Mostrando postagens com marcador americano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador americano. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Voltando? Talvez. Com muffins.

As férias do blog me fizeram bem. Colocaram minha cabeça e minhas prioridades em ordem. Fizeram-me perceber que eu não escrevia para os outros, mas para mim. E isso é muito bom, e é como deve ser. Senti falta não de compartilhar meu almoço, mas um leite de coco caseiro, um truque para reaproveitar spaghetti, um jeito mais fácil de pensar o cardápio da semana. Alguma coisa que teria sido bom ter lido quando precisei, para não me sentir tão louca, tão perdida. Andei também relendo alguns dos meus textos favoritos na internet, as poucas crônicas do Extreme Frugality, publicadas na finada Gourmet, e pensei quão órfã me sentia desde que os textos foram interrompidos, e me identifiquei com alguns dos emails que recebi durante essa pausa.

Mas não foi apenas isso o que percebi nesses meses: também vi como foi libertador cozinhar apenas para minha família, para mim, sem pensar quão fotogênico ficou um bolo ou o melhor ângulo do espinafre. Simplesmente comida quente, do fogão à mesa, para a boca ávida do (não tão) pequeno matador de dragões. Como os fracassos retumbantes foram menos retumbantes por não implicar na ausência de um post, por não parecer que eu falhei não apenas para mim, mas para um sem número de leitores. Os fracassos se tornaram não apenas toleráveis, mas contornáveis. Os macarons no lixo não doeram tanto. Ficou a vontade de tentar novamente. Sem pressa. Sem pressão.

Nesse espírito, e na correria desenfrada que tem sido meu trabalho esse ano, meu estilo de cozinha sofreu algumas mudanças. Aquela velha história de um prato inteiramente novo a cada refeição, porções exatas, calculadas para não sobrar, acabou. Pelo menos por enquanto. E me tornei uma grande adepta da reciclagem dos pratos: o feijão que vira frijoles refritos, a quinua que vira bolinho, o risotto que vira arancini, o spaghetti que vira fritatta – porque se Thomas não gosta de algo hoje, basta misturar com ovo que ele comerá amanhã... Peguei esse hábito de cozinhar os pacotes inteiros de feijão e deixá-los separados em porções já pensando "esse é sopa, esse é salada, esse é hambúrguer vegetariano...". E cozinhar sempre o dobro do que preciso de cereais como arroz integral ou quinua, perfeitos para utilizar num stir fry ou bolinhos rapidíssimos no dia seguinte, tudo sempre cheio de legumes.

Meu livro favorito ultimanente tem sido o How To Cook Everything Vegetarian, do Mark Bittman, que tem estado constantemente aberto em minha cozinha pelos últimos dois meses. Os pratos diários tem saído tão variados, que há já muitos meses não me lembro de comprar um pedaço de peixe, e me vejo em estado de puro choque quando ouço alguém dizer "não gosto de legumes". COMO É POSSÍVEL???

E Thomas tem sido puro orgulho gastronômico. Come sozinho, com suas mãozinhas exploradoras ou com garfinho e colher, que ele usa para espetar a comida do prato e levar... à outra mão, que então coloca o pedaço na boca. Mastiga com seus seis dentinhos, emitindo contentes "nhom-nhom-nhom". Adora comidas apimentadas. Numa reunião de amigos, peguei-o mastigando uma castanha de caju com caiena que eu preparara para os adultos. E frutas. Principalmente banana. Seu bolo de aniversário foi obviamente de banana.

Agora que ele completou um ano, estou devagarinho deixando-o comer coisinhas um pouco mais doces. Não sempre. De vez em quando. Porque é feito em casa. Porque tem bons ingredientes. E porque não importa o chocolate; como pode lhe fazer mal, com sarraceno e caqui? Porque não vai ser danoninho. Não no MEU turno.

Esses muffins foram o exemplo perfeito de algo que teria me tirado do sério há meses atrás. Porque eles estavam se esforçando para dar errado. De verdade. Meu forno que não anda confiável, minha cabeça cansada e distraída, eu já ter estragado outros muffins do mesmo livro, a manteiga gelada que talhou na adição dos ovos de uma vez e depois terminando de estragar miseravelmente na adição do iogurte... Mas deram certo. Muito certo. Deram certo porque decidi ouvir o tiozinho sábio invisível sentado no meu ombro, que me sussurrou: "joga fora e faz de novo, do seu jeito!".

Joguei fora e comecei de novo. Do meu jeito. E ficaram deliciosos, e macios, e complexos. Mas eles são engraçados. Se você nunca provou farinha de trigo sarraceno na vida, saiba que ela é peculiar: seu sabor é terroso, forte e específico – posso até dizer, um gosto adquirido. Recomendo que, antes de comprar um quilo da farinha, experimente um prato de soba (massa japonesa de trigo sarraceno). Gostou? Então vá em frente. Porque eu não daria um desses muffins a alguém só acostumado a brigadeiro. O primeiro sabor que atinge você como um murro ao mordê-los é justamente o sarraceno, que então se dissolve no cacau da massa, nos nacos de chocolate amargo derretido e nos pedaços de caqui quase caramelizados. Então tudo fica bem. Mas a primeira mordida é estranha, pois seu cérebro se sente enganado, depois de olhar para aquele bolinho e concluir apenas "chocolate".

Use bom cacau. Escuro e perfumado. Fuja dessas marcas com cheiro de giz. Gaste um pouco mais num cacau que presta. Use o dinheiro que você costuma gastar naquele iogurte que faz ir ao banheiro. Você vai me agradecer. Use caquis bem maduros e doces. Meça as farinhas com mão leve, principalmente o sarraceno, que não tem glúten e tende a dar uma consistência mais pesada e arenosa aos produtos assados. Se derem certo, aproveite. Se não derem, acontece. Há alguns dias atrás joguei três assadeiras de macarons de avelãs no lixo. Shit happens. Não se cobre muito. Tente de novo depois.

MUFFINS DE CHOCOLATE, CAQUI E SARRACENO
(ligeiramente adaptado do livro Good to the Grain, de Kim Boyce)

Ingredientes:
  • 1 xic. farinha de trigo sarraceno
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo branca orgânica
  • 1/4 xic. + 2 colh. (sopa) cacau em pó (não-adoçado)
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) sal
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 85g manteiga sem sal*
  • 1/4 xic. açúcar orgânico claro
  • 1/4 xic. açúcar mascavo
  • 2 ovos grandes, orgânicos
  • 1/2 xic. iogurte natural (preferencialmente caseiro)
  • 2 xic. polpa de caqui (corte o caqui ao meio e remova a polpa com uma colher de chá, para manter os pedaços pequenos)
  • 110g chocolate amargo (50-70%) picado
*A autora especifica manteiga gelada, mas ela pode talhar na adição dos ovos, então use em temperatura ambiente

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe muito bem 12 forminhas de muffins**. 
  2. Peneire os ingredientes secos numa tigela. Junte à mistura qualquern fibra das farinhas que sobrar na peneira.
  3. Na tigela da batedeira, coloque a manteiga e os açúcares e bata em velocidade baixa até que tudo esteja misturado. Aumente para velocidade alta e bata por pelo menos 5 minutos, até que a manteiga esteja clara e cremosa.
  4. Numa tigelinha, quebre os dois ovos e misture bem com um garfo. Raspe as laterais da tigela da batedeira com uma espátula e ligue novamente a batedeira, em velocidade média. Acrescente os ovos à manteiga pouco a pouco (use uma colher de sopa), batendo bem a cada adição. 
  5. Junte 1/3 da mistura de farinha e bata em velocidade baixa, apenas até que esteja incorporado. Junte metade do iogurte e bata novamente. Continue alternando, batendo a cada adição apenas o suficiente para que não haja traços de farinha ou iogurte na massa, que estará mais densa e pesada do que uma massa de muffin normal.
  6. Desligue a batedeira e, com uma espátula, incorpore a polpa de caqui e o chocolate, misturando bem. 
  7. Divida a massa nas 12 formas. A massa continua densa e vai crescer pouco e para cima, então não se preocupe se ela ultrapassar a borda.
  8. Leve ao forno por cerca de 35 minutos, ou até que você toque o topo dos muffins e eles estejam firmes como um bolo. Retire a forma do forno. Torça os muffins para fora da forma e coloque-os apoiados sobre as bordas das forminhas na diagonal, para que esfriem mantendo a crocância da casca. Eles são melhores comidos no mesmo dia, mas podem ser guardados em pote fechado por até dois dias, ou embalados e congelados, para serem reaquecidos depois.
**A autora diz que a receita dá para 8 muffins. Mas como não apenas eu, mas outros internautas por aí tiveram tanto sucessos quanto resultados desastrosos com essa proporção, preferi mais muffins menores a um único tapete de massa mal assada, como já aconteceu. No entanto, como a massa é bem densa, acredito que até seja possível assá-los em 8 formas apenas. Caso queira fazê-lo, intercale as formas com massa com outras cheias de água quente até a metade, para garantir cozimento por igual. Por sua conta e risco. 


quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Um bolo de morangos (antes que eles sumam até o ano que vem)

Havia muito tempo não entravam tantas frutas ao mesmo tempo nessa casa. Culpa do pequeno-matador-de-dragões-devorador-de-frutas. Um ogrinho, que assim que me vê picando comida estende os braços e começa a mastigar o vazio. Sim, porque num belo almoço, percebi que ele estava puxando a papinha grossa para a lateral da boca e amassando com as gengivas, boca aberta, como um camelo. Não tive dúvidas e parei imediatamente de moer sua comida. Ela agora é picadinha, em bocados pequeninos, de texturas diferentes, para que ele entenda como melhor mastigar.

