quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Crepes de farinha de milho e quinua

Você sabe que perdeu completamente a razão quando resolve (assim, como quem não quer nada) fazer sua própria farinha.

Fiquei muito interessada nesta receita de crepes de Heidi, que levava farinha de trigo integral, farinha de milho e farinha de quinua. Tinha em minha despensa as duas primeiras, mas a maledetta quinua, apenas em grãos. Não sei se foi a vontade de comer os crepes ou a preguiça de pensar em outra opção para o jantar de ontem, mas tive a "brilhante" idéia de moer os grãos de quinua no meu mini-processador, como costumo fazer com amêndoas. Perfeito na teoria, não fosse o fato de os grãos serem pequenos demais e terem apenas dançado loucamente de um lado para o outro do recipiente, sem serem minimamente triturados.

Plano B: como são feitas as farinhas de qualidade? São produzidas em moinhos de pedra, ora bolas... Estiquei os olhos para meu pilão de pedra, e não tive dúvidas: despejei-lhe os grãos do processador e comecei a socá-los, cheia de determinação. Os primeiros movimentos bruscos resultaram em minúsculos grãozinhos saltitando para fora do pilão, fugindo da iminente violência em direção à boca do Gnocchi, que esperava ansiosamente no chão o resultado da lambança. Diminui os movimentos, então, e comecei a esmagá-los mais cuidadosamente, montinho por montinho, até vê-los reduzidos a uma farinha tão fina e leve que parte dela ficou suspensa no ar quando passei-a para outra tigela.

Foi uma experiência interessante, mas que não sei se repetirei tão logo. Demorei cerca de 30 minutos de amassa-amassa, dói o braço, troca de mão, ai-ai-ai, para produzir 2/3 de xícara de farinha, que era o que precisava para fazer crepes para dois. O resultado compensou, ao menos: o amargor dos grãos de quinua crus desapareceu depois de cozidos, conferindo aos crepes um sabor mais terroso e herbáceo que casou muito bem com a adocicada farinha de milho e a intensa integral. Eles ficaram saborosos, mas com uma consistência mais para as piadine italianas (ou pães sírios muito finos) do que crepes franceses. Recheei-as com o que havia em casa: batatas fatiadas muito finas, grelhadas (como sugeria a receita), um restinho de milho em lata, fatias de queijo prato, azeitonas gregas kalamata e cebolinhas em conserva, temperando com Tabasco defumado. Parece uma zona, mas minha lombriga ficou contente e eu não tive de correr ao supermercado para gastar mais dinheiro, que, aliás, é o desafio até o fim do mês.

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Tagliatelle al cacao e noci



Estou acostumada a fazer macarrão em casa. Então não me assustei quando vi essa receita; pelo contrário, fiquei morrendo de vontade de testá-la. Como Allex, no entanto, detesta nozes, precisava deixar para um dia em que todos os fatores se encaixassem: vontade de preparar a massa, tempo, ingredientes na despensa e Allex fora de casa. Ontem isso aconteceu, quando mais uma vez ele foi abduzido pelo trabalho.

A massa foi facílima de se preparar. A receita original pedia uma mistura de farinha de trigo, farinha de trigo integral, cacau e farinha de castanhas (pouquíssima coisa). Não tinha da última, logo aumentei a quantidade de farinha de trigo. Também não queria preparar macarrão para 8 pessoas, então dividi toda a receita por 4 e fiz apenas para mim, com pouco mais de 150g de farinha no total, 1 ovo e 1 gema. Com o tempo muito seco, acabei tendo de umedecer a massa com água para dar o ponto, pois já não era possível incorporar mais uma gema. Fiz o tagliatelle com ajuda da máquina de macarrão (presente de minha mãe quando juntei os trapos), e deixei-o secando um pouco na bandeja enquanto preparava o molho, também meio adaptado. A receita pedia ricotta, mas usei cottage que era o que tinha na geladeira e que eu sabia que não daria muita diferença de gosto e textura aplicado aqui. Deveria ter pelado metade das nozes, mas não me incomodei, pois não havia nem um punhado delas. Por último, usei orégano no lugar de manjerona, pois são da mesma família e de sabores semelhantes.

