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quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Sorvete de melão

O melão Honey Dew que eu comprara estava para lá de maduro, e ainda havia tantas outras frutas para serem comidas puras, que não tive outra escolha a não ser transformá-lo em algo delicioso e adequado a essa fornalha onde estou morando: sorvete.

A missão inicial era fazer um Melona caseiro, pois toda vez que comia o sorvete verde e quadrado, pensava em melão e leite condensado. E foi o que fiz então. Descasquei e retirei as sementes do melão, cortei-o em pedaços e bati no liquidificador (deu mais ou menos 1,3l de suco de melão). Misturei a 1 lata de leite condensado, uma pitada de sal e 1/2 colh. (chá) de Absolut Vanilla. Por quê? Porque me deu na telha, e porque achei que um pouquinho de álcool deixaria o sorvete menos "gelinho". Deixei a mistura na geladeira por algumas horas, mas recomendo que se deixe de um dia para o outro, para ficar beeeeem gelado antes de ir à sorveteira. Como a quantidade era maior do que caberia na sorveteira, coloquei uma parte na máquina e a outra em copinhos pequenos com palitos, para transformá-los em picolés.

Os dois deram muito certo e ficaram bem gostosos. Pedi para o marido experimentar sem lhe dizer o que era, e seu veredito foi "Não sou muito fã de melão, mas isso ficou bem gostoso, bem verãozão."

Ficou igual ao Melona? Não. Falta muita coisa artificial (incluindo a cor) para deixar igual ao Melona. Talvez uma proporção maior de leite condensado em relação ao suco de melão ajude a deixar mais doce e menos refrescante. Mas ficou um sorvete de melão muito, muito gostoso (e impossível de fotografar nesse calor).

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Amor é receita de sorvete de doce de leite

Para quem anda me achando mal humorada, é verdade, estou meio de pá virada mesmo. Ando com uma preguiça imensa de tecnologia. Preguiça de câmera fotográfica, tratamento de foto, internet, email, twitter... enjoei. Tenho coceira só de olhar para o computador. Estou louca para terminar os trabalhos programados até o fim do ano e dane-se, declaro férias, boto os pés para cima e me esbaldo em litros e litros de sorvete caseiro. Porque, nesse calor, quem quer comer outra coisa?

E esse post é a prova de que eu me importo sim com vocês. Porque se não me importasse, eu guardaria as boas receitas às sete chaves, escreveria num caderninho secreto, ficaria famosa entre família e amigos por preparar essa delícia, e apenas meus netos e bisnetos, após minha morte, é que colocariam suas patinhas na receita. [Meu plano é morrer dormindo, bem velhinha, depois de ter corrido mais uma maratona. 120 anos, aqui vou eu!]

Então, é isso. Se você é um louco desvairado por sorvete de doce de leite, vai me agradecer de pé junto pelo resto da vida, porque esse sorvete não apenas é sensacional, mas é também muito fácil, uma vez que não leva ovos, e você só usa o fogão porque tem que dissolver o doce pronto no leite. Quer coisa melhor? Duro é a paciência para gelar o bichinho antes de colocar na sorveteira, mas é só lembrar do preço do Haagen-Dasz, que você fica calminho, calminho.

Use seu doce de leite favorito. O meu, graças a Deus, é dos mais fubangas. O doce de leite da minha infância sempre foi o da lata de leite Moça cozida na panela de pressão. Então mesmo sabendo que há uns argentinos e afins que são sensacionais, não resisto a esse prazer saudosista e mais barato.

A receita original produzia o dobro de sorvete, que não cabe na minha sorveteira (ela não faz mais de 1,5l) e transbordaria tudo, como já aconteceu uma vez. Eu poderia ter recalculado para usar a lata de doce inteira (os 395g), mas mantive o número quebrado para poder incorporar o resto de doce de leite ao sorvete pronto, produzindo aquelas deliciosas surpresas de doce cremoso no meio do sorvete geladinho. Nham...

SORVETE DE DOCE DE LEITE
(quase nada adaptado do livro Professional Baking)
Rendimento: cerca de 850ml, dependendo do overrrun
Tempo de preparo: 10 min. + 6 horas geladeira


Ingredientes:
  • 375g leite
  • 395 doce de leite cremoso (usei a lata de doce de leite para corte da Nestlé)
  • 95g creme de leite fresco
  • 1/4 colh. (chá) essência de baunilha
  • 1 pitada de sal
Preparo:
  1. Leve o leite e 280g doce de leite ao fogo em uma panela de fundo grosso, até que o doce esteja completamente dissolvido. Mexa de vez em quando, para não queimar e ajudar a dissolver.
  2. Junte o restante dos ingredientes, misture bem e leve à geladeira por 4 horas ou até que esteja bem gelado.
  3. Prepare o sorvete na sorveteira, de acordo com as instruções do fabricante. Enquanto isso, deixe o pote em que vai guardar o sorvete no freezer, para gelar um pouco. Coloque o sorvete no pote geladinho, intercalando com colheradas do que restou de doce de leite. Leve ao freezer imediatamente, e deixe firmar um pouco por pelo menos 2 horas.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Sorvete de Daiquiri para relembrar vexames adolescentes

Atire a primeira pedra quem nunca na adolescência pediu um drink doce e cremoso num bar. Meus drinks favoritos quando tinha lá meus dezoito anos e não sabia beber [hoje a manguaça corre solta] eram Sex on The Beach e Alexander. Um colorido e outro cremoso. Ambos grandes fornecedores de dores de cabeça no dia seguinte. Esses tempos se foram [graças a Deus], e apenas seriamente coagida eu sentaria num bar e pediria qualquer bebida com leite condensado na fórmula.

Talvez por isso não tenha dado o devido valor a esse sorvete quando passei meus olhos por ele da primeira vez. Quer saber? Não preciso de nenhuma violência para me fazer comer esse sorvete. Ele é delicioso, cremoso, refrescante, e, preparem-se para o cliché dos clichés: tem gosto de verão. [Aah! Você não achou que eu teria coragem de escrever isso, mas ah, eu fui lá e escrevi mesmo assim! It's funny because it's true...!]

Finja que você vai de fato, sem rir nem nada, preparar um Daiquiri. [Se é que Daiquiris são assim, eu nunca tomei um na vida. Ou posso ter tomado mais de um, ter tido uma ressaca imensa e ter convenientemente esquecido que bebera Daiquiri. Vai saber? Bêbado é uma droga, mesmo.] Bata no liquidificador uma lata de leite condensado (395g), 3 xíc. de abacaxi picado em cubos, 1 xic. de banana fatiada, suco de limão a gosto e 1-2 colh. (sopa) de rum escuro. Cuidado com a quantidade de rum, ou o sorvete pode não firmar caso você use demais. Coloque na sorveteira e siga as instruções do fabricante. Se o dia estiver muito muito quente, deixe a mistura na geladeira por algumas horas antes de colocar na sorveteira.

A receita é do livro Cook 1.0, de Heidi Swanson.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Sorvete de Morango Perfeito e Definitivo

Desde minhas primeiras tentativas no reino dos sorvetes ando procurando pela receita perfeita de sorvete de morango. Uma que tivesse gosto de morango com chantilly, como o sorvete que tomei na Califórnia, ou como aqueles que tomávamos quando crianças, quando o sorvete de morango não era rosa-radioativo e ainda tinha pedaços de fruta. Quando recebi a Gourmet desse mês, fiquei enlouquecida com a receita de sorvete: morangos, creme de leite, açúcar e limão. Só. Era isso o que eu queria.

Aproveite esses dias de calor antes que o frio e a chuva retornem, vá até o mercado, compre morangos orgânicos bem maduros e prepare esse sorvete. Eu juro que você não vai se arrepender.

SORVETE DE MORANGO PERFEITO
(da revista Gourmet)
Tempo de preparo: 10 min. + 4 horas de geladeira
Rendimento: 1,5l


Ingredientes:
  • 500g morangos orgânicos bem maduros, sem folhas e cortados ao meio
  • 3/4 xíc. açúcar
  • 3/4 colh. (chá) suco de limão
  • 1/8 colh. (chá) sal
  • 2 xíc. creme de leite fresco

Preparo:
  1. Amasse os morangos com um garfo com o açúcar, o sal e o suco de limão. Deixe descansar, mexendo às vezes, por 10 minutos.
  2. Coloque metade da mistura no liquidificador e bata com o creme de leite até que fique homogêneo. Misture ao restante dos morangos com uma colher e leve a mistura à geladeira por no mínimo 4 horas. (É melhor de um dia para o outro.)
  3. Coloque na sorveteira e siga as instruções do fabricante.

