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quarta-feira, 15 de maio de 2013

Muffin de mãe surtada

De repente você pára de dar conta. De repente faz três dias que não consegue trabalhar. De repente, há pêlos de cachorro para todos os lados. De repente, sua nenê que passava horas dormindo agora quer brincar de ficar sentadinha, exigindo sua atenção constante. De repente seu mais velho não quer cochilar à tarde e resolve correr enlouquecidamente pelo quintal, catando taturanas, exigindo também sua atenção constante. De repente você olha a geladeira cheia e simplesmente não consegue processar a matemática de combinações que pode gerar uma ideia para o almoço. De repente faz um mês que você não escreve no blog.

E você percebe não só tarefas se acumulando à sua volta, mas caraminholas se embaralhando na sua cabeça.

Surto.

E a criança tem que levar algo de lanche na escola, e não pode ser uma batata crua.

Fica feliz então de ter arrancado do freezer na noite anterior um muffin de quinua, avelã e banana, e deixado descongelar durante à noite. De manhã cedo ele está macio e fresquinho como se tivesse sido assado no dia, e é enfiado na lancheira junto com uma limonada feita às pressas e um potinho com cubinhos de queijo meia-cura.

Criança feliz e alimentada, mãe menos surtada.

Esses muffins foram uma agradável surpresa, pois sempre tive um enorme pé atrás com gluten-free-baking. Na verdade, quando recém-saídos do forno, os muffins são um pouco esfarelentos. Mas uma vez frios, sua textura melhora, e ficam mais densos e gostosos. Mas esses muffins de banana são muito saborosos e complexos, e aplacam a neura nutricionista de mães paranóicas quando seu filho resolve que não quer almoçar – dá um alívio pensar que ele está comendo quinua e trigo sarraceno no lanche. ;)

MUFFINS DE BANANA, AVELÃ, QUINUA E CHOCOLATE
(do livro La Tartine Gourmande, de Béatrice Peltre)
Rendimento: 12 muffins

Ingredientes:
  • 40g avelãs ou nozes
  • 2 ovos grandes, orgânicos
  • 1/2 xic. (100g) açúcar cristal orgânico
  • 8 colh. (sopa) (113g) manteiga sem sal, derretida
  • 1/4 xic. iogurte natural integral
  • 1/2 xic. (70g) farinha de trigo sarraceno
  • 1 xic. (120g) farinha de quinua
  • 1/2 xic. (60g) farinha de avelã (avelãs moídas no processador até virarem uma farinha grosseira)
  • 1 pitada de sal
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 3 bananas maduras, amassadas com um garfo
  • 90g chocolate amargo (70%) picado

Preparo:
  1. Toste as avelãs ou nozes numa frigideira em fogo médio até que liberem perfume e dourem ligeiramente. Se estiver usando avelãs, esfregue-as num pano de prato para liberar as cascas e pique-as. Se estiver usando as nozes, apenas pique-as. 
  2. Pré-aqueça o forno a 180ºC e forre uma forma de muffins com forminhas de papel. 
  3. Na batedeira, bata os ovos e o açúcar até que fique claro e fofo. Junte a manteiga derretida e o iogurte e bata até que fique homogêneo.
  4. Numa tigela, misture as farinhas, o sal, fermento e bicarbonato. Junte à mistura de ovos e misture apenas até que não se veja mais farinha. Junte as bananas, avelãs (ou nozes) e chocolate e misture delicadamente.
  5. Distribua nas forminhas e leve ao forno por 25-30 minutos ou até que uma faca inserida no meio de um deles saia QUASE seca. Remova do forno e deixe que esfriem por alguns minutos antes de desenformar e deixar que esfriem completamente. Depois de frios, podem ser embalados num saco plástico e congelados. Para descongelá-los, asse-os no forno a 150ºC por alguns minutos ou tire do freezer para descongelar dentro de um pote durante a noite.

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Pãozinho com centeio, chocolate e ameixas e saudades de sentar e ler revista

Comecei a ler revistas de culinária na época da faculdade, quando meu interesse por cozinha de fato explodiu. Comprava a Gula e a Cláudia Cozinha, e ficava recortando minhas receitas favoritas e colando num caderno . Mas a Gula fazia vinaigrettes com 25 ingredientes e a Cláudia Cozinha parecia resultar em sobremesas sempre com gosto de amido e pratos salgados que careciam de um algo mais. Acabei trocando tudo pela Gourmet, americana, da qual eu cozinhava de fio a pavio, e tudo era simples, e prático, mas ainda assim com um sabor sofisticado, e casava muito bem com o tipo de comida que eu gostava de preparar todo dia.

Aí mataram a Gourmet e eu fiquei órfã.

Aí me apresentaram a Donna Hay e eu descobri a revista do Jamie Oliver. As duas lindas. A primeira, com o benefício de estar no mesmo hemisfério que eu, e, portanto, ter uma sazonalidade de frutas e verduras semelhante. Bem melhor que ter de esperar meses pra fazer na Páscoa aquela receita de edição especial de Natal. :P

Mas logo percebi que, apesar de linda, eu quase nunca cozinhava nada da revista do Jamie Oliver. Parecia que eu nunca tinha todos os ingredientes, ou a receita não me apetecia como um todo. Talvez seja mais feita para o público britânico do que os livros ou os programas de tv. E a Donna Hay, apesar de linda, é muito superficial: só fotos e receitas, quando eu adoro, na verdade, ler as reportagens que deveriam acompanhar a escolha daquele prato específico. Saudades da Gourmet. E, no fim, a revista é centrada demais em pratos com carne, e eu acabava cozinhando muito pouco dela.

Então que um dia notei na banca que havia mais revistas brasileiras de culinária. Ainda tentei a Gula novamente, mas de fato não é para o meu gosto. Muito cheia de frufru. Ando mesmo é gostando um bocado da Menu, que tem bons textos, e da Casa e Comida, da qual tenho cozinhado um bocado. Parece que as editoras brasileiras acertaram a mão, enfim, entre um conteúdo que case bem ingredientes nacionais com importados, e traga receitas mais interessantes, mais complexas.

Gostei.

Trocando as importadas pelas nacionais. :)

Eu não tenho mais aquele tempo lindo para sentar no sofá e ler revistas. Folheio um pouco por vez (assim como leio livros) enquanto amamento. (Digito esse texto com a mão esquerda, enquanto a pequena amazona se pendura ao peito.) O breve espaço de tempo que tenho pela manhã tenho usado para trabalhar. Considero-me em regime de semi-licença-maternidade. Não estou ativamente correndo atrás de trabalho, mas estou pegando quando aparece. Enquanto isso, a minha loja continua funcionando, inclusive vendendo algumas pinturas originais, a quem interessar. :)

À tarde é de fato mais fácil fazer pão com a pimpolhada do que pintar. Daí que tenho conseguido botar minha padaria em dia. Esse pãozinho saído da Casa e Comida ficou uma delícia, ainda que tenha precisado acrescentar mais água do que pede a receita. Adorei o fato de levar um pouquinho de centeio, que eu adoro, e a mistura de chocolate e ameixas secas. Ele fica particularmente bom quentinho e com requeijão. :)

Obs: fiz metade da receita, pois a original rendia 50 pãezinhos, coisa que não cabe nem no meu freezer. Aliás, os pães congelam bem. Para comer de manhã cedo, basta tirar do freezer e deixar na bancada (ainda embalado em filme plástico ou dentro de um pote) durante a noite. Ah, só achei meio bizarro isso de metade da receita ser em volume, outra em peso, mas beleza. ¬_¬

PÃO DE CHOCOLATE E AMEIXA COM CENTEIO
(ligeiramente adaptado de receita de Julice Vaz, revista Casa e Comida)
Tempo de preparo: 2h30
Rendimento: 16-24 pãezinhos, dependendo do tamanho

Ingredientes:
  • 750g farinha de trigo orgânica ou para pães
  • 1/4 xic. farinha de centeio
  • 1/2 colh. (chá) rasa de sal
  • 3/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 8g fermento ativo seco instantâneo
  • 1 ovo grande, orgânico
  • 50g manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 250ml de água morna (acrescente mais, de colher em colher, se a massa estiver muito seca)
  • 1/2 xic. ameixa seca sem caroço picada
  • 1/2 xic. chocolate meio amargo picado

Preparo:
  1. Polvilhe o fermento sobre a água morna e espere que espume um pouco, cerca de 5-10 minutos.
  2. Numa tigela grande, misture as farinhas, o sal, o açúcar e a manteiga. Junte o ovo e o fermento e misture bem, sovando na bancada por uns 10 minutos até que a massa fique homogênea. A massa deve ficar macia e lisa, sem grudar nas mãos, mas não excessivamente seca, ou pode ficar pesada depois de assada. 
  3. Junte a ameixa e o chocolate e sove novamente, até que os ingredientes estejam bem espalhados na massa. Forme uma bola, coloque de novo na tigela, cubra com um pano e deixe fermentar por cerca de 1 hora.
  4. Retire a massa da tigela e divida a massa em porções iguais. A receita original sugeria cerca de 25 bolinhas, mas por preguiça, dividi em apenas 16. Distribua as bolinhas em duas assadeiras. Cubra com um pano e deixe que fermentem por mais 1 hora. 
  5. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Faça cortes em cruz sobre os pãezinhos com uma faca afiada. Asse uma leva de pães por vez, por cerca de 20 minutos, ou até que estejam dourados e assados. Deixe esfriarem sobre uma grade e só congele os pães depois de completamente frios.