O resultado ficou muito bom. A massa caseira é muito mais leve do que a industrial (apesar de adorar as massas de grano duro e de ovos da Barilla), e o cacau, ao contrário do que esperava, não lhe conferiu um gosto achocolatado, mas sim uma espécie de amargor agradável e uma profundidade de sabor que casou muito bem com a intensidade das nozes moídas com alho cru. Talvez eu tivesse usado um dente de alho maior, pois faltou-me um pouco de sua pungência para levar o prato a outro nível. Fiquei imaginando também em que a farinha de castanhas (em tão pouca quantidade) faria diferença. Uma pena que as fotos tiradas um pouco sem paciência não façam jus à beleza da massa acastanhada. De qualquer forma, fica aqui a receita original, da revista La Cucina Italiana, para quem quiser se aventurar:

TAGLIATELLE AL CACAO E NOCI
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 8 pessoas


Ingredientes:

(para a massa)
  • 400g de farinha de trigo
  • 70g de farinha de trigo integral
  • 25g de cacau em pó
  • 10g de farinha de castanhas
  • 3 ovos
  • 6 gemas
  • azeite
  • sal
(para o molho)
  • 200g de nozes
  • 1 dente de alho
  • 80g de ricotta macia
  • 100g de azeite
  • 3 colh. (sopa) de queijo parmesão ralado
  • manjerona
  • sal grosso
Preparo:
  1. Peneire todas as farinhas, uma pitada de sal e o cacau em uma tigela grande. Abra um buraco no meio e despeje os ovos, as gemas e uma colherinha de azeite. Misture com um garfo até formar uma massa e depois sove numa superfície ligeiramente enfarinhada por uns 10 minutos, até que fique lisa e elástica.
  2. Divida a massa em 4 ou 5 partes e, enquanto abre 1, envolva as outras em filme plástico. Abra a massa devagar na máquina de macarrão, passando 2-3 vezes em cada abertura, até a penúltima espessura (8). Cubra as faixas de massa estendida com um pano enquanto abre as outras, para que não ressequem demais.
  3. Corte as faixas de massa no comprimento que deseja para os fios e passe-as na máquina para cortá-las como tagliatelle (tagliatelle é o nome genérico para massas como fettuccine, pappardelle, linguini, etc... "tagliare" quer dizer "cortar"). Disponha os fios cortados numa assadeira grande, polvilhada com farinha e separe-os bem com os dedos.
  4. Faça o molho aferventando brevemente 2/3 das nozes. Escorra-as e esfregue-as dentro de um pano de prato limpo para retirar-lhes a pele. Em um pilão ou processador, triture as nozes peladas e as ainda com pele com o alho e uma pitada de sal grosso. Misture a pasta de nozes à ricotta, o azeite, uma pitada de manjerona e o parmesão.
  5. Cozinhe a massa por cerca de 2 minutos (mais se você tiver deixado a massa secando por um dia todo), escorra, misturando um pouco da água do cozimento ao molho. Misture o molho com a massa, para cobrir bem todos os fios e sirva imediatamente com parmesão à parte.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