O menino é já melhor garfo do que eu ou meu marido jamais fomos quando crianças, e come de absolutamente tudo, desde que dada uma segunda chance para provar. Quase sempre o que tem uma textura nova é ligeiramente rejeitado num dia, para ser devorado no dia seguinte. Nos momentos de rejeição, intercalar colheradas do prato com pedaços de banana, sua fruta favorita, é o melhor truque, e ele raspa o prato.

Fico encantada e orgulhosa com sua curiosidade e seu paladar, vedo-o comer soba com berinjela e manga, flan de cenoura e espinafre, couscous marroquino com tomate, abobrinha e queijo meia-cura, curry de abóbora, batata e tofu, e uma miríade de frutas, das quais até hoje não desgostou de praticamente nenhuma.

Depois de ele já ter comido sua cota de morangos, no entanto, guardei esse punhado para os adultos. Doces e suculentos – obviamente orgânicos –, andavam aparecendo à mesa apenas combinados a chantilly batido na hora, talvez com uma colherinha de vinagre balsâmico. Depois de concluir que já bastava da combinação, resolvi usá-los nesse bolo, cuja fotografia me havia hipnotizado no Smitten Kitchen, há algum tempo atrás.

Na falta de farinha de cevada, acabei preparando a receita original, de Martha Stewart. Fiquei receosa de que meu prato de torta de 9 polegadas fosse muito baixo (com 4,5cm de altura), e que a massa fosse crescer além da conta e se derramar no piso do forno. Mas o tamanho ficou perigosamente exato e o bolo ficou perfeito.

Delicioso era o perfume dele saído do forno, da baunilha e dos morangos quentes. Abri-o apenas no dia seguinte, na ocasião da visita de minha sogra, para descobrir que seu fundo formara uma casquinha açucarada como o bolo de cenoura de minha mãe. Um bolo simples e saboroso a ser repetido muitas vezes. Todos os anos, quando os morangos chegarem. Para mim, um pedaço enquanto o bebê dorme. Pois é agora impossível comer qualquer coisa em frente a ele, sem que aqueles bracinhos alcancem seu prato e as mãozinhas ávidas tentem sequestrar seu jantar.

A receita fica apenas em link para o site original, uma vez que não adaptei nada. FYI, usei açúcar cristal, farinha, ovos e morangos orgânicos, e extrato de baunilha caseiro. Arrisquei e usei uma forma de torta de vidro, de 9" (22-23cm), com 4,5cm de altura, mas como a foto mostra, a massa não vazou por sorte. Recomendo usar uma forma de torta de 10" (25-26cm) ou uma forma de mola de 22-23cm. Vamos evitar desastres e desperdício de morangos. Certo? ;)

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Uma sexta frugal: homemade ketchup

Ketchup é uma coisinha tão mandatória aqui em casa (e que frequentemente acaba enfeitando lasagne e tortas, o que me deixa cabreira), que toda vez que mencionava a vontade de preparar em casa, Allex torcia tanto o nariz que eu desistia. Mas os experimentos dos últimos meses têm amaciado o marido para homemade stuff, e quando o Heinz acabou, decidi que era o momento. Afinal, todos os ingredientes esperavam por mim na despensa. "Quero só testar", expliquei. "Se não ficar bom, a gente volta a comprar." Ele concordou.

De todas as receitas que constam em meus livros, foi a de Darina Allen que me chamou mais atenção, pelo uso de maçãs para melhorar o sabor e a textura. Como havia ainda uma batelada de miolos e cascas no meu freezer (metade fora usada para geleia), achei que poderia facilmente substituir as maçãs inteiras pelo mesmo peso em aparas. E sim! Funcionou maravilhosamente! De modo que, guardando as aparas das maçãs comidas no outono e inverno, você tem o bastante para preparar ketchup e geleia no verão e na primavera sem precisar comprar frutas fora de época.

Se eu soubesse que era tão fácil fazer ketchup, teria começado há muito tempo atrás. Usando tomates em lata e aparas de maçã congeladas, o único trabalho foi picar as cebolas e depois bater tudo. Se é mais barato? No meu caso, sim. Com os preços da minha região, e usando tomates pelados em lata, consegui, pelo preço de uma embalagem Heinz de 500g, produzir quase o dobro em volume de ketchup caseiro. Metade foi direto para a geladeira, e metade está em potes esterilizados, na parte escura da despensa. (Preciso dizer que mesmo saindo o mesmo preço, vale a pena ter ketchup cujos ingredientes você controla, e sem high fructose corn syrup? Não né?)

Por conta dos miolos das maçãs, tive de passar a mistura no passa-verdura para separar a polpa dos cabinhos e sementes. Deveria então ter batido tudo no liquidificador para deixar a textura bem lisa, mas me bateu uma preguiça imensa. Fica para a próxima. Porque quando perguntei ao Allex o que poderia fazer para melhorar o produto, sua resposta foi: "Só deixar mais lisinho, porque de gosto tá ótimo!"

Ok, agora até deixo o homem colocar ketchup na lasagne...

:D

KETCHUP CASEIRO (meia receita)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 3-4 xícaras, dependendo do quanto apurar

Ingredientes:
  • 750g de tomate sem pele e picado (fresco ou em lata)
  • 250g de aparas de maçã (miolos e cascas, guardados no freezer ao longo da estação)
  • 250g de cebolas picadas
  • 1 xic. + 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 1 xic. vinagre de sidra*
  • 1/2 colh. (sopa) sal
  • 1/8 colh. (chá) pimenta caiena
  • 3 grãos de pimenta-do-reino
  • 3 grão de pimenta-da-jamaica
  • 3 cravos
*(confesso que usei vinagre branco + vinagre de framboesa + vinagre de xerez, porque precisava acabar com eles)

Preparo:
  1. Coloque todos os ingredientes numa panela de inox de fundo grosso. Leve à fervura e ferva em fogo brando por cerca de 1 hora, mexendo regularmente com uma colher de pau para evitar que grude, até que tenha a consistência de ketchup.
  2. Deixe que esfrie por uns 5 minutos e passe a mistura no passa-verdura com o disco de furos menores, para separar os cabinhos e sementes da maçã. Descarte esses restos.
  3. Passe o purê restante no liquidificador e bata até que fique bem liso e homogêneo. Se ainda estiver com consistência muito líquida, volte à panela e continue fervendo em fogo baixo, mexendo, até que engrosse. Lembre-se de que o ketchup engrossa um pouco depois que esfria. 
  4. Distribua em vidros esterilizados e guarde em local fresco, seco e escuro por 3 meses ou mais. (Na dúvida, guarde na geladeira.)

terça-feira, 4 de outubro de 2011

32 e um bolo


Trinta e dois anos.

*Suspiro*

É difícil não lembrar meus dezesseis anos e os anseios que tinha naquela época. Imaginava que depois dos trinta anos eu seria uma grande diretora de criação de uma mega agência de publicidade, dirigiria um carro fenomenal, teria um apartamento sensacional, um(ns) namorado(s) gostosérrimo(s) e seria uma daquelas mulheres poderosas e fod*nas que o mundo de hoje diz que precisamos ser para sermos felizes. Em momento nenhum passou pela minha mente adolescente que aos 32 anos eu estaria casada, com um bebê de 6 meses, um cão, trabalhando em casa como ilustradora e querendo para mim uma vida cada vez mais caseira e simples. Nada poderia estar tão distante da imagem que tinha do meu suposto futuro.

Então, nesse momento, poderia entrar o texto "mas estou feliz por como tudo acabou acontecendo". E não haveria nada de errado com essa frase, a não ser pela adversativa. "Mas" não se encaixa aqui. O que acho realmente interessante ao comparar o cenário fictício com o real, é o fato de que eu em momento nenhum "não consegui" ser a mulher que eu vislumbrava naquela época. Não há frustração nesse quesito. Ao contrário, todas as oportunidades se apresentaram para que seguisse aquele caminho. Interessante mesmo foi ver como, na hora de decidir o que de fato queria para mim, fui declinando essas oportunidades em detrimento dos meus princípios, que foram amadurecendo ao longo dos anos e me mostrando o que era de fato importante para minha felicidade.

Hoje não reconheço mais aquela pessoa que achava que seria "tudo" ter um Porsche. Mas adoro repensar o processo, os estopins de todas as mudanças em mim, e quase posso ouvir o som das engrenagens se movendo e das chaves estalando em meu cérebro, mudando meu raciocínio, evoluindo meus gostos e desgostos, fazendo novas escolhas.



