir meus legumes e frutas na Caminhos da Roça é essa minha necessidade de pegar nos alimentos, sentir a textura da casca, sentir o cheiro. Dentro de plásticos e em geladeiras, nada tem cheiro, nada tem textura, tudo muda de consistência. Não que vá estar estragado quando eu abrir, nunca tive esse problema, mas acho fundamental a experiência de interagir com o ingrediente e escolher, literalmente, a dedo. Saber diferenciar um bom tomate de um tomate ruim é algo que cada vez menos gente sabe fazer.

Chegando lá, deparei-me com o mesmo fenômeno: um espaço enorme dedicado a um quase nada de produtos, prateleiras vazias, preços exorbitantes. A farinha da Cotrimaio, pela qual pago R$3,90 no Santa Luzia, estava por R$7,00 no Empório. Hein???? Achava que por ser um estabelecimento especializado, encontraria produtos diferentes dos basicões do supermercado, mas, aparentemente, ninguém por aqui tem melhor suprimento de orgânicos que o Santa Luzia...

Isso tudo me deixou muito nervosa. Esses Empórios deveriam ter como missão convencer os consumidores locais a ir trocando os produtos convencionais pelos orgânicos. Mas quando você vai comprar uma abobrinha e não a encontra, desencana do resto e vai para o mercado mesmo, onde sabe que achará tudo o que procura. Aproveitando-se da moda natureba e ecologista, eles incharam suas estruturas, com cafés, restaurantes, arquitetura cara em pontos mais caros ainda, e agora parecem tentar compensar a paspalhice explorando quem tem a boa intenção de comprar seus produtos.

Estou cada vez mais convencida a continuar pedindo minha cestinha, mais barata e confiável, com legumes e verduras ainda sujos da terra da fazenda. Os morangos orgânicos que pedi da fazenda Nata da Serra, também produtora de laticínios orgânicos, vieram lindos, inteiros (nenhum estragado, como geralmente acontece), gostosos e por metade do preço do supermercado, e serão a sobremesa de hoje à noite.

E o que não consigo comprar pela cesta, continuarei comprando no Santa Luzia. Porque, afinal, continua sendo um empório familiar, de ponto único, o que sossega a minha consciência que pede que eu apoie o comércio local em detrimento das grandes redes de supermercados.

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Risotto de Beterraba

Duvido que alguém encontre por aí um risotto tão vermelho! Tudo o que fiz foi assar 3 beterrabas pequenas e orgânicas, com casca, cortadas ao meio, com um pouco de azeite, sal, pimenta e um nadinha de vinagre balsâmico, dentro de um pacotinho de papel alumínio muito bem fechado, por 40 minutos a 200ºC. Ao esfriar, descasquei-as e cortei-as em cubos bem pequenos. Fiz uma receita básica de risotto para 2 pessoas, acrescentando os cubos de beterraba logo antes do arroz. Juntei a manteiga e o queijo ralado no final, e, ao servir, salpiquei com gorgonzola em grumos. O resultado é essa vermelhidão vibrante, pontilhada de cubinhos de beterraba que parecem rubis; um suave adocicado contrastando com o queijo picante e salgado. Booooooom...

Pão que nada!

A Henriqueta deixou um comentário por aqui que me deu vontade de compartilhar uma tabelinha que tenho, do livro Professional Baking, que diz por que diabos aquela sua receita dummy-proof de pão não deu certo. Então, aqui vai: La Cucinetta faz aniversário mas quem ganha presente é você (slogan promocional de loja de quinquilharia, hein?)!

FORMATO
  • Pouco volume: sal demais / pouco fermento / pouco líquido / farinha fraca (pouco proteica) / pouca ou demasiada sova / forno muito quente.
  • Excesso de volume: pouco sal / muito fermento / 2ª fermentação muito longa.
  • Formato irregular: muito líquido / farinha fraca / molde impróprio / 1ª ou 2ª fermentação imprópria / muita umidade (vapor) no forno.
  • Falha, ou ruptura na casca: excesso de sova / fermentação não completa / molde impróprio (massa deixada com vincos ou vinco não deixado na parte de baixo) / calor desigual no forno / forno muito quente / umidade (vapor) insuficiente no forno.
SABOR
  • Gosto sem graça: pouco sal
  • Sem gosto: ingredientes inferiores ou deteriorados / falta de higiene na cozinha / fermentação muito curta ou muito longa.
TEXTURA E MIOLO
  • Muito denso ou pouco granulado: muito sal / pouco líquido / pouco fermento / 1ª ou 2ª fermentação não completas.
  • Muito aerado ou granulado: muito fermento / muito líquido / tempo incorreto de sova / fermentação imprópria / 2ª fermentação muito longa / forma ou assadeira muito grande.
  • Textura ruim ou farelenta: farinha muito fraca / pouco sal / 1ª fermentação muito curta ou muito longa / 2ª fermentação muito longa / forno muito frio.
  • Miolo cinzento: tempo de fermentação muito longa / temperatura do ambiente durante fermentação muito alta.
  • Miolo "listrado": sova imprópria / técnica de molde ruim / muita farinha usada para polvilhar.
CASCA
  • Muito escura: muito açúcar ou leite / 1ª fermentação não completa / forno muito quente / tempo demais no forno / umidade insuficiente no começo do tempo de forno.
  • Muito pálido: pouco açúcar ou leite / 1ª ou 2ª fermentação muito longa / Forno muito frio / pouco tempo no forno / umidade demais no forno.
  • Casca muito grossa: pouco açúcar ou gordura / fermentação imprópria / tempo demais no forno ou com temperatura errada / pouca umidade no forno.
  • Bolhas na casca: muito líquido / fermentação imprópria / formato impróprio do pão.

Primeiro aniversário

Hoje faz exatamente 1 ano que comecei este blog, e tenho adorado fotografar e escrever sobretudo o que acontece em minha cozinha. Muito obrigada a quem têm lido e comentado, e espero que continuem acompanhando minhas desventuras culinárias!

terça-feira, 28 de agosto de 2007

Tarde cinza depois de um almoço farto

Brasil a gosto

Aniversário de minha irmã, tia de Los Angeles visitando, terça-feira... para mim todos são motivos válidos para se conhecer um restaurante novo. Hoje, descobrimos uma casa escondida numa ruela, travessinha da Barão de Capanema, nos Jardins, chamada Brasil a Gosto. O restaurante serve comida brasileira de todos os cantos, num ambiente muito bonito, claro e preocupado com detalhes charmosos.

O couvert foi manteiga comum, de alho e uma pastinha de legumes saborosíssima, passados sobre biscoito de polvilho, pãozinho de queijo, de abóbora, comum e com ervas. De entrada, pedimos bolinhos de arroz, deliciosos, crocantes, sequinhos por fora e desmanchando por dentro, que vêm com um molhinho vinaigrette e um de pimenta para os apaixonados por emoções fortes.

Pedi uma Pescada Cambucu com vatapá e acarajé dos Santos. O peixe, absolutamente no ponto, desmanchando no garfo, estava no centro de um purê laranjíssimo, e cercado de acarajés crocantes, do tamanho de azeitonas. Bonito para os olhos e bom para o paladar. Minha irmã pediu carne seca desfiada com batatas-doces douradas, e também raspou o prato com gosto. Titia desde cedo queria almoçar um filé, então quis o filé mignon com angu e legumes. Disse ela estar tudo à perfeição, e, de fato, havia muito tempo que eu não via legumes tão frescos e tão no ponto. Mesmo minha mãe, que não quis passar da saladinha verde, teceu inúmeros elogios ao molho da salada e ao frescor das folhas.

Satisfação total.

Apenas nas sobremesas a coisa derrapou um pouquinho. Mas parece que é tendência dos restaurantes desse tipo (desse preço, desse serviço, etc), pecar nas sobremesas pelo sem-gracismo ou pelo super-docismo. Foram ambos, nesse caso. A tortinha de massa de castanha de caju, recheada de chocolate e com geléia de cambuci parecia bom em teoria. Mas o chocolate matou o gosto das castanhas e era molenga demais para uma casca dura demais. A geléia que prometia refrescância terminou de deixar tudo simplesmente enjoativo. Minha irmã pediu a bananada (que era um purê de banana) com sorvete de natas e biscoitos, mas também não pareceu muito empolgada à primeira mordida. "É... nada demais...", disse ela.

