terça-feira, 30 de outubro de 2007

Update na receita de frozen yogurt

A foto abaixo é da terceira tentativa de frozen. A primeira leva, seguindo à risca a receita do Perfect Scoop, ficou muito doce para nosso paladar acostumado ao frozen azedinho do América. A segunda leva foi feita pelo Allex, com iogurte mais firme e metade da quantidade de açúcar, mas, ainda que tivesse ficado saboroso, acabou por congelar firme demais, devido à pouca doçura. A terceira foi feita por mim ontem e é, definitivamente, campeã. O frozen é azedinho como gostamos, mas, como brinco com o Allex, perfeitamente "scoopable" (ou seja, macio, sem precisar derreter fora da geladeira antes de tirar colheradas redondas e fartas). Tudo graças ao meu amiguinho sal, que não permite que o sorvete congele totalmente! Já está anotada, então, nossa versão definitiva de frozen yogurt! E sim, antes que alguém note a quantidade de sorvete que já foi feita desde a chegada da máquina, digo que nesta casa moram dois viciados em sorvete: um que toma porções comedidas depois das refeições, estragando todas as recomendações ayurvédicas que sugerem o oposto, e o outro que se entope de sorvete com porções homéricas quando chega do trabalho (adivinhe quem é quem). De qualquer forma, 1 litro de sorvete por aqui não dura mais do que uns três dias. :)

FROZEN YOGURT DEFINITIVO
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
  • 800g de iogurte integral
  • 1/2 xíc. de açúcar orgânico claro
  • 1 colh. (sopa) de xarope de baunilha (opcional; é que o Allex comprou para colocar no café, depois de experimentar um pouco no Café Suplicy e ficou me enchendo prá colocar no sorvete)
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 2 pitadas de sal

Preparo:
Misture tudo até dissolver o açúcar, deixe gelando na geladeira por 1 hora, coloque na sorveteira e siga as instruções do fabricante. Deixe no freezer por 1 hora para terminar de firmar.

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Frozen derretendo em calda quente de chocolate

O renascer da pimenteira (quem diria?)


Chilli vegetariano [UPDATED]

Apesar de acreditar que os programas de Nigella andam cada vez mais repetitivos e pouco plausíveis, não pude deixar de ficar com água na boca quando ela preparou uma grande panela de chilli no forno, coberto por um macio e dourado pão de milho. Ontem, eu tinha todos os ingredientes à disposição (exceto pelo queijo Cheddar), mas não pude deixar de pensar quanta falta faria a carne moída nesse prato. O primeiro impulso de um vegetariano seria substituir a carne por proteína de soja. Mas não sou fã de soja, em parte pelo gosto, em parte pelo fato de a produção de soja estar diretamente ligada à criação de gado e desmatamento na Amazônia (duvida? pergunte para qualquer um que trabalhe com certificação de madeira). Então resolvi fuçar em minha despensa e buscar algo que pudesse enriquecer o sabor e a textura do chilli sem transformá-lo em uma caçarola de legumes. Parei a procura ao bater os olhos em meu pacotinho de quinua orgânica.

Tive alguns contratempos, porém, ao dividir a enorme receita pela metade. Esqueci-me de deixar espaço para a massa de pão, então foi um tal de passa-chilli por 5 travessas até achar uma que comportasse ambos... Outro problema foi temer que o chilli ficasse muito líquido pela ausência da carne, e deixá-lo secar demais antes de colocá-lo na travessa; o que aconteceu foi que a massa de pão absorveu boa parte da umidade dos feijões, deixando-os, agora, menos líquidos do que eu desejava. Mas isso é apenas um cuidado a se tomar da próxima vez (e da próxima vez, preparar a receita toda na Le Creuset — dã), pois nada disso interferiu na excelência do resultado. Os sabores do cardamomo e do cacau conferiram um toque ligeiramente exótico aos feijões, a quinua deu ao chilli um agradável sabor herbal e terroso, além da textura mais firme, e o pão de milho tornou-se um delicioso contraponto adocicado em relação ao chilli apimentado. E mesmo o fato de eu ter errado na medida de canela (o que transformou a cor do pão de um amarelo vivo para um ligeiro acastanhado) não desagradou. É um prato que com certeza irá para o "caderninho", e que já está me inspirando a criar variações com outros tipos de feijão e outros sabores de pães.

CHILLI VEGETARIANO
(adaptado do programa
Nigella Feasts)
Rendimento: 4 porções
Tempo de preparo: 1 hora


Ingredientes:
  • 1 cebola pequena picada
  • 1/2 pimentão vermelho, sem sementes, picado
  • 1 dente de alho grande picado
  • 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes, picada
  • 1 colh. (chá) de coentro em grão, amassado no pilão
  • 1 colh. (chá) de pimenta calabresa seca
  • sementes de 2 cardamomos, amassadas no pilão
  • 1/2 xíc. de quinua em grão
  • 1/4 xíc. de ketchup Heinz
  • 1 lata de tomates italianos pelados
  • 1 lata de feijões red kidney Annalisa
  • 1/2 colh. (sopa) de cacau em pó
  • 1 1/2 xíc. de buttermilk
  • 2 ovos
  • 1/8 de xíc. de óleo
  • 1 colh. (chá) de mel
  • 2 xíc. farinha de milho fina
  • 1/2 colh. (chá) canela em pó
  • 1/8 xíc. de farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento em pó
  • 1 colh. (chá) de sal
  • 1 punhado de queijo cheddar ou parmesão ralado grosso
Preparo:
  1. Leve 1 xíc. de água com sal à fervura, despeje a quinua, abaixe o fogo, tampe e cozinhe por 15 minutos. Desligue o fogo e reserve.
  2. Em outra panela (que possa ir no forno depois), refogue a cebola, o pimentão, o alho, o coentro, a pimenta calabresa e os cardamomos em 2 colh. (sopa) de óleo. Quando tiver amaciado bem, junte a quinua cozida e misture bem.
  3. Escorra os feijões e passe-os por baixo da água da torneira para tirar o excesso do líquido da lata. Junte-os à quinua e mexa bem para impregnar o tempero.
  4. Junte os tomates em lata com seus sucos, o ketchup, o cacau e mais 1/2 xíc. de água, mexa bem e leve à fervura. Abaixe o fogo, tampe parcialmente e cozinhe por 30 minutos, mexendo de vez em quando para não grudar no fundo.
  5. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 220ºC. Em uma tigela, junte o buttermilk, os ovos, o óleo e o mel e misture. Em outra, maior, coloque as duas farinhas, o sal, o fermento e a canela. Junte os ingredientes líquidos aos secos e misture com um garfo até ficar homogêneo e eliminar os grumos. (Faça isso apenas quando o chilli estiver pronto, ou o fermento começará a agir antes do tempo).
  6. Desligue o fogo, derrame a massa sobre o chilli, sem misturar, polvilhe com o queijo ralado grosso (queijo de pacote não vai derreter, mas secar; é preciso ralar na hora) e leve ao forno por 30 minutos ou até que o pão cresça e doure.

Obs: se, como eu, você não encontrar buttermilk no supermercado, misture 1 1/2 xíc. de leite integral com 1 1/2 colh. (sopa) de vinagre branco ou suco de limão e deixe descansando em temperatura ambiente por 10 minutos.

[UPDATE: depois de comprar o livro Feast, tive acesso à receita completa, da versão com carne e... surpresa! de uma versão vegetariana, que usa lentilhas vermelhas no lugar da carne. Depois de testar a versão vegetariana de Nigella, ela virou minha favorita. Parei de usar a quinua, e também deixei de usar a massa de milho por cima. Melhor preparar pão de milho de verdade para servir com o chilli e uma bela colherada de guacamole...]

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Creme de couve-de-bruxelas

Havia uma eternidade que eu abria a porta do freezer e as via ali, sentadas, olhando para mim com ares de julgamento, perguntando-se porque diabos eu não as usava para nada, enquanto tantos outros vegetais haviam chegado e ido embora tão rapidamente. Não me animava a fazer nada com aquelas couves-de-bruxelas (apesar de gostar delas), porque Allex sempre torcia o nariz quando as mencionava. Então, fuçando por aí, encontrei esse blog fantástico, The Traveler´s Lunchbox, com fotos lindíssimas e um texto que falava a respeito de sopas de vegetais. Inspirada pelo blog, criei essa sopa, muito simples, que ficou de lamber a tigela, mesmo para quem não gosta de couve-de-bruxelas.