E vejo como justamente hoje é tão mais fácil escolher. Escolher o simples. Escolher verde. Escolher família. Escolher silêncio. Conforme vou simplificando, eliminando o desnecessário, o extra, o entulho, o que importa se torna evidente e preenche todas as frestas inseguras de minha estrutura. Vou indo hoje a passos mais lentos, tentando não me cobrar tanto a perfeição absoluta – tão difícil –, mas vou mudando pequenos hábitos. Nunca pensei que cancelar a TV a cabo fizesse tanta diferença na minha interação familiar e no meu aproveitamento de tempo. Vendi meu computador para ficar apenas com o lap (não havia motivo para ter ambos, a não ser apego), e vi, surpresa, também minha conta de eletricidade despencar. Cancelei minha conta de todas as redes sociais e me vi cercada apenas de meus amigos de verdade e pessoas que sabem meu telefone. Parei de perder tempo na frente do computador e depois reclamar que não havia tempo para outras coisas, como brincar com o cachorro. Propus a meu marido que ficássemos 30 dias sem gastar dinheiro, inspirada no Extreme Frugality, e o resultado foi melhor do que eu esperava. Não apenas financeiro, mas percebemos como encontramos coisas para fazer juntos e aproveitar a companhia uns dos outros quando simplesmente "sair para gastar dinheiro" está fora da mesa. Como entulhamos nosso lar com tralhas inúteis por simples tédio – levante a mão quem dá um pulinho na Amazon quando não tem o que fazer.   o/ 



Simplificar tem sido a melhor escolha que fiz nos últimos tempos. A vida vai ficando mais fácil e mais leve.

Agora, de simples e leve esse bolo não tem nada. Quatro camadas de um bolo intenso e úmido de chocolate, intercaladas com ganache, caramelo com flor de sal e amêndoas. Esse foi um exemplo do esforço oposto a simplificar, uma vez que, confesso, não foi nada fácil preparar e montar um bolo de camadas com um bebê requisitando minha atenção o dia todo. Encaixar as etapas nos cochilos do pequeno foi um exercício de planejamento não muito bem sucedido. Para quem tem uma tarde livre de interrupções, no entanto, ele é um passeio no parque.

BOLO DE CHOCOLATE COM ECHEIO DE CARAMELO SALGADO

Ingredientes:
(caramelo)
  • 1 xic. açúcar
  • 1/4 xic. água
  • 2 colh. (sopa) xarope de glucose
  • 1/2 xic. creme de leite fresco
  • 1/4 xic. manteiga sem sal, em cubos
  • 1/4 xic. sour cream
  • 1/2 colh. (chá) suco de limão
  • Uma pitada grande de flor-de-sal e mais um adicional para a montagem do bolo
(ganache)
  • 650g chocolate meio-amargo picado (não ultrapasse 61% de cacau)
  • 3 xic. creme de leite fresco
(bolo)
  • 2 xic. açúcar
  • 1 3/4 xic. farinha de trigo
  • 3/4 xic. cacau em pó
  • 1 1/2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 1/2 col. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1 colh. (chá) sal
  • 1 xic. leite integral
  • 2 ovos grandes
  • 1/2 xic. manteiga sem sal, derretida e fria
  • 1 xic. água quente
  • 1 colh. (sopa) café instantâneo

  • 1 1/4 xic. amêndoas sem sal, torradas e picadas grosseiramente

Preparo:
(caramelo)
  1. Misture o açúcar, 1/4 xic. água e o xarope de glucose numa panela média sobre fogo baixo até que o açúcar dissolva.
  2. Aumente o fogo para médio, cubra e cozinhe por 4 minutos.
  3. Retire a tampa, aumente o fogo para alto e ferva sem mexer até que esteja com uma cor âmbar intensa, cerca de 6 minutos.
  4. Retire do fogo. Adicione o creme (vai borbulhar vigorosamente). Com um batedor de arame, misture a manteiga, o suco de limão, o sour cream e uma pitada generosa de flor se sal. Deixe esfriar completamente. Pode ser feito até 3 dias antes. Deixe voltar à temperatura ambiente para usar.
(ganache)
  1. Coloque o chocolate numa tigela grande. Leve o creme à fervura e derrame-o sobre o chocolate. Deixe amolecer por 1 minuto e então misture até que esteja homogêneo. Deixe esfriar até que fique numa consistência firme o bastante para espalhar sobre o bolo. PPode ser feito até 3 dias antes. Deixe voltar à temperatura ambiente para usar.
(bolo)
  1. Preaqueça o forno a 180ºC. Unte 2 formas de 21-22cm de diâmetro, forre o fundo com papel-manteiga e unte o papel. Enfarinhe, retirando o excesso. 
  2. Peneire o açúca, farinha, cacau, fermento, bicarbonato e sal numa tigela grande. Junte o leite, ovos e manteiga derretida e bata na batedeira em velocidade baixa até que esteja bem misturado. Aumente a velocidade e bata por 2 minutos. 
  3. Misture o café em pó a 1 xic. de água quente até dissolver e junte à massa, batendo até que fique misturado. A massa será bastante líquida. Divida a massa entre as formas (cerca de 3 xic. cada) e asse até que um palito saia limpo ao ser inserido nos bolos, cerca de 32 minutos. 
  4. Deixe esfriar numa grade por 10 minutos. Passe uma faca nas laterais para soltar os bolos, desenforme, retire o papel e deixe que esfriem completamente. 
(montagem)
  1. Corte cada bolo ao meio. Coloque uma metade de baixo no prato. Espalhe 1/2 xic. de ganache sobre o bolo. Coloque 3/4 xic. de ganache num saco de confeitar com um bico redondo de 0,5cm. Faça um anel de ganache na beirada do bolo. Espalhe 1/4 xic. de caramelo dentro do anel. Polvilhe uma pitada de flor de sal e 1 colh. (sopa) amêndoas. Cubra com outra metade do bolo e repita as camadas, até a última metade. Espalhe o restante da ganache por todo o bolo e pressione as amêndoas picadas nas laterais do bolo. Pode ser feito 2 dias antes. Cubra com uma redoma e leve à geladeira. Retire 1 hora antes de servir.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Biscoitos recheados de manteiga de amendoim

Algumas pequenas coisas idiotas que me tiram do sério:
  • quando você serve a água quente do chá e ela puxa o papelzinho da ponta do fio pra dentro da xícara;
  • quando o que sobrou de comida não é nem tão pouco que você possa terminar de comer nem o suficiente para ser uma porção para o dia seguinte;
  • quando eu estou contando xícaras de farinha numa tigela já cheia de outros ingredientes e de repente me dá um branco de quantas xícaras já foram;
  • cães de meias;
  • quando no meio de uma história eu me esqueço do nome do livro/autor/ator/cantor/música ou qualquer informação crucial para o clímax da história, e meu interlocutor continua me olhando, impaciente e desconfortável;
  • quando um diretor f*de o filme na última cena;
  • pisar no molhado de meias.
Coisas idiotas que deveriam me tirar do sério mas me fazem rir:
  • quando o bebê resolve ver qual efeito tem o peso de suas mãos contra a água da banheira e me molha inteira;
  • derrubar a torrada com a manteiga para baixo;
  • quando o cachorro rouba minhas meias e baba nelas;
  • quando o bebê regurgita em outra pessoa que não eu;
  • quando o bebê resolve se aliviar no trocador, antes que eu coloque a fralda limpa;
  • quando o cachorro me empurra pra fora do sofá;
  • Overacting de figurantes;
  • quando depois de fazer biscoitos recheados especialmente para o seu marido, você descobre que ele não gosta de manteiga de amendoim. 
¬_¬

É rir pra não chorar.

BISCOITOS RECHEADOS DE MANTEIGA DE AMENDOIM
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 36 biscoitos

Ingredientes:
(biscoitos)
  • 2 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 3/4 xic. manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 3/4 xic. manteiga de amendoim natural (amendoins torrados, sem sal, moídos no processador)
  • 1/2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1/2 xic. açúcar demerara
  • 1 ovo grande
  • 1 coh. (chá) extrato natural de baunilha
(recheio)
  • 6 colh. (sopa) manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 3/4 xic. manteiga de amendoim natural
  • 3/4 xic. açúcar de confeiteiro
  • 3 colh. (sopa) creme de leite fresco

Preparo:
  1. Numa tigela, misture a farinha, o bicarbonato e o sal.
  2. Na tigela da batedeira, misture a manteiga, a manteiga de amendoim e os açúcares. Bata em velocidade médio-alta até que fique claro e fofo, cerca de 3 minutos.
  3. Junte o ovo e a baunilha e bata até incorporar, raspando as laterais com uma espátula.
  4. Com a batedeira em velocidade baixa, junte a farinha e bata apenas até que não se veja a farinha.
  5. Separe a massa em duas partes, achate em forma de um disco, embrulhe em filme-plástico e leve à geladeira por no mínimo 30 minutos.
  6. Polvilhe a bancada com farinha. Abra o primeiro disco de massa com um rolo, na espessura de 0,5cm. Corte com uma faca em retângulos de 2,5x6cm e disponha em uma assadeira forrada com papel-manteiga, distantes uns 3cm. Leve à geladeira por 15 minutos para firmarem. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 160ºC, com as grades na parte superior e inferior.
  7. Leve os biscoitos ao forno por 15-20 minutos, alternando as assadeiras no meio do tempo, até que os biscoitos estejam ligeiramente dourados nas beiradas e firmes no centro. Retire com uma espátula e deixe que esfriem completamente sobre uma grade. Repita com o segundo disco.
  8. Para o recheio, coloque todos os ingredientes na tigela da batedeira e bata em velocidade médio-alta até que esteja claro e fofo, cerca de 5 minutos. Distribua em metade dos biscoitos e cubra com a outra metade. Guarde na geladeira por até 3 dias.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma coisa leva à outra, e às vezes leva a Shortbread

Noutro dia contava à Pat sobre meu histórico de fracassos retumbantes com biscoitos: biscoitos queimados, crus, moles demais, esfarelentos demais, e o diabo a quatro. O que é estranho, pois eu me lembrava de assar bons biscoitos há anos atrás; mas algo aconteceu ao longo do tempo que me fez meio que "perder a mão".