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Panettone e arrego


Chegando à reta final do barrigão gigante. Duas? Três? Quatro semanas? Ninguém sabe, pois ao que tudo indica minha pequena justiceira é apressadinha, além de hiperativa (puxou a mãe?). Apesar de, graças aos deuses, não ter inchado ou engordado como no fim da primeira gravidez (benzadeus pela filha ogra, que sugou toda a gordura que pus pra dentro), a pança anda pesando um bocado, uma mão saindo pelo umbigo, outra empurrando minha bexiga, um pé no externo e outro nos meus pulmões. Não tenho fôlego mais para coisa nenhuma, e meu marido frequentemente olha para mim com ares de piedade, ao me ver ofegante e suspirante durante o simples ato de abaixar para catar um brinquedo do chão.

É isso. ARREGUEI.
Olha o tamanho da melancia.
E o cabelo bicolor-água-de-salsicha, que não vejo a hora de pintar de castanho de novo.
(Grávida com cara de psicopata, segundo meu marido.)
Por isso, nesse Natal, "delarguei" a ceia. Zero condições de ficar três dias com umbigo no fogão como fiz nos outros anos. Disponibilizei casa e bebida, e comida foi toda trazida pela mãe e pela sogra. E foi uma delícia.

No entanto, agora o tempo chuvoso trouxe temperaturas mais amenas, eu oficialmente entrei em "pré-licença maternidade" [não vou pegar nenhuma encomenda de trabalho, mas continuarei vendendo o que estiver disponível na LOJA] e a pressão da data-limite 25 de dezembro passou. O que restou agora foi a vontade de produzir todos os quitutes que ignorei em dezembro. E se o supermercado pode vender panettone em setembro, por que não posso prepará-lo depois do Natal? (E torrone em janeiro? E panforte em julho? Quem se importa?)

Esse foi uma adaptaçãozinha de nada de uma receita da tia Martha Stewart, e, depois de experimentar essa textura de nuvem, decidi que é esse meu panettone oficial a partir de agora. Se você também não se importa em fazer panettone depois do Natal, faça esse.

Enquanto como minhas fatias (e divido com o pimpolho, fã de frutas secas como a mãe, e que descobriu o figo seco e o tem comido como se fosse chocolate), fico esperando a chegada da pequena ginasta de barriga, e fantasiando com minhas margaritas, meus vestidos de cintura marcada, minha soneca de bruços...

PANETTONE
(ligeiramente do ótimo livro Martha Stewart Baking Handbook)
Rendimento: 1 panettone

Ingredientes:
  • 1 xic. frutas secas (usei uma mistura de frutas cristalizadas, passas escuras e claras)
  • 80ml suco de laranja
  • 80ml  suco de limão siciliano
  • 40ml rum escuro
  • 1/8 colh. (chá) noz moscada ralada na hora
  • 40ml água morna
  • 2 1/4 colh. (chá) fermento biológico seco
  • pouco mais de 2 xícaras de farinha branca orgânica (295g)
  • 1/4 xic. leite integral morno
  • 1/3 xic. açúcar cristal orgânico
  • 2 ovos grandes, orgânicos, + 2 gemas pequenas (ou 1 bem grande)
  • 1/2 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 90g manteiga sem sal, gelada, cortada em cubinhos (e mais para pincelar)
  • 1/2 colh. (chá) sal cheia
  • 1/2 colh. (sopa) creme de leite fresco

Preparo:
  1. Misture as frutas, os sucos, o rum e a noz moscada, cubra e deixe macerar enquanto prepara o panettone.
  2. Numa tigela pequena, junte a água morna e metade do fermento e deixe descansar por 5 minutos até que espume. Junte 1/4 da farinha, misture e cubra com filme plástico, deixando que fermente e dobre de tamanho por 30 minutos.
  3. Coloque o leite morno numa tigela média e polvilhe o restante do fermento. Deixe descansar por 5 minutos até que espume. Enquanto isso, numa tigela média, bata os ovos, as gemas, o açúcar e a baunilha até que fique homogêneo. Junte a mistura de leite.
  4. Na tigela da batedeira planetária, bata a manteiga gelada, o sal e o restante da farinha, usando a pá, até que forme uma farofa grossa. (Alternativamente, faça isso com as pontas dos dedos numa tigela grande.)
  5. Com a batedeira em velocidade baixa, junte a mistura de ovos e bata em velocidade média até que fique uniforme. (Alternativamente, bata com uma colher de pau.)
  6. Junte a massinha de farinha e fermento e bata vigorosamente até que fique grudenta e elástica, e forme longos fios quando esticada, cerca de 9 minutos. Pode parecer que aquilo nunca vai virar massa, mas vai sim. 
  7. Escorra as frutas cristalizadas, descartando o líquido, e junte-as à massa, sovando para incorporar bem. Coloque a massa numa tigela grande, untada com manteiga, e cubra com filme plástico. Deixe fermentar por cerca de 2 horas.
  8. Unte generosamente uma forma de panettone de 16cm de diâmetro. Alternativamente, use a forma de papel, sem untar, ou faça como eu: use uma forma de bolo de 16cm, unte, e crie as paredes altas com camada dupla ou tripla de papel alumínio bem untado. Coloque a forma numa assadeira. 
  9. Coloque a massa numa superfície ligeiramente enfarinhada e sove um pouco. Forme uma bola e coloque dentro da forma. Cubra com um pano ou filme plástico e deixe fermentar por mais 45-60 minutos. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 205ºC, com a grade na posição mais baixa. 
  10. Pincele a superfície do panettone com creme de leite e, usando uma tesoura de cozinha, faça dois cortes no topo, fazendo um X. Asse por 15 minutos. Reduza a temperatura para 180ºC e continue assando, até que esteja dourado escuro e um palito inserido no meio saia limpo, cerca de 45 minutos. (Fique atento a qualquer cheiro de queimado, para que o fundo não queime. E se a parte de cima dourar rápido demais, cubra com papel alumínio soltinho.)
  11. Transfira a assadeira para uma grade e deixe esfriar por 15-20 minutos. Desenforme o panettone e deixe esfriar completamente. Dura 3 dias bem embrulhado em filme plástico.

sábado, 29 de setembro de 2012

Bolo de laranja e chocolate, para deixar as coisas mais leves (e nossas barrigas, mais pesadas)

Despois de desopilar o fígado no outro post, melhor um bolo para adoçar a vida, já que o leite não colabora para tanto.

Ando preparando muito menos doces desde que me mudei. Em parte porque meu apetite anda mais para frutas, em parte porque agora, sem ter para quem ficar distribuindo, é um perigo deixar um bolo inteiro desacompanhado na minha cozinha. Curtindo essa fase em que a futura pequena justiceira ítalo-germânica (falei que era menina?) anda me consumindo e me fazendo emagrecer, estou tentando não abusar daquilo de que minha cintura não precisa. E mais: o pequeno reorganizador de pedrinhas de vasos de jardim já sabe onde bolos, muffins e biscoitos jazem depois de prontos, e, uma vez encontrados, é tudo o que ele quer. Logo, menos bolos, muffins e biscoitos em casa é igual a um pimpolho de 1 ano e meio comendo fruta de lanche ao invés de brownie.

Mas fora um dia frustrante. O vento forte e gelado é constante desde que a chuva começou a ameaçar chegar. E por vento forte, refiro-me àqueles que derrubam regadores e samambaias, daqueles que esvoaçam o cabelo além de qualquer presilha, que zunem nos ouvidos e queimam a ponta do nariz. E, no meu caso específico ainda, transformam minha pele (particularmente minhas mãos) em couro curtido e rachado, seco e dolorido, não importa quanta água eu beba ou quanto creme ultra-forte gaste.

Já ouvi falar de ventos europeus que enlouquecem as pessoas numa estação. Este está me tirando do sério. Ele não pára. Nunca. Zunindo nas janelas, arrancando fora o capuz do Thomas, fazendo entrar poeira no olho, batendo portas violentamente e trazendo toda sorte de folhas e lixo para o quintal e através de qualquer porta que tenha ficado aberta.

Vento idiota.

E quando, junto dele, chove, o pequeno maratonista inquieto fica com formiga na cueca, e eventualmente começa a demonstrar com birra o tédio de estar trancado em casa olhando para a cara da mãe o dia todo. E o cão choraminga que quer sair. E eu, já um tanto barriguda, sentindo a futura pequena lançadora de olhares significativos me chutando loucamente, só queria sentar um pouco. Um pouquinho. Um minutinho. Mas Thomas não deixa. Gnocchi não deixa. E eu penso no trabalho atrasado a entregar, que terei de começar a fazer apenas às sete da noite, quando o pimpolho for dormir.

Cansaço. Frustração. Principalmente cansaço.

Bolo.

É interessante quando a gente percebe nosso padrão de funcionamento. Bolo é definitivamente minha cura número um para dias frustrantes. Bolo e goró, mas do segundo eu não posso. E ando com uma vontade louca de beber margaritas, o que só pode significar que minha filha terá tendências bagaceiras, uma vez que durante a gravidez do Thomas, minha vontade era de martinis, bem mais sofisticados.

Mas bolo. Bolo é o que interessa.