Obs.: minha máquina aguenta apenas 1l de sorvete, então o sorvete subiu e a pá parou depois de um tempo. Nenhum prejuízo. Fez sujeira, mas deu certo. Se vc não quiser problemas, e sua sorveteira também for pequena, faça metade da receita.

Obs. 2: se os morangos que você comprou estiverem meio durinhos, passe-os num multiprocessador ligeiramente ao invés de amassá-los com um garfo, para obter um purê pedaçudo. E se eles não estiverem SUPER doces, acrescente mais 1/4 xíc. de açúcar.

terça-feira, 3 de março de 2009

"Peach Melba" versão verão esturricante?

É como conter em uma tacinha de vidro um pedaço palpável de um pôr-do-sol de verão. Pêssegos maduros, grelhados na frigideira, quentes, sua pele felpuda incólume e sua carne amarelo-forte caramelizada em seu próprio açúcar, derretendo rapidamente essa mistura gelada, refrescante, azedinha-doce de leite, açúcar e framboesas, que ativa numa mordida algo elétrico que vai da ponta da língua até a nuca, fazendo-o fechar os olhos e sentir o cheiro do fim da tarde e o toque morno da luz dourada em seu rosto.

SORVETE DE FRAMBOESA
(do livro The Perfect Scoop)
Rendimento: 1 litro


Bata num liqüidificador 4 xíc.de framboesas congeladas (direto do freezer), 2 xíc. de leite integral gelado, 1 xíc. de açúcar e suco de meio limão, até que fique homogêneo. Passe numa peneira se quiser retirar as sementes (eu não fiz isso, e não me importo com as sementinhas). Como a mistura estará já muito gelada e com consistência de smoothie, pode ir direto à sorveteira, seguindo as instruções do fabricante.

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sorvete de laranja sem gosto de pirulito

Há muito tempo atrás, antes da chegada da sorveteira aqui em casa, eu tentara preparar um sorvete de laranja de um livro que considero, na verdade, excelente para todos os sorvetes cremosos, e um desastre para tudo o que concerne às frutas. O livro garantia que o suco de laranja natural não iria bem com nenhum laticínio e que apenas o pasteurizado funcionaria, de modo que a receita levava suco de laranja concentrado. Lá fui eu fazer o bendito e bater na mão, hora após hora, apenas para descobrir, desconsolada, que o sorvete tinha gosto de pirulito. Claro, o que se podia esperar de suco de laranja concentrado??

Por isso demorei a me arriscar com essa receita de Lebovitz.

Porém, num dia desses de extremo calor e vontade de tomar algo refrescante, abri a geladeira e vi que possuía tudo de que precisava para fazer aquele sorvete: laranjas frescas, suculentas e perfumadas, licor de laranja... mas nada de sour cream. Mas agora já estava louca pelo tal sorvete de laranja, e foi aí que resolvi sair substituindo coisas sem pensar muito a respeito. Sour cream virou iogurte integral caseiro e half-and-half virou leite integral. Uma pitadinha de sal para garantir que tudo ia bem e... ficou ótimo.

Para fazer o sorvete, bata no liqüidificador 2/3 xíc. de açúcar, a casca ralada bem fina de 3 laranjas, 310ml de suco de laranja, 1 xíc. de iogurte integral, 1/2 xíc. de leite integral, 2 colh. (chá) de licor de laranja (usei Cointreau) e 1/4 colh. (chá) de sal. Bata bem até que esteja homogêneo e tudo bem dissolvido. Coloque para gelar na geladeira por algumas horas e então faça o sorvete na sorveteira.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O melhor sorvete de uva do mundo


Está bem, talvez seja um exagero. Mas por unanimidade foi votado aqui em casa o melhor sorvete de uva que Allex e eu já comemos. Muito provavelmente isso tenha a ver com o fato de ser feito... ahn... de uva. De verdade. E na época certa, o que faz com que ela esteja já incrivelmente doce e saborosa.

Há já alguns anos que esperamos ansiosamente pelo mês de fevereiro para encontrar daquela uva pretinha, redonda e doce que parece só existir nessa época. Tudo começou quando fomos passar as férias na casa de um amigo que mora próximo ao balneário de Camboriú, em Santa Catarina. Passeando por uma praia qualquer, resolvemos parar em um quiosque para tomar um suco, e enquanto todos pediam os básicos laranja, limão e abacaxi, um amigo levantou o dedo e pediu um suco de uva.

"Uva?? Mas suco de uva nunca é fresco!", reclamamos todos em uníssono, ao que ele respondeu dando de ombros. Os sucos chegaram, e ao primeiro gole o dono do suco de uva deu um berro.

"Meu Deus! O que é que é isso?? Que maravilha de suco!"
"Ah, vá, só porque tiramos com a sua cara...", provocamos, conhecendo-o o suficiente para saber que ele só poderia estar brincando.
"Sério! Mesmo! Experimenta aê!"

Passamos o copo de um para o outro e todos tiveram exatamente a mesma reação. Era suco de uva fresquinha, de um jeito que nunca havíamos experimentado antes, tão acostumados a suco concentrado ou de caixinha. "Um choque no cérebro", como disse nosso amigo. Não tivemos dúvida. Com nossos sucos ainda pela metade, pedimos também suco de uva. E quando acabamos, pedimos outro. E pediríamos o terceiro, se o dono do quiosque não tivesse vindo à mesa avisar que a uva havia acabado.

"Meu Deus! Que uva é essa? Precisamos fazer esse suco em casa!"
"Ah, só dá agora em fevereiro. Eu compro lá em Joinville...", explicou o senhor do quiosque. Infelizmente, no ano seguinte, quando nossos amigos voltaram ao quiosque, ele havia sido vendido e o novo dono não se dava mais ao trabalho de comprar frutas frescas.

Desde então, chega fevereiro e eu saio maluca vigiando todas as bancas de feira e supermercados atrás de alguma uva pretinha e redonda com a promessa de um suco tão doce. Como não tenho o nome da bendita, no entanto, fui indo na tentativa e erro, até descobrir que a uva mais parecida com aquela era a Isabel. Quando vi a bandejinha baratinha no supermercado esses dias, não tive dúvida e levei para casa. Mas nesse calorão, achei que seria uma ótima oportunidade para testar uma receita de sorvete simplíssima de Marcella Hazan, do livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica. Não podia ter tomado melhor decisão.

Para fazer o sorvete, no entanto, você precisa de um passa-verdura. Só esse processador manual é que consegue arrancar a polpa das uvas e triturar-lhes parte da casca, mantendo, no entanto, as sementes intactas e separadas. Batendo no liqüidificador, você tritura as sementes e elas liberam um gosto adstringente desagradável. Talvez seja possível amassá-las contra uma peneira, mas acho que daria um trabalho fenomenal e espirraria suco cor-de-beterraba em toda a sua roupa. E suco de uva mancha que é uma beleza.

Para fazer o gelato de uvas pretas, lave as uvas Isabel (450-500g) e tire-as dos cabinhos. Coloque 2/3 xíc. de açúcar cristal orgânico e 1/2 xíc. de água em uma panela e leve ao fogo médio até que o açúcar esteja dissolvido. Coloque esse xarope ralo em uma tigela grande, apóie o passa-verdura (com o disco dos furos maiores) e triture as uvas, deixando que sua polpa caia sobre o xarope de açúcar. Recolha qualquer semente que tenha passado, e misture bem, deixando esfriar completamente. Então bata 1/4 de xíc. creme de leite fresco até quase o ponto de chantilly e adicione à mistura de uva, misturando bem. Apesar de não constar na receita, eu acrescentei uma pitada de sal. Leve à geladeira para resfriar um pouco e congele na sorveteira como ensina o fabricante.

sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Meu primeiro almoço de Natal!