Eu não desistia da ideia dos biscoitos, porém. A louca desvairada que me habita (e que se parece com a velha dos gatos dos Simpsons) continua comprando livros apenas de biscoitos, alimentando a fantasia de um dia ser uma fantástica cookie baker. Confesso, entretanto, que caí no mesmo pecado com os biscoitos que com os bolos: elegi meus tipos favoritos, caí na preguiça culinária e preparei sempre os mesmos ao longo dos anos. Chocolate Chip Cookies, Oatmeal cookies... e infinitas variações sobre o tema. Assim como aconteceu com brownies, quick breads e pound cakes.

Algo aconteceu no final da gravidez, no entanto, que me fez querer tentar novamente. E comecei com os biscotti, que havia anos não apareciam na minha cozinha. Pode ter sido desejo de grávida nos 44 do segundo tempo, mas o sucesso daqueles biscotti me incentivou a continuar. Parecia que a a mão para os biscoitos retornara. Após o nascimento do Thomas, NÃO sair para comprar ingredientes que faltavam me fez trabalhar com o que tinha e cozinhar o que dava, e acabei me aventurando nas barras. Foi com elas que caí nas bases de shortbread, que eu nunca preparara antes, e foi paixão à primeira mordida.

Shortbread é um tipo de biscoito cuja receita aparece em todos os livros americanos e ingleses que possuo, e que nunca me havia apetecido. Sua simplicidade passa por monotonia, erroneamente. Não me parecia interessante o suficiente. Não parecia algo que eu tivesse vontade de comer. No entanto, agora, estou apaixonada por sua textura leve e ligeiramente crocante, por seu sabor amanteigado. Adorei comê-lo com chá, café, ou com marmelos cozidos e iogurte. E agora que fui fisgada, pergunto-me o que mais andei perdendo, que outros biscoitos ignorei presunçosamente por tanto tempo. E não vejo a hora de prepará-los todos.

Esta receita de Alice Medrich não apenas é deliciosa, mas é à prova de idiotas. Se você se sente um desastre na cozinha e não tem coragem de assar biscoitos com medo de estragar ingredientes, essa é a porta de entrada para um caminho viciante e sem volta: a dos homemade cookies. Não apenas os ingredientes são simples, mas o processo não envolve bater manteiga, abrir com rolo, nem separar bolinhas. Apenas tenha certeza de usar uma manteiga bem saborosa e extrato de baunilha de verdade. Aliás, isso é regra para tudo e estou chovendo no molhado ao especificar esse tipo de coisa... ;)

Pat, esse shorbread é para você, que me fez ter vontade de retornar aos biscoitos. :)
SHORTBREAD ASSADO DUAS VEZES
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 5 min + 2 horas de descanso + 1h10min forno
Rendimento: cerca de 16 biscoitos

Ingredientes: 
  • 11 colh. (sopa) manteiga sem sal (cerca de 160g)
  • 1/4 xic + 1 colh. (sopa) de açúcar cristal orgânico
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo branca orgânica
  • açúcar demerara para polvilhar

Preparo:
  1. Forre o fundo de uma forma quadrada de 20cm com papel-alumínio OU unte uma forma de quiche de 23cm com fundo removível. 
  2. Derreta a manteiga. Numa tigela média, misture a manteiga ainda quente ao açúcar, sal e baunilha. Junte a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Com as mãos, espalhe a massa no fundo da forma e deixe descansando em temperatura ambiente por 2 horas ou durante a noite. 
  3. Pré-aqueça o forno a 150ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Asse o shortbread por 45 minutos. Remova a forma do forno mas deixe-o ligado. Polvilhe o açúcar demerara sobre o biscoito e deixe esfriar por 10 minutos. 
  4. Remova o shortbread da forma cuidadosamente para que não quebre e corte-o em quadrados, fatias ou palitos. Coloque os biscoitos numa assadeira forrada com papel-manteiga, ligeiramente afastados entre si, e asse por mais 15 minutos. 
  5. Retire, remova os biscoitos da assadeira e deixe que esfriem sobre uma grade. Guarde em pote fechado por várias semanas.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Coisinhas doces: Turtle Bar e bebê Thomas

 

A piada que meu marido conta há anos em casa é a de que "Ana Elisa está sempre com as mãozinhas cheias de doce". Aparentemente isso é genético, pois desde que o pequeno cavaleiro matador de dragões descobriu suas mãos, ele as devora inteiras, o tempo todo, como se estivessem de fato cheias de doce. Imagino como será quando seus dedinhos tocarem brigadeiro ou cobertura de bolo pela primeira vez... Eita...


Enquanto o pequeno se esbalda em leite, sem sequer suspeitar dos planos gastronômicos que o aguardam, a mãe, sim, meleca os dedos de caramelo, chocolate e biscoito. Estas barras são bastante rápidas, se você não contar o tempo que o caramelo demora para esfriar e o chocolate firmar. Que são deliciosas, bem, isso é óbvio considerando os ingredientes. O que me surpreendeu nelas foi o fato de não serem enjoativas. Digo, são doces. Mas, no melhor estilo Alice Medrich, não são de doer as cáries.

Comi tudo sozinha. Pronto, falei.

(Um termômetro para doces é altamente recomendável nessa receita, para garantir que o caramelo não vá nem ficar mole, escorrendo, nem duro, puxa-puxa, mas sim macio e derretendo na boca.)

TURTLE BARS
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 30-35 barrinhas

Ingredientes:
(shortbread)
14 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida e ainda morna
1/2 xic. açúcar
2 colh. (chá) extrato de baunilha
3/8 colh. (chá) sal
2 xic. farinha de trigo
(cobertura)
1 3/4 xic. açúcar demerara
1/4 xic. mel
3/8 colh. (chá) sal
1/4 xic. água
4 colh. (sopa) manteiga
1 lata (395g) leite condensado
1 colh. (sopa) extrato de baunilha
2 xic. metades inteiras de pecans ou nozes
170g chocolate ao leite ou meio amargo picado, ou 1 xic. de gotas de chocolate

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Forre uma assadeira de cerca de 21x30cm com papel-alumínio.
  2. Numa tigela média, misture a manteiga derretida, o açúcar, a baunilha e o sal. Adicione a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Não se preocupe se a massa parecer muito mole ou oleosa. Pressione-a no fundo da assadeira forrada, espalhando de modo uniforme. Asse por 20-25 minutos, ou até que esteja dourada e acastanhada nas beiradas. Deixe esfriar na própria forma, sobre uma grade. 
  3. Equanto isso, faça a cobertura. Em uma panela de fundo grosso, com capacidade para 1-1,5l, junte o açúcar demerara, o mel, sal e água. Coloque em fogo médio e junte a manteiga. Mexa constantemente com uma espátula de silicone, raspando bem o fundo e as laterais da panela, até que a manteiga derreta. Se formar um grumo na ponta da espátula, raspe com uma colher de volta à panela e continue mexendo.
  4. Leve à fervura, mexendo sempre, por aproximadamente 3 minutos, para que todo o açúcar dissolva. 
  5. Junte o leite condensado e retorne à fervura, que tem que ser constante, mas não "furiosa", espirrando para todo lado. Continue mexendo e cozinhando até que um termômetro para doces acuse 112ºC (235ºF). O tempo total de cozimento deve ser aproximadamente 15 minutos.
  6. Remova a panela do fogo e junte a baunilha. Raspe todo o caramelo sobre a base de biscoito, na forma. Incline a forma (que estará imediatamente muito quente), para espalhar o caramelo de forma uniforme. 
  7. Espalhe as nozes tostadas e o chocolate picado e deixe que o caramelo esfrie e o chocolate volte a ficar duro, o que pode demorar algumas horas. 
  8. Puxe as abas de papel alumínio para ajudar a desenformar o doce. Com uma faca afiada, corte em quadrados pequenos e guarde em um pote hermético por 1 semana.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Mais um brownie. Porque eu mereço.

O bebê está acordado. Pela janela do quarto, a luz do sol entra tímida, aquecendo um pouco o ambiente. Bom momento para dar um banho no pequeno.

Posiciono a banheirinha perto da escrivaninha que usamos como trocador, junto à janela, e deixo tudo pronto para o processo: algodão, óleo de amêndoas, fralda nova, roupa limpa, toalha macia. Vou até a cozinha, balde em mãos, apanhar água quente para a banheira. São duas rápidas viagens, para que a banheira esteja suficientemente cheia para tornar o banho confortável para o bebê.

Apanho o pequenino e o coloco no trocador. Ele começa a chorar assim que sente a cobertura plástica contra as palmas das mãozinhas, sabendo que está prestes a ficar nu e com frio. Tento ser rápida para tirar-lhe o macacãozinho, a fralda suja, e limpá-lo bem antes de colocá-lo na água. Seus pulmões são poderosos, e emitem um ruído estridente e ritmado, sem cessar. Aprendi a ignorar esse choro durante o último mês, e simplesmente tentar acelerar o processo, ao invés de tentar confortá-lo durante.