Queria um bolo de laranja. Bolinho simples. Queria que fosse fácil. Vontade nenhuma de amolecer manteiga ou usar a batedeira. Queria que usasse o iogurte viscoso da geladeira. Mas também queria algo mais. Que não fosse... simples demais. Algo que de fato aplacasse minha frustração do modo como apenas chocolate faz.

E, numa busca rápida pela internet, encontrei um bolo de limão e iogurte com mirtilos, no Smitten Kitchen, seguida de uma dezena de sugestões para variações. E dentre elas, lá estava: laranjas no lugar dos limões e gotas de chocolate no lugar dos mirtilos. Bingo!

O bolo foi facílimo de fazer. As laranjas, orgânicas, estavam perfumadas e suculentas, mesmo depois de semanas na geladeira. Usei meia xícara a menos de chocolate do que a medida de mirtilos, com medo de que afundassem na massa, e porque julguei que era já o bastante. O bolo já pronto e frio ficou com aroma e sabor tão intenso de laranja, que me lembrou algum bom licor. Macio e denso, com esse parco pontilhado de chocolate que foi mais do que o bastante para trazer algo de diferente ao bolo, um quê de bombom recheado de infância.

Delícia, delícia. Adoçando dias frustrantes. Devidamente escondido no fundo da bancada, para que Thomas coma seu mamão e deixe todo o bolo para as ancas da mamãe.

BOLO DE IOGURTE COM LARANJA E CHOCOLATE
(Receita original de Ina Garten, adaptada no Smitten Kitchen)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 1 bolo

Ingredientes:
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1 xic. iogurte integral caseiro
  • 1 xic. açúcar cristal orgânico
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • casca ralada de 2 laranjas orgânicas
  • 1/2 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 1/2 xic. óleo vegetal
  • 1 xic. gotas de chocolate amargo (usei 53%)
  • (calda)
  • 1 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 1/3 xic. suco das laranjas

Preparo:
  1. Unte uma forma de bolo inglês com manteiga. Forre o fundo com papel-manteiga, unte o papel e polvilhe farinha em toda a forma, batendo o excesso. Pré-aqueça o forno a 180ºC. A massa fica pronta muito rápido, então só comece a prepará-la quando o forno estiver na temperatura certa.
  2. Numa tigela, misture a farinha, o fermento e o sal.
  3. Em outra, misture bem o iogurte, o açúcar, os ovos, a casca de laranja, a baunilha e o óleo.
  4. Junte os ingredientes líquidos aos secos e misture com uma espátula até que fique homogêneo. Incorpore as gotas de chocolate.
  5. Espalhe a massa na forma e leve ao forno por 50 minutos, ou até que um palito inserido no centro saia limpo.
  6. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade, dentro da forma, por 10 minutos. Enquanto isso, junte o suco de laranja reservado e o açúcar restante numa panela pequena e aqueça até que o açúcar dissolva.
  7. Solte as laterais com uma faca e desenforme. Retire o papel da base. Faça furos com um palito na parte de cima do bolo. Regue com a calda (ou pincele, que é mais fácil), deixando que o bolo absorva bem toda ela. Deixe esfriar completamente sobre a grade antes de servir.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A melancia da mãe maluca, geleia, picles, suco, o que for

Minha mãe tem uma loucura bastante específica. No universo dela, não há comida na minha casa. Quando morávamos a 3 quarteirões de distância, ela não conseguia aparecer em casa de mãos vazias: trazia sempre alguma fruta, alguma torta, um sorvete favorito, um queijo que o Allex gosta. Mesmo estando cercados de padarias, quando me mudei para longínquos seis quarteirões de distância, ela era incapaz de vir tomar conta do Thomas sem trazer um saco de pão que poderia alimentar uma família de oito pessoas.

Imagine agora que estou em outra cidade.

Apesar de haver três supermercados ao lado do condomínio, uma padaria, e estarmos a dez minutos de carro de mais pelo menos três redes de hipermercados e atacados, ela acredita piamente que é difícil comprar comida aqui. De modo que, mesmo ela perguntando se eu queria algo, e eu atestando que não, que a geladeira estava abarrotada, a mulher trouxe comida.

Uma melancia inteira. Do tamanho da minha barriga quando estava de nove meses do Thomas.

E eu fiquei olhando para aquela mostruosidade, pensando no que fazer com aquilo, uma vez que não podia dividi-la com minha mãe, pois a metade não caberia na geladeira. Mas não podia deixá-la ali, também, fechada, perigando estragar.

Suco. Pronto. Vou fazer suco. Mas 1/4 da melancia encheu minhas duas jarras de suco fresquinho, e eu não sabia o que fazer com aqueles pedaços cortados, já sem casca, pois havia sequer tigelas o bastante para acomodá-las, quando mais espaço dentro da geladeira.

Fiquei olhando para as cascas e decidi que faria picles delas, senão de toda a casca, ao menos de uma parte. Para me redimir daqueles picles que eu havia feito e deixado estragar. Mas e a polpa? Havia tantas frutas já maduras na bancada, que eu não conseguia pensar em simplesmente comer toda aquela melancia.

Foi quando me lembrei de ter visto uma receita de geleia em algum lugar. E estava certa: no livro da Tessa Kiros, que eu adoro, Falling Cloudberries, havia uma receita de geleia de melancia com rosas que usava bem um quilo e pouco da fruta descascada, o que já me livraria de um bom bocado.

Mas não tinha pétalas de rosa. Bom, pensei, tudo bem, quando a geleia estiver pronta, acrescento umas gotinhas de água de rosas, e pronto. Confesso, no entanto, que me esqueci dela. A geleia estava pronta, gostosa, os vidros esterilizados, e foi só quando coloquei as tampas que me dei conta de que não havia colocado a tal da água. Bem, não fez falta.

A geleia é bem molinha, consistência e cor de geleias de pimenta, mas um sabor bastante peculiar. É doce, ligeiramente azedinha do limão, e vai bem no pãozinho com manteiga (e imagino que maravilhosamente com um queijinho de cabra ou um brie), apesar da sugestão do livro ser como molho de um pudim de buttermilk. O interessante é que se me dessem da geleia para provar, jamais diria que era de melancia. Por algum motivo há algo nela que me lembra tomates, e a textura dos pedaços me lembra ameixas firmes, mas é difícil identificar de bate-pronto de onde vem aquele sabor por trás do azedinho-doce. Recomendo, principalmente se você tiver uma melancia gigante ocupando espaço na sua cozinha. ;)

Quanto aos picles, me empolguei e fiz o dobro da receita. Da primeira vez que o fizera, tratava-se de uma conserva ao modo dos pepinos, como eu gosto, bem azedinhos e ácidos. Esta receita, no entanto, bem tradicional do sul dos Estados Unidos, produz picles bem adocicados, e vi americanos sugerindo mesmo comer com sorvete. Hmmm... não era bem o que eu esperava. Não se engane: ficaram ótimos. Mas realmente não era o que eu esperava. Agora tenho três vidros de picles de casca de melancia na geladeira e não sei muito bem o que fazer com eles.

O resto da melancia virou suco. Jarras e jarras e jarras. Quatro dias de suco de melancia. Delícia.

Mãe, tem comida em casa, viu? Relaxa a bisteca. Mas você vai ganhar um vidro de geleia e um de picles. Como "punição". ;)

GELEIA DE MELANCIA
(adaptado do lindo Falling Cloudberries, de Tessa Kiros)
Tempo de preparo: 1 hora mais 1 noite de geladeira
Rendimento: 2 1/2 xic.

Ingredientes:
  • 1,2kg de melancia, já sem a casca (cerca de 2kg dela com casca)
  • 1 3/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1 limão
  • 1/2 maçã

Preparo:
  1. Corte a polpa da melancia em pedaços pequenos. (Você pode já retirar as sementes, se quiser, mas elas se soltam sozinhas e sobem à superfície no cozimento, e achei mais fácil simplesmente pescá-las com uma colherinha.) Coloque em uma tigela grande e polvilhe com o açúcar. Corte o limão ao meio. Esprema uma metade, juntando o suco à melancia, e fatie fino a outra metade, cortando as fatias ao meio, também juntando à melancia. Misture, cubra com filme-plástico e leve à geladeira por uma noite. 
  2. Coloque a mistura numa panela grande não reativa (ou seja, que não seja de alumínio). Corte a metade da maçã em cubos pequenos, sem se importar em tirar a casca, e junte à panela. Leve ao fogo alto até que ferva, e então abaixe para o mínimo, cozinhando por cerca de 1 hora, mexendo de vez em quando.
  3. Quando a mistura estiver bem vermelha a melancia em pedaços menores, e você achar que faltam só uns 10 minutinhos para ficar no ponto, leve uns 3/4 da mistura ao liquidificador (tente pescar toda a maçã, mas deixar algumas fatias de limão na panela) e bata até que fique homogêneo.Volte para a panela e continue cozinhando, até que fique mais espesso. A geleia é mais líquida, pois melancia não tem pectina, mas, ao ser gotejada sobre um pires gelado, ela deve escorrer devegar, com certa resistência. 
  4. Distribua em potes esterilizados, preenchendo quase até a boca. Limpe as bordas, tampe e deixe que esfriem completamente. Se estiverem bem selados, guarde na despensa. Na dúvida, deixe na geladeira por tempo indefinido. Conserve em geladeira após aberto.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Torta de mirtilos e sour cream


Patrícia sempre atesta que o Bon Appétit Desserts é um de seus livros favoritos. É uma vergonha, portanto, que aquele enorme volume não saia tanto da estante quanto deveria. Principalmente por ter sido uma recomendação sua. Bem, como tudo o que já preparei do livro, esta torta foi um sucesso. Se você sabe abrir uma massa e misturar ingredientes numa tigela com uma colher, então você sabe fazer essa torta de mirtilos e sour cream.