CREME DE COUVE-DE-BRUXELAS
Tempo de preparo: 40 minutos
Rendimento: 1 porção


Ingredientes:
  • 2 xícaras de couve-de-bruxelas fresca ou congelada
  • 2 dentes de alho pequenos ou 1 grande
  • 2 ramos grandes de tomilho
  • 1 1/2 xic. de caldo de legumes
  • 1/4 xic. de leite ou creme de leite
  • 1 punhado de nozes
  • azeite extra-virgem trufado ou comum
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
  1. Coloque as couves numa assadeira, com o alho com casca, um fio de azeite, sal e pimenta e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC até que dourem ligeiramente e o alho esteja macio (cerca de 15 minutos).
  2. Junte em uma panela pequena as couves assadas, o caldo e o tomilho. Esprema o alho para fora da casca e junte-o ao caldo. Leve à fervura, abaixe o fogo e deixe cozinhando por 5-10 minutos.
  3. Bata tudo no liqüidificador e volte à panela para aquecer. Junte o leite ou creme de leite e acerte o tempero. Desligue o fogo e reserve.
  4. Quebre as nozes nas mãos sobre uma frigideira quente e toste-as ligeiramente, sem deixar queimar.
  5. Sirva o creme com as nozes salpicadas por cima e um fio de azeite trufado.

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lembranças de uma bruschetta perfeita

Estava completamente perdida em Roma quando, com fome, resolvi sentar-me em qualquer boteco com mesas ao ar livre que encontrasse. Esta era a vista que eu tinha de minha pequena mesa de madeira escura. Pedi uma caneca de cerveja, pois fazia calor, e duas bruschette: uma de tomates e outra de pimentões. Mal tinha idéia da explosão de sabores que seria, e como, até hoje, eu me lembraria deste lugar, ainda que não saiba apontá-lo num mapa. A bruschetta de tomates era um frescor só; equilíbrio perfeito entre os tomates muito maduros, o manjericão genovês, o alho e o azeite frutado. A outra era feita de pimentões amarelos chamuscados no forno, descascados, quase derretidos sobre uma passadela comedida mas suficiente de queijo de ovelha fresco e macio como um cream cheese, ácido, salgado, um excelente contraponto ao pimentão doce e quente e ao fio de azeite que escorria sobre ambos, amalgamando os sabores. Hmmm... Excelentes lembranças...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Risotto de cenouras à indiana

É muito interessante o momento em que deixamos de olhar para livros de receitas como fórmulas fixas e começamos a vê-los como fontes de idéias. Foi exatamente o que aconteceu quanto vi a salada de cenouras à indiana do novo livro do Jamie Oliver. Imediatamente me deu vontade de preparar... salada? Não, risotto. Usei basicamente os mesmos ingredientes (limitado pelo que havia na despensa), apresentando de uma forma diferente, o que tem sido minha brincadeira ultimamente: transformar sopas em tortas, tortas em saladas, saladas em risottos, risottos em sopas. Gostaria de ter o coentro para salpicar por cima para um toque de verde, e, no fim, esqueci-me de colocar as sementes tostadas de gergelim. Parece estranha a combinação, mas garanto que ficou muito, muito gostoso!!

RISOTTO DE CENOURAS À INDIANA
Rendimento: 2 porções grandes
Tempo de preparo: 30 minutos


Ingredientes:
  • 250g de arroz arbóreo
  • 1 litro de caldo de legumes
  • 1 cebola roxa picada
  • 4 cenouras médias descascadas e fatiadas fino
  • 2 colh. (sopa) de azeite de oliva
  • 3 colh. (sopa) de manteiga
  • 2 colh. (chá) de garam masala
  • 1/2 colh. (chá) de sementes de cominho
  • 1/2 colh. (chá) de gengibre em pó (ou 2-3cm de gengibre fresco ralado)
  • 1/4 colh. (chá) de cúrcuma
  • 1 colh. (sopa) de mel
  • 1/2 xíc. de parmesão ralado
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
  1. Coloque a cenoura, o mel, 1 colh. (sopa) de manteiga, uma boa pitada de sal e pimenta-do-reino em uma frigideira. Coloque água suficiente para cobrir e leve à fervura em fogo baixo. Deixe cozinhando, mexendo de vez em quando, até que a cenoura esteja cozida e toda a água tenha evaporado.
  2. Enquanto isso, aqueça o caldo de legumes em uma panela pequena. Em uma caçarola, aqueça o azeite. Coloque a cebola picada e refogue em fogo médio-baixo até amaciar. Junte o garam masala, o cominho, o gengibre e a cúrcuma e mexa bem para cobrir toda a cebola. Refogue por mais uns 2 minutos.
  3. Junte o arroz e mexa bem em fogo médio-alto para recobri-lo com os temperos. Junte a primeira concha de caldo e mexa bem para que absorva toda a água. Abaixe o fogo para o mínimo e vá juntando conchas de caldo, mexendo sempre, conforme a água for absorvida, por 15-18 minutos, até que o arroz esteja cozido. Se ele estiver muito seco, junte mais um pouco de caldo antes de prosseguir para a próxima etapa, ou, ao juntar o queijo, o risotto ficará firme demais.
  4. Junte a cenoura cozida e misture bem. Se quiser, bata metade da cenoura no processador até virar purê antes de juntá-la ao risotto. Desligue o fogo. Misture o restante da manteiga, o queijo ralado, acerte o sal e a pimenta e tampe por uns 5 minutos.
  5. Toste um punhado de sementes de gergelim e pique um punhado de coentro e espalhe por cima na hora de servir, se quiser.

Basil & the City

Sorvete de caju

Minha irmã voltou de Fortaleza repleta de quitutes gostosos: rapadura de milho (!!!), licor de chocolate, cachaça de 6 anos, as castanhas de caju mais saborosas que já comi (por isso pedi-lhe para que me trouxesse 500g delas) e pacotinhos de caju seco, um dos quais ela me deu, dizendo que era muito gostoso com sorvete de creme.

Sorvete de creme?, pensei eu. Quero mais é sorvete de caju! Imaginei logo o sorvete amarelinho pontuado pelos pedacinhos castanhos e puxa-puxa de caju seco.

Saí feito uma tresloucada buscando na internet alguma receita de sorvete de caju, e, à parte alguns websites que usavam clara de ovo como emulsificante para o sorvete, encontrei apenas outras pessoas como eu, procurando, procurando, procurando. Resolvi, então, tentar a sorte e, com o que tinha em casa, inventar uma receita minha. E não é que, não só deu certo, como ficou sensacional?! Mas, como diz o Allex, é sorvete de restaurante chique: uma ou duas bolas bastam para satisfazer, pois ficou doce. Fiquei com medo de adicionar mais leite e ficar com um sorvete mais para sorbet, mas depois de ver o resultado cremoso e perfumado, acredito que a meia xícara a mais de leite não teria alterado a textura e teria suavizado o sabor (ainda que eu goste assim mesmo).


SORVETE DE CAJU
Rendimento: 1-1,5l (depende do overrun da máquina)
Tempo de preparo: 20-40 minutos (dependendo da máquina)


Ingredientes:
  • 1 lata de 350g de leite condensado
  • 1 lata (a lata do leite condensado vazia) de suco de caju concentrado
  • 1/2 lata de leite integral
  • 1 pitada de sal
  • 3-4 cajus secos, picados do tamanho de chocolate chips
Preparo:
  1. Bater o leite condensado, o leite, o sal e o suco no liquidificador e colocar na sorveteira. Se o dia estiver muito quente, deixar a mistura na geladeira por uma ou duas horas antes de colocar na sorveteira. Quando o sorvete estiver quase pronto, jogar o caju picado pela abertura da máquina e deixar misturar. Umas 3 horas de freezer deixam-no na textura firme perfeita.

Uma ajudinha para digitar enquanto eu tomo sorvete

P.S.: o Remy de pelúcia foi presente de aniversário do Erik, amigão meu. Ai, como eu quero uma escrivaninha maior...

Eu não me agüento...


Nessa manhã de chuva, dei-me folga na corrida e na recém-começada musculação. Aproveitei para acordar com calma, brincar com o cão e bater papo com o marido. Ele quis que eu o acompanhasse por metade do caminho até a garagem onde guarda a moto, e que aproveitássemos e tomássemos café-da-manhã na nova padaria local. Bebi um espresso puro (gostoso) e comi uma pequena trança adocicada salpicada de passas úmidas e frescas (saborosa, mas eu bem que gostaria de uma manteguinha salgada para acompanhar). Comentei que estava chovendo?

Acabei acompanhando-o até a garagem, e, estando já no meio do caminho, resolvi subir até a livraria Cultura, só para fuçar e passar o tempo. Ai, ai, ai... Como se eu não me conhecesse. Saí de lá com o novo livro do Jamie Oliver debaixo do braço e uma encomenda que chega daqui a 3 dias. Quando saí da livraria, a chuva apertara e... comentei que não levara guarda-chuva?