Ele esperneia ao sentir a água morna tocar seus pés. Mas quando a água alcança já sua cintura, o choro pára, de repente. Seus grandes olhos ainda azul acinzentados voltam-se para mim, e ele relaxa. E relaxa. Relaxa perigosamente.

Pergunto-me de onde vem aquela água que atinge minha camiseta em cheio, e de repente me dou conta daquele chafariz deixando a banheira em minha direção. Instintivamente, mas sem pensar, puxo o menino para fora da água, e o fino jato de xixi cruza os ares em direção ao assoalho do quarto, o tapetinho branco em frente à poltrona e, então, novamente acertando a água limpa do banho.

Blasfemo um pouco.

Enrolo o bebê na toalha limpa e o coloco no berço, rezando para que ele não tenha relaxado tanto a ponto de prosseguir com suas funções fisiológicas. Corro para apanhar o balde grande. Desencaixo uma das pontas da mangueirinha da banheira e escoo a água mijada. O bebê se desenrola da toalha, e, com frio, volta a chorar, esganiçado e com suas primeiras lágrimas. Enrolo seu corpinho novamente e corro de volta à cozinha, balde vazio em mãos, para apanhar mais água quente.

Despejo a água nova na banheira vazia e apanho o bebê novamente, com um suspiro profundo e resignado. Então sinto mais água espirrar, desta vez nas minhas pernas, e olho para o bebê. Não, ele não está aprontando de novo. Quem apronta é a banheira: a outra ponta da mangueira desencaixou, e toda a água quente corre vertiginosamente pelo buraco, encharcando o assoalho.

Xingo a mãe de alguém, coloco o bebê aos berros novamente no berço, encaixo desajeitadamente a mangueira de volta no lugar, tapando o buraco, e corro até a área de serviço, pés molhados, marcando todo o piso, para apanhar todos os panos de chão da casa.

Seco rapidamente o assoalho, torcendo para que não fique manchado, e, pela terceira vez, apanho o balde e vou à cozinha buscar água quente. O choro histérico é agora só mais um ruído. Tendo certeza de que está tudo em seu devido lugar, despejo a água (em duas viagens) e apanho o bebê. O contato com a água faz com que ele se aquiete novamente. Desta vez não há chafariz; as águas estão calmas, e o bebê aproveita seu momento relaxante, como se sua mãe malvada não o tivesse abandonado com frio em uma toalha até então.

Banho tomado, seco em toalha limpa, fralda trocada e roupa quentinha no corpo. Hora de mamar e, então, dormir. Uma hora depois, ele desperta em pranto histérico. Descubro que sua fralda vazou e ele está cag*do da cintura até a sola do pé.

EU MEREÇO UM BROWNIE.

Este é da Dona Martha, doce e delicioso, tão denso e cremoso que parece um brigadeiro. Exatamente o que você precisa quando seu dia parece um filme do Gordo e o Magro.

BROWNIE
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 16 pedaços

Ingredientes:
  • 1/2 xic. manteiga sem sal (120g)
  • 220g chocolate amargo
  • 1 1/2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 4 ovos grandes, orgânicos
  • 1 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 3/4 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh.(chá) sal

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga uma forma quadrada de 20cm e forre com papel-manteiga, deixando uma sobra de papel de 2cm para ajudar a desenformar. 
  2. Coloque a manteiga e o chocolate em uma tigela grande e derreta em banho-maria, mexendo com frequência com uma espátula. Remova do banho-maria e deixe esfriar por 10-15 minutos. 
  3. Junte o açúcar e misture bem. Junte os ovos, um a um, mexendo com um fouet. Acrescente a baunilha e então incorpore a farinha e o sal com uma espátula, apenas até que esteja homogêneo. 
  4. Despeje a massa na forma, alisando a superfície, e asse por 40-45 minutos, até que um palito inserido no meio do brownie saia apenas com algumas migalhas úmidas.
  5. Transfira para uma grade e deixe esfriar completamente. Puxe as abas de papel para desenformar, corte e mantenha em pote fechado por até 3 dias.

terça-feira, 19 de abril de 2011

Brownie branco e preto de bebê dormindo

Quinze dias se passaram desde que meu mini-metaleiro veio ao mundo com suas cordas vocais prontas para acabar com o silêncio da casa. Bonzinho, no entanto, ele tem dado menos trabalho do que esperávamos, e conforme nos acostumamos com o sono interrompido, as refeições interrompidas e até os banhos interrompidos, começamos a identificar alguma rotina no comportamento do pequeno e relaxar. Até conseguimos ver um filme e fazer brownies de vez em quando.

Ser metódica e organizada compensou um bocado. As refeições congeladas para emergências estão sendo providenciais quando o sono me alcança já às seis da tarde; uma rotina doméstica organizada tem nos ajudado a manter a casa incrivelmente em ordem para um lar com um recém-nascido de pais de primeira viagem; a cesta orgânica entregue em casa diminuiu minha necessidade de ir ao supermercado; mãe que gosta de passear o cachorro é uma bênção. Aliás, o conselho da mãe também: "quanto menos tralha de bebê você tiver, mais fácil vai ser se organizar". Dito e feito. A família esperava que fôssemos ficar como baratas tontas, mas confesso, com certo orgulho, que estamos tranquilos, e, no fim das contas, a única ajuda de que estamos precisando é mesmo com os passeios do Gnocchi.

Eu não esperava me apaixonar tão rapidamente por aquele serzinho roxo e melecado que colocaram no meu colo. Ele nasceu de olhos bem abertos, fixos nos meus, e não me canso de olhá-los, de acariciar seus cabelinhos, de massagear seus pezinhos imensos, como os meus. Aliás, fora isso e os longos dedos das mãos, ele não se parece em nada comigo. É inegavelmente a cara do pai. Do formato dos olhos ao cenho franzido, mau-humorado, passando pela curvatura do narizinho e a cor dos cabelos, castanhos, com um suave reflexo dourado nas raízes.

Numa tarde tranquila, em que meu matador de dragões sonhava com reinos distantes, troquei o cochilo por estes brownies. Tão fáceis, que quando ele acordou de repente, terminei-os com uma mão só, bebê equilibrado no outro braço. Os brownies ficam doces e bastante densos, ideais para momentos de fome avassaladora pós-mamadas estilo "café colonial" [Thomas é um ogro, esfomeado que só ele; o que é ótimo, pois seu apetite já eliminou quase todo o peso ganho durante a gravidez].

BROWNIE PRETO E BRANCO
(ligeiramente adaptado da revista Jamie)
Tempo de preparo: 20min + 30-40 min de forno
Rendimento: cerca de 20 quadrados

Ingredientes:
  • 180g manteiga sem sal
  • 300g açúcar cristal orgânico
  • 150g de farinha orgânica
  • 1/2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/8 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • 1/2 colh. (chá) extrato natural de baunilha 
  • 1 colh. (sopa) cacau em pó
  • 75g chocolate amargo, picado (ou em gotas/callets)
  • 75g chocolate branco, picado (ou em gotas/callets)
  • 100g avelãs, picadas

Preparo:
  1. Pr´é-aqueça o forno a 180ºC. Unte com manteiga e enfarinhe uma assadeira de 20x30cm. 
  2. Numa panela, derreta a manteiga e o açúcar, mexendo até que esteja tudo dissolvido e homogêneo. Retire do fogo e junte a farinha, fermento e bicarbonato, e em seguida os ovos e a baunilha, mexendo bem. 
  3. Divida a mistura entre duas tigelas. Em uma, misture o cacau, o chocolate amargo e metade das avelãs. Na outra, misture o chocolate branco e o restante das avelãs. 
  4. Despeje colheradas intercaladas das duas massas na assadeira. Passe uma faquinha entre elas, criando um efeito marmorizado, mas sem misturá-las demais, e leve ao forno por 30-40 minutos, até que a parte de cima tenha uma aparência seca e brilhante e um palito saia limpo quando inserido no centro. 
  5. Deixe esfriar na forma, sobre uma grade. Então desenforme e corte.

terça-feira, 1 de março de 2011

Um bebê numa mão, um burrito na outra

Na minha pesquisa sobre bons pratos congeláveis, acabei caindo justamente em posts do The Kitchn que falavam dessa fase de correria que são os primeiros meses de um bebê novinho em folha em casa, e sobre a fome avassaladora que se tem ao amamentar. Hmmm... essa segunda parte foi uma novidade e um "heads up!", pois não achei nenhuma graça, nos primeiros meses da gravidez, em acordar de madrugada urrando de fome e não ter nem um pãozinho com manteiga pra comer. Bom saber. Assim posso deixar prontas coisas com mais cara de "lanche da meia-noite" do que legumes ao curry.
Acabei caindo no site da Dona Martha, e me apaixonei pela ideia de congelar burritos, tanto para as refeições quanto para os momentos de fome avassaladora. Usei a receita do site mais como uma inspiração, pois não queria usar feijões em lata ou milho congelado. Mas, confesso, com o montante de tempo livre que tenho, a perspectiva de abrir tortillas de farinha no braço não me animou. Fiz vista grossa, portanto, e comprei um pacote delas prontas, versão nacional, que eram tão nhanha quanto as importadas, só que menores e mais baratas.
 Os burritos, feitos com as tortillas nacionais, ficaram menores, e precisei ser comedida no recheio para que conseguisse enrolá-los sem que explodissem. Mas gostei deles assim pequenos, pois esquentarão mais rápido no forno e poderei medir melhor a porção em relação ao tamanho da fome. 