Primeiro, gostaria de agradecer o carinho de todos e os votos de um bom Natal. Com certeza eles surtiram efeito! Espero que todos tenham tido uma magnífica ceia e deliciosos momentos!

Estou absolutamente feliz. O almoço do dia 25 não poderia ter dado mais certo. Mantendo ainda o espírito da simplicidade, e sabendo que todos estariam empapuçados ainda da ceia da noite anterior, preparei poucos pratos, complementados por outros trazidos por minha mãe. Aliás, perfeito isso de almoço colaborativo.

A verdade é que minha família nunca foi muito de se empanturrar com prato principal: somos petisqueiros natos, e não foram poucas as noites em que abdicamos de jantar em nome de alguns pedaços de queijos, frutas e um bom vinho. Pensando nisso, economizei na quantidade de pratos e tamanho de porções. Dispus na tábua, no centro da mesa, alguns queijos como Brie, Gorgonzola, Grana Padano e Pecorino Romano [praticamente cada queijo era o favorito de um dos presentes], para serem petiscados sobre torradinhas de pita integrais ou crostini ainda quentinhos do forno. Especificamente para ser combinada ao Pecorino, preparei uma espécie de geléia de figos secos e avelãs, de um livro de Giada di Laurentiis. A geléia é tão fácil e tão deliciosa, que sei que figurará em outras reuniõezinhas aqui em casa. Havia também um potinho com castanhas de caju, uma tigelinha de cerejas e algumas uvas Thompson para serem comidas puras ou com o queijo Brie.

Quando nos cansamos de petiscar, fui à cozinha reaquecer o arroz selvagem que eu fizera mais cedo. Cozinhara o arroz como informado na embalagem, juntando, depois de pronto, algumas castanhas de caju picadas, uma cebolinha e o que restara das cramberries secas. Enquanto o arroz reaquecia, apanhei as couves-de-bruxelas cortadas ao meio e, como sugerido no livro de Heidi, besuntei-as em azeite e grelhei-as na frigideira, tampando e deixando que cozinhassem apenas com sal, até que ficassem al dente. Quando prontas, rolei-as em um generoso punhado de parmesão. Por fim, cozinhei rapidamente os tortelli di zucca que preparara no dia anterior e congelara.

Já fiz tortelli di zucca várias vezes, e nunca sigo receita nenhuma, usando cada vez o que tenho na geladeira: às vezes com amaretti, às vezes com passas, às vezes com mostarda di Cremona. Dessa vez, assei meia abóbora japonesa fatiada grosso, temperada com azeite, sal e pimenta, até que ficasse macia. Transformei em purê e misturei a parmesão ralado na hora, amêndoas moídas, noz moscada, sal e pimenta, até ficar exatamente do jeito que eu queria. Usei o purê para rechear a massa que sempre faço. Depois de cozidos, despejei os tortelli na travessa e misturei-os a muita manteiga derretida, onde dourara folhas de sálvia frescas.

Minha mãe trouxera tender e farofa, e arrumei-os cada um em uma travessa, levando à mesa. Não tenho como descrever a satisfação que senti em ver a mesa posta e todos comendo. Uma pena não comer mais carne, ainda que o perfume do tender tenha sido suficiente para reavivar centenas de lembranças de infância e tornar ainda mais especial o primeiro almoço de Natal em minha casa.

Trocamos alguns presentes e servi a sobremesa. Coloquei sobre a mesa os panettoni e os sorvetes e fui à cozinha preparar rapidamente a calda de chocolate, muito fácil: aqueci meia xícara de creme de leite fresco e despejei sobre 100g de chocolate amargo picado, um pouquinho de baunilha e um naco de manteiga, misturando até que estivesse homogêneo. Para os de paladar mais adulto, a calda foi sobre uma fatia de panettone e uma bola de sorvete de nozes. Para os que não sabem o que estão perdendo [hihihi...], preparara um "chocottone", substituindo as frutas marinadas pelo mesmo peso em gotas de chocolate amargo e aromatizando a massa com raspas de 1 laranja bahia, noz moscada e 1/2 colh.(sopa) de baunilha. Junto do "chocottone", o sorvete de baunilha mais fácil e econômico do mundo (mas delicioso!), retirado do novo livro de Heidi Swanson. Ele é excelente para quem tem aflição de gastar 8 gemas cada vez que quiser um litro de sorvete de creme; sem contar as 8 claras que sobram. Para fazer o sorvete, basta 1 litro de leite, 1 xíc. açúcar (uso o cristal orgânico entuxado de favas de baunilha), 3 colh. (sopa) maizena e essência de baunilha. Você o prepara como faria a um pudinzinho cremoso, deixa esfriar e coloca na sorveteira, e ele fica sensacional.

O melhor de tudo foram meus dois presentes culinários: um ferro de waffles (que trouxe lembranças de infância a meu marido, que costumava comer waffles com manteiga na casa da Oma), e um enorme pedaço de granito que minha irmã (arquiteta) arranjou para mim; ele foi cortado para caber exatamente em meu forno, e agora minhas pizzas nunca mais sairão com textura de biscoito... espero!

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

Um pouco de Jane Austen, um pouco de sorvete de chocolate

Em todos os aniversários durante minha infância meus pais me deram dois presentes: um brinquedo e um livro. Desde muito antes de eu conseguir ler meia palavra. Confesso que o hábito de ler como se minha vida dependesse disso só se instaurou de verdade durante minha adolescência, quando costumava matar aulas de química para sentar no pátio do colégio sob uma árvore e continuar a leitura que interrompera no café-da-manhã. Eu sei, eu sei... essa última frase provavelmente não me faz parecer a garota mais descolada da escola, e vocês podem bem imaginar que nunca fui lá muito popular.

De qualquer forma, adorava ler. Comprava livros compulsivamente, e fazia pequenas listas mentais daqueles que estava lendo e dos que estavam na fila. A faculdade de filosofia parecia-me apenas a desculpa perfeita para continuar lendo e exercendo minha habilidade inata de ser... bem... nerd.

O tempo passou. Troquei a filosofia por publicidade, emagreci um bocado, fiz novos amigos, descobri os prazeres da cerveja. Se por um lado a nova faculdade atenuou minha tendência a eremita, por outro ela ocupou meu tempo e minha mente cada vez mais, entre aulas, estágios e festas, até que viesse o o sinal definitivo do fim da boa vida: o trabalho em tempo integral.

Lembro do choque que foi dar-me conta de que minha vida seria aquela rotina para sempre: acorda, trabalha, almoça, trabalha, janta (às vezes trabalha) e dorme. Veio a formatura, vieram novos empregos, novas decepções, veio a decisão de ser freelancer, juntar os trapos com o namorado, pagar contas, fazer supermercado, o que fazer de jantar hoje, tem que passear o cachorro e é isso... Não consigo me lembrar da última vez em que sentei sob uma árvore para ler um livro.

O computador, principalmente, estando ali, ligado, vira um veículo de leitura mais facil, e me pego lendo mais blogs do que romances. A compra compulsiva de livros, no entanto, só foi alterada para uma estante diferente da livraria: a de culinária. [Não preciso dizer que, com a aproximação do meu aniversário, já comprei pelo menos 5 que serão entregues mais ou menos perto da data.]

Por isso estou tão contente pelos poucos livros que consegui terminar este ano. E também por tudo isso que descrevi sinto-me tão calma ao ler Jane Austen ou, para todos os efeitos, qualquer escritor contemporâneo seu. Adoro o hábito de escrever cartas descrito nos livros. Adoro o modo como a estória se desenrola devagar, uma vez que os personagens podem demorar um ano para se encontrarem novamente. Fico fascinada com as visitas, principalmente: tão trabalhoso era para alguém se arrumar, montar uma charrete e ir até o vilarejo vizinho visitar um amigo, que era loucura voltar para casa no mesmo dia. Uma visita para um chá poderia se estender por uma semana. E com meios de entretenimento limitados, era comum passar o tempo com um dos presentes simplesmente lendo em voz alta, ou tocando ao piano. Ainda que possa parecer uma rotina fastidiosa, sinto-me inclinada a apreciar esse tipo de morosidade, uma vez que me parece que se dava mais importância para cada ação do dia-a-dia ao executá-la devagar e com atenção. Muito ao contrário da correria que vivemos hoje.