Cafézinho excelente, no entanto.

No fim das contas, gostei e recomendo. Todo o cardápio (inclusive há uma parte especificamente vegetariana) parecia muito apetitoso. Voltarei com certeza. Mas vou deixar a sobremesa por conta da Häagen-Dazs da Oscar Freire.

:: Tudo isso mais bebida de cada um deu por volta de 60 reais por cabeça. ::

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Praticidade é ter ervas na janela

O fim de uma longa espera

Tive a sorte de estar em Perugia, na Itália, na época da caça às trufas negras de Norcia. Ao contrário das irmãs branquinhas de Alba, as trufas escuras têm sabor forte e são razoavelmente em conta. Na alta estação, era impossível encontrar um restaurante que não as estivesse servindo. Sabendo que não comeria disso aqui no Brasil, me esbaldei, e comi todos os dias fettuccini al tartufo nero, crostino al tartufo, e isso e aquilo. É difícil descrever o gosto de uma trufa. Há algo de essencialmente terroso, uma pungência no aroma e no sabor que pega na parte de trás da língua, mas sem aquela característica carnosa de outros cogumelos. Aliás, trufas não lembram carne. Nem cogumelos. Trufas lembram trufas.

De volta, não conseguia parar de pensar naquele gosto de outono, e quando vi uma garrafinha de azeite de oliva aromatizado com trufas negras, quase caí para trás. E era muito barato! Comprei-a e usei-a sem dó. Não houve uma pessoa em casa que não tenha torcido o nariz para o perfume forte e estranho de terra úmida sob folhas caídas de uma floresta em pleno outono europeu. No entanto, quando fui ao mercado comprar uma segunda para substituí-la, o choque: não havia mais nenhuma e disseram-me que não fazia mais parte da lista de importações.

Por 3 anos, lamentei a ausência de meu Olio al Tartufo, e por 3 anos namorei essa garrafinha da foto, aromatizada com trufas brancas, mas que custava o absurdo de 68 reais. Fala sério: até eu tenho limites.

Hoje dei pulinhos no supermercado ao encontrá-la em promoção por metade do preço! E não agüentei. Sequer fingi qualquer espécie de resistência: não precisei pensar duas vezes para colocá-la na cestinha. Estou maluca, agora, para usá-la para refogar cogumelos, para o spaghetti aglio e olio, e para minha utilização favorita: purê de batatas! Não há como descrever como um simples purê de batatas ganha vida com um fio de azeite de trufas! Nham-nham-nham...

Tudo orgânico!

Neura total.

Ando muito atenta a qualquer novidade no mundinho orgânico, e essa me chamou a atenção. Porque de granolas, arroz integral e tomates, o mercadinho orgânico está cheio. Mas e quando você precisa de um pouco de praticidade? Onde estão as latas? Sou muito adepta dos enlatados no que se refere a milho, grão-de-bico e feijões, desde que de qualidade, pois eu nunca — NUNCA — me lembro de colocar grãos de molho no dia anterior. E eu debulho feijão numa boa, acho até terapêutico; mas debulhar milho é muito chato.

Na minha última visita ao supermercado, comprara já aquelas latinhas italianas de feijões borlotti e cannellini. Mas são italianas e caras, e eu adoraria poder comprar produtos locais, mais baratos. Por isso não resisti quando avistei essa latinha. Enquanto outros produtos orgânicos em lata não surgem por aqui, continuo comprando Raiola para os tomates pelados (que vêm firmes e doces, mas não em excesso) e Annalisa para os grãos-de-bico (conservados em água e sal, sem caldos e temperos que detesto). Adoraria ver boas conservas de pimentão, tomates secos, e outras guloseimas nas prateleiras dos orgânicos!

domingo, 26 de agosto de 2007

"Muçarela"

Foto véia, do ano passado, de uma pizzaria no sul. Só pela piada...

Lasagne de tudo um pouco

Neste domingo de sol e brisa refrescante entrando pela janela, sabia que queria almoçar algo que matasse minha fome muito bem matada, mas que também tivesse qualquer coisa de leve, refrescante. Na minha geladeira havia cenouras e beterrabas orgânicas, grana padano, e umas bobeiras aqui e ali; e no freezer, ervilhas, favas e couve de bruxelas. Não restara mais muitas opções de massa na despensa a não ser cannelloni e lasagne Barilla, então resolvi dar uma de inventora e juntar um monte de coisa em um prato só.

Comecei fatiando fino algumas cenouras, colocando-as numa frigideira funda com água bastante para cobrir, uma colher de mel, açúcar, sal, pimenta-do-reino e sementes de cominho, e deixando ferver, até que ficassem glaceadas. Enquanto isso, coloquei água e sal para ferver em outra panela e branqueei um punhado de couve de bruxelas, outro de ervilhas e o que restara de favas. Escorri e reservei. Em outra frigideira, dourei um dente de alho e uma cebola em fatias finas e misturei às couves.

Pré-aqueci o forno a 180ºc, e pus-me a preparar o molho branco, com manteiga, leite integral, farinha, sal e pimenta-do-reino. Untei uma travessa com manteiga, espalhei uma colherada de molho, uma camada de massa para lasagne da Barilla, as couves com cebola, molho, outra camada de massa, as cenouras glaceadas, folhas de tomilho colhidas da janela, molho, outra camada de massa, as ervilhas e favas, um punhado de salsinha picada, mais molho, a última camada de massa, molho e um punhado generoso de grana padano ralado, com mais um salpicar de salsinha. Deixei no forno por uns 20 minutos, até que dourasse, e nós dois nos esbaldamos, acompanhados por um Sauvignon Blanc simplesinho mas gostoso e o cachorro circulando aos nossos pés, todo curioso.

Não deixo aqui em formato de receita pois de fato fui fazendo no olho, experimentando. O resultado é um marido de barriga cheia capotado no sofá e eu aqui publicando esse post, orgulhosa da minha invencionisse de sucesso.

Quitutes de viagem - delícias gordurosas!

Essa semana, minha tia residente em Los Angeles, California, veio nos visitar. E há já algum tempo que, sempre que ela avisa que está a caminho, peço para que traga um quitute que adoro: manteiga de amendoim.

Quem vê muito filme e seriado americano conhece muito bem as aplicações gorduchas do quitute: sanduíche de manteiga de amendoim e geléia. Ao contrário do nosso finado Amendocrem, o Peanut Butter americano é de fato salgado, não doce como muita gente imagina, e por isso mesmo fica uma delícia com uma geléia de amoras, bem docinha. Sempre peço a Smooth, porque era a única coisa que conhecia. Quis desta vez, porém, a Crunchy ou Nutty, com pedaços de amendoim, pois todas as receitas que conheço (há um Peanut Butter Muffin da Nigella olhando para mim faz tempo) pedem a manteiga bem pedaçuda. Bom, titia trouxe as duas!

O charme do presente da tia está no fato de ela ter trazido dois potes de manteiga de amendoim orgânica! E olha que eu nem havia especificado o detalhe. Lógico que, levando as minhas delícias para casa, tive de aturar vários olhares de desaprovação maternos e paternos, que só vêem calorias e ataques cardíacos nos meus quitutes. Eles sempre me repreendem por meu ligeiro abuso de manteiga, ovos e laticínios em geral, então pedir esses potinhos de gordura é praticamente um crime para eles. Não adianta falar que meu médico disse que pode. O pior é que, só pela nóia da coisa, fui fuçar na tabela nutricional. E pasme: apesar de ser ultragodurosa, a manteiga de amendoim não tem nem gordura trans nem colesterol! Zerinho!

Aaaah... quem me segura, agora?

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Slow Food Brasil

Finalmente o novo site do Slow Food Brasil está no ar! Bonito, cheio de informações importantes e interessantes, e atualizado com freqüência, é um click obrigatório para quem está absolutamente de saco cheio dessa cultura de comida de plástico e "só meu umbigo importa". Coloco aqui, só para dar um gostinho, um texto que faz parte de um manifesto em defesa dos queijos de leite cru (entre eles meu maravilhoso Parmigiano-Reggiano), que estão desaparecendo.

"MANIFESTO EM DEFESA DOS QUEIJOS DE LEITE CRU

O queijo feito com leite cru (não-pasteurizado) é mais do que um alimento maravilhoso, é uma expressão profunda de nossas tradições mais valiosas. É tanto uma arte quanto uma forma de vida. É cultura, patrimônio e ambiente estimados. E está em risco de extinção! Em risco porque os valores que ele expressa são opostos à sanitização e homogeneização dos alimentos produzidos em massa.