Acho uma pena apenas ter de usar essência artificial de amêndoas, porque aqui no Brasil simplesmente não existe a alternativa natural. Isso sempre me pega de jeito e me deixa com muita raiva, acreditando que nós brasileiros somos muito tontos mesmo, pois nossa exigência com qualidade é quase nula, não apenas no que se refere à comida. Como, no entanto, estou num momento da minha vida em que estou tentando evitar o acúmulo de pensamentos e sentimentos raivosos, vou relevar esse fato e simplesmente lembrar de pedir ao próximo amigo ou parente viajante um vidrinho de extrato natural.

Por quê? Porque apesar do sabor da amêndoa de fato complementar lindamente o recheio de mirtilos, umas gotinhas a mais e você cai no desagradável reino do marzipan vagabundo e todo o retrogosto de plástico que isso representa. Então, vá bem com calma com a essência aqui, vá juntando 1/4 de colher de chá por vez e experimentando, pois algumas essências artificiais são bem potentes. Você quer apenas uma nuance, um perfume, e não gosto de hidratante. Na dúvida, troque por extrato natural de baunilha, que não há como errar.

Fora esse detalhe da essência, essa torta é deliciosa em temperatura ambiente ou mesmo depois de um ou dois dias de geladeira, quando ela vira alvo fácil dos assaltos comilões de meio de tarde. Eu, que sou fã de tortas de fruta, principalmente as de recheio cremoso, corro o risco de devorar metade dela enquanto morro de preguiça nessas tardes cinzentas e chuvosas, assistindo a episódios de Girls, meu novo seriado favorito, e que, na minha opinião, é infinitamente mais interessante e inteligente que Sex and The City – que eu gostava, na época, vi inteiro, mas sempre me fazia sentir... estranha. Inadequada, principalmente.

Andei mesmo desenvolvendo uma teoria de que parte da culpa de a mulherada andar tão tresloucada e autodestrutiva é culpa da imagem feminina projetada pelo seriado e almejada pela maioria das mulheres hoje. Mas pode ser só uma viagem minha. Confesso que sou muito mais fã da imagem da escritora do Girls, que... bem... me parece mais próxima da realidade. Quão triste é o fato de me identificar com Hannah e não com Carrie? Não sei. Talvez não muito, na verdade.

Dicas preciosas:
  • para fazer o sour cream (creme azedo), preencha quase toda uma xícara de creme de leite fresco / pasteurizado e termine de preencher os mililitros faltantes com vinagre branco ou suco de limão. Misture bem e deixe pelo menos meia hora em temperatura ambiente. (Se um dia quiser aquele sour cream mais grosso, para comer com nachos, deixe umas duas ou três horas.) Não se deixe enganar por aquela marca de sour cream que andou aparecendo no mercado. Ela é cheia de espessantes e porcarias. :P  
  • não apresse a massa. Tenho feito as melhores tortas da minha vida agora que parei de teimar contra o relógio e a temperatura e realmente deixei a massa gelar o suficiente antes de abri-la. Se a manteiga começar a derreter e grudar enquanto você abre a massa, grandes são as chances de que ela continue derretendo no forno e a massa fique dura e seca, com uma poça de manteiga derretita no fundo da forma. Gelada e firme, a manteiga derrete na hora certa, criando lindos bolsões de gordura e ar na massa e deixando-a leve e flocosa, ligeiramente crocante e derretendo na boca. 
  • Ainda no caso dessa torta, não espere as bordas ficarem muito douradas antes de colocar o recheio, ou elas virarão carvão antes que o recheio firme. 
  • Sente-se no sofá, embaixo de uma coberta, assista a Girls e se sirva de um enorme pedaço de torta.
TORTA DE MIRTILOS E SOUR CREAM
 (do excelente Bon Appétit Desserts)

Ingredientes: 
(massa)
  • 1 1/4 xic. farinha de trigo
  • 1/2 xic. (115g) manteiga sem sal, gelada, cortada em cubos
  • 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 1 pitada de sal
  • 3 colh. (sopa) ou mais de água gelada
(recheio)
  • 1 xic. sour cream
  • 3/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 2 1/2 colh. (sopa) farinha de trigo
  • 1 ovo grande, orgânico, levemente batido
  • 3/4 colh. (chá) essência de amêndoas (ou menos, de acordo com o gosto)
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 2 1/2 xic. de mirtilos (frescos ou ainda congelados)
(farofa)
  • 6 colh. (sopa) farinha de trigo
  • 1/4 xic. manteiga sem sal, gelada, cortada em cubos
  • 1/3 xic. nozes pecã picadas
  • 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico

Preparo:
  1. Misture a farinha, manteiga, açúcar e sal no processador até que fique com textura de de farofa grossa. (Ou use os dedos, ou garfos, rapidamente, para não derreter a manteiga.)
  2. Junte a água gelada e misture apenas até que a farinha pareça toda umedecida. (Não espere formar uma bola no processador; pois isso quase sempre sova em excesso a massa e ela acaba encolhendo no forno.)
  3. Junte as bolinhas soltas de massa com as mãos e aperte-as juntas até que fique uma massa coesa. 
  4. Embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por no mínimo 30 minutos e no máximo 1 dia. (Tenho embrulhado em papel alumínio, de modo que eu possa usar o mesmo alumínio para cobrir a torta com os feijões no forno, evitando o desperdício do filme plástico.)
  5. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Abra a massa com o rolo numa superfície ligeiramente enfarinhada até que forme um disco de 33cm.
  6. Transfira para uma forma de torta (de preferência de vidro refratário) de 22-23cm. Apare o excesso, deixando uma borda de 1cm, mais ou menos e arrumando a borda de um modo decorativo, se souber como. Congele por 10 minutos. 
  7. Forre a torta com papel alumínio, inclusive as bordas, e preencha a cavidade com feijões. Asse até que as laterais estejam firmes o bastante para que não tombem, cerca de 15 minutos. Remova os feijões e o alumínio.
  8. Numa tigela, misture o sour cream, açúcar, farinha, ovo, essência e sal. Junte os mirtilos. Despeje dentro da massa da tortae asse até que o recheio esteja apenas o bastante firme para que a farofa não afunde depois, cerca de 25 minutos.
  9. Use seus dedos para formar uma farofa com a farinha e a manteiga restantes. Misture as pecãs e o açúcar. Polvilhe uniformememte sobre a torta e asse novamente, por cerca de 12 minutos, até que a farofa esteja ligeiramente dourada. Esfrie a torta completamente numa grade e sirva em temperatura ambiente.  
[UPDATE: Giuliana, querida leitora, enviou-me nesse meio tempo o seguinte link, ensinando a produzir extrato caseiro de amêndoas da mesma forma que o de baunilha:
http://www.glueandglitter.com/main/2012/04/16/homemade-almond-extract/
 Vou testar com certeza, e achei que valeria dividir o link com vocês também. ]

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Um bolo de morangos (antes que eles sumam até o ano que vem)

Havia muito tempo não entravam tantas frutas ao mesmo tempo nessa casa. Culpa do pequeno-matador-de-dragões-devorador-de-frutas. Um ogrinho, que assim que me vê picando comida estende os braços e começa a mastigar o vazio. Sim, porque num belo almoço, percebi que ele estava puxando a papinha grossa para a lateral da boca e amassando com as gengivas, boca aberta, como um camelo. Não tive dúvidas e parei imediatamente de moer sua comida. Ela agora é picadinha, em bocados pequeninos, de texturas diferentes, para que ele entenda como melhor mastigar.

O menino é já melhor garfo do que eu ou meu marido jamais fomos quando crianças, e come de absolutamente tudo, desde que dada uma segunda chance para provar. Quase sempre o que tem uma textura nova é ligeiramente rejeitado num dia, para ser devorado no dia seguinte. Nos momentos de rejeição, intercalar colheradas do prato com pedaços de banana, sua fruta favorita, é o melhor truque, e ele raspa o prato.

Fico encantada e orgulhosa com sua curiosidade e seu paladar, vedo-o comer soba com berinjela e manga, flan de cenoura e espinafre, couscous marroquino com tomate, abobrinha e queijo meia-cura, curry de abóbora, batata e tofu, e uma miríade de frutas, das quais até hoje não desgostou de praticamente nenhuma.

Depois de ele já ter comido sua cota de morangos, no entanto, guardei esse punhado para os adultos. Doces e suculentos – obviamente orgânicos –, andavam aparecendo à mesa apenas combinados a chantilly batido na hora, talvez com uma colherinha de vinagre balsâmico. Depois de concluir que já bastava da combinação, resolvi usá-los nesse bolo, cuja fotografia me havia hipnotizado no Smitten Kitchen, há algum tempo atrás.

Na falta de farinha de cevada, acabei preparando a receita original, de Martha Stewart. Fiquei receosa de que meu prato de torta de 9 polegadas fosse muito baixo (com 4,5cm de altura), e que a massa fosse crescer além da conta e se derramar no piso do forno. Mas o tamanho ficou perigosamente exato e o bolo ficou perfeito.