Ainda que tenha muito apreço por algumas facilidades de nossa época (como máquina de lavar roupas), não consigo deixar de me imaginar nesse tempo mais calmo, a despeito de todas as suas dificuldades. Enquanto leio esses livros, meu corpo inteiro relaxa, muda de ritmo, vive devagar. Nesses momentos, normalmente recorro a uma xícara de chá para complementar a imersão naquele outro tempo. Mas, acometida pela inquietude da dieta e pelo calor intenso que invadiu minha casa neste fim de semana, coloquei um pezinho de volta nos tempos modernos e apanhei uma bola (uma só!) de sorvete de chocolate.

Sorvete de chocolate?, você me pergunta. Que diabos de dieta é essa em que você fica se empanturrando de sorvete de chocolate? É light? É?

Não, não é light e jamais será. Noutro dia fuçava na Amazon, quando dei de cara com o livro Bittersweet, de Alice Medrich, inteiro devotado ao chocolate. Dei uma olhada no interior do livro e fiz o que costumo fazer antes de gastar meu dinheiro: anotei uma das receitas para testar e ver se o livro presta.

A julgar por essa receita, o livro deve ser excelente. O que me chamou a atenção foi o título "Sorvete de chocolate siciliano". Hmmm... Já ouvira falar de sicilianos engrossando o sorvete com amido de milho por causa das altas temperaturas do verão, mas nunca vira um sorvete assim, tão simples: leite, cacau em pó, açúcar e amido. Ignorando meus primeiros instintos que tendem ao purismo, pensei: "tudo bem, se ela fizer isso funcionar, essa mulher é um gênio".

O seguinte raciocínio, então, soou-me apropriado: posso comer 1/2 barra de chocolate a 70% de cacau por semana. Cacau em pó tem ainda menos manteiga de cacau (gordura) do que a barra a 70%. Leite pode, no horário certo. O açúcar vai de lambuja. Não tem ovo. Não tem creme de leite. O sorvete promete ser tão intenso, que uma bolinha só basta.

Aaaah, vai? Como que isso não poderia entrar na dieta? [E é assim que eu engano minha consciência e ela cai feito um patinho... patinho gordo, não à toa.]

No fim das contas, não apenas funciona, como é um dos sorvetes de chocolate mais saborosos que já provei. E o mais fácil de se fazer. O livro já está no WishList. Claro, a não ser que você tenha em mãos cacau de excelente qualidade (escuro, perfumado e saboroso), não perca seu tempo. Deixo a receita ipsis literis, ao contrário do que costumo fazer, porque achei um pecado não dividi-la com vocês...

SORVETE DE CHOCOLATE SICILIANO (do livro Bittersweet, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 10 minutos + 1 noite na geladeira
Rendimento: 1 litro
Ingredientes:
  • 3 xíc. de leite integral
  • 2/3 xíc. de açúcar cristal orgânico
  • 3/4 xíc. de cacau em pó de qualidade
  • 1 1/2 colh. (sopa) de amido de milho (maizena)
Preparo:
  1. Coloque 2 xíc. do leite em uma panela de fundo grosso e leve à fervura. Enquanto isso, misture em uma tigela o resto dos ingredientes com a 1 xíc. de leite restante.
  2. Junte a mistura ao leite fervendo, abaixe o fogo e cozinhe, mexendo com uma colher de pau até que o creme engrosse e borbulhe nas bordas. Continue cozinhando por mais 2 minutos.
  3. Coloque a mistura em uma tigela, deixe que esfrie por 5 minutos e então cubra com filme plástico, aderindo o filme à superfície do creme, para impedir que forme uma película. Leve à geladeira por pelo menos 4 horas. Coloque a mistura fria na sorveteira e siga as instruções do fabricante.

terça-feira, 5 de agosto de 2008

Sorvete de morango e a decrescente fé em fornecedores e fabricantes de qualquer coisa

(Já nem me lembro se a placa é do café chique ou do meleta.)


Noutro dia precisei da ajuda de um fornecedor meu. Coisa simples. Fazia parte do escopo do trabalho dele, não ia tomar nada de seu tempo e só manteria seu cliente (eu) feliz. Ao invés de simplesmente realizar a tarefa, ele enrolou, desconversou, engambelou e, quando finalmente deu o braço a torcer, ainda me enviou um e-mail recheado do mais puro sarcasmo.

Se eu tratasse meus clientes assim, estaria morrendo de fome.

Estou trocando de fornecedor.

Noutro dia ainda, fui ao banco tentar trocar minha cesta de serviços por uma mais barata, depois de aumento abusivo (e autorizado pelo gorverno) efetuado nos últimos meses. Sem problemas, uma vez que não uso quase nada daquilo que eles me oferecem. Sou cliente do mesmo banco há dez anos, e eles também têm a conta da minha empresa. Depois de cerca de 45 minutos de engambelação, não consegui mudar minha cesta, porque o gerente disse que eu deixaria de ter o benefício X. Dias depois, olhando a tabela de serviços na internet, descubro que o gerente mentira.

Estou trocando de banco.

Desde o começo do ano, já tive tantos problemas com meu provedor de banda larga, que acho que conheço nome e sobrenome de todo funcionário de atendimento ao consumidor da empresa. Vou trocar de provedor? Não, porque a alternativa é ainda pior.

Notamos também, aqui em casa, uma diminuição vertiginosa e contínua da qualidade da imagem da TV a cabo, e concluímos que, nessa onda de HDTV, a empresa só pode estar fazendo de propósito para incentivar a compra do pacote "digital", com imagem melhor. Sem nem entrar no mérito da cobrança por ponto extra (agora ilegal) que as empresas conseguiram distorcer, codificando o sinal e cobrando pelo "aluguel" de um aparelho extra, quando antes o cabo podia ser ligado diretamente na tv.

Houve um mês, neste ano, em que passei todos os dias ao telefone reclamando cada dia com um pobre coitado diferente, que só sabe ler apostilas e não daria uma informação de fato relevante se sua vida dependesse disso. Eita mês lascado.

E me pergunto: sou apenas eu que me sinto constantemente passada para trás?

Sinto às vezes que não há uma única empresa nesse país (ou no mundo) que tenha como missão REAL atender seu consumidor ou usuário da melhor forma possível, já que, afinal, ele está pagando por isso. Não parece justo que você receba por aquilo que pagou? Levante a mão quem puder citar uma empresa pela qual você nunca tenha sido ludibriado. Eu não consigo. Em um momento ou outro, todas me decepcionaram.

Eu pago por serviços e sou tratada pelas empresas como se elas estivessem me fazendo um favor, e não o contrário.

Compro produtos, e descubro que eles não têm a qualidade prometida por sua propaganda, por seu preço, ou mesmo pela brochura que acompanha o produto.

Pago caro em restaurantes por pratos requentados e ingredientes de terceira.

Compro bandejas de frutas na feira para descobrir que as frutas de baixo estão podres.

Minha fé na humanidade está por um fio. Queria uma vez na vida sentar numa mesa com os amigos e, ao invés de reclamar do golpe da empresa X, poder contar a respeito do brinde inesperado que a empresa Y me enviou, simplesmente por eu ser uma cliente antiga. Ah, e eles também vão me dar desconto, e eu nem pedi! Não é ótimo?

Por essa falta de fé em empresas de qualquer tamanho é que me pego tão surpresa quando descubro que o produto ou o serviço não é apenas tão bom quanto o que estou pagando, mas melhor. Se existe um tipo de situação em que qualquer um se sente enganado e muita gente já sabe evitar, são as armadilhas pega-turista. Em especial restaurantes e similares.

Sutter Creek é uma cidadezinha histórica da época da corrida do ouro na Califórnia. Ela é recheada de lojinhas de antigüidades; metade delas, interessante, a outra metade, pega-turista. Numa tarde agradável, depois de um longo passeio à pé pelas ruas laterais, observando os jardins floridos e incrivelmente bem cuidados das casas da cidade, resolvemos, minha tia e eu, tomar um sorvete. Nossa primeira opção, um pequeno e charmoso café espremido entre um restaurante e uma loja, estava fechado.