Nós chamamos todos os cidadãos do mundo amantes dos alimentos para responder em defesa da tradição do queijo não-pasteurizado. Defesa de um alimento que tem por centenas de anos inspirado, dado prazer e sustento, mas que tem sido destruído pelas mãos estéreis dos controles higiênicos globais.

Nós pedimos um fim para todos os regulamentos discriminatórios da União Européia, OMC, FDA (Food and Drug Administration) e outras instituições governamentais que restringem a liberdade de escolha dos cidadãos em comprar estes alimentos, e ameaçam destruir o meio de vida de artesãos que os produzem.

Lamentamos as tentativas das autoridades regulatórias em impor padrões inatingíveis de produção, em nome da proteção da saúde humana.

Acreditamos que tais imposições terão efeitos adversos aos pretendidos. A saúde bacteriológica dos nossos laticínios não-pasteurizados é destruída pelos procedimentos de esterilização excessivamente zelosos. Da mesma forma, a saúde humana será destruída por uma dieta de alimentos esterilizados. Sem nenhum desafio, nosso sistema imunológico vai falhar e os medicamentos se tornarão ineficientes.

Além de tudo, os sabores e aromas únicos dos queijos são conservados pela não-pasteurização.

Portanto, nós chamamos todos aqueles que têm o poder de salvaguardar a diversidade e complexidade de nossos alimentos regionais e a saúde e estabilidade de nossas comunidades rurais para agir agora e assegurar um marco regulatório apropriado, justo e flexível; controles sensatos e uma disposição positiva em relação ao futuro.

Fique atento - porque uma vez que estes conhecimentos, habilidades e compromissos desta cultura estejam perdidos, há o risco de que nunca mais possam ser resgatados."

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Pão coringa: recheie com o que quiser



Quando vieram 4 pés de alface na cesta orgânica, eu tinha certeza de que acabaria com um monte de alface queimada, murcha, estragada. Dito e feito: hoje queria uma salada, e as alfaces já não se prestavam para isso, feias que ficariam no prato. Como, no entanto, não gosto de jogar comida fora, resolvi tirar da gaveta meu pãozinho coringa novamente. Faço-o quase sempre que vem gente em casa, e cada vez recheio com algo diferente. Ele é muito simples de fazer, sendo apenas uma receita básica de pão, enrolado como um rocambole. E fica muito macio e muito saboroso (sem falar no efeito bonito). Para acompanhar, preparei uma saladinha de tomates, baseada em uma receita de aperitivos que vi na revista Gourmet. Cortei um tomate em quartos, retirei as sementes, cortei mais uma vez na transversal, cobri com gorgonzola, castanhas de caju (no lugar de roquefort e amêndoas defumadas) e salsinha, cobrindo com um fio de azeite, sal e pimenta-do-reino.

PÃO RECHEADO
Tempo de preparo: 2 horas
Rendimento: 2-4 porções


Ingredientes:
  • 250g de farinha de trigo
  • 150ml de água morna
  • 7g de fermento ativo seco instantâneo
  • 7g de mel
  • 7g de sal
  • 1 cebola fatiada fino
  • 1 dente de alho fatiado fino
  • 2 filés de anchova
  • 2-3 punhados grandes de folhas de alface, escarola, espinafre, ou qualquer outra verdura, em fatias largas
  • óleo ou azeite
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
  • 1 punhado de queijo parmesão ralado grosso

Preparo:
  1. Coloque o fermento, o mel e metade da água morna em uma tigela pequena, misture para dissolver e deixe quieto num canto sem vento por 5-10 minutos, até espumar. Misture a farinha e o sal em uma tigela grande.
  2. Junte a mistura de fermento com a farinha e mexa com um garfo, para começar a dar liga. Vá juntando o restante da água, até que comece a formar uma massa.
  3. Despeje tudo numa superfície limpa e ligeiramente enfarinhada e sove a massa até que ela desgrude das mãos. Forme uma bola, coloque dentro de uma tigela enfarinhada, cubra com um pano de prato e deixei por mais ou menos 1 hora, até que dobre de tamanho.
  4. Enquanto isso, doure ligeiramente (sem queimar) o alho e as anchovas no óleo, em uma frigideira grande. Junte as cebolas e uma pitada de sal e mexa com uma colher de pau, até que as cebolas fiquem douradas e amolecidas, e as anchovas tenham dissolvido.
  5. Junte as folhas, mais uma pitada de sal, pimenta-do-reino e vá mexendo em fogo baixo, até que as folhas murchem, mas mantenham uma cor viçosa. Experimente e acerte o tempero. Deixe esfriar.
  6. Afunde as mãos na massa de pão para retirar-lhe o ar, coloque a massa de volta numa superfície enfarinhada e abra com o rolo de macarrão até que fique com mais ou menos 20x30cm. Espalhe as folhas refogadas em uma camada uniforme sobre a massa, polvilhe com queijo ralado e enrole como faria a um rocambole.
  7. Com uma faca de pão, corte o "rocambole" em porções de 5cm de espessura e coloque-o com cuidado em uma assadeira untada. Vá colocando um "caracol" de massa do lado do outro, de modo que se apóiem e um evite que o outro se abra.
  8. Cubra com um pano e deixe descansar por 30 minutos, enquanto você pré-aquece o forno a 200ºC. Quando a massa tiver crescido novamente, leve ao forno por 20 minutos, ou até que cresça e doure nas bordas. Teste batendo com a ponta do dedo no pão: o som dele será seco e oco.

Pasta e piselli

Não sei por que me lembrei dessa história hoje... Quando estava na Itália, confesso que passava ao menos 1 hora antes das refeições vagando a esmo, procurando onde comer. Depois de alguns desapontamentos, deixei de seguir as sugestões do guia de viagens, e fugia como diabo da cruz de qualquer espelunca que tivesse menu bilíngue. Queria comer como os italianos, não como os turistas.

Era já tarde da noite e estava completamente perdida em Roma, quando encontrei esse restaurantezinho minúsculo, sem nome nem nada. Promissor, pensei. Como o lugarzinho em Genova, onde comi meu melhor fusilli al pesto, o restaurante tinha uma velhinha na cozinha e outra no salão, que, após sentar-me em uma mesa, pediu-me para que a ajudasse a amarrar o avental. Para o couvert, ela ia até aquela estante com compartimento para pão e cortava as fatias na hora, devagarinho para não cortar os dedos idosos. Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, havia já uma jarra de vinho branco à minha frente e fatias grossas de pão rústico. Uma terceira velhinha, sentada na mesa ao lado, começou a puxar conversa em dialeto romanesco, e eu lhe respondia como podia às meias palavras que conseguia captar.

Foi apenas quando outras pessoas chegaram, clientes fiéis, recebidos com abraços, que me dei conta (captando mais uma vez as meias palavras de um italiano nada acadêmico), que o único prato servido àquela noite seria uma massa com ragù di carne. "Meraviglioso! Buonissimo!", dizia-me a velhinha, sorvendo o caldo grosso de seu prato. O que é que se faz numa situação dessas? Eu já havia deixado de comer carne havia um bom tempo, e não pretendia recomeçar o hábito naquele momento. Também já bebera bastante vinho e comera toda a minha porção de pão, e não encontrara nenhum outro lugar que me apetecesse. E, deuses!, já eram quase 10 da noite, e eu ainda precisava descobrir como voltar para o albergue, do outro lado da cidade.

Puxei a senhora de avental que atendia o salão e expliquei-lhe meu problema, ao que ela respondeu com a cara de "ai, ai, ai" que a maioria dos italianos faz para vegetarianos. Sem problemas, disse ela, "ci sono dei piselli". Hein??? Pi-o-quê? Quando vi, ela trazia já da cozinha um prato fumegante de penne, ervilhas e grana padano ralado. Ah... ervilhas! Um pouco decepcionante para quem ainda não está acostumado à cozinha mais simples, mas as ervilhas eram fresquíssimas, o queijo de qualidade e a massa cozida à perfeição. Foram 10 euros por tudo, a experiência de ver como seria um restaurante gerido pela minha avó, e lá fui eu me perder de novo, como de praxe. (Ah, a placa "Un pasto senza vino...", da foto ao lado, é dali.)