Coloquei o livro dentro da mochila e saí andando pela rua, sem pressa, deixando que a chuva gelada me encharcasse como se eu não me importasse. E a verdade é que de fato não me importei. Fazia tanto tempo que não tomava chuva, e esta me fez tão bem, despertando os sentidos e as lembranças de infância, lavando embora todas as minhas preocupações...

Não existe sensação mais reconfortante do que chegar em casa, trocar as roupas molhadas por um moletom quente e seco e tomar um chá de gengibre fumegante no sofá da sala, lendo um livro novo e rindo do cão brincando sozinho, pululando pela sala.

O novo livro está lindo, do jeito que gosto de meus livros de cozinha: lotado de fotografias. Concordo com alguns chefs que acham que Jamie Oliver é um pouco canastrão, no sentido de que sua comida não é nem um pouco revolucionária. It´s all been done before. No entanto, simplesmente adoro o estilo de vida que ele promove, e suas receitas são, de fato, perfeitas para o dia-a-dia. Estas, então, acompanhadas de dicas de jardinagem, parecem ter sido escritas para malucas como eu. Não consigo deixar, porém, de sentir alguma melancolia ao ver as fotos de seu jardim e tudo o que nele é produzido... Pergunto-me se um dia terei condições de ter um espaço assim, cercado de verde, onde possa plantar meus tomates e criar minhas galinhas (pelos ovos, apenas pelos ovos!).

Pãozinho caseiro ainda é o melhor que existe

Nova padaria no bairro: Benjamin Abrahão, um ponto famosinho no Higienópolis, agora tem filial na minha rua. Lá fui eu experimentar — porque eu não consigo ver nada relacionado a comida abrindo perto de casa sem enfiar meu nariz para dentro da porta e fuçar (às vezes entro em restaurante que nem abriu ainda, só prá dar uma olhada na reforma e conversar com o dono).

O lugar é uma graça, todo branquinho e clean, bem diferente das padarias-serve-sopa-à-meia-noite que costumam ser cheias de fotografias de gosto duvidoso e materiais de ponto-de-venda de marcas de presunto e refrigerante. O ambiente é muito calmo e agradável, corrompido apenas por uma enorme geladeira de sorvetes Nestlé, um monstrengo azul num mar de tranquilidade pálida.

Os pães são todos muito bonitos, e satisfazem em parte minha necessidade de ver mais pães do que chocolates numa padaria. A única fonte de decepção foi a listagem de ingredientes de cada produto, onde eu podia ler, entristecida, as palavras "margarina" e "gordura hidrogenada". Lá fui eu fazer perguntas ao jovem chef responsável, que me garantiu que usam manteiga em alguns produtos onde ela é prioritária para o sabor e qualidade. Ok, para mim, qualquer receita onde originalmente se use manteiga tem como prioridade a mesma. No entanto, sei que é um fator que encarece demais os produtos... Hum...

Comprei pães franceses, pois são bastante básicos, e, para mim, um bom indicador de qualidade de uma padaria. Se o pão francês é uma droga, que dirá uma ciabatta?? O pãozinho passou no teste: não tinha gosto de mistura pronta comprada em atacadista. A ciabatta, comprada depois pelo Allex, também era saborosa. Mas faltava alguma coisa... O quê? A textura estava boa, o sabor estava bom, a cor perfeita, o molde ótimo. Ouso dizer, no melhor estilo Sazon (eca!) da coisa, que falta aquele amor que a gente coloca na massa quando faz o pão. Talvez, apesar da visível qualidade dos produtos da padaria, eu esteja muito mal acostumada às minhas farinhas orgânicas e/ou italianas, minha manteiga branquinha, meu azeite de oliva extra virgem, meu açúcar orgânico. Acho que, depois de um tempo, assim como a língua sente fácil a diferença entre a manteiga e a gordura hidrogenada, nada mais substitui o gosto do pão feito em casa, por nossas próprias mãos.

(Mesmo assim, vale a visita.)

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Desabafo contra comida de criança

Não há um único programa de TV sobre culinária ou gastronomia que não faça ao menos uma menção ao desafio que é cozinhar para crianças. Elas são vistas como criaturinhas exigentes, de paladares simplistas, que não suportam qualquer tempero remotamente diferente de sal e que, definitivamente, não conseguem digerir nada que não venha com um brinquedo ou com um personagem de desenho animado no rótulo.

Bom, quem não digere bem essa informação sou eu. Crianças não vêm ao mundo com um paladar restritivo; muito pelo contrário: sua curiosidade natural deveria levá-las a experimentar qualquer novidade. Afinal é por isso que existem tantas histórias de crianças que comeram sabão, areia ou pecinhas de Banco Imobiliário. A restrição surge só mais tarde, com alergias ou julgamentos baseados em experiências pessoais. Então por que elas se tornaram esses monstrinhos histéricos à visão de uma mera couve-de-bruxelas?

Bem... eu sempre adorei comer, isso não é segredo para ninguém. E, com uma irmã mais nova muito desconfiada, sempre vi na comida a oportunidade de mostrar a meus pais que eu era bastante madura. Daí nunca recusei nada. Quer experimentar espinafre? Sim, mamãe. Um pouco de couve? Claro. Que tal jiló? Experimento, mas não prometo que vou gostar. De fato, podia não apreciar sabores amargos como faço hoje, mas nunca disse “não gosto” antes de efetivamente sentir o gosto. Uma grande contribuição para a formação de meu paladar foi também o fato de termos tido uma chácara até meus dez anos, onde meus pais permitiam (e incentivavam) que eu tivesse ativa participação no plantio e na colheita de uma série de verduras e legumes. E não há um psicólogo infantil ou pedagogo que discordará de mim: o segredo para que uma criança coma os mais estranhos legumes é a participação em seu preparo. Isso lhe dá um senso de maturidade e responsabilidade irresistível. Faz com que se sinta em pé de igualdade com os adultos.

Enquanto isso, hoje em dia, o que fazemos nós? Cardápios infantis. Não há nada mais atroz. Essa dupla de palavras faria muito sentido caso se tratasse de pratos criados para suprir as necessidades nutricionais de uma criaturinha em fase de crescimento, que precisa de todos os legumes à disposição. No entanto, eles não passam de bifinhos com arroz e fritas, tenebrosos nuggets de frango processados, macarrão com salsicha (não me façam falar de salsichas), e toda a sorte de comida marrom e amarela, repleta de fritura, gordura hidrogenada e glutamato monossódico (que provoca hiperatividade em crianças), sem um único toque de verde. Tudo em detrimento de um suposto jantar tranqüilo, sem crianças reclamando dos brócolis. Por que o separatismo? Por que crianças não são ensinadas a comer comida de adultos, com vegetais, temperos e ervas? Até há alguns anos atrás não havia nuggets da Turma da Mônica, e nenhuma criança passava fome por isso.

Pais e babás podem continuar acreditando que não vale a pena ensinar os pequenos a se alimentarem decentemente. Mas, como comprovei durante minha vida, eles estão criando adultos de paladares restritos e preconceituosos, adultos fadados à obesidade ou má nutrição. Adultos que vêm à minha casa e não sabem como reagir a uma caponata de berinjela. Que acreditam que comer legumes seja um castigo ou algo feito apenas por imposição do médico.

Por isso, agradeço a meus pais por terem insistido em que eu provasse o que estivesse em meu prato, por mais estranho que parecesse. “É gostoso, confie em mim, eu não serviria isso a você se não fosse”. Por sua causa, eu era a única criança que já conheci que esperava ansiosamente pela estação das alcachofras.

Sopa cremosa para um dia de chuva


Chamar essa sopa de "cremosa" é quase um eufemismo. Usei (propositadamente) pouca água, para que a sopa ficasse bastante consistente e reconfortante, quase uma pasta. Não sabia o que fazer para meu almoço, até lembrar-me do potinho de feijões brancos que eu congelara há algum tempo atrás. Descongelei-os (cerca de 2 xícaras), aqueci-os com sal, pimenta-do-reino, uma pitada de pimenta calabresa seca, folhas se sálvia colhidas da janela e um pouco de caldo de legumes, o bastante para atingir a consistência desejada. Enquanto isso, refoguei numa frigideira um dente de alho, algumas folhas de alecrim fresco também do meu "jardim", e mais algumas folhinhas de sálvia. Verti os feijões quentes na frigideira, mexendo bem, misturando uma colher de manteiga e uma de ketchup Heinz (na falta da minha garrafa de passata di pomodoro). Passei tudo no liqüidificador, voltei para a panela e acertei o tempero. Comi com duas fatias de pão ciabatta grelhados. Exatamente o que eu precisava depois de um treino de corrida, uma passada no dentista, uma série de afazeres e uma hora de musculação! Afe!

o rei da quinzena: Rei Feijão

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Frozen Yogurt



Frozen yogurt feito com iogurte caseiro. Como gosto de iogurte mais líquido, o frozen não ficou tão cremoso quanto Allex gostaria, mas ainda assim, o resultado foi fantástico. Vou apenas usar metade da quantidade de açúcar da próxima vez, pois o prefiro mais azedinho. Uma das combinações que mais gosto com iogurte, ao natural ou como sorvete, é aquele xarope de rosas irresistivelmente pink. Comecei a comê-lo assim depois de ver sobremesas indianas feitas com iogurte, água de rosas e cardamomo. O xarope é com certeza mais forte e também mais doce, e talvez por isso mesmo dê o contraponto perfeito ao azedo do iogurte natural. O Allex, que é mais preguiça, quer sair comprando uma infinidade de sabores de iogurte pronto e simplesmente colocar na sorveteira. Fazer o quê?