Para o recheio, usei minha receita favorita de todos os tempos de chilli, de Deborah Madison, e usei milho fresquinho, orgânico, que refoguei em azeite, jalapeño e cebolinhas. No lugar do Monterey Jack, que não se encontra por aqui, usei Cheddar.

Tivesse comprado mais um pacote de tortillas, o recheio teria rendido mais unidades. Mas achei que dez burritos eram o bastante, então guardei o excedente de arroz e chilli para o jantar de hoje. Não vejo a hora de requentar uma dessas belezuras! ;)

BURRITOS (para congelar ou comer na hora)
Tempo de preparo: 2h p/ preparar o chilli e o restante + 20 min. de montagem
Rendimento: 10 burritos pequenos, feitos com pães tipo tortillas nacionais de 20cm

Ingredientes:
  • 1 1/2 xíc. de arroz integral já cozido
  • 2 xic. chilli de feijão preto (receita a seguir)
  • azeite
  • 1 espiga grande de milho-verde orgânico
  • 1 pimenta jalapeño fresca
  • 5 talos de cebolinha
  • 1 1/2 xic. de queijo tipo Cheddar ralado grosso
  • 10 tortillas de farinha (nacionais ou importadas)

Preparo:
  1. Enquanto o chilli cozinha, prepare seu arroz integral e deixe que esfrie.
  2. Retire os grãos da espiga com uma faca. Corte a pimenta ao meio, retire e descarte as sementes e pique a pimenta. Pique a cebolinha.
  3. Aqueça um fio de azeite numa frigideira pequena e refogue o milho, a pimenta e a cebolinha apenas por um ou dois minutos, em fogo alto, sem deixar queimar, apenas até que o milho esteja cozido. Tempere com sal a gosto. Retire do fogo e.
  4. Quando o chilli estiver pronto, separe a porção que vai usar para os burritos e misture ao milho. 
  5. Aqueça uma frigideira limpa, sem óleo, e doure as tortillas conforme as instruções do pacote. Mantenha as tortillas pontas embrulhadas em um pano de prato, para que seu próprio vapor as mantenha maleáveis. 
  6. Disponha uma tortilla num prato. Coloque uma colher de arroz, duas ou três de chilli e polvilhe com o queijo. Feche as laterais da tortilla e enrole-a para longe de você, apertando bem o recheio, até que as abas estejam na parte debaixo do burrito. Se vai congelá-los, é mais fácil fazer isso já sobre o papel-alumínio, para que não desmontem. Transfira o burrito com o papel-alumínio aberto para uma assadeira, para que esfrie totalmente antes de você terminar de embrulhá-lo. Repita com os outros burritos.
  7. Termine de embrulhar os burritos já frios, rotule-os e leve ao freezer. Para facilitar, já escreva neles as instruções para requentá-los e a data de validade. Eles podem ser congelados por até 3 meses. Para requentá-los direto do freezer, leve ao forno a cerca de 240ºC por 40 minutos (imagino que assim menores não levem mais que 30 minutos), desembrulhe-os e asse por mais 10 minutos, se quiser a tortilla crocante. Se tiver descongelado o burrito durante a noite, basta aquecê-los por 10 minutos. ATENÇÃO: estou usando apenas papel-alumínio para embrulhá-los. Se você usar filme-plástico, deve desembrulhar o burrito e envolvê-lo em papel alumínio antes de levá-lo ao forno. 
CHILLI DE FEIJÃO PRETO
(Ligeiramente adaptado do livro The Greens Cookbook, de Deborah Madison)
Tempo de preparo: 12 horas para deixar os feijões de molho e cerca de 2 horas cozinhando
Rendimento: cerca de 4 xícaras

Ingredientes:
  • 1 xic. de feijões pretos secos 
  • 1 folha de louro
  • 2 colh. (chá) sementes de cominho
  • 2 colh. (chá) orégano seco
  • 2 colh. (chá) páprica
  • 1/4 colh. (chá) pimenta caiena
  • 1 1/2 colh. (sopa) azeite de oliva
  • 1 cebola grande, picada
  • 2 dentes de alho, picados
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 1 lata de tomates italianos pelados
  • 1/2 colh. (chá) de pimenta chipotle em adobo* (opcional)
  • 1/2 colh. (sopa) de vinagre de arroz (mirin)
  • 1 punhado de coentro fresco, picado

Preparo: 
  1. Deixe os feijões de molho durante a noite. Quanto mais tempo, mais rápido eles cozinham. No dia seguinte, escorra os feijões, coloque numa panela grande, cubra de água, acrescente a folha de louro e leve ao fogo alto até levantar fervura. Abaixe para o mínimo e deixe cozinhando enquanto você prepara o restante. 
  2. Aqueça uma frigideira bem grande. Despeje as sementes de cominho e, quando começarem a dourar, junte o orégano, mexendo sempre. Assim que perfumar, desligue o fogo e junte a páprica e a caiena, mexendo bem. Esses temperos tostam em apenas alguns segundos. Transfira para um pilão e moa a mistura. 
  3. Limpe a frigideira e volte-a ao fogo médio, com o azeite. Junte a cebola e refogue até que amoleça. Junte o alho, o sal e os temperos moídos e cozinhe por cerca de 5 minutos, sem deixar queimar. 
  4. Junte os tomates e seu suco, a pimenta chipotle (se estiver usando), e cozinhe em fogo baixo por cerca de 15 minutos, desmanchando os tomates com a colher de pau.
  5. Junte a mistura de tomate aos feijões, e, se necessário, junte mais água para que haja uns 2 centímetros de líquido acima dos feijões. Continue cozinhando em fogo baixo até que os feijões estejam macios, cerca de 1 hora ou mais. Acrescente mais água sempre que necessário.
  6. Quando os feijões estiverem prontos, acerte o tempero e adicione o vinagre e o coentro.
*O Chipotle em adobo pode ser encontrado no Empório Santa Luzia.
 

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Primeiro bolo da casa nova: banana, coco e pecãs

Eita.

Janeiro foi um mês de correria desenfreada, esforço além da conta, encaixota, desencaixota, arruma, organiza, joga fora, monta, compra, instala, conserta, anda prá lá, corre prá cá, carrega, leva, traz, limpa, esfrega, aspira, coloca no lugar.

E ainda não acabou.

O quarto ainda está sem lustre, minhas tralhas de arte ainda não têm armário, o quarto do bebê ainda é um depósito do que não tem lugar definitivo, o depósito ainda tem latas de tinta, a cozinha não tem prateleira embaixo da pia, e quase todas as minhas formas e panelas continuam dentro de uma enorme caixa de papelão, esperando seu destino final.

Não estivesse grávida, talvez estivesse tirando tudo isso de letra, mas confesso que não foram poucas as noites de pés inchadíssimos em que quis sentar no chão e chorar de exaustão. Não via a hora de poder olhar em volta e começar a me sentir razoavelmente em casa, ao invés de ter aquela estranha e inquietante sensação de estar morando na casa de praia de outra pessoa.

Saí tanto da minha rotina (e sou metódica, lembram?), que quando fui ao mercado pela primeira vez depois da mudança, não fazia a menor ideia do quê comprar para preencher a geladeira vazia. Senti-me como uma mocinha recém-casada que não sabe preparar arroz. Demorei alguns bons dias para restabelecer a força de vontade e a confiança em preparar uma refeição na cozinha nova: esse espaço estranho onde as coisas não estão em seu lugar e onde você ainda não sabe se movimentar direito.

Bem... o resultado da maratona toda foi que, além de desidratar um bocado na onda de calor da semana passada, fiquei anêmica. O médico não acreditava no resultado dos exames, feitos há alguns dias atrás. "Mas você come tão direitinho...", balbuciou ele. "Não esse mês", expliquei. Durante os 30 dias que o processo de mudança levou, vi minha dieta balanceada ser rapidamente substituída pelo que eu chamo de "O Modo Como os Outros Comem": muita comida pronta, muito take-out, muito pão com queijo, suco mequetrefe, refrigerante, comida rápida, restaurante. Detalhe: não estou falando de McDonald's e lasanha congelada, mas as opções TEORICAMENTE mais saudáveis do mundinho do industrializado. Aquelas que dizem não ter gordura trans e estar cheias de vitaminas.

Se por um lado fiquei enfurecida e chateada com o resultado dos exames (sem contar preocupada), por outro senti-me profundamente convicta de meu estilo de vida. Minha comida me deixava saudável. O Modo Como os Outros Comem, não. Para onde foi a vitamina C do suco de laranja de garrafa? Pro meu corpo é que não foi. Enquanto isso, minhas laranjas orgânicas, minha salsinha e meu espinafre nunca me deixaram na mão. Se eu já não acreditava em inserção de nutrientes em alimentos, em vitaminas isoladas, agora o negócio ficou feio.

Era o chute na busanfa que faltava para me jogar de volta ao fogão. Fui ao mercado e comprei tudo o que gostaria de ter preparado em janeiro e não pude, tirei algumas panelas da caixa e mãos à obra. A primeira garfada no arroz integral com noz moscada e pecãs, omelete e salada de tomates orgânicos me fez suspirar e perceber o quanto eu sentira falta de minha própria comida. Há um frescor nela que não encontrei em nenhum outro lugar no mês que se passou.