Pão de nada

Sou mal acostumada mesmo. Com a batedeira com gancho para pão, a balança para medir a quantidade certinha de fermento, a farinha mais forte e o forno regulado, todos os meus pães têm saído ótimos. Ah, nem vou me dar o trabalho de ser uma falsa modesta: ficam bons mesmo! Mas não é sempre que dá tempo ou bate aquela inspiração, aí o negócio é sair e comprar do melhor pão que conseguir encontrar nas redondezas. No meu caso, eu acabo indo ao Santa Luzia e comprando algum pão rústico, como um ciabatta, ou algum pão de campanha mais interessante (os preços são salgadinhos, no entanto). Ultimamente, o Pão-de-Açúcar (eca!) da região deu uma bela melhorada em sua padaria e os pães estão bons e mais em conta. Se tenho paciência, ando mais um quarteirão até a Pâtisserie do Le Vin, que faz um pão que é um absurdo de macio e gostoso, mas nem sempre tem: dependendo do horário, acabou faz um tempão.

Quando, porém, simplesmente esqueço de comprar pão para o café-da-manhã, acontece o que mais temo: Allex me aparece com algum pão-de-forma industrializado. Tá, os integrais, pretos, de centeio, vá lá: eu gosto, eu como, tudo bem. Mas pão-de-forma BRANCO da Panco, Wickbold, ou qualquer desses... Passa manteiga, passa requeijão, bota geléia, tosta, vira do avesso, e o pão continua sem gosto e sem textura. O desgraçado é feito para ser tão macio, que ao invés de desmanchar-se na língua, ele vira uma insuportável massaroca, que prende no dente e no céu-da-boca (sem falar no aparelho fixo, que eu uso na arcada inferior). Ô, diacho de pão ruim! Aí me dá vontade de sair correndo e comprar meu ciabatta fresquinho, cortá-lo em fatias grossas, tostar um dos lados na frigideira e colocar um nadinha de manteiga sem sal, que vai derreter no calor do pão quentinho, saboroso, de casca crocante e interior fofinho como uma nuvem.

quarta-feira, 22 de agosto de 2007

Tortinha de tomate

Lembrei-me da receita que vi no Chucrute, e resolvi aprontar um almoço muito rápido com algumas sobras que habitavam minha geladeira. Usei as sobras da massa da torta de ervilhas, que estavam ainda no freezer, para forrar duas forminhas de mini-quiche. Piquei um tomate orgânico bem maduro e perfumado, com o qual preenchi as bases de massa, espalhei pedacinhos pequenos de queijo Minas por cima, folhinhas de manjericão, salpiquei de pimenta-do-reino e temperei com um fio de azeite. Deixei no forno a 180ºC até que a massa ficasse firme e dourada. Como sugerido pela Fernanda, almocei as tortinhas com uma salada verde acompanhando. Perfeito!

Ritual matinal

Meu dia só começa depois disso aqui.

terça-feira, 21 de agosto de 2007

Colher de Tacho

Caí sem querer nesse blog, Colher de Tacho, criador de uma idéia interessantíssima para blogs: a cada quinzena, um ingrediente é escolhido e todos os food-bloggers devem preparar um prato com o dito cujo e enviar o link para o post. No fim da quinzena, a melhor receita é premiada. Um ótimo jeito de juntar muita gente que só fala de comida, como eu.

Abóbora Gratinada

Certo, eu sei que essa não é das melhores fotos que já publiquei aqui. Mas definitivamente é preciso um profissional para fazer com que coisas gratinadas não pareçam uma massa amarela amorfa na foto.

Bom, esse foi o primeiro uso de minhas abóboras orgânicas: abóbora gratinada. A receita é do livro Cook with Jamie, mas é quase um pecado dizer que ela É do Jamie Oliver, já que a combinação de ingredientes é clássica, e gratinar, gratina-se qualquer coisa. Apesar do Allex não ter nem encostado na coitada (ele tem horror a abóboras), ficou deliciosa. Fiz meia porção (pois minhas abóboras eram pequenas) para acompanhar o resto daquele arroz com feijão (não disse que sempre sobra?) e uma salada verde. Era para usar vinho, mas eu não tinha. Tinha meia lata de creme de leite, que diluí em um pouco de leite até dar a quantidade certa. E usei menos noz-moscada, que meia noz (que é o que ele pede) ficaria forte demais. A única desgraça foi descascar a maledetta. Segue a receita adaptada:

ABÓBORA GRATINADA
(adaptada do livro Cook with Jamie)
Tempo de preparo: 20 minutos + 40 minutos de forno

Rendimento: 4 porções pequenas


Ingredientes:
  • 300g da abóbora de sua preferência, descascada, sem sementes, e cortada em fatias de 2cm ou cubos grandes
  • 1/2 colh. (chá) de grãos de coentro moídos num pilão ou processador
  • 1/2 colh. (chá) de pimenta calabreza seca
  • alguns ramos de tomilho fresco, folhas tiradas dos galhos
  • sal e pimenta-do-reino
  • azeite
  • 200ml de creme de leite + 100ml de leite
  • noz-moscada
  • 2 punhados de parmesão ralado

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno e 200ºC. Em uma tigela, coloque os pedaços de abóbora, o tomilho, a pimenta, o coentro, sal e pimenta-do-reino a gosto. Regue com um pouco de azeite e misture bem, para espalhar o tempero.
  2. Coloque a abóbora temperada em uma assadeira pequena ou refratário, deixando-a bem apertadinha, sem muito espaço entre os pedaços.
  3. Pegue um pedaço de papel manteiga, molhe na torneira e amasse. Desamasse novamente e cubra o refratário, prendendo bem as laterais. Leve ao forno por 30 minutos.
  4. Tire o papel e mantenha a abóbora no forno. Enquanto isso, misture rapidamente o creme, o leite, algumas passadas de noz-moscada, sal, pimenta-do-reino e metade do queijo. Despeje a mistura sobre a abóbora, polvilhe por cima o resto do parmesão e deixe no forno por mais 10 minutos ou até que a superfície borbulhe e doure.

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Esfihas do Rosima

Não, não é mérito meu. Essas esfihas foram compradas em um dos meus lugares favoritos: Rosima, um botequinho árabe que existe desde a minha infância, na Rua Pamplona. Para quem só come Habbib´s e acha que aquilo é esfiha, essas do Rosima são um choque. Massa deliciosa, um exagero de recheio e um sabor sensacional. A de ricotta é quase doce de tão fresquinha. A de vegetais é uma mistura de escarola refogada com alho e cebola, passas, nozes e pinolis. A de zátar foi o Allex quem comeu, e não deu nem tempo de experimentar. Nos meus áureos tempos carnívoros, eu devorava as esfihas de carne e os quibes gigantescos. Há uma miríade de pastinhas e quitutes árabes, todos muito frescos e muito, muito saborosos. Recomendo, recomendo, recomendo! (E eles fazem versões miniatura para festas, também!)

Vai lá: Rosima — Rua Pamplona, 1738, Jardim Paulista, São Paulo. Abre todos os dias, inclusive de domingo, quando funciona até as 20h.

domingo, 19 de agosto de 2007

Moccaccino Muffins

Esses foram feitos tão na pressa, tão "vem gente em casa, e não tem nada para servir, vamos ver o que dá prá fazer rapidinho", que me surpreendeu o fato de terem ficado tão saborosos! Enquanto meus sogros não chegavam eu me segurava para não devorar um deles, tão intenso estava seu perfume.

A receita pedia café solúvel em água quente, mas Nescafé não entra aqui em casa, então fiz um espresso na minha Bialetti individual e mandei bala. Também deveriam conter pistaches, mas dinheiro não nasce em árvore, então dobrei a quantidade de raspas de chocolate. Não preciso nem falar que cacau belga, chocolate bom e café de qualidade fazem toda a difereça! Também usei ovos, açúcar comum e mascavo orgânicos. Acho que deve dar uma boa variação fazer uma versão "cappuccino", com raspas ou gotas de chocolate branco pontuando toda essa maciez castanha.

Tá, eu sei que é um exagero a quantidade de receitas de muffins que eu coloco neste blog, mas eles são tão fáceis de fazer e tão gostosos... Com as forminhas de papel, então, não precisa nem perder tempo untando forma por forma...