Delicioso era o perfume dele saído do forno, da baunilha e dos morangos quentes. Abri-o apenas no dia seguinte, na ocasião da visita de minha sogra, para descobrir que seu fundo formara uma casquinha açucarada como o bolo de cenoura de minha mãe. Um bolo simples e saboroso a ser repetido muitas vezes. Todos os anos, quando os morangos chegarem. Para mim, um pedaço enquanto o bebê dorme. Pois é agora impossível comer qualquer coisa em frente a ele, sem que aqueles bracinhos alcancem seu prato e as mãozinhas ávidas tentem sequestrar seu jantar.

A receita fica apenas em link para o site original, uma vez que não adaptei nada. FYI, usei açúcar cristal, farinha, ovos e morangos orgânicos, e extrato de baunilha caseiro. Arrisquei e usei uma forma de torta de vidro, de 9" (22-23cm), com 4,5cm de altura, mas como a foto mostra, a massa não vazou por sorte. Recomendo usar uma forma de torta de 10" (25-26cm) ou uma forma de mola de 22-23cm. Vamos evitar desastres e desperdício de morangos. Certo? ;)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma sexta frugal: homemade ketchup

Ketchup é uma coisinha tão mandatória aqui em casa (e que frequentemente acaba enfeitando lasagne e tortas, o que me deixa cabreira), que toda vez que mencionava a vontade de preparar em casa, Allex torcia tanto o nariz que eu desistia. Mas os experimentos dos últimos meses têm amaciado o marido para homemade stuff, e quando o Heinz acabou, decidi que era o momento. Afinal, todos os ingredientes esperavam por mim na despensa. "Quero só testar", expliquei. "Se não ficar bom, a gente volta a comprar." Ele concordou.

De todas as receitas que constam em meus livros, foi a de Darina Allen que me chamou mais atenção, pelo uso de maçãs para melhorar o sabor e a textura. Como havia ainda uma batelada de miolos e cascas no meu freezer (metade fora usada para geleia), achei que poderia facilmente substituir as maçãs inteiras pelo mesmo peso em aparas. E sim! Funcionou maravilhosamente! De modo que, guardando as aparas das maçãs comidas no outono e inverno, você tem o bastante para preparar ketchup e geleia no verão e na primavera sem precisar comprar frutas fora de época.

Se eu soubesse que era tão fácil fazer ketchup, teria começado há muito tempo atrás. Usando tomates em lata e aparas de maçã congeladas, o único trabalho foi picar as cebolas e depois bater tudo. Se é mais barato? No meu caso, sim. Com os preços da minha região, e usando tomates pelados em lata, consegui, pelo preço de uma embalagem Heinz de 500g, produzir quase o dobro em volume de ketchup caseiro. Metade foi direto para a geladeira, e metade está em potes esterilizados, na parte escura da despensa. (Preciso dizer que mesmo saindo o mesmo preço, vale a pena ter ketchup cujos ingredientes você controla, e sem high fructose corn syrup? Não né?)

Por conta dos miolos das maçãs, tive de passar a mistura no passa-verdura para separar a polpa dos cabinhos e sementes. Deveria então ter batido tudo no liquidificador para deixar a textura bem lisa, mas me bateu uma preguiça imensa. Fica para a próxima. Porque quando perguntei ao Allex o que poderia fazer para melhorar o produto, sua resposta foi: "Só deixar mais lisinho, porque de gosto tá ótimo!"

Ok, agora até deixo o homem colocar ketchup na lasagne...

:D

KETCHUP CASEIRO (meia receita)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 3-4 xícaras, dependendo do quanto apurar

Ingredientes:
  • 750g de tomate sem pele e picado (fresco ou em lata)
  • 250g de aparas de maçã (miolos e cascas, guardados no freezer ao longo da estação)
  • 250g de cebolas picadas
  • 1 xic. + 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 1 xic. vinagre de sidra*
  • 1/2 colh. (sopa) sal
  • 1/8 colh. (chá) pimenta caiena
  • 3 grãos de pimenta-do-reino
  • 3 grão de pimenta-da-jamaica
  • 3 cravos
*(confesso que usei vinagre branco + vinagre de framboesa + vinagre de xerez, porque precisava acabar com eles)

Preparo:
  1. Coloque todos os ingredientes numa panela de inox de fundo grosso. Leve à fervura e ferva em fogo brando por cerca de 1 hora, mexendo regularmente com uma colher de pau para evitar que grude, até que tenha a consistência de ketchup.
  2. Deixe que esfrie por uns 5 minutos e passe a mistura no passa-verdura com o disco de furos menores, para separar os cabinhos e sementes da maçã. Descarte esses restos.
  3. Passe o purê restante no liquidificador e bata até que fique bem liso e homogêneo. Se ainda estiver com consistência muito líquida, volte à panela e continue fervendo em fogo baixo, mexendo, até que engrosse. Lembre-se de que o ketchup engrossa um pouco depois que esfria. 
  4. Distribua em vidros esterilizados e guarde em local fresco, seco e escuro por 3 meses ou mais. (Na dúvida, guarde na geladeira.)

quinta-feira, 8 de setembro de 2011

Salada de tofu com cominho, abacate e tomate e referências verdes

Quanto mais simplifico minha vida, mais em evidência ficam as coisas que de fato importam. Quando me desvio desse caminho, volto e releio alguns posts dos sites e blogs abaixo, que sempre me ajudam a lembrar o que realmente quero para minha vida:

Zero Waste Home
Recycle This
Green Baby Guide
Simplesmente
O Tao do Consumo
Extreme Frugality

Apesar de toda a rotina nova com o bebê, tem sido muito mais fácil do que parece simplificar as coisas e buscar hábitos e soluções mais "verdes", mais saudáveis, e que, quase sempre, no fim do mês, acabam resultando também mais econômicas.

Nesse espírito, essa salada com tofu é bem mais gostosa do que parece. Abacate e tomate fatiados. Salsinha picada. Tofu esfregado com azeite, sal, pimenta-do-reino e muito cominho moído. Tofu na frigideira quente até dourar e formar uma casquinha quase crocante. Tofu junto com o abacate, tomate e salsinha. Azeite, limão, sal e pimenta. Nham! Tudo orgânico, by the way.

PS: agradeço a quem sugeriu as fraldas de pano. Ganhei um kit de minha mãe e pretendo testá-las já. :)

UPDATE: Infelizmente as fraldas de pano não deram certo para mim, por vários motivos escatológicos que não vêm ao caso num blog culinário. Mas pode ser que a marca não fosse lá essas coisas. Bem... Lá vou eu diminuir a "pegada de carbono" do menino de outras formas.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bolo de peras ao conhaque e chocolate branco

Existem dicas e existem intromissões.

Dica: bota a banheira do bebê no box do chuveiro que facilita a vida.
Intromissão: bota um casaco no menino que ele tá com frio.

Dica: não lute contra sua nova rotina quando tiver um bebê pequeno em casa; assim você estressa menos.
Intromissão: você PRECISA (insira qualquer predicado irritante que soe como uma lei universal da mãe estressada).

Dica: presuma que tudo é normal e bebês são criaturinhas em formação completamente imprevisíveis; isso também estressa menos (e aborrece menos seu pediatra). Se o bebê tá fofo e feliz, aquele soluço não quer dizer nada.
Intromissão: que ABSURDO você não usar (insira qualquer objeto-tralha de bebê que você considere inútil).

Dica: nos momentos desesperadores, lembre-se de que não é para sempre: um dia seu filho VAI dormir, VAI aprender a ir ao banheiro sozinho e VAI dizer a você o que o está incomodando.
Intromissão: pára de comer chocolate, porque isso é cólica.

Dica: Happiest Baby on The Block. É bizarro, mas FUNCIONA. Fiquei fula de ter descoberto isso só no segundo mês.
Intromissão: peraí que eu sei botá-lo pra dormir (diz a pessoa, desenrolando o bebê, que estava tranquilo e imediatamente desata a chorar).

A lista é infindável. E hoje, andando com o bebê sentadinho no sling, olhando para frente, um homem me abordou, horrorizado: "Ai, mas isso não está apertando o nenê???" INTROMISSÃO. Oi, você não me conhece. Bom dia. Tudo bom?

Claro que há quem vá achar que minhas dicas são também uma intromissão. A verdade é que qualquer coisa que digam a você que seja diferente do que você está fazendo com seu filho vai deixá-la ligeiramente ofendida. Porque por melhor que sejam as intenções, fica sempre aquele gosto amargo de "você acha que não estou fazendo um bom trabalho". E quem é mãe está sempre tentando fazer o melhor possível.