FROZEN YOGURT
(do livro The Perfect Scoop)
Rendimento: 1-1,5l de frozen yogurt, dependendo do overrun da máquina

Tempo de preparo: 20 minutos

Ingredientes:
  • 3 xíc. de iogurte natural
  • 1 xíc. de açúcar
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
Preparo:
  1. Misture tudo até dissolver o açúcar e leve à geladeira por 1 hora. Coloque na sorveteira e siga as instruções do fabricante.

Ah, vá... isso nem é receita...

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Panna Cotta! Finalmente, Panna Cotta!

A primeira vez em que comi panna cotta (que em italiano quer dizer "creme cozido") foi em Roma, na Trattoria Cadorna, da qual falei há alguns posts... Era uma sobremesa tão delicada, macia, doce na medida certa, que me conquistou imediatamente. Mas foi em Riva del Garda, uma cidadezinha no Lago de Garda, no Veneto, que minha apreciação pelo pudinzinho de leite virou total obsessão. A panna cotta era branca e imaculada, macia como nenhum pudim de leite, com perfume de baunilha real, em fava, e com a calda mais espessa, mais rubi, mais doce e ao mesmo tempo azedinha, feita com frutti di bosco, as "frutos do bosque": uma miríade de groselhas, framboesas, amoras, mirtilos, todos fresquíssimos e explodindo de maduros, repletos de aroma e sabor.

Eu me tornei tamanha aficionada, que alguns amigos do Allex começaram a fazer graça de mim, dizendo que panna cotta também era sua sobremesa favorita, mesmo sem nunca a terem provado. Afinal, eu falava tanto da maledetta, que só podia ser mesmo o melhor doce do mundo. : P

Desde então venho tentando replicar aquela gostosura sem sucesso. As receitas que tinha da sobremesa eram confusas na tradução, apesar de ser o doce mais simples do mundo, e quase sempre indicavam o creme de leite errado ou uma quantidade equivocada de gelatina, resultando num tijolo amarelado de soro ou numa papa branca que não firmava nunca. Até encontrar uma receita num livro sobre a Toscana, escrito em português de Portugal, que pedia por "natas espessas com mais de 45% de gordura". A-há! Fiquei encasquetada, pois aqui no Brasil, a não ser no sul (e agora no Santa Luzia) onde se compra nata no supermercado, só temos acesso a creme de leite pasteurizado, que não tem mais de 35% de gordura. Entristeci-me, acreditando que nunca faria minha panna cotta.

Foi quando comecei a ver pipocar em blogs e portais de culinária receitas de panna cotta, com fotos lindíssimas, que usavam o creme de leite a 35% numa boa. Será? Será que eu havia me precipitado ao desistir da panna cotta?? Foi por isso que ontem, com um potinho de creme de leite fresco perigosamente perto da data de vencimento, resolvi tentar produzi-la com uma receita do Professional Baking. Tchanans! E não é que deu certo?

O único porém foi que eu coloquei os potinhos na geladeira enquanto ainda estavam muito quentes, o que resultou (acredito que esse seja o motivo) na separação do creme em 2 camadas. Não afetou em nada o sabor quando se pega as duas camadas em uma colherada só, mas com certeza afetou a aparência. Com uma calda de caramelo por cima é fácil esquecer do defeitinho. Delícia!

PANNA COTTA
Tempo de preparo: 15 minutos + algumas horas na geladeira
Rendimento: 6 potinhos de 90ml


Ingredientes:
  • 300g de creme de leite fresco
  • 300g de leite integral
  • 125g de açúcar
  • 5-7g de gelatina em pó (a quantidade menor produz uma panna cotta mais macia, e a maior, uma mais firme; escolha a que quiser)
  • 1 colh. (chá) de essência de baunilha
Preparo:
  1. Aqueça o leite, o creme de leite e o açúcar até que este tenha dissolvido. Não deixe ferver, ou o calor matará a capacidade de gelatinização da gelatina.
  2. Enquanto isso, coloque a gelatina em água (25g ou 35g, de acordo com a quantidade da gelatina). Deixe que ela absorva toda a água.
  3. Desligue o fogo, jogue a gelatina dentro do creme e mexa até dissolver. Junte a baunilha.
  4. Distribua entre as forminhas, deixe esfriar e leve à geladeira até firmar. Na hora de servir, passe uma faquinha pelas laterais e desenforme, cobrindo com calda de caramelo, chocolate ou frutas vermelhas.

Salada de cevadinha com berinjela



Fiquei apaixonada por saladas feitas com cevada, principalmente porque elas parecem ficar mais saborosas de um dia para o outro. Como percebi que há já algum tempo que não coloco aqui receitas num formato mais organizado, vou tentar transcrever as etapas que estão só em minha cabeça, pois fui preparando a salada meio que na loucura. Ela ficou saborosíssima e com um equilíbrio muito interessante entre a maciez da berinjela e a cevada al dente, o salgado das azeitonas e o ácido açucarado das cebolas roxas. E fica delicioso tanto direto da panela quanto às garfadas ainda no prato que estava na geladeira.

SALADA DE CEVADINHA COM BERINJELA
Tempo de preparo: 50 minutos (mais o tempo de molho da cevada)
Rendimento: 4 porções
Ingredientes:
  • 1 xíc. de cevadinha
  • 1 berinjela grande
  • 1 dente de alho
  • 1/2 cebola roxa pequena
  • 1/4 xíc. de azeitonas pretas sem caroço
  • 1 lata de grão-de-bico (conservado apenas em água e sal)
  • 1/2 colh. (chá) de pimenta-calabresa seca
  • 1/2 colh. (chá) de sementes de cominho
  • 1 colh. (sopa) de folhas de tomilho frescas
  • 2 colh. (sopa) de vinagre branco suave ou de champagne
  • 1 colh. (chá) de açúcar
  • azeite extra-virgem
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
  1. Lave muito bem a cevada em várias trocas de água, até que a água saia razoavelmente translúcida. Deixe-a de molho em 3 xícaras de água por 4-6 horas ou durante a noite. Depois do molho, não escorra: coloque a cevada e a água do molho em uma panela e leve à fervura. Abaixe o fogo, tampe (ou deixe meia-tampa se estiver subindo alguma espuma) e cozinhe até que toda a água tenha sido absorvida (cerca de 30 minutos). Deixe tampado por mais 10-20 minutos com o fogo desligado, para que a cevada termine de cozinhar e absorver a água.
  2. Enquanto isso, corte a cebola em fatias finas e coloque em uma tigela com o vinagre, o açúcar e uma pitada generosa de sal. Misture bem e deixe marinando.
  3. Doure o alho picado em um pouco de azeite junto com a pimenta-calabresa e o cominho. Junte a berinjela cortada em pedaços pequenos, uma pitada generosa de sal, pimenta-do-reino e metade das folhas de tomilho e refogue em fogo médio-baixo até que amacie bem.
  4. Escorra o grão-de-bico e junte à berinjela, misturando o restante das folhas de tomilho. Desligue o fogo, acerte o tempero e reserve.
  5. Quando a cevada estiver pronta, misture a berinjela e grão-de-bico, as azeitonas pretas em pedaços e as cebolas, sem o caldo. Junte ao caldo rosa de vinagre cerca de 2-3 colh. (sopa) de azeite e misture bem para emulsionar. Despeje sobre a cevada, misture bem e acerte o tempero. Sirva imediatamente (quente) ou deixe bem tampado na geladeira até a hora de servir (frio ou em temperatura ambiente).

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Almoço rapidíssimo

Quando não há "restô d´ontém", eu acabo caindo mesmo no macarrão para meus almoços solitários durante a semana. É sempre um ótimo momento para experiências e para se desafiar: que molho consigo fazer sem sujar panela nenhuma e com o que tem na geladeira enquanto a massa cozinha??