Isso também me fez correr para minha estante de livros de culinária. Mesmo mandando alguns volumes embora, eu continuava acreditando que havia mais livros ali do que deveria. Eles continuavam ocupando duas fileiras, uma atrás da outra, nas prateleiras, e isso me incomodava. Em contraste com o que já estava organizado na sala, aquilo parecia incrivelmente entulhado. Retirei todos do lugar então, e comecei a guardá-los novamente. Primeiro, meus favoritos. Depois, os que ainda estou explorando. E então me dei conta da quantidade de livros que andava guardando que estava sem uso. Não por serem ruins, mas porque não condiziam mais com o tipo de cozinha que, hoje em dia, mais me agrada. Passara pela fase de exploração de técnicas complicadas de confeitaria ou de pratos "práticos" ou excessivamente rebuscados, e, no meio do processo, encontrara meu nicho: confeitaria americana e italiana, bem confort food, e pratos muito frescos, não necessariamente rápidos de fazer, mas usando ingredientes bons e acessíveis.

Coloquei na pilha do UT todos aqueles que não entravam mais nessas categorias. E vi minhas prateleiras finalmente limpas, em fileira única, contendo apenas os livros que eu de fato uso e aprecio. Mais de 100 livros tornaram-se 70. Um bocado ainda, eu sei, mas eu realmente uso esses 70. Eu juro.

Reenergizada por essa limpeza e pela boa comida, achei que era hora de fazer minha cozinha nova ter cheiro de bolo. Antecipando a nova (e bem-vinda) correria que acontecerá daqui a 8 semanas (e também porque a tomada reservada para minha batedeira ainda não está funcionando), escolhi uma receita simples da dona Martha Stewart, que não apenas pode ser feita com uma colher, como faz dois bolos, um dos quais será congelado para uso posterior.

Foi muito bom ter agora o apoio de uma mesa na cozinha, além da pia e da bancada. Ver o livro de receitas aberto com espaço entre as tigelas, sem ficar caindo da beirada, foi reconfortante. Quando a casa se encheu do perfume quente de banana, coco e nozes, a sensação dos ladrilhos antigos na sola dos pés pareceu subitamente familiar. Ver o cão deitado sob a mesa da cozinha pareceu uma imagem habitual, e eu finalmente me senti em casa.

O bolo ficou fantástico. Muito macio e saboroso, cheio de texturas, perfumadíssimo. Comi duas fatias, uma após a outra. Posso agora retomar minha rotina. Minha cozinha, minha comida, meus legumes, meus bolos. Em dois dias comendo minha comida (que tem muito pouco sal), meus pés desincharam consideravelmente e meu humor melhorou um bocado. Nunca mais. Nunca mais vou comer dO Modo Como os Outros Comem. Principalmente agora, com mais espaço para minhas desventuras culinárias. É hora então de me preparar para mais um período em que não terei tempo ou forças para cozinhar. Mas desta vez, haverá muitos pães, bolos, caldos e bases de torta congelados. Tudo caseiro. Tudo de verdade. E meu bolo de banana.

BOLO DE BANANA, COCO E PECÃS
(do Livro Martha Stewart's Baking Handbook)
Tempo de preparo: 20 min. + 60 min. de forno
Rendimento: 2 bolos ingleses

Ingredientes:
  • 3 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 3/4 colh. (chá) sal
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • 2 xic. açúcar orgânico
  • 1 1/3 xic. óleo vegetal
  • 2 colh. (sopa) extrato natural de baunilha
  • 1 1/2 xic. bananas maduras amassadas (cerca de 3 nanicas)
  • 1 xic. coco ralado
  • 1 xic. pecãs, tostadas e picadas
  • 1/2 xic. buttermilk (leite + uma colherinha de vinagre)

Preparo:
  1. Unte com óleo em spray ou manteiga duas formas de bolo inglês e pré-aqueça o forno a 180ºC. 
  2. Numa tigela, misture com um fouet a farinha, o bicarbonato e o sal. Em outra, misture os ovos, o óleo e o açúcar, até que fique homogêneo. 
  3. Junte a farinha à mistura de ovos, misturando com a colher apenas até que não se vejam mais pontos de farinha. Acrescente a baunilha, a banana, o coco, as nozes e o buttermilk e misture apenas o bastante para que fique tudo bem combinado. 
  4. Distribua nas formas, alisando com a espátula de necessário, e leve ao forno por 60-65 minutos, invertendo as formas no meio do tempo. Asse até que um palito inserido no centro dos bolos saia limpo.
  5. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade por 10 minutos antes de desenformá-los. Remova das formas e deixe que esfriem completamente. Bem embalados, os bolos ficam em temperatura ambiente por 1 semana, ou congelados, por 3 meses.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Pão preto ou falso Pumpernickel


Assim que a fase do sono passou, percebi que ando excessivamente acelerada. Ao ponto que tive de tomar bronca de marido e de mãe nesse fim de semana, para que eu simplesmente sentasse e ficasse quieta. Entre todos os afazeres que já tenho e aqueles que ando inventando, termino o dia exausta e com a sensação de que ainda não fiz metade do que queria/devia.

Ainda bem que pelo menos uma atividade me relaxa, apesar de, aos olhos dos outros, parecer mais trabalho: cozinhar. Fazer pão, então, nem se fala. No meio da minha loucura, percebo que minha respiração desacelera enquanto separo os ingredientes, e que enquanto sovo à mão ou supervisiono o trabalho da batedeira, não tenho nada em mente a não ser o resultado daquela ação, o vislumbre do pão quente saindo do forno, a imagem da faca espalhando a manteiga e a geleia de ruibarbo por cima. 

Pumpernickel é um dos favoritos do marido, que, por acaso, foi quem me apresentou a esse estranho pão de centeio alemão. O original é denso e pesado como um tijolo, e uma refeição em si. É tão nutritivo que é difícil comer várias fatias dele de uma vez, o que explica seu tamanhinho diminuto, um tijolinho marrom não maior que um pão francês. Além disso, me divirto com o nome, que há uns anos atrás, costumava confundir com Rumpelstiltskin... ;)

Esse é um "falso" Pumpernickel, pois não é preparado como o original e, apesar de denso e bastante forte, ainda não é TÃO denso e forte como o verdadeiro, sua fermentação não é tão longa, e são usados ingredientes como café, cacau e melado para torná-lo assim escuro. Ele é, na verdade, a versão americana, modificada. Pumpernickel americano ou falso alemão, eu o chamaria simplesmente de "pão preto". Seu sabor é bastante forte, e fica ótimo com queijos igualmente potentes, ou apenas com manteiga e geleia, como o tenho comido, no café-da-manhã. Imaginei uma fatia dele, uma passadela de Roquefort e uma fatia fina de maçã Golden. Nham... No próximo inverno, com certeza...

PÃO PRETO ou FALSO PUMPERNICKEL
(do livro Kitchen Aid Best Loved Recipes)
Tempo de preparo: 20min + 2h fermentação + 35min forno
Rendimento: 2 pães pequenos

Ingredientes:
  • 1 xic. café forte (Café feito, não o pó. Pode ser espresso, de coador ou instantâneo.)
  • 1/2 xic. cebola picada fina
  • 1/2 xic. melado
  • 2 colh. (sopa) manteiga
  • 1 colh. (sopa) sal
  • 4 1/2 colh. (chá) fermento ativo seco
  • 1/2 xic. água morna
  • 2 1/2 xic. farinha de trigo para pães (ou orgânica)
  • 1 xic. farinha de trigo integral
  • 1/4 xic. cacau em pó
  • 1 colh. (sopa) sementes de alcaravia
  • 2 xic. farinha de centeio

Preparo:
  1. Aqueça o café, cebola picada, melado, manteiga e sal em uma panela pequena, apenas até amornar um pouco.
  2. Enquanto isso, dissolva o fermento na água morna na tigela da batedeira planetária, com gancho. Deixe descansar por 5 minutos.
  3. Junte a mistura de café e adicione 2 xic. da farinha de trigo, toda a farinha integral, o cacau e a alcaravia. Bata em velocidade baixa por cerca de 2 minutos. (Alternativamente, misture e sove à mão). 
  4. Gradualmente misture a farinha de centeio, 1/2 xic. por vez, e apenas o bastante da farinha de trigo restante para que a massa comece a tomar corpo. Talvez essa 1/2 xic. extra de farinha de trigo nem seja necessária. Sove na batedeira (ou à mão) por 7-10 minutos, até que a massa esteja lisa e elástica. 
  5. Unte uma tigela grande com óleo, forme uma bola com a massa e role-a no interior da tigela. Cubra com um pano e deixe fermentar por cerca de 2 horas, ou até que dobre de tamanho.
  6. Unte uma assadeira grande e polvilhe com polenta ou farinha. Alternativamente, se for assar numa pedra, apenas polvilhe generosamente a pá ou assadeira invertida com farinha ou polenta.
  7. Retire o ar da massa, divida-a em 2 partes iguais e forme 2 bolas ligeiramente achatadas. Coloque-as na assadeira ou na pá, cubra com um pano e deixe fermentar por mais 1 hora ou até quase dobrar de tamanho. 
  8. Enquanto isso, pré-aqueça o forno (com a pedra, se for usar) a 190ºC. Quando os pães estiverem fermentados, asse-os (na assadeira ou direto na pedra) por 30-35 minutos, até que soem ocos quando bater-lhes na parte de baixo com os nós dos dedos. Remova e deixe esfriar sobre uma grade. Para que a casca fique brilhante e não opaca, pincele com manteiga derretida, se quiser.

quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Bolo de carne sem carne num belo de um sanduíche


Tem coisa mais caseira que "bolo de carne"? Num dia desses, perguntei ao Allex se ele sentia falta de algum prato específico de sua infância, que ele não comia mais, e bolo de carne foi a resposta, quase imediata.