Ainda bem que existem também as dicas inofensivas, que só trazem felicidade. Por exemplo, quando a Pat me mandou uma mensagem me sugerindo que eu preparasse esse bolo, depois de ter comentado que eu tinha peras e chocolate branco dando sopa em casa. Foi bater o olho na receita (facílima) que corri para a cozinha. Talvez tenha sido o fato de usar uma forma 1cm menor do que devia (distração) ou ter aberto o forno 15 minutos antes (outra distração) que fizeram o bolo afundar no meio. Ou talvez ele deva ser assim mesmo, pois a massa ficou muito fofa, deliciosa com o sabor da manteiga noisette. O bolo ficou maravilhoso, macio, molhadinho, perfumado. De comer sozinha e escondido. ;)

Outra dica boa? Essa aqui: http://desenhoque.tanlup.com/
Finalmente produzi uma nova leva de posters de frutas e verduras, e estou testando vendê-los através dessa lojinha. Assim não preciso ficar fazendo novos posts a cada vez que produzir, e fica tudo concentradinho em um lugar só. Então quem estava esperando, vá lá. Se funcionar direitinho, do jeito que espero, mês que vem já coloco à disposição outras coisinhas mais. :)

BOLO DE PERAS AO CONHAQUE COM CHOCOLATE BRANCO
(do livro The Boozy Baker)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 8 fatias gordinhas

Ingredientes:
(peras ao conhaque)
  • 2 colh. (sopa) açúcar
  • 1/4 xic. conhaque
  • 2 colh. (chá) suco de limão
  • 2 xic. peras (cerca de 2 peras) maduras, descascadas e cortadas em cubos de 1cm
(bolo)
  • 1 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento químico em pó
  • 120g manteiga
  • 3 ovos grandes
  • 2/3 xic. açúcar
  • 1/2 xic. chocolate branco picado

Preparo:
  1. Combine o açúcar, o conhaque e o suco de limão numa tigela pequena e junte as peras em cubos. Deixe macerando por 20 minutos. Então escorra sobre outra tigela, reservando o líquido e as peras separadamente.
  2. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe uma forma redonda de fundo removível de 22-23cm. 
  3. Em uma frigideira pequena, derreta a manteiga em fogo baixo, cozinhando por cerca de 8 minutos, até que fique acastanhada e solte um cheiro de nozes. Cuidado para não queimar. Retire do fogo. 
  4. Numa tigela, misture a farinha, o fermento e o sal. Reserve.
  5. Na tigela da batedeira, bata os ovos em velocidade alta até que fiquem bem claros e fofos. Vá juntando o açúcar aos poucos, batendo por mais uns 2 minutos. 
  6. Baixe a velocidade da batedeira e junte 1 colh. (sopa) do líquido de conhaque reservado (o restante não será usado). 
  7. Alternadamente, junte a farinha e a manteiga, começando e terminando pela farinha. Bata apenas até que a farinha esteja incorporada. 
  8. Espalhe a mistura na forma e espalhe por cima as peras em cubos e o chocolate. Leve ao forno por 45 minutos, ou até que um palito inserido no meio saia limpo e o bolo esteja dourado. Deixe esfriar completamente na forma antes de desenformar. 

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Bolo de especiarias com maçãs carameladas e chantilly


Está sendo difícil conter minha ansiedade. O pequeno agora quer pegar tudo o que está a seu alcance, incluindo a rúcula do meu prato (que foi jogada no chão da sala), o chantilly do meu morango, o pãozinho com manteiga do meu café da manhã. Ok, talvez eu não devesse comer com ele no colo o tempo todo... ;) Mas a verdade é que ando apaixonada pelo fascínio nos olhinhos dele quando tenho alguma comida nas mãos. Provavelmente mais interessado nas cores e nos cheiros do que de fato no conceito "comida", ele segue ávido os movimentos da comida do prato à boca de quem come, curiosíssimo. Dá aquela vontade louca de mergulhar o dedinho na sopa de legumes e levá-lo à sua boca, para que comece não a comer mas a experimentar alguns sabores. Vamos ver... quem sabe... Enquanto isso, me pergunto se ele terá guardado no inconsciente dele o cheiro dessas maçãs carameladas, que cozinhei enquanto ele me fazia companhia na cozinha, prestando atenção a tudo.

BOLO DE ESPECIARIAS COM MAÇÃS CARAMELADAS E CHANTILLY
(do livro Gourmet Today)
Rendimento: 9 porções

Ingredientes:
(maçãs carameladas)
  • 8 maçãs Gala ou Fuji
  • 6 colh. (sopa) manteiga em temp. ambiente
  • 3/4 xic. açúcar demerara orgânico
(bolo)
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo
  • 1 1/2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh.(chá) bicarbonato de sódio
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1/2 colh. (chá) pimenta da jamaica moída
  • 1/2 colh. (chá) noz moscada ralada
  • 1/8 colh. (chá) cravos moídos
  • 8 colh. (chá) manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 1/3 xic. açucar demerara orgânico
  • 1 ovo grande,em temperatura ambiente
  • 1/2 xic. maple syrup
  • 1/2 xic. sour cream
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
(chantilly)
  • 1/2 xic. sour cream
  • 1 1/4 xic. creme de leite fresco
  • 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC e unte e enfarinhe ema forma quadrada de 20cm.
  2. Descasque e retire o centro das maçãs. Corte-as em fatias de 1cm de largura. Em uma frigideira grande e de fundo grosso, espalhe a manteiga uniformemente no fundo. Polvilhe o açúcar por cima e disponha as maçãs. Leve ao fogo médio até que o açúcar embaixo tenha dissolvido e as maçãs em cima comecem a soltar líquido, sem misturar, cerca de 10 minutos.
  3. Cozinhe, mexendo de vez em quando, até que o líquido comece a ficar xaroposo, cerca de 30 minutos. Escorra o xarope em uma tigela de metal e volte as maçãs ao fogo até que fiquem caramelizadas, cerca de 30 minutos, mexendo de vez em quando. Volte as maçãs ao xarope e reserve para reaquecer na hora de servir.
  4. Equanto as maçãs cozinham, faça o bolo. Com um fouet, misture numa tigela a farinha, fermento, bicarbonato, sal e especiarias. Reserve. Bata a manteiga e o açúcar em velocidade média até que fique fofo e claro.
    Junte o ovo e a baunilha e bata até que fique homogêneo. Junte o maple syrup e o sour cream e bata até que fique homogêneo novamente. Em velocidade baixa, junte a farinha, batendo apenas até incorporá-la. 
  5. Espalhe na forma e asse por 35-40 minutos, até que um palito saia limpo quando inserido no centro. Esfrie na forma por 10 minutos e então desenforme.
  6. Na hora de servir, corte o bolo em 9 porções e bata o creme, sour cream e açúcar em pobto de chantilly. Sirva com as maçãs aquecidas.

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Salada de repolho e laranja para um dia de chuva

O frio e a chuva acabam com minha vontade de comer sorvete, mas o mesmo não ocorre com as saladas. Muito pelo contrário, adoro as saladas de outono e inverno, com folhas robustas, frutas e castanhas. A falta da refeição quente não me assusta, contanto que haja uma xícara de chá fumegante esperando por mim em seguida. O melhor de tudo é que saladas como essa podem esperar sem murchar enquanto você troca uma fralda e coloca um bebê para dormir.

Basta fatiar fino um pouco de repolho, ralar grosso uma cenoura pequena e cortar gomos de uma laranja doce, em cima da tigela, para recolher todo o suco que pingar. Junte a isso fatias fininhas e quebradiças de queijo Feta, nozes picadas e sementes de girassol tostadas, que acredito que sejam as sementes mais aromáticas que existem ao serem aquecidas. Para temperar, sal, pimenta, azeite e um pouco de óleo de nozes. A acidez fica por conta do suco da laranja.

Poderia comer dessa salada por todos os meses de frio. Adoro sua textura, o sabor da laranja e a cor viva da cenoura, mais calorosa que o céu cinza e chuvoso lá fora.

Receita adaptada do lindo Apples For Jam, da Tessa Kiros.

domingo, 15 de maio de 2011

Salada de espinafre. radicchio e maçã

Sei que deveria ter paciência e uma pitada de misericórdia comigo mesma, e fazer uso do mantra "faz só um mês que eu expeli um ser humano". Mas noutro dia, depois de uma noite mal dormida (culpa da insônia, e não do bebê), deparei-me com uma assustadora imagem no espelho: uma mulher pálida, de olheiras, cabelos desgrenhados e sem corte, molengona, vestida com as roupas largas e puídas da gravidez, pontuadas de manchas de leite regurgitado.

Choque.

Dei-me o direito de ficar deprimida com aquela figura por cinco minutos. Percebi quão fácil é, sozinha em casa com o bebê, deixar-se levar pelo cansaço, tédio social e fome por conta das mamadas, e simplesmente esquecer quem era aquela mulher pré-maternidade. Como, apesar de ter me cuidado durante a gravidez e engordado pouco, eu poderia facilmente desandar agora e enfiar o pé na jaca, tornando-me, de forma praticamente irreversível, uma mãe com barriga de pochete, moletom, perna peluda e cocô na testa.

Decidida a não deixar isso acontecer, fiz um voto de "não ao cocô na testa": apesar de minha calça jeans não entrar ainda (faltam 8 miseráveis quilos), estou me esforçando para sair por aí bonitinha, fazendo o melhor uso do que cabe em mim; a maquiagem saiu da gaveta, mesmo que para ficar em casa; e no mesmo dia em que o médico liberou, corri para a musculação. Incrível como senti falta da endorfina liberada pelos exercícios, o que, mais do que nunca, faz com que eu não entenda um ser humano sedentário.