Acabamos entrando então em um outro café com cara de boteco velho, parte loja de souvenirs, parte sorveteria, parte lanchonete, mal iluminado mesmo às cinco da tarde num fim de primavera. Fomos atendidas por um casal de adolescentes franzinos e desinteressados, que prosseguiam rindo de piadas internas e olhando de soslaio para seus amigos do outro lado da loja. Não me lembro quanto foi o sorvete, mas me lembro que foi muito barato. Desestimulada pela cor verde-incandescente do sorvete de pistache, acabei pedindo o de morangos, rosa pálido e simples.

Frustrei-me novamente ao ver o moleque empilhando uma bola de sorvete do tamanho de minha cabeça em uma casquinha fina e quebradiça, e pensei: "pronto, esse sorvete deve ser uma m*rda. Nada tão grande e tão barato pode ser remotamente bom."

No entanto, após a primeira mordida, decidi que aquele sorvete gigantesco precisava ser fotografado e mencionado no blog. O melhor sorvete de morango do mundo. Talvez fosse o fato de os morangos estarem na estação e serem tão doces. Aquele sorvete tinha gosto de morangos com chantilly, e não duvidei que fossem apenas esses seus ingredientes: fruta, creme de leite e açúcar. Ele se tornou meu ideal no quesito sorvetes de morango, e mesmo o que produzi essa semana, de David Lebovitz, não chega a seus pés. Apesar de sua linda cor rosa-choque, seu "excesso" de fruta conferiu-lhe textura e gosto de sorbet, o que não era o objetivo, e nada tinha a ver com aquela sensacional massa gelada e rosa-parede-de-vó, com dulcíssimos e generosos pedaços de morango fresco surgindo mordida-sim, mordida-não.

Senti-me envergonhada por meu preconceito (coisa que aconteceu vezes demais durante a viagem), e fiquei preocupada por estar já tão programada para esperar o pior, uma vez que coisas boas a preços justos são tão raras. Ai, ai, ai, Ana. Má menina.

Vamos lá, alguém me conte uma história de empresas legais que fazem com que vocês mantenham sua fé na humanidade.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Brownies e sorvete de... Coff! Coff! Argh... pistache


O tempo quente-frio, quente-frio intermitente, e o ar cada vez mais seco de São Paulo trouxeram-me de presente uma tosse insistente e grotesca que faz com que me sinta, à frente do computador, como um escritor tuberculoso do século XIX, gritando "spleen! spleen!" pela casa, buscando inspiração não para um conto gótico [desses já escrevi suficientes na adolescência], mas para o quê cozinhar.

Quando vieram amigos em casa, há dois dias atrás, não tive presença de espírito para cozinhar todo um jantar, atendo-me à breve e repentina inspiração surgida assim que eles puseram os pés na minha sala: brownies. Não há jantar, mas ao menos sobremesa, ah, isso é preciso haver. E não há nada mais simples, rápido e satisfatório que brownies, uma vez que a manteiga e os ovos podem sair direto da geladeira, todos os ingredientes estão sempre na despensa do cozinheiro mais relapso, e eles ficam prontos em não mais que trinta minutos. Enquanto o cachorro distrai as visitas (distribuindo amor e saliva), a mistura é feita e levada ao forno, e a única pista que denuncia a sobremesa de última hora é o delicioso e penetrante perfume de chocolate se espalhando pela casa.

Como sempre faço, contrariando o que aconselho por aí, deixei guardados meus brownies-assinatura e resolvi testar uma receita nova, que me apeteceu por ser tão pequena, suficiente para seis pessoas já bem alimentadas por pizza, e sem o risco de restarem no balcão da cozinha no dia seguinte, tentadores, engordantes, olhando fixa e maliciosamente para mim.

Cansada e tossindo meus pulmões fora (o que parecia fazer aumentar a pressão interna em meu cérebro), acabei indo dormir mais cedo e deixando que os marmanjos continuassem batendo papo até tarde da noite.

Acordei na manhã seguinte para encontrar um único e solitário brownie sobre o prato de servir abandonado na mesa da sala. Ignorando completamente a garganta arranhada e os espirros ocasionais indicando a gripe a caminho, achei que aquele pequeno e denso pedaço pontilhado de lascas derretidas de chocolate amargo seria o companheiro ideal para uma de minhas Moby Dicks recém conquistadas, sobre a qual ainda não escrevera aqui: sorvete de pistache.

Quem freqüenta essas bandas conhece minha fixação por sorvete de pistache, e foi apenas no começo da semana que tive coragem de comprar uma bandejinha inteira deles para testar o sorvete. Claro, isso foi antes de ser possuída por esse alien verde dentro de mim que me faz contorcer e emitir sons guturais de hora em hora. [Coff! Coff! Corrrghfff... Argh... Licença...]

Aaaaaaah... sorvete de pistache... Você bem vale uma dor de garganta agravada... Os brownies? Bons, mas ainda prefiro os meus de sempre. Mas o sorvete... Saí tossindo pela casa, descabelada e desconjuntada, mas completamente inebriada por minha própria fada verde, que nada tem de alucinógena, bastando que seja verde-pálida, de pistaches de verdade, e que me deixe feliz.


SORVETE DE PISTACHES
(adaptado do livro The Ultimate Frozen Dessert Book) Tempo de preparo: 1 hora + 4 horas de geladeira + 20 minutos de sorveteira
Rendimento: 1 litro


Ingredientes:
  • 1 1/2 xíc. de pistaches crus, sem casca e sem sal
  • 3 3/4 xíc. de leite integral
  • 4 gemas de ovos orgânicos
  • 3/4 xíc. + 2 colh. (sopa) de açúcar cristal orgânico
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 1/2 colh. (chá) de sal
Preparo:
  1. Coloque o leite e os pistaches em uma panela e leve à fervura, reduzindo o fogo para mínimo e deixando ferver por 3 minutos, mexendo com uma colher de pau para que a espuma não suba. Desligue o fogo, cubra e deixe em infusão por 15 minutos.
  2. Bata a mistura no liqüidificador (com cuidado, pois misturas quentes tendem a "explodir" no liqüidificador) até que fique homogêneo. Forre uma peneira fina e grande com um pano para queijo e coloque-a sobre uma tigela grande. Despeje a mistura no pano e deixe que ela escorra por uns 10 minutos. Junte as pontas do pano e esprema a massa verde restante, para retirar todo o líquido, totalizando cerca de 2 1/2 xíc. de leite de pistache.
  3. Bata as gemas e o açúcar em uma tigela separada, até que fiquem homogêneas e amarelo-pálido. Reserve.
  4. Coloque o leite aromatizado numa panela e volte a aquecê-lo, até quase começar a ferver. Desligue e despeje cerca de 1/4 do leite sobre as gemas, misturando bem até que fique homogêneo. Misture o resto do leite devagar, e então retorne tudo à panela.
  5. Aqueça a mistura sob fogo baixo, mexendo sempre com uma colher de pau, até que ela engrosse e, ao passar o dedo nas costas da colher, o rastro de creme fique firme, sem escorrer imediatamente. Não deixe o creme ferver.
  6. Passe o creme pronto por uma peneira em uma tigela, junte a baunilha e o sal, misture e leve à geladeira semi-tampado por 4 horas ou durante a noite.
  7. Prepare o sorvete na sorveteira e leve ao freezer por mais umas 4 horas para atingir a consistência perfeita.
BROWNIES
(quase nada adaptado do livro The Ghirardelli Chocolate Book)
Tempo de preparo: 30 minutos
Rendimento: 16 brownies pequenos ou 8 de bom tamanho


Ingredientes:
  • 160g de chocolate amargo Callebaut (54% de cacau)
  • 120g de manteiga sem sal
  • 1 xíc. de açúcar mascavo orgânico (apertado na xíc.)
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 2 ovos grandes orgânicos
  • 3/4 xíc. + 2 colh. (sopa) de farinha de trigo
  • 1/4 colh. (chá) de fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) de sal
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e enfarinhe uma forma quadrada de 20cm (na falta de uma, usei uma travessa refratária de 15x25cm, o que não alterou o resultado, mas alterou o tamanho dos brownies cortados).
  2. Pique o chocolate, reservando 50g para usar no final. Derreta o restante dele com a manteiga, em banho-maria, mexendo de vez em quando até ficar homogêno. Remova do vapor e deixe que esfrie um pouco.
  3. Enquanto isso, peneire em uma tigela a farinha, o sal e o fermento. Reserve.
  4. Junte o açúcar e a baunilha à mistura de chocolate e mexa bem, até que todo o açúcar esteja dissolvido. Adicione os ovos e misture bem
  5. Junte a farinha peneirada aos poucos, em quatro vezes, misturando bem a cada adição. Incorpore agora o chocolate picado reservado e despeje a mistura na forma. Leve ao forno por 25 minutos, ou até que um palito inserido na massa saia praticamente limpo. Remova do forno e deixe esfriar por 10 minutos antes de cortar em quadrados de 5cm.

quinta-feira, 17 de abril de 2008

Sorvete de abacate para aliviar as tensões


























Foi só pensar em fazer sorvete de novo e pumba! Frio. Chuva. Mau humor. Falta de vontade. Cansaço. E o abacate ali, coitado, implorando para ser usado antes de tornar-se irremediavelmente imprestável.