Enquanto meus 100g de fettuccine emaranhavam-se na água fervendo, junto com meia dúzia de tomates secos (que levam uns 7 minutos para cozinharem), apanhei minha cumbuquinha e depositei-lhe uma colher cheia de requeijão cremoso, muita pimenta-do-reino moída na hora, um naquinho de manteiga, um punhado de parmesão e folhinhas de manjericão recém-colhidas da janela. Escorri o macarrão e os tomates, despejando-os na cumbuca e misturando bem. Ficou uma delícia e só sujou a panelinha onde cozinhei o macarrão e a tigela onde comi. Dá vontade de estapear quem diz por aí que não cozinha por falta de tempo...

Flores da feira

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Iorrrrgute

Fazia tempo que queria usar aquele envelopinho de lactobacilos para fazer meu iogurte assim, do zero, a partir do leite, sem ter de comprar iogurte industrializado. Quando Allex veio, feliz e contente, dizendo que a próxima aventura sorveteira seria frozen yogurt, achei que o momento era apropriado.

No fim foi facílimo: fervi 500ml de leite integral, que depois misturei a mais 500ml de leite ainda gelado (o que deixa a mistura numa temperatura de aproximadamente 43ºC, segundo dizia o envelope). Misturei os lactobacilos por uns 2 minutos, até dissolver, cobri a tigela de louça com filme plástico e trancafiei a bendita em uma destas geladeirinhas térmicas de viagem, para manter a temperatura, por 6 horas. Quando abri, tchanans: iogurte! Verti-o nesta garrafa de vidro de boca larga que comprei há um ano atrás para exatamente esse fim, e neste instante meu iogurte está na geladeira, bonitinho, esperando o restinho de granola que sobrou no pote (café de amanhã). Como qualquer iogurte caseiro, ele não dura mais de 2 semanas. Se bem que 1 litro de iogurte, aqui, não fica na geladeira por mais de 7 dias. Ainda mais assim, azedinho, com um fio de xarope de rosas, que além de adoçá-lo e perfumá-lo, deixa-o manchado de um rosa-choque completamente decadente. Nham-nham...

Caldo de legumes


Há cerca de um ano atrás, coloquei na cabeça que faria meu próprio caldo de legumes, pois estava cansada de fazer sopas e risottos com aquele gosto de sopa instantânea de saquinho que a maior parte dos caldos em cubos tem (sem falar em todos os aditivos, conservantes, glutamato monossódico e afins). Gastei uma pequena fortuna na feira para comprar todos os ingredientes, passei um bom tempo picando, refogando e cozinhando em duas panelas perigosamente cheias de água fervendo (porque a última coisa que você lembra é que não tem um caldeirão de 5 litros em casa), esperei tudo esfriar, congelei em porções de 250ml e, depois de todo esse trabalhão e dinheiro, usei meus meros 2,5 litros de caldo (ele acaba reduzindo, e não cabia lá muita água nas minhas panelinhas entupidas com mais legumes do que elas comportavam) em apenas 2 semanas.

Ai, ai, ai... até eu que gosto de uma trabalheira na cozinha em nome de um gostinho bom achei que era demais. Por isso, esqueci a idéia do caldo caseiro e nunca mais fiz novamente.

Até que... ganhei o panelão Le Creuset do meu marido (que não é um caldeirão, mas é bem maior que minha maior panela até então), e vi no Chucrute uma foto linda e toda uma discussão a respeito de caldo de legumes com aparas de alho-poró. Aquilo ficou na minha cabeça... Antigamente, caldo de legumes (à semelhança com o de carne) era feito de restos: cascas de legumes, galhinhos de ervas das quais usamos só as folhas, sobras, etc. Olhei para meu lixo e pensei em todo aquele desperdício de folhas e cascas... E eu gastando dinheiro com aquelas porcarias de cubos! Não tive dúvida: depois daquilo, comecei a juntar, num pote muito bem fechado na geladeira, todos os galhinhos de salsinha, folhas de salsão, pontas de abobrinhas, cascas de cenoura... tudo o que pudesse ser usado no caldo sem deixá-lo turvo ou amargo. Hoje, finalmente, acreditando ter juntado restos suficientes antes que eles começassem a murchar, refoguei tudo em um pouco de óleo de canola no meu panelão vermelho, juntei uma cebola grande fatiada, um dente de alho, três ou quatro tomates secos (tenho sempre na despensa tomates secos-secos mesmo, daqueles que é preciso cozinhar antes de usar), grãos de pimenta-do-reino, uma folha de louro, ramos de tomilho e uns 4 ou 5 cravos. Deixei ferver em fogo brando por 1 hora mais ou menos, coberto por 3 litros de água.

O resultado foi um caldo bastante perfumado, mas um pouquinho escuro, meio esverdeado, talvez por causa do excesso de restos verdes mesmo. Pesquei meus tomatinhos agora hidratados, comi-os (nham-nham) e o resto dos restos, tendo cumprido (enfim) seu papel, foi agora honrosamente para o lixo.

O caldo está neste momento esfriando, numa tigela imersa em outra tigela com gelo. Assim que estiver em temperatura ambiente, congelarei em porções de 500ml para usar sempre que precisar. Caldo assim com certeza continuará existindo na minha cozinha... Muito mais fácil e de graça!

Indiano, para variar



Chega um momento em que, confesso, canso do gosto de comida italiana. Chega de massa, chega de parmesão. Nessas horas, tiro da estante o livro que Allex me deu no natal passado: Complete Indian Cooking, e me esbaldo na variedade de sabores e aromas da culinária indiana.

Ontem à noite o jantar acabou saindo um pouco tarde, pois sempre me atrapalho um pouco na hora de preparar mais de um prato. Comecei separando todos os ingredientes lá pelas 19h, coloquei a berinjela no forno, enquanto preparava os outros legumes, e quando faltavam apenas 5 minutos para que a berinjela estivesse pronta, comecei a fazer os chapatis. No fim, quando jantamos, eram quase 10 da noite, mas com certeza valeu a pena esperar.

Escolhi os pratos conforme o que tinha na geladeira: bharta, uma espécie de purê de berinjelas assadas e depois refogadas com alho, cebola, coentro fresco, em grão e suco de limão; balti de legumes, um refogado do que estiver na estação (usei cenouras, abobrinhas e ervilhas) com cebola, alho, gengibre, coentro, cúrcuma e muita muita pimenta; e chapatis, um pãozinho chato como uma panqueca, de farinha de trigo integral, frito na frigideira com um pouco de ghee ou manteiga. Os chapatis eram recomendação de acompanhamento da receita de balti, e entendi o por quê quando experimentei os legumes: sempre esqueço que as receitas desse livro levam uma quantidade de pimenta além do meu paladar, e nunca diminuo a quantidade; o pão com certeza é uma base neutra que ajuda a diminuir o picante do prato. Não que isso incomode a meu marido: para ele, quanto mais pimenta, melhor.

De qualquer forma, os pratos foram um sucesso, tanto o balti picante quando o bharta ("refrescante", segundo Allex). Os chapatis me estressaram um pouco: feitos às pressas, não pegaram a consistência ideal e por isso não consegui abri-los fino o suficiente, ficando um pouco pesadões, apesar de saborosos. O que gosto da comida indiana, além da complexidade dos sabores, cores e aromas, é o fato de satisfazer rápido, fazendo com que comamos menos. O que sobrou ontem será reaquecido no vapor (não tenho, abomino e não quero ter microondas) e servido com uma porção pequena de arroz jasmim, que, como o basmati (que faltou em minha despensa desta vez) é o acompanhamento perfeito para qualquer prato picante de arder os olhos.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

O assassino

Vai dizer... é difícil ficar brava com um assassino de pimenteiras tão fofo... Essa foto foi o Allex quem tirou.

Trattoria Cadorna

Estava reorganizando minhas fotografias no computador e, ao deparar-me com esta, achei que o lugar valia uma menção por aqui.

Quando estava em Roma, tive alguma dificuldade para encontrar bons lugares (a preços módicos) onde comer, pois tudo parecia-me excessivamente turístico. Um amigo recomendara-me esta trattoria, bastante longe do centro, há uns bons 20 minutos de caminhada da estação Termini, em uma ruazinha desconhecida, de apenas um quarteirão (Via Cadorna). Nenhum mapa turístico mostrava-a; ficava imaginando que a rua deveria ficar a uns 2,5cm do fim da página do guia. Por isso, precisei pedir informações a pelo menos 3 romanos apressados e sem paciência até encontrá-la.

Como eu não me lembrava do nome do restaurante, tive de perguntar ao garçom se havia algum Giovanni no lugar, pois o Norberto cansara de contar-me sobre o "o restaurante do Seu Giovanni", onde ele comera todos os dias durante sua estada em Roma.