MOCCACCINO MUFFINS
(ligeiramente adaptado do livro How to Be a Domestic Goddess)
Tempo de preparo: 15 min + 30 min de forno

Rendimento: 12 muffins


Ingredientes:
  • 1 3/4 xic. farinha de trigo
  • 1/2 xic. açúcar claro orgânico
  • 1/2 xic. açúcar mascavo orgânico
  • 3 colh. (chá) de cacau belga Callebaut
  • 1 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 2 ovos grandes orgânicos
  • 1/2 xíc. óleo vegetal
  • 1/2 xic. creme de leite
  • 1/4 xic. de café espresso
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha
  • 2 xíc. de chocolate meio-amargo Callebaut picado ou gotas de chocolate de qualidade

Preparo:
  1. Aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe as formas, ou coloque as forminhas de papel.
  2. Numa tigela, peneire a farinha, os dois açúcares, o cacau, o fermento, o bicarbonato e o sal.
  3. Em outra tigela, misture o café espresso, o creme de leite, o óleo, os ovos e a essência de baunilha e misture com um garfo até ficar homogêneo.
  4. Junte a mistura líquida à seca, mexendo com um garfo apenas até ficar homogêneo, sem se preocupar com grumos (são eles que deixam a massa leve).
  5. Junte o chocolate e misture rapidamente.
  6. Com uma colher, preencha cerca de 3/4 das forminhas com a massa e leve ao forno imediatamente por 25-30 minutos. Teste com um palito. Saindo limpo, os muffins estão prontos.

Para transformá-los numa sobremesa mais tchananans, você pode colocar raspas de chocolate a 70% de cacau (para ficarem menos doces), assá-los sem as forminhas de papel (para ficarem com cara de bolinhos mesmo), e servi-los acompanhados de chantilly caseiro.

sábado, 18 de agosto de 2007

Muito verde

Almoço bem leve neste sábado: dois punhados de diferentes alfaces, rasgados com a mão, queijo minas, ervilhas e favas branqueadas e um vinaigrette rápido de limão siciliano, azeite de oliva, sal e pimenta-do-reino. Não é "uau!", apenas refrescante. Queria ter colocado hortelã, mas não tinha.

Revistaiada

Eu ando bastante cansada das revistas brasileiras. Costumava comprar duas: Gula e Cláudia Cozinha. Eram muito interessantes de se folhear e arrecadar idéias para brincar na cozinha. Mas eventualmente me irritaram.

A Gula, porque muitos de seus pratos exigem trocentos ingredientes para um único vinaigrette, o que acaba saindo caro, e porque com o passar do tempo, ela passou a ter mais textos e propagandas do que receitas em si. Seguindo a sazonalidade, começou a ficar repetitiva: toda Páscoa, a edição é de bacalhau e chocolate, todo natal tem peru, etc e tal. Sem falar na moda dos vinhos, que dominou metade de suas páginas.

Enquanto a Gula pecava pelo excesso de frufru, a Cláudia Cozinha pecava pelo excesso de Amélia. Todos os doces tinham gosto de maizena, porque nenhuma receita que deveria levar creme de confeiteiro de fato o levava, por ser considerado "trabalhoso". Seus pratos eram lindos nas fotos, mas na boca tinham aquele gosto meio nhanha, meio tudo misturado, sem sabores distintos. Que é algo que me dá nos nervos às vezes na cozinha caseira brasileira, e que tento evitar. Gosto de sentir os gostos dos ingredientes e saber de cara o motivo de eles estarem no meu prato. O que é para ser azedo, o que é para ser salgado. Não me venha com gororobas sem textura e com gosto de tempero pronto Maggi, que eu dou pití. Bom, a Cláudia Cozinha até que tentou ir na cola da Gula, mas deram com os burros n´água e voltaram a ser um suplemento da revista Cláudia (que não faz parte de minha lista de leituras).

Aconteceu então que de uma coleção enorme de revistas, eu guardei meia dúzia de recortes de coisas que de fato haviam dado certo e desencanei de comprar revistas. Até que (sempre tem um "até que") me deparei com as importadas. De assistir a Top Chef, conheci a Food & Wine Magazine, cujo site uso freqüentemente e recomendo: ótimas receitas à disposição. Resolvi comprar a revista, certa vez, e me deparei com outra, a La Cucina Italiana, que eu folheara durante minha viagem na Itália. Ela é praticamente um livro de receitas, com poucas propagandas e pouco texto. Dá boas releituras de pratos clássicos e regionais italianos, modernizados, com ingredientes fáceis de se encontrar por aqui, e uma área inteira só com técnicas de cozinha passo-a-passo, com fotografias. Para quem não lê italiano, existe a versão em inglês.

Depois passei para a Saveurs, revista francesa sem site, com uma espécie de versão em inglês, a Saveur (sem "s" no final), cujo site também é muito bom. Eu prefiro a versão francesa, que tem um pouco mais de textos, mas as receitas são super diversificadas, e muitas vêm em cartões destacáveis no fim da revista, com lindíssimas fotos. Alguns laticínios franceses são mais difíceis de achar, mas facilmente substituíveis, como foi o caso da torta de ervilhas com Fromage de Brebis, queijo de ovelha firme mas macio, que substituí por Peccorino não maturado, também de ovelha.

Hoje, comprei a Gourmet, americana. É um pouco mais fininha, mas também recheada de fotos e receitas. O interessante destas revistas importadas (além de serem mais baratas que livros de culinária, e você conseguir umas mais antigas a preços iguais aos de revistas brasileiras) é ter uma visão mais ampla da comida. Não é comida marroquina, de um livro marroquino. É comida marroquina sob o ponto de vista de um francês. É interessante ver o que um italiano faz com pedaço de alga Nori: risotto de polvo cru e alga, por incrível que pareça. Você se afasta um pouco dos clássicos e experimenta novos sabores e novas utilizações de ingredientes conhecidos. Mas claro, isso só vale para os que não têm preguiça de ler em outro idioma...

Prato especial

Parece piada, mas um prato assim é a maior raridade aqui em casa. Não me leve a mal, eu adoro arroz com feijão, mas quando a história é cozinhar para dois, é simplesmente trabalhoso DEMAIS preparar três ou quatro pratos diferentes em porções pequenininhas. Então sempre sobra, e, pessoalmente, eu não como com o mesmo gosto quando o prato está na minha mesa pela terceira refeição seguida.

Desta vez havia na despensa uma última xícara de arroz, um tanto mais de feijão e couve orgânica na geladeira. O arroz e feijão foram feitos mais para acompanhar a couve refogada em alho do que qualquer outra coisa. E o ovinho frito para arrematar.

Meu feijão eu nunca faço igual, vou sempre variando as ervas frescas e as pimentas. Como não tenho panela de pressão (e nem quero, pois morro de medo delas), deixei o feijão de molho da noite anterior até a hora do almoço, lavei e coloquei na panela com bastante água, dois dentões de alho descascados, um ramo grande de alecrim e um de sálvia (plantados aqui em casa) e muita pimenta-do-reino. Nunca coloco sal, pois ele endurece a casca; sal é sempre no fim, quando o feijão já está pronto. Deixei uma hora e meia no fogo, completando com água para não queimar e tirando a espuma que se forma em cima com uma escumadeira de vez em quando. Antes de servir, no jantar, com meu arroz orgânico com salsinha e a couve, refoguei um pouco de cebola no azeite (às vezes coloco manteiga, para dar aquele gostinho de gordura animal e substituir o bacon), juntei o feijão, salguei, acertei a pimenta e pronto. Booooom... O Allex sempre dá risada quando faço arroz com feijão: "isso é normal demais para você..."

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

Zuppa di Farro

Minha casa inteira está com cheirinho de feijão no fogo, cozido com alho, sálvia e alecrim. Talvez por isso tenha me lembrado dessa sopa sensacional, pela qual o Allex tira o maior sarro da minha cara, mas eu sempre digo: é a melhor sopa de feijão que já comi.

Por um tempo acreditei que fosse por causa do lugar. Eu estava em uma trattoria muito gostosa e aconchegante em Lucca, uma cidade no meio da Toscana, após horas caminhando com uma mochila de 15kg nas costas. Pedi a sopa, especialidade local, um vinho Chianti, que casou muito bem com a robustez da sopa, e, de sobremesa, uma estranheza: torta coi becchi, ou torta de verduras. Pois é, sobremesa de espinafre e escarola! Incrivelmente doce e saborosa, não me importa o quanto torçam o nariz para ela.