Inspira, expira.

Que mal há? Quanto trabalho pode dar um sorvete de abacate? É a coisa mais fácil a se fazer com a fruta depois de guacamole. Mas guacamole nunca vem sozinha: ela exige tortillas, frijoles refritos, salsa, toda a cambada. Sorvete, então. Ok.

Abro o livro. Porque sempre recorro aos livros antes de tudo, mesmo antes de inventar alguma lambança, pois mesmo lambança deve ter técnica — bom, pelo menos a minha lambança. A receita do livro não apresenta nenhuma novidade, a não ser pelo creme azedo.

Suspiro.

Quero mesmo sair para comprar creme azedo? Quero mesmo esperar meia hora para o creme de leite fresco azedar?

Neh.

Pego o abacate. Abacatão, gigante, pesado, molenga de tão maduro. Apanho mais uma vez — cheia de esperança — minha falecida balança de cozinha, tendo fé de que ela milagrosamente voltaria a funcionar, como da última vez.

Neh.

Fico feito uma tonta na cozinha, de pé, um abacate numa mão e um saco de açúcar na outra, tentando deduzir o peso do bendito; tudo porque a receita pedia uma quantidade em gramas.

Desisto. Fecho o livro e faço o que me dá na telha. Vai o acabate inteiro para o liqüidificador. Que mané sour cream, o quê! Vai tudo creme de leite fresco mesmo e amém! E leite, porque não quero meu sorvete com gosto de gordura de creme! Açúcar orgânico, sal e um limãozinho, porque ninguém vai comer um sorvete de abacate marrom-oxidado. Bate tudo, coloca na sorveteira, da sorveteira para o freezer e tchananans: sorvete de abacate estressante para desestressar.

O danado ficou booooom...

SORVETE DE ABACATE
(livremente adaptado do livro The Perfect Scoop)
Tempo de preparo: 20 minutos Rendimento: 1 litro


Ingredientes:
  • 1 abacate grande, daqueles compridos, gigantes (há! Ana Elisa sem balança dá receita assim, ó!)
  • 1 xíc. de creme de leite fresco
  • 1 xíc. de leite integral
  • 3/4 xíc. de açúcar cristal orgânico
  • suco de 1/2 limão
  • 1/4 de colh. (chá) de sal
Preparo:
Retire a polpa do abacate e bata-a com o restante dos ingredientes num liqüidificador até ficar uniforme. Se o dia estiver muito quente, leve o creme à geladeira por algumas horas. Senão, coloque direto na sorveteira e siga as instruções do fabricante.

terça-feira, 11 de março de 2008

As coisas mais simples são as mais gostosas: sorvete de banana e chocolate

Foi um erro tático. Quando deixei que Allex escolhesse o pão de banana com açaí, havia esquecido que as bananas da cesta orgânica já estavam mais para lá do para cá. Meu plano de fazer um apetitoso bolo de bananas de Nigella para o café da manhã fora por água abaixo.

Sorvete de bananas não era exatamente o que eu queria, mas com certeza era uma boa solução para não desperdiçar as frutas e usar o que havia na despensa, sem necessidade de correr ao mercado.

Sou obrigada a dizer que o resultado foi tão bom, que a colherada da foto é já da metade do pote. Usei mais ou menos uma receita de Lebovitz como base, mas a verdade é que esse sorvete nada mais é do que uma vitamina de banana com leite batida no liqüidificador e levada à sorveteira. Juro: bananas, leite integral, açúcar, baunilha para perfumar, limão para evitar que escureça. Só. Como o leite já estava gelado, foi do liqüidificador direto para a sorveteira, e da sorveteira, direto para um pote cheio de chocolate amargo picado.

Sobraram ainda três bananas, mas acho que elas terão o mesmo destino. Não deixo receita pois foi tudo no olho, mas repito: qualquer um que saiba fazer uma vitamina de banana faz esse sorvete.

terça-feira, 4 de março de 2008

Chocolate Caramel Cookie Vanilla IceCream: um nome comprido para sorvete de sobras


Neste domingo participei da prova da Batavo, na USP. Como andara muito displicente nos últimos meses, achei melhor não me arriscar na prova de 12km, e ficar só com a de 5km. Sábia decisão, pois estava um calor dos infernos, e eu terminei meu dia toda desmilingüida no sofá, como se tivesse corrido a maratona.

Como o clube fornecera um ônibus à equipe, porém, achei que seria gostoso levar um quitute para o pessoal beliscar após a corrida, e passei cerca de 4 horas do meu sábado preparando esses biscoitos de chocolate recheados de caramelo. A receita é de uma revista Food & Wine, e a foto por si só já era motivo para que eu tentasse preparar os cookies. No entanto, como nada na vida é fácil, tive algumas pedras (verdadeiras avalanches) no meio do caminho.

Comecemos pelos ingredientes: estou eu sossegada a separar farinha, cacau e afins, quando me deparo com o item "1 stick of butter". Oooook. É muito tentador acreditar que há padrões industriais no mundo todo, mas a verdade é: qual era a chance de uma barra de manteiga americana ser exatamente 200g, ainda por cima com o sistema maluco de medidas que eles têm por lá?! Google nele. Pesquisa, pesquisa, e descobre que 1 barra de manteiga americana tem 125g, arredondados.

Resolvido o primeiro entrave, consegui navegar pro águas tranqüilas durante a confecção dos biscoitos. A massa é fácil de fazer, ainda mais na batedeira, e quando foi para a geladeira, senti uma imensa e confortável sensação de "tudo vai dar certo".

Tirei-a da geladeira para abri-la e cortá-la. Para minha surpresa, já que nada disso era dito na revista, a massa era muito mole, mesmo depois de 45 minutos de resfriamento, e retirar as rodelas cortadas do filme-plástico sem rasgá-las ou deformá-las era trabalho para um neurocirurgião. Um "biscoitero" de primeira viagem enlouqueceria e mataria a família toda com o rolo de macarrão. Mas eu sou zen, ou ao menos era o que continuava repetindo para mim mesma, como em um mantra, e consegui colocar na assadeira todos os biscoitos intactos.

No forno foi tudo muito bem, e 20 minutos depois, eles haviam inflado e se espalhado ligeiramente, ficando um pouco maiores ainda do que eu gostaria. A revista pedia um cortador de 4cm, mas o meu era de 5.

Hora do caramelo. Todas as vezes em que preparei caramelo, aquecia o açúcar e a água até que dourasse, e só então, fora do fogo, acrescentava creme de leite e manteiga. A receita, no entanto, dizia para colocar tudo na panela, leite e creme inclusos, e apenas a manteiga seria misturada no fim do processo. Alguém sabe me dizer o que acontece quando leite ferve? Alguém? Levante a mão! Você, no fundão. É, ele sobe. Ele sobe e se esparrama no fogão, razão pela qual você nunca deve desgrudar os olhos de uma panela com leite fervendo. Sabe o que acontece quando você faz caramelo com leite? A mesma coisa. Foi virar as costas para pegar a manteiga, e a panela explodiu como um vulcão açucarado, derramando caramelo pegajoso a 120ºC por todo o meu fogão.