Quem me dera eu também ter comido lá todos os dias. Por 16 euros, comi um prato fartíssimo do spaghetti primaverile que se tornou referência para qualquer spaghetti primaverile que eu coma em minha vida, água, 1/4 de garrafa de vinho tinto da casa, uma sensacional panna cotta com calda de chocolate e amêndoas, café (que veio com bombom) e uma dose cavalar de Grappa por conta da casa. Sem contar que pude conhecer o fofíssimo "Seu Giovanni", um velhinho rechonchudo que ficou felicíssimo ao saber que sua trattoria havia sido lembrada e recomendada do outro lado do mundo.

Voltei para o albergue ligeiramente embriagada, mas completamente feliz. E todas as vezes que preparo spaghetti primaverile em casa, lembro-me da Trattoria Cadorna, do Seu Giovanni, e me pego repetindo a mesma história para meu marido, pela enésima vez, cheia de saudades.

Couscous de abobrinha

Couscous marroquino tornou-se, em minha cozinha, uma das coisas mais fast-food que poderia existir. Ele vai bem com uma infinidade de ingredientes e temperos, é mais fácil e mais rápido de se fazer do que miojo, e meu marido adora. Além de tudo isso, nos sentimos muito saudáveis comendo-o, pois, apesar de tratar-se de uma massa, o couscous marroquino é feito de semolina, com alto valor proteico e menos carboidrato que um macarrão comum.

Este foi feito em 10 minutos, assim que o Allex chegou do trabalho: refoguei duas abobrinhas pequenas, cortadas em pedaços, em um fio de azeite extra-virgem, um dente de alho picado, uma pitada de pimenta-calabresa seca, sal, pimenta-do-reino e um pouquinho de sementes de coentro e cominho quebradas no pilão. Quando as abobrinhas amaciaram, juntei uma lata de grão-de-bico escorrido, 1 copo de couscous e mexi bem por alguns segundos. Desliguei o fogo e coloquei 1 copo de água fervendo com sal; misturei e tampei. Cinco minutos depois, quando o couscous já absorvera todo o líquido, acrescentei um naco de manteiga, acertei o sal e a pimenta, e juntei um punhado de manjericão picado e outro punhado de sementes de girassol tostadas na frigideira. Allex não me deixava guardar o que sobrou na geladeira, porque ficava dando garfadas no pote toda vez que eu tentava fechar a tampa. Ótimo sinal.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O triste fim da pimenteira

Passei meu domingo inteiro em um seminário de kriya yoga. Era de se esperar então que, após um dia de meditação, eu voltasse para casa e tivesse uma noite absolutamente tranqüila. Qual não foi meu choque ao abrir a porta de casa e encontrar minha pimenteira reduzida a três cotoquinhos mastigados enfiados no vaso. O horror! A carnificina! O caos!

Gnocchi obviamente ficou meio bravo por ter sido deixado em casa o dia todo, e resolveu atacar direto minha planta favorita, as três pimenteiras que eu plantara quando juntei os trapos com Allex, a partir das sementes de uma pimentinha seca que meu sogro me dera. Eu cuidara por 2 anos das mudas, livrando-as de todas as pragas possíveis em um apartamento, e, vira-e-mexe, curando-a de problemas causados por minha inapdidão ou desleixo. Finalmente elas pareciam estar bem e cresciam à toda força, produzindo tantas pimentas quanto uma pimenteira de apartamento pode produzir.

Então, ontem, elas foram ceifadas pelos dentes afiados de um border-collie revoltado, que queria brincar com a madeira-balsa que as sustentava. Gnocchi arrancou todos os seus galhos, mastigou e cuspiu todas as folhas e abandonou estas três pimentinhas sobreviventes embaixo do sofá, intactas. Nada restou das plantas que pudesse ser salvo, a não ser elas, as pimentinhas, que jazem na bancada da cozinha como testemunhas traumatizadas do assassinato de sua planta-mãe.

Não chorei pelo meu sapato novinho quando ele ganhou furos largos de seus caninos, mas chorei pela minha pimenteira, castigada, destruída, morta.

Sorvete de doce-de-leite

Sempre compro maçãs Fuji, pois são minhas favoritas: adoro seu sabor doce, sua ligeira acidez, e, principalmente, sua textura lisa e resistente. É a única maçã (além da verde) que aprecio comer às dentadas. No entanto, na pressa, comprei por engano maçãs Gala há duas semanas atrás. Destas, granulosas, já não gosto tanto, e elas acabaram ficando abandonadas sobre a mesa, olhando para mim... Começavam já a estragar, quando achei uma receita de sorvete de maçã em um dos livros de Nigella Lawson. Pareceu-me perfeitamente factível, então pus-me a descascar, descaroçar, cortar, cozinhar e fazer purê de 1kg de maçãs Gala.

Foi justamente na parte do purê que a coisa desandou: não importava o quanto batesse as maçãs no liqüidificador (e depois, pouco a pouco no mini-processador), o purê não ficava líquido o bastante para passar pela peneira. Já cansada de ver um líquido ralo gotejar muito lentamente na vasilha, resolvi que não me importaria com um sorvete pedaçudo, e incorporei ao creme de ovos e leite o purê como estava, com fibras e tudo. O resultado, como era de se esperar, não agradou ao Allex. Mas a mim, sim. Ao menos no que se refere ao sabor. Porque a textura ficou mesmo uma porcaria, já que os pedaços minúsculos do purê de maçãs congelaram e impediram que o sorvete ficasse cremoso.

Foi justamente por isso que, apesar de ter mais de 1 litro de sorvete de maçã no freezer (que eu estou comendo numa boa), acatei o pedido do Allex e fiz esse de doce-de-leite. A receita em si, apesar de portar o nome "Dulce-de-Leche Ice Cream", não usava o bendito, mas aromatizava o creme de leite, ovos e baunilha com um caramelo escuro, feito apenas com o açúcar, sem água. Razão pela qual, ao constatar o sabor "Bala Toffee" do creme na panela, aceitei a sugestão do Allex de incorporar, no final, boas colheradas de doce-de-leite, que fica cremoso no meio do sorvete por causa da alta concentração de açúcar, que o impede de congelar.

O livro avisava que o "Dulce-de-Leche Ice Cream" era bastante doce, e por isso não chegaria a uma consistência muito firme na sorveteira. Ele estava, realmente, bastante líquido ainda quando despejei-o no pote azul de sorvete industrializado. E quando misturei o doce-de-leite, dei risada ao ver os pedaços afundando como navios náufragos num mar acastanhado. Depois de uma noite no freezer, o sorvete atingira sua consistência perfeita, mas, claro, o doce-de-leite foi todo para o fundo. De modo que o Allex serviu-se de uma porção considerável de sorvete, na tentativa de cavocar o pote fundo em busca do doce perdido.

O sorvete foi aprovado, mas em pequenas quantidades, pois é doce demais. "Parece sobremesa de restaurante chique", disse meu marido, " porque você só pode comer uma porçãozinha francesa". Numa próxima vez, tentarei fazer uma quantidade menor de caramelo, para que o sorvete fique bastante suave, apenas pontuado pela doçura untuosa do doce-de-leite. Meu prazer tem sido comer os dois sorvetes juntos, uma bola de cada (ou uma bola e um monte de pedaços de gelo sabor maçã), pois seus sabores complementaram-se muito bem.

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Gnocchi de mandioca



Fazia tempo que queria testar essa versão brasileira de gnocchi. Apesar de gostosos e leves, entretanto, acho muito difícil qualquer transeunte conseguir diferenciá-los dos de batata, já que a mandioca, depois de cozida, adquiriu um gosto bastante suave, e o molho, confesso, encobria um pouco seu sabor.

Difícil deixar a receita, já que fui fazendo tudo um pouco a olho, não tendo encontrado nenhuma receita que me satisfizesse. Cozinhei a mandioca em pedaços pequenos (grande erro, pois depois não consegui cortar fora o centro fibroso, e tive problemas para transformá-la em purê), passei-a pelo amassador de batatas, juntei sal, pimenta-do-reino, queijo ralado, 1 ovo e farinha de trigo suficiente para dar liga. Cozinhei-os normalmente e cobri com um molho de Marcella Hazan, de tomate, cebola, cenoura e salsão com manteiga e creme de leite. Ficou com certeza saboroso, e me deixou a pensar que outras raízes e legumes poderiam ser usados da mesma forma, substituindo as batatas...

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Testada e aprovada!

"Nunca mais vou comprar sorvete da Kibon", disse Allex hoje de manhã ao tirar uma colherada do sorvete de baunilha que fizemos ontem à noite na sorveteira nova.