Fiquei completamente noiada na sopa quando voltei para o Brasil, mas não conseguia o ingrediente principal, responsável por parte do sabor e muito da textura: o Farro, uma espécie de trigo cultivada desde a época dos romanos. Até o dia em que o encontrei, cerca de 2 anos depois, numa prateleira no Santa Luzia. Benzadeus! Fui direto para a cozinha. Farro, feijões borlotti, cannelini, alecrim, alho, passata di pomodoro, e eccola: zuppa di farro. Um fiozinho de azeite por cima, pão rústico para chuchar na sopa, e eu estava nos céus! Só faltou estar na Toscana bebericando Chianti local.

Não consigo! Não consigo! Não consigo!

Olha só o estrago... Fui ao supermercado apenas para comprar um osso novo pro Gnocchi e um pouco de leite (que o Allex parece um bezerro, tanto leite que toma). O tempo todo, cestinha no braço, pensando: "não vou comprar mais nada, não vou comprar mais nada". Aí olho pro lado e vejo latas de feijões orgânicos. Hummm... Prático e ético. Viro a cabeça e vejo um envelope de lactobacilos vivos. Oba! Iogurte caseiro do zero! Aí esbarro na farinha orgânica da Cotrimaio e lembro que não tem pão em casa. Pão quentinho! Pão quentinho! E por fim, dou um encontrão nessa lata linda de açúcar mascavo orgânico! Pago o preço da lata e não do açúcar, mas como eu vou resisitir a deixar meu açúcar ali dentro? Aaaaaaaaaah! Vício total em comprar comida! Algumas mulheres gastam com sapatos, eu gasto com comida! Alguém deveria me proibir de entrar no Santa Luzia! Como eu adoro aquele lugar!

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

E dura tanto tempo?

Eu ia responder ao comentário deixado agorinha no post das abóboras, mas resolvi transformar isso também num post. Uma vez, plantei tomates. Tomates-cereja, minúsculos, ainda mais minúsculos por serem plantados em um apartamento sem condição nenhuma semelhante ao mais apropriado para os pobrezinhos. Ainda assim, colhi tomates. Vermelhinhos e perfeitos, sem doença nenhuma, à parte seu tamanho. Colhi-os, e eram tão poucos, e tamanho o dó de comê-los, que deixei-os na prateleira da cozinha, por uma, duas, três, quatro semanas. E todos os dias eu olhava para os tomates e eles ali, bonitinhos, vermelhos, sem nenhuma nuance de quererem estragar. Para não dizer que eu sou louca, os tomates de minha mãe fizeram o mesmo. E minhas pimentas também são assim. E as cenouras que compro na feira, com a rama, ficaram 1 mês e meio em minha geladeira até que eu resolvesse comê-las: e estavam perfeitas.

Tudo isso me fez matutar muito com minha mãe: QUANTO TEMPO as verduras ficam no estoque dos supermercados antes de serem embaladas e levadas às prateleiras??? Porque, veja bem, eles sempre indicam a data em que foram embalados, mas nunca quando foram colhidos. Por que os tomates comprados nos supermercados — mesmo os orgânicos — não duram mais que uma semana na geladeira??

Boa parte dos vegetais disponíveis nas feiras e nas cestas orgânicas é colhida na mesma semana. Outra garantia de durabilidade dos meus vegetais orgânicos é minha fantástica centrífuga de saladas. Até morangos eu passo por ela, garantindo que não reste uma gotinha de água que possa acelerar sua decomposição. Assim que compro minhas folhas, separo-as, lavo-as, passo na centrífuga e embalo em tupperware ou sacos plásticos, com uma ou duas folhas de papel toalha dentro, que ajuda a absorver qualquer água restante. As folhas de salada mantêm-se frescas e crocantes por 2-3 semanas, dependendo da folha.

Por isso, minhas abóboras vão durar. Ah, se vão.

Latas amarelas

Houve um Natal em que Allex me deu essa latinha de manteiga italiana. Ainda que muitos tenham tirado sarro do presentinho, eu DE FATO adorei, pois sempre falei da superioridade dos laticínios italianos em relação aos brasileiros. Ao contrário das nossas supostas melhores manteigas, amarelas, cheias de soro, a manteiga italiana é pura gordura, branquinha que nem leite, e de sabor muito mais delicado.

No dia 7 de julho, quando comemoramos 6 anos, comprei-lhe uma latinha igual, lembrando-o daquela delicadeza que ele me fizera. (E sim, antes que você morra de tanto rir, eu sou assim mesmo: não me dê diamantes, me dê comida.)

O bom é que, ao contrário da lata da manteiga Aviação (que não é minha preferida; manteiga salgada tem qualidade inferior e o sal é usado para disfarçar; das sem sal, gosto da Itambé, mais branquinha), a lata da Soresina tem uma daquelas tampas metálicas que saem num puxão só, sem deixar rebarba, e vêm com a tampa extra de plástico. Ou seja, são reutilizáveis. Ainda não sei o que guardarei nelas. Provavelmente temperos. Mas você há de convir que elas são muito bonitas para se jogar na reciclagem; ainda mais porque adoro embalagens com design antigo...

Abóboras orgânicas

Para 2 pessoas, cada uma dessas abóboras virará um prato diferente. O desafio é cozinhar pelo resto do mês sem pular no supermercado de novo. Estou pensando em começar com cannelloni: abóbora assada, amassadinha com queijo parmesão, sal, pimenta-do-reino, noz-moscada, biscoitos amaretti, e sálvia passada na manteiga; tudo dentro dos cannelloni regados com molho branco, queijo e para o forno.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Torta di carote

Havia semanas que essas cenouras estavam me olhando de dentro da geladeira. Como chegaram mais na cesta orgânica, resolvi me dar o luxo de fazer um bolo com elas (aproveitando também que o Gnocchi estava dormindo). Adoro bolo de cenoura com café de manhã cedo.

Ao invés de usar a receita dummy proof de minha mãe (a mesma que explodiu no forno da outra vez), resolvi testar essa outra, que leva farinha de amêndoas e limão siciliano, igualmente dando sopa na despensa. A receita é deste livrinho pequenininho e todo ilustrado que comprei na itália. Quando li o nome "Torte Rustiche come le faceva la nonna" (bolos rústicos como fazia a vovó) e vi que ele era todo diagramado como se fosse de fato um caderninho antigo, não resisti. A verdade é que, como as receitas de nossas avós, as indicações podem ser muito enganosas. Nenhuma delas indica tamanho de forma, para começar. E às vezes surgem ingredientes estranhos, em italiano, como é o caso desse bolo, que leva "frumina". Google nele, e descobri que frumina é amido de trigo ("frumento" em italiano). Como nunca vi isso na minha vida, usei amido de milho mesmo (Maizena). Também descobri que eu tinha só 150g de amêndoas ao invés de 200g, então acrescentei 50g aos 100g de farinha.

O que achei estranho nesse bolo foi o tempo que ele ficou no forno. O livro pedia 50-60 minutos em forno a 200ºC. Só que meu forno pré-aqueceu demais e acabou ficando nos 220ºC, e não dava para esperar esfriar, pois a massa levava claras em neve e o bolo corria o risco de perder volume. O que aconteceu foi que 20 minutos depois ele já estava lindo e exalando cheiro de pronto. Não, pensei, estou enganada, vou deixar mais tempo. Ledo engano. O cheiro de pronto virou cheiro de queimado. Quando completou meia hora, resolvi dar o braço a torcer e tirá-lo do forno. Palito espetado no meio e ele me pareceu prontíssimo. Desenformei e tirei o papel-manteiga, para descobrir que o fundo dele estava pretinho-pretinho. Lá vou eu com faca de pão tirar 2mm de fundo do bolo. Coloquei num prato, tirei foto que é de praxe, e agora estou esperando para experimentar e ver se está comível ou se as substituições e forno louco estragaram a receita.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

Cesta orgânica

Fazia muito tempo que eu não pedia dessa cesta. Comprava-a de vez em quando ainda morando com meus pais. Mas na época ainda estavam começando a aparecer os orgânicos no supermercado, e minha mãe ainda não achava que valia a pena pagar mais caro por cenouras menores. Também, habituada a comprar sempre os mesmos vegetais e "um pouquinho todo dia", ela se atrapalhava muito com aquela geladeira cheia de repente, muitas vezes com algum legume que ela nunca cozinhara antes.