Dou início ao projeto "Xô, pochete!', vulgarmente chamado "Projeto M.I.L.F." ;)

SALADA DE ESPINAFRE, RADICCHIO E MAÇÃ
(ligeiramente adaptado da revista Jamie)
Numa tigelinha, misture cerca de 2 colh. (sopa) de cebola fatiada fino e 1 colh. (chá) de vinagre de vinho tinto. Numa frigideira, toste algumas avelãs picadas grosseiramente  e 1 colh. (chá) de sementes de girassol. Numa tigela grande, misture 1 maçã pequena fatiada, punhados de radicchio e espinafre, as avelãs, as sementes, e queijo Stilton esmigalhado (ou outro queijo azul). Misture ao vinagre e cebola 1/2 colh. (chá) de mostarda de Dijon e 1 colh. (sopa) de azeite. Tempere a salada e coma imediatamente. Serve 1 porção.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Persistência e barras de coco e maracujá

Eu tenho um histórico de desistência em alguns pontos da minha vida. Normalmente relacionados àquela intuição de que você vai se dar mal ou fazer papel de idiota se continuar pelo caminho escolhido. Como foi o caso de um curso de dança cuja coreografia era vergonhosamente ruim, e resolvi saltar do barco antes de afundar com todas as outras alunas no dia da apresentação. Vendo a apresentação, depois, fiquei aliviada com minha decisão.

Em outras áreas da minha vida, no entanto, [preparem-se para o cliché de filmes de ação] "desistir não é uma opção". Quando sei que posso fazer melhor, não consigo me conformar com a mediocridade. Sempre exigi muito de mim mesma; não é nem uma questão de perfeccionismo, mas de conhecer meu potencial e saber que ainda não cheguei ao ponto de que sou realmente capaz.

Detesto me dar conta de que não sei alguma coisa dentro de um tema que me interessa. Se eu gosto de fazer pães, corro atrás de toda a informação disponível para me ajudar a fazer pães melhores, porque sei que sou capaz de fazê-los, e, uma vez encontrada e absorvida toda essa informação, decido até onde estou disposta a ir. Mas não paro no meio do caminho. Se não conheço uma palavra, corro atrás do dicionário. Se não acerto uma ilustração de primeira, faço outras. Não me conformo com o erro: procuro identificar suas causas e corrigi-las na próxima tentativa, se possível. Na minha profissão, nos meus hobbies, e em tantas outras áreas de minha vida.

Talvez por isso me irrite tanto com gente João-Sem-Braço, com complexo de Horácio, incapaz de buscar suas próprias soluções, de gastar tempo pesquisando, ou mesmo manter-se quieta com seus pensamentos por cinco minutos, raciocinando sozinha. Gente que quer tudo mastigado, o tempo todo.

Fiquei pensando sobre isso ontem, quando decidi preparar essas barras de coco e maracujá como sobremesa do almoço que estava cozinhando para minha cunhada, recém-chegada da Itália. Preparei a base de massa como descrita na receita, mas notei que a textura não era de "massa grudenta", como indicada, e sim um creme. Como ainda tinha pouca familiaridade com as sobremesas daquele livro, resolvi ir contra meus instintos e prosseguir, espalhando o creme na forma com uma espátula e levando ao forno. Resultado: meleca. O creme borbulhou, cozinhou, e não ficou nada parecido com o que deveria ficar. Na pressa, decidida a não desistir da minha sobremesa, fiz uma pâte-brisée básica, mas justamente pela pressa e pela irritação dos primeiros ingredientes perdidos, fiz o serviço de qualquer jeito, e apesar de saborosa, a massa encolheu na forma, revelando imensos buracos, incapazes de segurar o creme que viria por cima. Lixo, novamente.

Nesse momento, respirei fundo. Não queria desistir daquela sobremesa daquela forma. Já não havia mais manteiga na geladeira ou tempo para prepará-la, então resolvi parar, respirar, almoçar, e atacar o problema mais tarde.

Saí, comprei mais manteiga e olhei novamente para a receita. Aquela base de massa, com fermento, não era como um bolo, como havia ficado, nem como uma pâte-brisée, como havia tentado substituí-la. Era como um biscoito. Comecei novamente. Bate a manteiga e o açúcar, mistura o ovo e a baunilha, acrescenta a farinha e o fermento. Creme. De novo. Não fora a técnica, então. Era a proporção de ingredientes. Talvez aquela mísera meia xícara de farinha fosse um erro de digitação. Aquela não era uma textura apropriada para uma base de biscoito. Comecei a acrescentar mais farinha, 1/4 de xícara por vez. Então ela começou a tomar corpo, e finalmente atingiu a consistência de "massa grudenta", uma que você fosse capaz de espalhar na forma com mãos enfarinhadas, como a receita pedia.

Prossegui. Coloquei a massa no forno. E não abri meu leite de coco ou meu maracujá até ter certeza de que a massa assara perfeitamente. Eureka. Preparei a cobertura cremosa rapidamente, despejei sobre a base firme de biscoito e terminei as barrinhas com sucesso total. Elas ficaram perfeitas e deliciosas, crocantes por baixo e cremosas por cima, com uma textura entre um pudim e um cheesecake, com as laterais e o topo mais firmes e caramelizadas.

E pensei sobre a persistência, sobre todos os bolos e biscoitos e cheesecakes que estraguei na vida, e os que deram certo, e todos os livros e websites que li a respeito, todas as técnicas que aprendi ao longo do processo e a confiança que adquiri para tentar corrigir meus próprios erros e arriscar meus ingredientes em novas tentativas. Como essa busca funciona da mesma forma em qualquer tema, como aprender vários idiomas: o próximo idioma será sempre mais fácil, pois você já tem uma base de comparação com os anteriores, e sua mente vai criando automaticamente as conexões entre as palavras das diferentes línguas, até um ponto em que você raramente precise de um dicionário.

E isso dá um prazer imenso. O acertar depois de muitas tentativas fracassadas, sentir a evolução, sentir-se confiante no que você faz e no que você sabe. E por isso não me conformo com quem se conforma em não saber. Com quem percebe uma carência de informação e não corre atrás. Com quem não quer aprender. Com quem não tenta se aprimorar. No trabalho, na vida pessoal, em seus hobbies, o que for.

Para quem não se conforma também, barrinhas de coco e maracujá, com a quantidade de farinha corrigida. Mas vá acrescentando aos poucos, como eu fiz, porque medidas em volume são sempre pouco confiáveis, e você pode conseguir essa textura com menos (ou mais) farinha.

BARRAS DE COCO E MARACUJÁ
(ligeiramente adaptado do livro Bill's Sidney Food, de Bill Granger)
Tempo de preparo: 1h-1h30
Rendimento: cerca de 20 barrinhas

Ingredientes:
(base)
  • 125g manteiga sem sal, em temperatura ambiente
  • 1 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1 ovo grande, orgânico
  • 1 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 pitada de sal
(recheio)
  • 4 ovos grandes, orgânicos
  • 1 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1 xic. coco em flocos não adoçado
  • 1/3 xic. farinha de trigo
  • 1 1/2 xic. creme de leite fresco
  • 160ml leite de coco
  • suco e casca ralada de 1 limão (tahiti ou siciliano; usei tahiti)
  • 1/2 xic. polpa fresca de maracujá (cerca de 2 grandes)

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte uma assadeira de alumínio de 20x30cm com manteiga e forre o fundo e as laterais com papel-manteiga. 
  2. Na batedeira, ou com uma colher de pau, bata a manteiga e o açúcar até que fique clara e cremosa. Junte o ovo e a baunilha e bata até ficar homogêneo. Junte o fermento e a farinha, aos poucos, até conseguir uma textura de massa de biscoito grudenta, mas suficientemente firme para que você consiga espalhar na forma de modo uniforme, amassando com as mãos enfarinhadas. Se estiver grudando nos dedos, mesmo enfarinhados, ainda não deu o ponto. 
  3. Leve ao forno por 15 minutos, ou até a superfície pareça seca. Retire do forno e prepare o creme.
  4. Na tigela da batedeira, ou com um fouet, bata os ovos e o açúcar até que fiquem claros. Junte o restante dos ingredientes, misturando bem. Despeje sobre a massa de biscoito e volte ao forno por 35-40 minutos, ou até que esteja dourado. 
  5. Retire do forno e deixe esfriar na forma completamente. As barrinhas são suficientemente firmes para serem desenformadas como um bolo, virando de cabeça para baixo numa grade, retirando o papel-manteiga e invertendo novamente numa tábua, para serem cortadas. Não há indicação de como guardá-las na receita original, mas, como uma torta, eu as mantenho na geladeira, em um pote bem fechado.

quarta-feira, 9 de março de 2011

Bolo integral de bananas e framboesas

Tem dias em que queremos fazer tudo direitinho, by the book, dentro das regras, e só tomamos na cabeça. Há outros em que inventamos de fazer tudo do avesso e as coisas inexplicavelmente dão certo. Quando a gambiarra sai melhor do que o esperado. Quando parece que os planetas se alinham e o universo não deixa que você se estrumbique apesar da probabilidade alta.

Parece que com bolos acontece a mesma coisa. Num dia, segue-se a receita à risca e o bolo explode, transborda, afunda, transforma-se numa gororoba incomível de proporções épicas. E noutras vezes, lutando contra todos os instintos, resolvemos fazer uma receita que não especifica tamanho de forma, que usa "pote de iogurte" e "envelope de fermento" como medidas, mudamos o tipo de óleo e a quantidade de frutas, e parece que Murphy dá um tempo, e tudo sai maravilhosamente bem.

Este bolo de bananas ficou muito saboroso com o uso da farinha integral, que tem um gosto naturalmente amendoado, e me fez pensar em, na próxima vez, substituir as framboesas por gotas de chocolate. Na falta de um óleo mais neutro, como canola, acabei arriscando e usando azeite de oliva extra-virgem, bem frutado, não muito forte. Sente-se algo de diferente na massa, mas ficou muito gostoso mesmo assim, ainda que prefira usar um óleo mais suave da próxima vez.