Quem teve a coragem de dizer na Amazon que essa sorveteira não funciona, com certeza absoluta, não sabia o que estava fazendo. Quando coloquei o creme na sorveteira, confesso que fiquei bastante desconfiada. Isso não vai fazer sorvete nem aqui nem na China, pensei. Mas depois de uns 15 minutos, podíamos ver uma mudança significativa em sua consistência. Quarenta minutos foram suficientes para torná-lo incrivelmente fofo e cremoso, sem um único cristal de gelo. Mas como nunca tínhamos visto uma destas funcionar, resolvemos deixá-la ligada, esperando que firmasse como os sorvetes industriais, o que obviamente não aconteceu, nem depois de 1 hora após ligarmos a máquina. Ele era firme o suficiente para manter seu formato ao ser retirado com a colher, mas não tinha aquela característica quase "mastigável" do industrial, que Allex buscava.

Resolvi desligá-la e passar o sorvete para um pote com tampa, e deixei-o durante a noite no freezer. Na manhã seguinte, ele tinha a textura perfeita, cremoso mas firme, produzindo essas pequenas ranhuras ao lhe tirarmos bolas com a colher. O sabor ficou excelente, um exagero de baunilha, produzido por uma fava inteira (as vendidas no Bombay são as mais perfumadas e frescas que já encontrei) e um pouquinho de essência. A receita é do The Perfect Scoop, que tentei pela primeira vez. No entanto, ao contrário de outras receitas de sorvete de baunilha que eu testara, esse tem mais creme de leite fresco que leite, e talvez por isso — apesar de produzir apenas 750ml, podendo a máquina suportar até 1 litro — o creme tenha duplicado de tamanho e tentado fugir pela abertura superior. Sem problemas: nós nos divertimos recolhendo às colheradas o sorvete fugitivo. De qualquer forma, da próxima vez ficarei com minha receita tradicional, com mais leite que creme, pois o gosto do creme de leite ficou um pouco pronunciado demais no sorvete, e eu aprecio um sabor um pouco mais delicado.

Enfim, a sorveteira foi testada e aprovada com louvor. O sorvete produzido é macio e sem um único cristal de gelo, e virou um presente também para o Allex, que é viciado em sorvete. O balde foi da pia direto para o freezer, pois sei que o litro e meio de sorvete de baunilha não durará mais que alguns dias, e é bom estar preparada para a próxima batelada... Mais uma vez, obrigada, mamãe!

Desidratada, mas feliz!


Voltei de minha estréia no mundinho da corrida com sorriso de orelha a orelha. A corrida foi uma delícia, meu trecho (de 6,8km) era em Guaratuba, uma praia onde eu costumava ir quando criança, e da qual tinha lembranças maravilhosas. A sensação de correr assim, do ladinho das ondas, é muito calmante, apesar do cansaço pelo calor e pelo vento contra, que ao invés de refrescar, ressecava mais, morno e carregando areia e sal. Calculei errado o término do meu trecho, sendo pega de surpresa por uma curva escondida no fim da praia, ao lado do rio, e quando ainda faltavam uns 5 minutos eu já estava exaurida e sedenta. O Valmiro foi um doce de entrar uns 300m no meu trecho e trazer-me um Gatorade, providencial, que me fez continuar correndo até o fim. "Não vou andar! Não vou andar! Posso me estatelar no final, mas vou terminar essa joça correndo!", pensei. Terminei meus quilômetros vermelha como um pimentão, de pernas trêmulas e completamente afônica, por causa da garganta seca. Bebi uns 3 Gatorades, um em seguida do outro, comi meu sanduíche, troquei o par de tênis por chinelos e desabei no carro com a melhor sensação de missão cumprida do mundo. Sei que dei tudo de mim para fazer o melhor tempo que minhas pernas permitiram. Dez minutos depois estava completamente recuperada, contente porque agora era só relaxar e torcer pelos outros.

Também fiquei muito contente porque o lanche fez muito sucesso. Os sanduíches e os brownies foram aprovados e elogiados, o que me dá um alívio imenso. A Bia comeu 3 brownies, um depois do outro (você disse que era para escrever, então escrevi! hehehe...). Após a prova fomos para um churrasco na casa de um dos membros das equipes do clube, e as caipirinhas estavam de morrer. Uma pena que eu estava já cansada demais, pois dormira muito pouco na noite anterior, e acabamos indo embora cedo.

Resta a vontade de participar da próxima, uma prova individual que seja. Tudo isso lembrou-me muito da minha época de natação, em que passava sábados inteiros em competições. Com a diferença de que ninguém da equipe ficou estressado para vencer: o objetivo era se divertir. Enquanto eu escrevia isso, acabou de sair o resultado: nossa equipe ficou em 207º lugar, dentre 311 equipes, fazendo 75km em 7h 11min e 46seg! Meus 6,8km eu fiz em 43min e 37 seg, num ritmo de 6min e 25seg por km. Para a primeira corrida, está ótimo! Minha colocação individual em meu trecho foi de 255ª; ou seja, havia 56 pessoas mais lentas do que eu! hahaha...

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Comendo correndo



Como eu disse, este fim de semana estarei fora, participando de uma corrida de revezamento. Há nove pessoas na equipe (e não se engane, estamos indo pela farra, sem chances de ganhar), e acabaram me encarregando dos comes e bebes. Acabamos conseguindo um patrocínio do clube e não precisamos comprar as bebidas (muita água e Gatorade). Mas a escolha do cardápio continuou por minha conta. Já logo imaginei uma infinidade de pratos de piquenique, legumes em espeto, sanduichinhos disso e daquilo, pastinhas, docinhos, coisa e tal. E é claro que levei um balde de água fria do treinador, que me proibiu de superalimentar a equipe, sob o risco de todo mundo rolar na praia ao invés de correr. Ok, ok, keep it simple.

Segundo requisitado pela própria equipe, preparei sanduíches de queijo e peito de peru e comprei maçãs da Mônica. Peraí: Ana Elisa simplificando??? Não... eu tenho que botar meu dedo no meio. Aaaaah! Botei meu dedo no sanduíche de todo mundo!!!! hehehe...

Calma, calma. Como a largada é amanhã às 7h e comeremos no carro, enquanto deixamos os membros da equipe em seus devidos pontos de saída, tive de preparar tudo hoje. Sempre que tenho de fazer sanduíches de véspera, uso pão ciabatta pequeno em lugar do pão de forma, pois ele suporta um recheio mais úmido sem desmontar. Mesmo quando comia peito de peru, sempre detestei sanduíches só queijo e proteína, pois ficam secos e sem graça. Apanhei vários tomates e tirei-lhes as sementes (cuja umidade encharcaria o pão), cortando-os em pedaços pequenos. Marinei-os em azeite, sal, pimenta-do-reino e manjericão colhido da minha janela. Enquanto isso, no melhor estilo linha-de-produção, alinhei os 20 pãezinhos já cortados e grelhei-os levemente, um a um, para que aquecessem. Esfreguei-lhes um dente de alho, para que o sabor e o aroma ficassem suaves, apenas aquele gostinho "o que é isso, que ficou tão gostoso?". Coloquei uma colher de tomates marinados em cada pão, e só então o queijo mussarela (desta vez escrevo "mussarela" e não "mozzarella" como sempre faço, pois trata-se da versão brasileira, amarela) e peito de peru. Reservei dois só de queijo para mim, que salpiquei de Tabasco defumado e espalhei algumas azeitonas Kalamata.

Além das maçãs, para os mais saudáveis, preparei aqueles famosos brownies que meus amigos tanto gostam. Apenas porque sempre fazem sucesso e porque parecem ficar mais gostosos de um dia para o outro. Mas estes, ah, só para quem já tiver corrido seu trecho! hehehe...

Levo tudo na esperança de que todos gostem. Sei que deveria ter passado pelo crivo de toda a equipe antes, pois sempre tem um chato que não gosta de manjericão. Mas minha experiência diz que quanto mais solícita você tenta ser nesses casos, mais problema acaba arranjando. Então, quem não gostar de manjericão, come maçã. Se não gostar de maçã, come brownie. Se não gostar de brownie, chupa o dedo e espera o churrasco no fim do dia.

Fettuccine de abobrinha

É muito bom quando invencionisses não apenas dão certo, mas ficam também muito boas. Traumatizada pelas abobrinhas que deixara estragar no mês passado, resolvi usar as novas rapidinho, sem dó. O plano inicial era fazer bolinhos de abobrinha, mas tive uma preguiça imensa de preparar todos os outros pratos de arroz, salada, etc, e eu tinha um resto de ricotta que sobrara do preparo da última polenta, que estava para vencer. Como amanhã, também, vou viajar para uma prova de revezamento em Bertioga (minha primeira prova de corrida!!), não queria nada que me deixasse restos até segunda-feira.