Continuei recebendo a mala-direta da empresa ainda assim, mas quando me mudei, acabei não pedindo. Os supermercados pareciam ter uma boa oferta de orgânicos a um preço mais em conta. Ainda que me incomodassem as embalagens de isopor e o fato de os legumes estarem na geladeira. Também a data de embalagem é sempre de pelo menos 1 semana antes. Hum...

Recentemente, resolvi abrir novamente a planilha de produtos que eu vinha recebendo e apagando semana após semana. Aparentemente a boa onda dos orgânicos nos mercados da região havia passado, e seus preços dispararam novamente. Quem quer pagar R$5,60 em 250g de morangos??? Ou R$6,00 por 3 abobrinhas?

Não quis me enganar, no entanto. Abri a planilha ao lado do site de compras do Pão de Açúcar (odeio esse supermercado) e comecei a comparar os preços. Uma mesma cesta de vegetais, que custa R$34,00 com taxa de entrega na planilha, sairia por não menos de R$50,00 no supermercado do bairro! Não tive dúvidas. Pedi minha cesta, junto com mais 600g de limão tahiti e 600g de limão cravo. A danada chegou hoje. Todos os vegetais foram colhidos e selecionados neste fim-de-semana. Alguns vieram mais bonitos do que outros, mas como eu vivo plantando coisas aqui em casa, sei que não é NADA fácil manter as plantas livres de pragas ou manchinhas sem usar qualquer coisa muito tóxica. Por R$37,50 (taxa de R$5,20 inclusa), chegaram em casa limões tahiti, limões cravo, morangos, tomates para salada, cebolas, alfaces americanas e crespas, couve, cenouras, beterrabas, abóboras, cebolinhas e salsinha. Comida que, para duas pessoas, dura 1 mês inteiro. Já estou planejando couve refogada, bolo de cenoura, risotto de beterrabas, ravioli de abóbora, saladas, creme de limão cravo, morangos com vinagre balsâmico, sopa de cenouras com gengibre, beterrabas no forno, semente de abóbora torradinha, torta de limão, risotto de abóbora com sálvia, de cenoura com laranja... Tanta coisa! Vontade de fuçar agora nos meus livros e procurar receitas.

Se você também quiser (e morar em São Paulo), eles entregam uma "cesta de solteiro", com menos coisas, ou você pode escolher o que quer, item por item, sem valor mínimo para entrega.

Vá lá: Caminhos da Roça.

segunda-feira, 13 de agosto de 2007

Jantar difícil


Estou orgulhosa de mim mesma. Sexta-feira passada, tinha convidado um amigo para jantar conosco. Planejei um cardápio de três pratos: uma pissaladière (espécie de pizza de cebolas francesa), fettuccini ao gorgonzola e uma salada. Comprei o vinho. Montei a mesa com minha toalha nova. Fiquei de olho no relógio o dia todo, com tudo cronometrado para que a pissaladière saísse quentinha do forno ao mesmo tempo que o macarrão ficasse pronto. Neura total. Aí as coisas começaram a dar errado.

Primeiro, meu convidado (que chegaria às 20h30), disse que teria de ir embora às 22h, o que é sempre um balde de água fria, quando se espera ficar muito tempo na mesa batendo papo. Segundo, meu marido me liga e diz que o cãozinho que adotáramos deveria ser pego no final daquele dia, o que queria dizer que ele chegaria bastante atrasado ao jantar. Liguei para nosso amigo e ele disse que não havia problema, então, também não tinha problemas para mim. Quando faltava já 1 hora para que ele chegasse, minha pissaladière crescia na bancada e o molho do macarrão já estava pronto, apenas esperando a massa, Allex ligou novamente, dizendo que deixaria o Gnocchi em casa e voltaria para o escritório para continuar trabalhando. Hora extra já me dá nos nervos normalmente. Quando ela atrapalha meus planos, então... Falei mais uma vez com nosso convidado, mas desta vez ele achou melhor deixar para lá, pois achava que estava dando muito trabalho, e seria melhor marcar para outro dia.

Ok, disse eu, pensando o que faria com tanta comida e ninguém para jantar. Esse tipo de coisa costuma me tirar do sério, mas, desta vez, respirei fundo e liguei para meu melhor amigo, que aceitou o convite imediatamente. Comemos metade da pissaladière, bebemos todo o vinho, conversamos, brincamos com o novo cãozinho recém-chegado, e, no fim das contas, a noite foi incrivelmente agradável.

Gnocchi!



Essa coisinha gostosa é o novo habitante da minha casa. Depois de devolver a cadelinha aos meus sogros, ficamos morrendo de vontade de ter um bichinho fazendo bagunça em casa. Então pegamos esse filhote de 2 meses de Border Collie que estava para adoção. É claro que o nome dele tinha de ser Gnocchi!

Não se deixem enganar pelo olhar verde e dengoso. Ele é uma pestinha hiper-ativa-mega-inteligente, que já roeu plantas, móveis, colchas, tênis, dedos (ai!), mas que em 2 dias (nunca vi coisa igual) já aprendeu onde se aliviar.

Será uma delícia ter a companhia desse gnocchettino de chocolate todos os dias.

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Mais um quitute italiano de viagem


Esse é outro quitute trazido por meus sogros, e eu achei a idéia fantástica. É apenas um pacotinho com um monte de tipos de feijões, lentilhas, ervilhas e cereais, para fazer minestrone. A embalagem sugere que você apenas coloque tudo dentro da panela com água e qualquer outro legume à disposição e cozinhe por uns 40 minutos. Os grãos de cozimento mais rápido se desmancham, engrossando a sopa, e os outros ficam no ponto certo, com os cereais para dar mais textura. Ainda não experimentei, mas achei incrivelmente prático para quem mora sozinho ou em dupla, como eu. É sempre ruim comprar a infinidade de grãos específicos pedidos pelas receitas, e você demora muito para usar tudo, se é que consegue. Eu já demorei 1 ano para gastar 1kg de feijão. Principalmente porque eu sempre esqueço de deixar de molho no dia anterior, e aí acabo inventando de fazer outra coisa e os feijões ficam lá, no pote de vidro, olhando para mim, rejeitados e abandonados. Eu nunca vi uma seleção de grãos para sopa dessa forma aqui no Brasil, a não ser que venha pré-cozido e com temperos prontos... Eca... Esse pacote vem com feijões brancos, borlotti, azuki, ervilhas, lentilhas comuns e vermelhas, farro e cevada. Nham-nham... Você fica saudável só de ler o rótulo.

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Bolo dramático


Quando ainda morava com meus pais, fiz esse bolo de morangos, com um zilhão de camadas fininhas e uma tonelada de chantilly. O bolo ficou mais apetitoso que saboroso, na verdade, mas um amigo meu chegou em casa enquanto eu tirava fotos do maledetto (muito antes de ter o blog), e resolveu dar pitacos e "dirigir" as fotografias. Essa foi sua tentativa de um bolo dramático, flutuando nos ares e com luz contrária. Só pela piada...

Inspiração... Expiração...

Adoro encontrar pessoas que me inspiram, gente que parece um eu-melhorado-aperfeiçoado. Não porque sejam perfeitos, mas porque têm qualidades que busco e que me faltam. Seja a filosofia de vida ou a personalidade, ou mesmo a vida que deus lhes deu, com determinadas oportunidades que parecem caídas do céu para quem está de fora. Adoro encontrar pessoas que se preocupam com coisas além do próprio umbigo mas conseguem manter a leveza, sem se transformarem em eco-guerrilheiros. Adoro gente que mora em lugares sossegados que lhes permitem fazer tudo aquilo que eu sempre quis fazer: ficar em contato com a terra mas sem perder o contato com a civilização.

Ando lendo de cima a baixo o Chucrute com Salsicha, porque algo nele me pareceu inspirador. A atenção por detalhes de uma planta, um prato, uma flor, um objeto, que passam desapercebidos por tanta gente. O apreço pelos orgânicos, e outras opções mais saudáveis para o planeta. E um pouco do desprendimento na cozinha. As coisas podem dar errado.