Ninguém avisa isso na receita.

Respirei fundo, fiz uma força descomunal para ignorar a lambança, passei o caramelo para uma panela maior e continuei, controlando o fogo, até que ele atingisse a temperatura certa. Derramei-o na assadeira com filme plástico e deixei-o ali, por 40 minutos, como indicado. Ele desenformou maravilhosamente sobre minha tábua, e achei que tudo se resolveria uma vez que eu comesse meu primeiro biscoito recheado. Mas foi tentar cortar o caramelo para me dar conta de que o dia estava muito quente e o recheio não firmara o suficiente. Deixei mais uma hora na geladeira, até conseguir com que o caramelo cortado mantivesse sua forma, mas, cinco minutos após terminar de rechear o último biscoito, vi que os primeiros começavam a derreter, espalhando caramelo para todos os lados.

Levei-os à geladeira, mas não adiantou muita coisa. Foi tirar os benditos por 5 minutos para fotografá-los e pronto, tudo começou a escorrer novamente. Imaginei a meleca que seria levá-los num pote e deixá-los num ônibus debaixo de sol durante mais de 1 hora, e, infelizmente, tive de desistir de dá-los ao pessoal da corrida. O pior: achei-os enjoativos. Allex gostou, mas eu não conseguia comer mais da metade de um deles sem precisar de muita água. Esperava um caramelo um pouco mais sofisticado e menos promessa de diabetes.

Foi então que percebi que tinha cerca de 30 cookies do tamanho de minha mão e não sabia o que diabos fazer com eles. Não tive dúvidas: cortei os biscoitos em pedaços, preparei um sorvete de baunilha e misturei a ele os cookies, criando meu próprio Chocolate Caramel Cookie Vanilla IceCream, que, desculpem-me pela ausência de modéstia, ficou sensacional. Pelo bom tempo que fiz na corrida e pela trabalheira que esses cookies me deram, era o mínimo que eu merecia... Não pode haver melhor uso para sobras de biscoito do que esse, e eu recomendo. A receita dos cookies está AQUI.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

Nóis toma sol na laje: sorvete de ameixas e a fonte do mofo


Com um dia bonito de sol, sem perspectiva de chuva, tiramos o cãozinho e o levamos... para a laje. Não sei se é o vento, o sol, o fato de estar no alto; de qualquer forma, ele parece adorar a laje, e brinca mais ali do que quando o levamos ao parque. Muito prático, já que está a apenas um lance de escada de distância, e não temos de pegar carro de mãe emprestado nem pagar zona azul.

Foi numa dessas que descobrimos o motivo do mofo no nosso armário. Um furinho, coisa pequena, de nada... Só dá para passar um punho inteiro pelo buraco gigante na laje, que fica, por acaso, exatamente sobre a parede do meu quarto onde fica o armário embutido. É mole?

Corre para lá, corre para cá, o cão cansa, e, voltando para o apartamento, feliz e contente, desaba debaixo da mesa, seu lugar favorito para sonecas vespertinas. Enquanto ele dorme e Allex se deixa hipnotizar pelo video-game, resolvo fazer um sorvete de ameixas.

O pacotinho de ameixas da minha despensa era ainda da cesta de Natal de Allex, e eu nunca as teria comprado, pois vinham com caroço. Mas a madame-nada-de-desperdício resolveu descaroçá-las e colocá-las em uso, acreditando que seria uma tarefa fácil.

Para quê? Foi um verdadeiro "ameixacídio", uma carnificina escalafobética, e estou até agora com dorzinhas nas pontas dos dedos por causa de pedaços de ameixa que se enfiaram embaixo das unhas. Faça um favor a você mesmo: deixe o trabalho sujo para outra pessoa e compre ameixas sem caroço.

Havia duas receitas distintas para sorvete de ameixas, mas nenhuma era a que eu queria. Veja bem: no que se refere a sorvetes, nunca fui uma criança muito ortodoxa. Deixe morangos e chocolates para crianças menos aventureiras. Meus verdadeiros amores sempre foram sorvetes de gente grande: pistache, nozes, gianduia, ameixas, entre outros que normalmente fazem Allex torcer o nariz. A primeira receita, do Ultimate Frozen Desserts, usava a base de gelato italiano, com muitas gemas e pouco creme de leite. Mas só havia três ovos na minha geladeira, e eu os estava reservando para outra coisa. A segunda receita, do Perfect Scoop, e levava uma quantidade considerável de Armagnac e creme azedo, nenhum dos dois presentes na despensa. Mesmo porque eu não queria sorvete de ameixas com Armagnac; queria só sorvete de ameixas.

Decidi botar a cachola para funcionar e fazer uma mistureba muito bem feita das duas receitas, e a versão final ficou nem a cara de uma, nem a fuça de outra: acho que é filha do padeiro. Ficou, no entanto, inegavelmente sensacional, com um sabor muito mais rico e interessante do que eu esperava. E acredito que possa ser livremente adaptada para outras frutas secas melequentas, o que me faz olhar com outros olhos para aqueles cajus secos da despensa. Se você for fã de ameixas secas, esse é seu sorvete.

SORVETE DE AMEIXAS SECAS
Rendimento: 1 litro
Tempo de preparo: 30min. + 1 hora para esfriar


Ingredientes:
  • 200g de ameixas secas sem caroço
  • 1 xíc. de creme de leite fresco
  • 1 1/2 xíc. + 2 colh. (sopa) de leite integral
  • 1/2 xíc. de açúcar orgânico claro
  • 1/2 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 1/2 colh. (chá) de rum escuro
  • 1/4 colh. (chá) de sal
Preparo:
  1. Coloque as ameixas, o açúcar, o leite e o creme de leite numa panela e leve ao fogo baixo, até que surjam pequenas bolhas nas laterais. Não deixe que ferva. Desligue o fogo, tampe e deixe descansar por 10 minutos.
  2. Bata o creme com o resto dos ingredientes num liqüidificador até misturar bem, mas deixe ainda alguns pedacinhos de ameixa. Leve à geladeira por 1 hora ou até que esteja bem frio. Coloque na sorveteira e prepare o sorvete segundo as instruções do fabricante.

segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

Sorvete de Pitanga

Adoro pitangas. Mas não tenho uma pitangueira em casa [*suspiro*] nem qualquer espécie de fonte de pitangas frescas em qualquer lugar a não ser uma arvorezinha mirrada perto do clube que costuma ser assaltada por pássaros e mendigos antes que eu possa chegar perto dela. Por isso, quando tive vontade de preparar o sorvete, precisei apelar para o suco concentrado.

Comecei pela mesma fórmula do sorvete de caju (que é bastante doce), mas o gosto do leite condensado sobressaía demais. Mais um pouco do suco azedinho. Neh... ainda não. No fim das contas, acabei usando o vidro todo de suco, até que o sorvete ficasse doce mas com o sabor pronunciado das pitangas e um refrescante azedinho no final. Não sei nem se é preciso uma sorveteira para fazê-lo, pois minha avó costumava fazer sorvete de limão da mesma forma, apenas batendo tudo no liqüidificador e levando ao congelador.