Refoguei a abobrinha fatiada (2 grandes e uma pequenininha) em um dente de alho do tamanho do meu dedão (fico sempre impressionada com esses alhos super desenvolvidos), uma pitada de pimenta calabresa seca, pimenta-do-reino preta e branca, menta seca e sal. Deixei ficar bastante macia, mas sem perder o verde vivo da casca. Desliguei o fogo, e triturei em meu mini-processador metade das abobrinhas com cerca de 100g de ricotta de búfala e um punhado de parmesão, até que virasse uma pasta densa e verde-clara. Acertei sal e pimenta e deixei de lado enquanto cozinhava a massa. Depois de escorrer o fettuccine, misturei a pasta de ricotta, as abobrinhas refogadas, um fio de azeite e um punhado generoso de salsinha picada. Fiz questão de anotar a receita para repeti-la depois. Use quantidades moderadas de menta seca (uma pitada basta), ou o sabor anisado ficará forte demais.

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Grazie mille!

Gostaria apenas de agradecer a todos que me ligaram, mandaram e-mail, deixaram recados, pela força, pelo estímulo e pelo carinho! Foi muito gostoso receber parabéns de vocês e saber que vocês gostam das minhas lambanças culinárias! Esse aniversário foi excelente para minha lombriga, e deixou-me bastante equipada para continuar escondida na cozinha, aprontando das minhas. Muito obrigada mesmo! Um abraço a todos!

Os seus problemas acabaram!

Cansada de ficar quatro horas em casa para bater seu sorvete? Cansada de marido reclamando que o sorvete porcaria da Nestlé, que nem leite tem, tem textura melhor do que o seu? Os seus problemas acabaram! Chegou a incrível, fantástica, sensacional Hamilton Beach Ice Cream Maker!!!

Hehehe... Brincadeiras à parte, os MEUS problemas acabaram: ontem ganhei de minha mãe essa sorveteira, da Hamilton Beach. Originalmente eu queria uma da Cuisinart, mas minha mãe não conseguiu encontrá-la e acabou comprando essa. No entanto, após ler algumas opiniões de compradores na Amazon, acredito que ela tenha feito uma boa compra. Algumas críticas feitas à sorveteira mais simples da Cuisinart diziam que o balde térmico rachara e vazara depois de um tempo de uso, o que me pareceu defeito de fabricação quando vi que a Cuisinart vende o balde à parte para substituição... Hum... Enquanto isso, as críticas do Hamilton limitavam-se a reclamações de que o produto não fazia o sorvete direito ou era difícil de montar, coisa que logo constatei ser crítica de gente que não lê o manual de instruções antes de usar o brinquedo. Ele é na verdade bastante fácil de montar e usar, e se 50 pessoas dizem que funciona, é mais provável que o 1 que diz que não funciona esteja fazendo algo errado. De resto, as críticas positivas eram parecidas e os dois produtos tinham de 4 a 5 estrelas como avaliação. Com o diferencial de que a Hamilton é mais barata. Claro, pode ser tudo intriga da oposição, e eu teria ficado contente com uma Cuisinart ou qualquer outra, desde que façam sorvete gostoso, e, no fim, à parte o design, todas as sorveteiras são iguais.

Achei interessante o fabricante recomendar que se deixe o balde no freezer ad infinitum, para que se possa fazer o sorvete (demora de 20 a 40 minutos, dependendo da mistura) a qualquer momento. Também sugere que se use o balde térmico para gelar vinho ou servir cubos de gelo, já que ele é de fato um BALDE, com alça e tudo, que pode ir à mesa. O bom de deixar o baldão no freezer é que só preciso guardar o motor (que é pequenininho) no armário já lotado.

Tanta receita interessante para fazer, e o Allex quer que eu faça um simples sorvete de creme. Ok, fazer o quê... O baldinho ficará no freezer a partir de hoje e será testado no fim de semana. Prevejo muitas aventuras sorveteiras pela frente e um adeus definitivo ao sorvete industrializado cheio de conservantes! Obrigada, mamãe!

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Bolo de aniversário lambança

Só porque eu não chamei ninguém em casa, não quer dizer que eu não possa ter um bolo de aniversário. Lá fui eu, feliz e saltitante, fazer um bolo só com o que tinha na despensa.

Peguei uma receita que eu já fizera antes, de um bolo de brigadeiro da revista Gula. Ih, não tem granulado. Sem problemas, substituo por raspas. Ih, não tem creme de leite para diluir o brigadeiro. Não tem problema, uso leite e fico de olho na consistência, afinal já fiz cobertura assim sem maiores apuros.

Começou que eu devo ter me apressado na hora de misturar a farinha aos ovos batidos, e a massa acabou perdendo muito volume, o que é um grande problema num bolo que não leva fermento. Resultado: o bolo não cresceu por igual, ficando abaulado demais no centro. Dou um jeito nisso depois, pensei. Desenformei o danado depois de muito esforço, pois, apesar de ter ficado o tempo certo, na temperatura certa, na forma certa não untada, segundo instruções, o bolo grudou no fundo. Lá vou eu com uma faquinha, bem devagar, tirando o maledetto da base da forma.

Aí eu tinha a opção de cortar o bolo em dois, rechear e desencanar do fato de ele parecer um cogumelo, ou fazer o que muito confeiteiro faz e cortar fora o topo abaulado e aí dividir ao meio o bolo, tornando-o reto e liso como deveria. Por algum motivo que me foge à mente agora, eu resolvi (pasme!) inverter a parte de cima do bolo, afundando o lado arredondado no recheio e deixando a parte reta para cima. Lá fui eu: fiz o xarope de açúcar e derramei sobre a base, que estava muito bem posicionada e presa por um aro de metal, para que o bolo montado ficasse no lugar. Derramei uma parte do brigadeiro (que ficou, é claro, muito mole) e resolvi colocar um pouco de morangos fatiados (que não constavam na receita) por cima, para cortar o doce (apesar de esses serem os morangos mais doces, perfumados e melíferos que provei desde minha infância). Peguei a parte de cima do bolo, inverti e "tchuff" no recheio, apertando bem. Mais xarope por cima, e chegou a hora da cobertura. Outra idéia estúpida: ao invés de deixar a cobertura bonitinha em cima do bolo, gelá-la e depois aplicar as laterais com o brigadeiro mais firme, resolvi tirar o aro de metal e derramar o brigadeiro, que — óbvio — escorreu feito lava pelas laterais do bolo, desequilibrando-o e entortando-o totalmente, pois — mais uma vez, óbvio — a parte de cima não ficara bem assentada.

Ai, ai... Pego a espátula comprida e começo a puxar a cobertura para cima, tentando espalhá-la nas laterais do bolo de modo (ha-ha-ha) uniforme. Tudo bem, tudo bem. A gente coloca raspas de chocolate por cima e tudo fica lindo. Até parece. Aquelas raspas lindas e compridas, que o Jamie Oliver consegue no programa dele em que fez o Tiramisù de chocolate, não consegui imitar nem de longe. Viraram serragem em cima da lambança.

Daqui a pouco minha irmã e minha mãe vêm em casa comer o tal bolo e tomar um café. Prevejo muitas risadas ao ver esse que deve ser meu bolo mais tranqueira desde que comecei a cozinhar, parecendo que foi montado por uma criança de 3 anos. Dá até vergonha de tirar foto, daí a macro. Está, no entanto, com cara daqueles bolos muito muito caseiros, bem doces, que nossas mães (aquelas que não tinham mão de confeiteira) faziam para nós. E pelo saudosismo vale, sem contar que, apesar de feinho, deve ter ficado gostoso... É preciso rir, às vezes, da própria idiotice...

A primeira Le Creuset a gente nunca esquece

Vamos por partes: hoje é meu aniversário. Esse aí em cima é meu maravilhoso, sensacional, fantástico presente de aniversário, dado por meu maravilhoso, sensacional, fantástico marido: lindinha, lindinha, minha primeira panela Le Creuset, vermelha como um pimentão! Allex veio todo feliz e contente dizer-me que quis comprá-la porque era uma panela dois em um: posso usá-la normalmente ou como o Doufeu que de fato é: você coloca água gelada sobre a tampa, impedindo que os vapores cheios de sabor e aroma de seu cozido ou assado escapem, aumentando o sabor do seu preparado que fica horas no fogo. Estou louca para usá-la logo, mas como ela é imensa (minha maior panela até agora), tenho que chamar uma cambada aqui em casa para encher a pança.
Ainda quero sentar com calma e ler todo o manual, para ter certeza de como cuidar do bichinho para ele fazer jus à sua garantia vitalícia.

É engraçado isso de gostar de cozinhar: sou uma das poucas mulheres que não pedem o divórcio ao ganhar uma panela de presente de aniversário do marido! hehehe...

Cozinhe isso também!

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