Às vezes me sinto neurótica demais, presa demais a técnicas e receitas, focada no ponto final e esquecendo de aproveitar o passeio. Fico muito estressada quando as coisas dão errado. Já dizia minha mãe que eu não sei lidar bem com frustrações. Ler esse blog está sendo uma terapia, e me dá vontade de me libertar um pouco dessa pretensa chef, e caminhar de novo para a nonna em treinamento. Fazer experiências menos milimetradas e ver o que acontece. E não arrancar minha própria cabeça se um bolo afundar. Preciso me cobrar menos. Preciso me cobrar menos. Com certeza.

Eu adoro o Mercadão!


O lado ruim de ser freela é o pânico que dá às vezes de não saber se amanhã você vai ter trabalho. Nervos de aço! O lado bom é que você pode tirar uma manhã inteira para cuidar da sua vida. E foi o que eu fiz hoje. Mandei arrumar umas calças que estavam largas, fui buscar minha toalha na costureira (ficou perfeita!), e resolvi dar um pulo no Mercado Municipal (menos de 10 minutinhos de carro) para comprar queijo. Tudo porque ultimamente ando com siricutico de queijo ralado. Não agüento mais aquela serragem salgada de pacotinho, mas também não há orçamento familiar que suporte o preço de um bom pedação de queijo no supermercado. Ainda mais nos Jardins! Daí o pulinho no mercado.

Comprei meio quilo de um Grana Padano italiano maravilhoso e fresquinho pelo preço de 300g de um Faixa Azul no supermercado do meu bairro. E antes que alguém ache um absurdo usar o Grana prá ralar, já explico que o Grana Padano é meio que a versão genérica do Parmigiano-Reggiano, meu queijo-perdição, esse sim pecado ralar pelo preço que é por aqui! Enquanto meu queijo-maravilha-pedacinho-picante-do-céu só pode ser produzido numa região reduzida entre a província de Parma e de Reggio-Emilia (daí o nome), e tem que usar uma técnica xis de produção, com as vacas ípsilon, que vivem livres comendo mato de excelente qualidade, o Grana Padano pode ser feito em várias regiões da Itália, obedecendo regras de produção um pouco menos restritivas, o que resulta em uma variação bastante grande de queijos, a preços mais reduzidos. Ele é o queijo duro mais usado por lá para ralar. Então não é pecado não!

Era já hora do almoço quando comprei o queijo, e resolvi aproveitar e passar no Hocca Bar para comer alguma coisa. Um pastel sensacional de bacalhau e um choppinho depois, resolvi que adoro minha vida e achei melhor voltar para casa, que minha folha de zona azul venceria em 5 minutos. Resisti à tentação de comprar mais quitutes (difícil, muito difícil), e comecei a voltar para casa.

É claro que eu me perdi. Seguindo a tradição que comecei na Itália, em que sempre que bebia durante as refeições acabava pegando o caminho errado para o albergue, perdi o viaduto para a Zona Sul e fui parar no Museu do Ipiranga. Normalmente eu não estresso com essas coisas. Gosto de me perder, porque é o melhor meio de aprender caminhos. E fez-me pensar em pegar o próximo sábado de sol e dar um pulo no Museu e fazer um piquenique no jardim, reformado e lindo.

Resumindo, demorei 1h30 para chegar em casa. Mas os apertos sempre valem a pena pelo meu queijinho supimpa pela metade do preço, e pelo pastel de bacalhau do Hocca!

DICA: Prá saber se o queijo está fresco, você deve observar a junção da casca com o miolo. Quanto mais dourada, melhor. Conforme o queijo vai envelhecendo e ressecando (o ressecamento é a morte do queijo), ele vai ficando esbranquiçado nessa mesma área, até que a casca fique bem separada visualmente do miolo. Para conservá-lo melhor (e isso vale para qualquer queijo duro), tire-o do plástico, se houver, e envolva-o muito bem com papel-manteiga, embrulhando-o em seguida com papel alumínio. Isso evitará a perda de umidade. Se for usá-lo para ralar, é mais fácil se o fizer com ele recém-tirado da geladeira. Se quiser consumi-lo aos bocados, depois do jantar, tire-o e desembrulhe-o antes da refeição, para que volte à temperatura ambiente.

Minha pappa favorita!


Outro dia estava pensando em qual seria meu prato favorito, já que aquele de que mais gostava (lasagne al ragu da minha mãe) foi abandonado quando parei de comer carne vermelha. Concluí que, sem sombra de dúvida, meu prato favorito é Pappa al Pomodoro, aquela sopa de tomates e pão amanhecido cuja receita escrevi aqui.

É quase impossível aqui em casa dar tempo de um pão de casca grossa endurecer. Como eu ADORO pães assim, eles geralmente acabam rapidinho. Confesso que, para ter a oportunidade de preparar a sopa, às vezes eu ignoro a existência do pão de propósito, e fico esperando ele ficar sequinho, perfeito para os tomates, que devem ser muito doces. Naquelas épocas de muita chuva ou muito frio, em que os tomates são feinhos e ácidos ou sem gosto, é preferível usar os de lata, que foi o que eu fiz desta vez. A sopa fica um pouquinho menos consistente, mas não menos saborosa. Para duas porções, use 1 lata de tomates sem pele Raiola e use a lata vazia para medir mais 1 lata e meia de caldo de legumes. Não precisa ser nem pão italiano, eu usei minha baguetinha véia mesmo.

Da primeira vez em que a preparei, o Allex torceu o nariz pro "molho de tomate com pão velho", mas ontem comeu com gosto, e disse que é também um dos seus pratos favoritos. Ponto prá cozinha italiana de restos! (Só gostaria de ter uma cumbuquinha mais italiana para uma foto mais bonita! hehehe...)

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Blog-blog-blog-blog-blog...blump!

Assim não consigo trabalhar! Fico indo de um blog a outro, e não consigo decidir qual é o mais legal, o que tem as melhores receitas ou as fotos mais bonitas. Então fico lendo todos.
Esse é supimpa: Dadivosa.

Vermelho e branco


Não consegui resistir a esse excesso de vermelho e branco. Morangos orgânicos e chantilly feito na hora.

Muffins de corrida


Fiz estes muffins ontem à noite para levá-los hoje de manhãzinha para o pessoal que corre comigo todos os dias. Pois é, eu também faço esporte! Comecei a correr em junho, umas 4 vezes por semana (ou pelo menos gostaria de conseguir levantar às 6h30 todos os dias para de fato ir 4 vezes), e tenho gostado muito desde então. O plano é começar a pegar umas provinhas, inclusive, assim que eu deixar de ser café-com-leite e começar a correr (sem desmaiar) mais de 5km...

Enquanto isso, eu tento engordar meus amigos com muffins recheados com geléia de goiaba. Meu treinador comeu uns 3, um depois do outro, o que é sempre um sinal de que a receita deu certo. Mas claro que teve gente que não quis nem saber o que era, pois podia sentir o cheiro das calorias de longe...

MUFFINS COM GELÉIA DE GOIABA
(adaptado de uma receita antiga da revista Cláudia Cozinha)
Tempo de preparo: 20 minutos + 25 minutos de forno

Rendimento: 12 muffins


Ingredientes:
  • 1 3/4 xíc. farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento químico em pó
  • 1 pitada de sal
  • 2 ovos grandes
  • 2/3 xic. açúcar orgânico claro
  • 10 colh. (sopa) manteiga sem sal derretida
  • 2/3 xíc. leite integral em temperatura ambiente
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha
  • casca ralada de 1 laranja
  • geléia de goiaba (ou outra de sua preferência)
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Forre com forminhas de papel 12 formas de empada ou muffin. Não precisa untar. Reserve.
  2. Em uma tigela grande, peneire a farinha, o fermento e o sal. Em outra, misture os ovos, o açúcar, a manteiga derretida, o leite, a baunilha e a casca de laranja até que fique homogêneo.
  3. Coloque a mistura de ovos na tigela da farinha e mexa com um garfo apenas para que fique bem misturado, mas sem se livrar dos grumos.
  4. Com uma colher, preencha metade das forminhas com a massa. Coloque por cima, bem no centro, a geléia de goiaba (1 colher de chá por muffin). Termine de preencher as forminhas com a massa, que não deve ultrapassar muito 3/4 da capacidade das formas. Leve ao forno por 25 minutos, ou até que estejam dourados nas bordas e um palito saia sem resquícios de massa quando inserido em um dos muffins.

Cozinhe isso também!

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