segunda-feira, 27 de agosto de 2007

O fim de uma longa espera

Tive a sorte de estar em Perugia, na Itália, na época da caça às trufas negras de Norcia. Ao contrário das irmãs branquinhas de Alba, as trufas escuras têm sabor forte e são razoavelmente em conta. Na alta estação, era impossível encontrar um restaurante que não as estivesse servindo. Sabendo que não comeria disso aqui no Brasil, me esbaldei, e comi todos os dias fettuccini al tartufo nero, crostino al tartufo, e isso e aquilo. É difícil descrever o gosto de uma trufa. Há algo de essencialmente terroso, uma pungência no aroma e no sabor que pega na parte de trás da língua, mas sem aquela característica carnosa de outros cogumelos. Aliás, trufas não lembram carne. Nem cogumelos. Trufas lembram trufas.

De volta, não conseguia parar de pensar naquele gosto de outono, e quando vi uma garrafinha de azeite de oliva aromatizado com trufas negras, quase caí para trás. E era muito barato! Comprei-a e usei-a sem dó. Não houve uma pessoa em casa que não tenha torcido o nariz para o perfume forte e estranho de terra úmida sob folhas caídas de uma floresta em pleno outono europeu. No entanto, quando fui ao mercado comprar uma segunda para substituí-la, o choque: não havia mais nenhuma e disseram-me que não fazia mais parte da lista de importações.

Por 3 anos, lamentei a ausência de meu Olio al Tartufo, e por 3 anos namorei essa garrafinha da foto, aromatizada com trufas brancas, mas que custava o absurdo de 68 reais. Fala sério: até eu tenho limites.

Hoje dei pulinhos no supermercado ao encontrá-la em promoção por metade do preço! E não agüentei. Sequer fingi qualquer espécie de resistência: não precisei pensar duas vezes para colocá-la na cestinha. Estou maluca, agora, para usá-la para refogar cogumelos, para o spaghetti aglio e olio, e para minha utilização favorita: purê de batatas! Não há como descrever como um simples purê de batatas ganha vida com um fio de azeite de trufas! Nham-nham-nham...

Cozinhe isso também!

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