Para ser sincera, não me lembro de minha própria mãe preparando bolo de carne com muita frequência. Carne moída, em casa, tinha quase sempre outros destinos: lasagne, polpette, e, principalmente, aquela "torta" de carne moída e purê de batatas, que muitos anos depois, quando minha mãe se lamentava que sua comida não era "sofisticada" como a minha (até parece!), contei-lhe que se tratava de Hachis Parmentier, o que a deixou muito contente e orgulhosa. ;)

O caso é que desde que comprei esse livro da Deborah Madison, que apesar de trabalhoso é um dos melhores que tenho, estava de olho nessa receita de "Cheese and Nut Loaf", uma versão vegetariana do bolo de carne, que prometia ser tão "meaty" e satisfatória quanto o original. Mas eu nunca tinha todos os ingredientes em casa, e eu sempre arranjava uma desculpa para não prepará-lo.

Até ontem.

Se arrependimento matasse... como é que eu não fiz esse prato no dia em que comprei o livro?? Ele é de preparo fácil, principalmente se você tiver sobras de arroz integral. E a única parte chatinha é picar as nozes, mas isso você pode fazer num processador, com cuidado para não transformá-las em farinha: você quer pedaços irregulares para conferir textura ao bolo.

Além do fato de ele ficar a cara de um meatloaf de verdade (inclusive mesma textura), fica absolutamente delicioso. E eu me diverti com a carinha caseira dele e o fato de seus ingredientes serem tão naturebas: parece o tipo de prato que uma mãezona "hipponga", de saia indiana e lenço na cabeça, faria. Imagino que seja uma receita dada a adaptações, também, trocando-se os tipos de nozes (com castanha-do-Pará deve ficar bom!), variando os tipos de queijo ralado, as ervas (acho que dá pra simplificar), os cogumelos... Se duvidar, deve continuar gostoso mesmo sem o gosto forte dos cogumelos secos. Ah, e funciona mesmo quando o arroz fica empapado. :D

O resultado é um bolo de queijo e nozes bastante substancial, então uma saladinha basta para acompanhá-lo. Deborah Madison sugere servi-lo com molho branco com ervas, mas eu sabia que o condimento principal aqui em casa estava fadado a ser o ketchup. O melhor de tudo, ele é facilmente "requentável", e fica ótimo dentro de um belo sanduíche com alface, tomate, mostarda e maionese, que foi, por acaso, meu almoço. :)

BOLO DE QUEIJO E NOZES (bolo de carne vegetariano)
(do livro The Greens Cookbook, de Deborah Madison)
Tempo de preparo: 40 min + 1h15min de forno
Rendimento: 1 bolo de cerca de 21x10cm

Ingredientes: 
  • 1 1/2 xic. de arroz integral (orgânico) já cozido (Cerca de 1/2 xic. de arroz integral cru rendem o suficiente para a receita)
  • 1 1/2 xic. nozes
  • 1/2 xic. castanhas de caju
  • 1 cebola média, picada
  • 2 colh. (sopa) manteiga
  • sal
  • 2 dentes de alho, picados
  • 1/2 xic. cogumelos (à sua escolha), limpos e picados
  • 15-30g cogumelos shiitake ou porcini secos
  • 2 colh. (sopa) salsinha picada
  • 2 colh. (chá) folhas de tomilho, ou 1/2 colh. (chá) tomilho seco
  • 1 colh. (sopa) manjerona fresca, ou 1 colh. (chá) manjerona seca
  • 1 colh. (chá) sálvia fresca picada, ou 1/2 colh. (chá) sálvia seca
  • 4 ovos orgânicos
  • 1 xic. queijo cottage (caseiro ou comprado pronto, sem gomas)
  • 250-350g queijo ralado grosso que derreta bem (como Parmesão ralado na hora, Gruyère, Ementhal, Fontina, Prato, Mussarela, Cheddar... dependendo do que você tiver à mão)
  • Pimenta-do-reino moída na hora

Preparo:
  1. Comece cozinhando o arroz, caso você não o tenha pronto. Enquanto o arroz cozinha, deixe os cogumelos secos de molho em água quente. Toste as nozes e castanhas numa frigideira grande e quente, até que fiquem perfumadas, sem deixar queimar. Pique e reserve. 
  2. Pré-aqueça o forno a 190ºC.
  3. Limpe os resquícios de nozes da frigideira e derreta a manteiga em fogo moderado. Junte a cebola, uma pitada de sal, e cozinhe até amaciá-la. Enquanto isso, rapidamente escorra os cogumelos secos e pique-os grosseiramente. Junte-os à cebola com o alho, os cogumelos frescos e as ervas. Cozinhe até que todo o líquido liberado pelos cogumelos se evapore. 
  4. Bata ligeiramente os ovos numa tigela grande. Junte o arroz cozido, os cogumelos refogados, as nozes, os queijos e misture muito bem. Experimente, tempere com pimenta e acerte o sal se necessário.
  5. Unte uma forma de bolo inglês com manteiga. (A receita original pede para forrar com papel-manteiga untado, mas ele grudou no bolo. Eu faria novamente sem o papel, pois fica mais fácil de apenas passar uma faquinha nas laterais e desenformar. Só fique de olho para não queimar.) Espalhe uniformemente a mistura na forma, preenchendo bem e alisando a superfície com uma colher.
  6. Asse por 1h-1h15m, ou até que o bolo esteja inflado, bem dourado e pareça firme ao balançar a forma. Retire do forno e deixe descansar por 10 minutos antes de desenformar e servir. Para reaquecer as sobras, pegue a fatia que você quer, embrulhe em papel alumínio e leve ao forno médio por uns 15 minutos. 

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Waffles de banana para a fase 2

A Fase 1 parece ter acabado. O que havia de azia das cinco da tarde e "apetite seletivo" – ainda que não tenha havido enjôos – parece ter ficado para trás. O sono monstruoso, que me colocava na cama, derrubada, impreterivelmente às sete da noite, também foi embora, ainda que eu tenha algumas recaídas que me deixam pescando nos fins de tarde em frente ao computador.

Agora, conforme uma inconfundível protuberância arredondada começa a aparecer cercando meu umbigo (finalmente!), pareço ter entrado definitivamente na Fase 2. Ah, Fase 2. Quando choro vendo desenhos animados, choro porque o pão de queijo acabou, choro porque... é terça-feira. O marido assiste inconformado, enquanto tento, soluçando, explicar o novo motivo esdrúxulo que me leva às lágrimas. Às vezes minha mente deturpada inventa que a culpa é dele. E mesmo enquanto o acuso me dou conta de que o fato de ele não ter levado a xícara de café para a cozinha não é motivo grande o bastante para 35 minutos de choro barulhento e ininterrupto. Então choro porque me dou conta de que estou à mercê dos hormônios e choro por me sentir ridícula.

Para aplacar toda essa choradeira, lambida de cachorro, abraço de marido e waffles de banana com nozes. Ah, waffles de banana. Se me dissessem que nunca mais poderia comê-los, choraria por isso também, mas o motivo seria mais do que justo. Porque eles são de fato uma delícia, fofos e com aquele delicioso perfume de bolo de banana. Feitos para uma manhã sossegada de fim de semana, pés cruzados em cima da mesinha, uma xícara de café quente, nenhuma pressa de tirar o pijama. De chorar, de tão bom.

WAFFLES DE BANANA E NOZES
(do livro KitchenAid - Best Loved Recipes)
Tempo de preparo: 25 minutos
Rendimento: 4 porções

Ingredientes:
  • 3/4 xic. nozes ou pecãs
  • 2 xíc. farinha de trigo
  • 1/4 xic. de açúcar cristal orgânico
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) sal
  • 2 ovos, clara e gemas separadas
  • 2 xic. buttermilk
  • 2 bananas médias, bem maduras, amassadas (cerca de 1 xíc.)
  • 4 colh. (sopa) manteiga, derretida
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha

Preparo:
  1. Toste as nozes em fogo baixo numa frigideira, até que fiquem perfumadas, com cuidado para não queimá-las. Pique-as e reserve.
  2. Pincele um ferro de waffles com manteiga e aqueça-o (ou siga as instruções do fabricante, no caso dos elétricos).
  3. Enquanto isso, misture a farinha, o açúcar, fermento e sal numa tigela grande e reserve. Bata as gemas em outra tigela e adicione o buttermilk, bananas amassadas, baunilha e nozes picadas, misturando bem. Junte a mistura líquida à seca, mexendo com uma espátula apenas até não haver mais pontos de farinha. 
  4. Bata as claras na batedeira em velocidade alta, até que forme picos firmes, mas não ressecados. Misture as claras ao restante da massa, aos poucos, em movimentos de baixo para cima, girando a tigela, rapidamente. 
  5. Cozinhe os waffles até que fiquem dourados, com cuidado para não queimá-los. Sirva-os quentes, com maple syrup ou mel, e, se quiser, fatias extras de banana e nozes picadas.

Cozinhe isso também!

Related Posts with Thumbnails