SORVETE DE PITANGA
Tempo de preparo: 5 minutos (mais o tempo para gelar)
Rendimento: 1,5l


Ingredientes:
  • 1 lata de leite condensado
  • 1 xíc. de leite integral
  • 2 1/4 xíc. de suco concentrado de pitanga (sem açúcar)

Preparo:
  1. Bata tudo no liqüidificador e leve à sorveteira, seguindo as instruções do fabricante. Difícil, não?
Falando em sorvete, ontem fui à Vipiteno tomar o famosíssimo sorvete de pistache. De fato, excelente. Mas os outros sabores que experimentei não me animam a sair de casa e ir até o Itaim só para tomar sorvete. Fico por aqui mesmo, com os caseiros e, ocasionalmente, um bom Häagen-Dazs. Fora que achei muito pouco esperto da parte deles não ter um banquinho do lado de fora. Estava com o cão e o Allex teve de entrar sozinho para pegar o sorvete, que tivemos de tomar de pé, no meio da rua.

domingo, 13 de janeiro de 2008

Fettuccine reconfortante para marido gripado em tarde de chuva

Para quem costuma publicar dois ou três posts por dia, eu até que dei uma desaparecida durante este fim de semana. É difícil cozinhar algo que valha a pena ser comentado quando se tem um marido febril, de cama, e uma tonelada de trabalho a ser feito. Ah, sim, pois não é porque sou freelancer que escapo dos ocasionais engarrafamentos de trabalho. O cliente enrola, enrola, enrola, e resolve que quer tudo finalizado em uma semana, quando o cronograma havia previsto um mês. Normal. Acontece. Mas quando acontece, é fogo. Já vou avisando, então, que esta semana será bastante atípica no La Cucinetta. Não sei se conseguirei cozinhar alguma coisa que preste e, se o fizer, se terei tempo de fotografar e escrever a respeito. Há quem acredite que vida de ilustrador é sossegada, pois "é só desenhar" o dia todo. Estou, no entanto, com um pepino colossal nas mãos, e tenho dois trabalhos de ilustração finalizando essa semana, ao mesmo tempo, ambos igualmente importantes, e um deles envolve a ilustração, digitalização e pintura de cerca de 200 peças. Só não comecei a arrancar os cabelos ainda porque sei que vai dar tempo. Tem que dar tempo. Preciso acreditar nisso.

Pensando na semana corridíssima, e lembrando-me de que talvez tenhamos convidados para jantar em casa no meio da semana, adiantei-me preparando o sorvete de creme, para servir com os ********* (segredo!) do próxima "Vítimas Culinárias". Desta vez, no entanto, usei a receita do The Ultimate Frozen Desserts Book, que foca em gelati, com muito mais gemas e uma proporção maior de leite em relação ao creme de leite. Concluí que esse livro é fabuloso (apesar de feinho e repetitivo) para sorvetes desse tipo, como chocolate, nozes, caramelo e afins. Ele peca nos sorvetes de fruta, usando muitas frutas em lata e (sabe-se deus lá como) em pasta. Enquanto isso, o The Perfect Scoop tem sido uma maravilhosa fonte de sorvetes de frutas frescas, mas peca um pouco nos mais leitosos, por excesso de creme de leite. O seu de baunilha tem um retrogosto muito carregado de gordura de creme de leite, o que não me agradou muito. Enquanto a receita do David produz um sorvete muito amarelo-pálido, quase cru, a de Bruce e Mark produz um creme amarelo forte como gemada bem batida. Ainda quero testar um dia a receita mais simples de todas que já encontrei para sorvete de creme, ou base de gelati, no Culinária Itália: gemas, leite integral e açúcar.

Como abrira o creme de leite fresco e usara quase nada de seu conteúdo para o gelato, achei que seria bom preparar o almoço com o que restara dele, para que não estragasse. Porque havia brócolis japonês orgânico na geladeira, adaptei uma receita de Jamie Oliver, do livro Jamie at Home. Usei o creme de leite fresco no lugar do crème fraîche, tomilho no lugar de manjerona, brócolis japonês ao invés do comum, parmesão ao invés de fontina, e um ovo inteiro ao invés de apenas gemas. Para um pouco da acidez que o crème fraîche conferiria ao prato, usei vinagre de Champagne, mais suave. O prato ficou deliciosamente reconfortante, com sabores bastante suaves e bem amalgamados, e pretendo repeti-lo outras vezes mais.

FETTUCCINE AO MOLHO DE BRÓCOLIS E CREME DE LEITE
(Adaptado do livro Jamie at Home)
Tempo de preparo: 30 minutos
Rendimento: 2 porções


Ingredientes:
  • 200g de fettuccine de ovos
  • 2 xíc. de ramos de brócolis e talos cortados finos
  • 125ml de creme de leite fresco
  • 2 xíc. de parmesão ralado grosso
  • 1 colh. (chá) de vinagre de champagne
  • folhas de 2-3 ramos de tomilho fresco
  • 1 ovo orgânico
  • 1 colh. (sopa) de manteiga sem sal
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
Preparo:
  1. Leve 2-3 litros de água a ferver. Salgue bem e cozinhe o macarrão, os ramos inteiros de brócolis e os talos cortados bem finos.
  2. Enquanto isso, misture o creme de leite, o queijo, o vinagre, sal e pimenta e leve ao fogo baixo até derreter o queijo. Não deixe ferver. Tempere com sal e pimenta moída na hora.
  3. Escorra o fettuccine e o brócolis, e junte-o ao molho, mexendo bem. Junte a manteiga, o tomilho e o ovo batido e misture com dois garfos, rapidamente. Sirva imediatamente, com parmesão à parte.

domingo, 16 de dezembro de 2007

Bad Food X Good Food

Não comprávamos sorvetes industrializados desde meu aniversário, quando ganhei minha amada sorveteira. Hoje, no entanto, Allex sentiu uma compulsão por sorvete de creme e deparou-se apenas com sorvete de nozes no freezer, para seu desespero. Ainda que eu dissesse que prepararia o sorvete para ele, o rapaz foi enfático ao explicitar sua vontade imediatista e foi ao mercado comprar um pote de 2 litros do sorvete "X", marca popular famosa que por muito tempo foi consumida em minha casa (antes da significativa viagem à Itália que mudou para sempre meu conceito de sorvete).

Sou neurótica sim, pode me internar, dar remédio tarja preta. Eu leio rótulos compulsivamente. Não se pode deixar uma garrafinha de pimenta no balcão da padaria e lá estou eu, olhos espremidos, lendo as letrinhas miúdas do rótulo manchado.

Enquanto o marido preparava um milkshake, eu apanhei o papelão descartado da embalagem, assim como quem não quer nada, e alimentei minha obsessão. Antes que eu começasse a listar em voz alta os ingredientes esdrúxulos (hábito ruim, confesso), Allex prontamente pediu-me que parasse, para que não estragasse seu apetite. Respeitei sua vontade, mas me pus a pensar que, se eu listasse os ingredientes de um Häagen-Dazs, um sorvete caseiro, ou qualquer BOM sorvete, dificilmente qualquer ser humano perderia o apetite.

Para que você (é, VOCÊ, que diz que não consegue parar de comer porcaria) perca seu apetite e comece a fazer escolhas melhores, listo aqui o conteúdo de um sorvete de creme genuíno e de um sorvete de creme da marca X, em nada diferente da marca concorrente Y, ambas provavelmete residindo em seu refrigerador nesse momento.

SORVETE DE CREME DA MARCA X
Leite desnatado reconstituído, açúcar, xarope de glicose, gordura vegetal, manteiga, soro de leite, carbonato de cálcio, aromatizantes, corantes naturais urucum e cúrcuma, espessantes goma guar, goma jataí, carragena, estabilizantes mono glicerídeos de ácidos graxos, polisorbato 80.

SORVETE DE CREME COMO TODO SORVETE DE CREME DEVERIA SER
Leite integral, creme de leite fresco, gemas de ovos, açúcar, extrato natural de baunilha, sal.

Levante a mão quem notou pelo menos 8 itens completamente alienígenas na receita industrial. Mesmo que a gente dê um desconto e diga "Ah, mas o sorvete é Philadelphia-style, não é para ter ovos mesmo, por isso os corantes para deixar mais amarelinho...", a diferença é ainda mais brutal, pois apenas os ovos deveriam ser omitidos, mantendo a lista de ingredientes absolutamente igual: leite, creme de leite, açúcar, sal e baunilha. Ponto.

O melhor de tudo é a propaganda de todas as marcas, X, Y, Z e afins, sobre a qualidade dos ingredientes, o fato de ser natural, cheio de leite, vitaminas, etc e tal. É... muito mais leite. Zero sabor. Zero qualidade. Ver a cara de frustração do Allex com o sorvete X foi engraçado, pois eu apenas fiquei quieta e deixei que ele falasse, enquanto futucava o sorvete com a colher: "Isso não tem gosto de nada... Eles estragaram o sorvete da X. Até a textura piorou...".

Fiquei quieta, provei, e, de fato, o sorvete é puro açúcar. Nada nele lembra baunilha de verdade. E dá licença: MANTEIGA NO SORVETE???

Revolta total.

Cozinhe isso também!

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