BOLO INTEGRAL DE BANANAS E FRAMBOESAS
(livremente adaptado da revista francesa Saveurs)
Tempo de preparo: 20 minutos + 45 minutos de forno
Rendimento: 1 bolo de 20x30cm

Ingredientes:
  • 1/2 xic. iogurte integral caseiro
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • 1 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1 1/2 xic. farinha integral fina (orgânica)
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/4 xic. + 2 colh. (sopa) óleo
  • 2-3 bananas, dependendo do tamanho, maduras e amassadas
  • 1 punhado de framboesas
  • manteiga para untar

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Unte uma assadeira de alumínio de 20x30cm.
  2. Numa tigela média, misture o iogurte, os ovos e o açúcar, misturando bem com um fouet. Junte a farinha e o fermento, misturando novamente, até que não se vejam mais grumos de farinha, e então junte o óleo, misturando até que fique homogêneo. 
  3. Junte a banana amassada, misturando com uma espátula. Despeje na forma e distribua as framboesas, afundando-as um pouco na massa. 
  4. Leve ao forno por 40-50 minutos, ou até que esteja dourado e um palito saia limpo quando inserido no centro do bolo. Retire do forno e deixe esfriar na forma, sobre uma grade. Passe uma faquinha nas laterais e desenforme.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Bolo de ameixas, avelãs e marzipan; para hoje e para depois

Eu não sou idiota. Sei bem que o complexo de mulher maravilha não vai resistir às noites mal dormidas dos primeiros meses de existência de um bebê. E que nem toda a força de vontade do mundo vai me convencer a ficar de pé sovando pão ao invés de cochilar enquanto o pequeno estiver dormindo. Mas isso não quer dizer que eu esteja disposta a abdicar do meu estilo de vida e de tudo aquilo que mais prezo. De nada vai me adiantar amamentar se todo o "combustível" usado para gerar esse leite vier de alimentos que não prestam.

Então elaborei um plano.

Desde que me mudei, tenho preparado muita coisa em dobro. Não os pratos fáceis, desses que preparo mesmo em dias atolados de trabalho, exausta; mas aquilo que mais senti falta durante aqueles trinta dias fora da minha cozinha: pães, bolos, caldos, biscoitos... o tipo de coisa que a maioria compra pronta em embalagens plásticas. E que dão mais trabalho para preparar quando se está cansada.

Toda vez que me disponho a fazer pão, dobro a receita. Um pãozinho vai para a mesa, o outro é embalado em papel-alumínio, rotulado e acomodado no freezer [aqui em casa agora, pra embalar comida, só papel-alumínio ou papel-manteiga; aboli o filme-plástico]. Se eu fizer um bolo cujo texto da receita sugere o congelamento, faço o mesmo. Principalmente pound cakes e quick breads, uma vez que eles congelam muito bem e tenho mais de uma forma de bolo inglês. Tem sido reconfortante saber que quando me der vontade de comer um bolinho caseiro, ou uma fatia de algum pão mais complexo que um pãozinho francês de padaria (o único que ainda compro quando não consigo fazer o meu), é só tirar um dos pacotinhos prateados do freezer e deixá-lo descongelando durante a noite.

Pretendo também deixar algumas refeições encaminhadas. Bases de torta são ótimas para se congelar,  e já tenho uma grande me esperando para quando eu só tiver forças para misturar alguns ovos, creme e qualquer vegetal e jogar dentro da base. Pro forno com ela e pimba! jantar. Quero muito deixar pronta uma travessa de macaroni & cheese com espinafre e abóbora, cuja receita recortei de uma revista inglesa que falava justamente sobre pratos bons para serem congelados. Além de reconfortante, tem gostinho de outono, quando meu mini-metaleiro chegará.

Da mesma reportagem de congelados, eu recortara essa receita de bolo de ameixas, apetitosíssima. Das frutas de caroço, as ameixas são as melhores do momento, e continuarão uma delícia por boa parte do início do outono. Fiquei entusiasmada ao ver sua variedade no mercado, e tenho planos para cada uma delas. Para esse bolo, usei as ameixas Letícia; firmes, azedinhas e que descaroçam facilmente.

Tive de fazer uma adaptação na receita original. Passara no mercado para me abastecer de ovos e farinha orgânicos, e depois de mais um momento frustrante na fila do caixa preferencial, barrigão desconfortável, calor e pés imensos latejando dentro da sandália, cheguei em casa exausta, decidida a não mais sair àquele dia, apenas para descobrir que me esquecera de comprar amêndoas. Mandei tudo às favas e substituí as amêndoas moídas por parte de seu peso em farinha e omiti as amêndoas laminadas no final.

O resultado ficou excelente. Havia uma caldinha de limão e açúcar que omiti: o bolo é já suficientemente saboroso sem ela. Preparei uma assadeira inteira e cortei-o ao meio, congelando uma das metades embalada em papel-alumínio. A outra metade... bem... já está na metade. O bolo é muito macio, sua massa é doce, pontilhada de marzipan que derrete na boca e avelãs picadas, crocantes, e entremeada por fatias azedinhas de ameixa, que se desmancham. Delícia! Não vejo a hora de descongelar a segunda metade... ;)  

BOLO DE AMEIXAS, MARZIPAN E AVELÃS
(ligeiramente adaptado da revista Delicious)
Tempo de preparo: 25 min + 50 min de forno
Rendimento: 1 bolo de 20x30cm ou 23cm2

Ingredientes:
  • 200g manteiga sem sal, em temperatura ambiente
  • 200g açúcar cristal orgânico
  • 4 ovos grandes, orgânicos, em temperatura ambiente
  • 200g farinha de trigo
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 50g avelãs
  • 120g marzipan
  • 500g ameixas maduras

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte uma assadeira (sem antiaderente) de 20x30cm ou uma forma quadrada de 23cm (e 5cm de altura) com manteiga e forre o fundo com papel-manteiga. 
  2. Em outra assadeira, coloque as avelãs e leve ao forno já quente, para tostá-las, por cerca de 15 minutos. Enquanto isso, pique o marzipan e reserve. Corte as ameixas em quartos ou oitavos, dependendo do tamanho, retirando o caroço, e reserve. Quando as avelãs estiverem torradas, coloque-as num pano de prato e esfregue-as para que soltem a pele. Transfira as avelãs para uma tábua e pique-as.
  3. Bata a manteiga e o açúcar na batedeira até que fique claro e fofo. Acrescente os ovos, um a um, batendo bem a cada adição. Se a mistura começar a talhar, junte um pouquinho da farinha e bata até estabilizar.
  4. Junte a farinha e o fermento aos poucos, batendo em velocidade média até que fique homogêneo. Desligue a batedeira e, com uma espátula, incorpore as avelãs picadas e o marzipan. Espalhe na forma, alisando a superfície com a espátula e distribua as fatias de ameixa, afundando-as ligeiramente na massa.
  5. Leve ao forno por 50 minutos ou até que um palito saia limpo ao ser inserido no centro. Retire do forno e deixe esfriar na assadeira por uns 15 minutos. Então desenforme e deixe que esfrie completamente sobre uma grade antes de servir ou embalar bem e congelar por até 3 meses.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Salada de melancia para a melancia que eu carrego

Eu tenho um mês para entregar todos os trabalhos pendentes, para então ter como única preocupação esperar o bebê decidir nascer. Afinal, deus me livre ter de levar ilustrações para finalizar na maternidade! ;)

Correria à parte, fiquei felicíssima na última consulta médica ao descobrir que após meras duas semanas comendo minha comida, tudo voltou ao normal. Pessoinha saudável de bebê gostoso novamente. Muitos grãos integrais, muitas frutas e verduras frescas, pão, bolo e iogurte, tudo caseiro. Haveria coisa melhor? Fico satisfeita em ver que Michael Pollan tinha razão: coma comida; não muito; principalmente vegetais. Sábias palavras.

E eis o resultado. Boa comida, não muito, principalmente vegetais e exercício o bastante para não virar uma grávida-ameba. Sempre quis ser dessas grávidas que você só nota a gravidez quando elas viram de lado, mas confesso que nunca achei que conseguiria, com toda a minha tendência infantil e adolescente às gordurinhas. O engraçado é que não foi esforço nenhum. Bastou continuar fazendo o que eu já fazia antes. Comer comida de verdade e tirar a bunda do sofá. Para quem estava curioso pra ver o barrigão, tchananans! Foto mequetrefe de computador, tirada ontem.
Para nutrir minha pequena melancia e afastar o calorão, o almoço vapt-vupt de hoje foi uma salada de melancia e tomates. Eu me lembrava de várias saladas de melancia em diversos livros e sites diferentes, mas confesso que morri de preguiça de ir atrás de uma específica e simplesmente improvisei. Misturei pedaços de melancia (sem as sementes), tomate orgânico, queijo feta, azeitonas pretas kalamata, salsinha e cebolinha picadas e temperei com um pouco de suco de limão, muito azeite, sal e pimenta-do-reino moída na hora. Tão gostoso e tão refrescante que quero comer de novo amanhã. :) (Falei que a sobremesa foi bolo de chocolate?)

O pequeno metaleiro dentro de mim se espreguiça satisfeito após um almoço gostoso e me lembra de cochilar por cinco minutinhos antes de voltar para a correria do trabalho.

Cozinhe isso também!

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