Um pouco de verde, para variar

Acabei de notar quantos posts "amarelos" escrevi um em seguida do outro. Quem lê, pensa que vivo a base de manteiga e farinha. Bom, esse é o jantar de hoje, tirado do site Epicurious. Essas ervilhas-tortas andavam escondidas há semanas na minha geladeira, e eu não me inspirava a fazer nada com elas, até encontrar essa receita. Como não tinha menta fresca, usei a seca. Se bem que acabo quase sempre fazendo isso, pois por aqui é muito difícil encontrar a menta propriamente dita (Menta Piperita), e hortelã simplesmente não é tão refrescante. Para quem não gosta de receitas em inglês, basta cozinhar as batatas em fatias (com ou sem casca), um ou dois ovos, e as ervilhas-tortas (essas por só 2-3 minutinhos, em água fervente salgada). Misture as ervilhas e as batatas com um vinaigrette feito com 1 parte de vinagre, 3 de azeite, sal, pimenta-do-reino, 1 dente de alho bem amassado e uma colher (sopa) de menta seca (ou 3 de menta fresca). Rale os ovos, tempere-os com um pouquinho de sal, pimenta e menta e salpique-os por cima. O prato originalmente deve ser servido quente, mas achei interessante servi-lo como salada, para acompanhar o que sobrou da torta de palmito.

Massa para tortas (Pâte Brisée ou 3-2-1)





Meu primeiro quiche foi feito a partir de uma receita tirada de uma revista, dessas que adora condensar os textos em informações telegráficas, confundindo totalmente quem não está familiarizado com a técnica. Por isso, ao fazer uma torta para o fim de semana, resolvi tirar fotos da parte que considerei mais confusa em minha primeira tentativa, que é a mistura dos ingredientes.

MASSA PARA TORTAS (Pâte Brisée, ou 3-2-1) O que é importante saber antes de começar:
  • A proporção dos ingredientes deve sempre ser 3 partes de farinha (uma única ou uma mistura de várias farinhas), 2 partes de gordura (banha, manteiga, óleo, azeite, até — irc! — gordura hidrogenada), 1 parte de água GELADA (ou leite, ou outro líquido). Você pode acrescentar um ovo ou uma gema para uma massa mais dourada.
  • A medida dos ingredientes deve ser sempre pelo peso, em GRAMAS, inclusive a água. Se você vai usar 300g de farinha, precisa de 200g de gordura e 100g de água. Receitas que dão os ingredientes em volume já converteram o peso dos três em volumes (xícaras, colheres de sopa, etc).
  • Ao contrário de pães, a massa para tortas não deve ser sovada. Sovando a massa, você desenvolverá seu glúten, e a massa encolherá muito ao ser assada e correrá o risco de ficar dura, ou borrachuda. Assim como muffins, quanto menos você mexer na massa, melhor.
Passo-a-passo:
  1. Pese seus ingredientes.
  2. Coloque em uma tigela grande a farinha (não precisa peneirar) e a gordura. Se estiver usando manteiga, deve estar gelada e cortada em cubos pequenos. Se usar banha ou gordura hidrogenada, devem estar bem sólidas. Óleo ou azeite basta que estejam em temperatura ambiente. É claro que cada uma destas gorduras dará à massa uma característica diferente. Para quiches e tortas abertas ou fechadas, prefiro a manteiga.
  3. Rapidamente (para que a manteiga não derreta), comece a esfregar a farinha e a manteiga entre os dedos (foto 1). O movimento quebrará a manteiga em pedaços menores e os envolverá em farinha. Você não quer que a manteiga se misture à farinha de modo homogêneo. A manteiga ficará encapsulada na farinha e derreterá apenas no forno, formando espaços entre a massa de farinha e (depois) água e tornando-a leve e flocosa ou mais compacta e esfarelenta (ambas boas).
  4. A mistura começará a parecer uma farofa. Você pode deixar que os grumos tenham o tamanho de uma noz pequena (foto 2) ou pode continuar esfregando os dedos até que a farofa fique mais fina, como trigo para quibe ou couscous. Quanto maiores os grumos, mais leve ficará a massa, o que é ótimo para quiches e tortas abertas: parecerá uma falsa massa folhada, que irá bem com o recheio pesado de ovos, por exemplo. Para tortas fechadas, é mais fácil trabalhar com uma massa mais compacta (também em dias muito quentes, pois a manteiga pode começar a derreter enquanto você abre a massa), então faça farelos menores. Tortas fechadas também ficam muito boas com massas cuja gordura é o azeite de oliva
  5. Dissolva o sal na água, despejando-a na tigela e, com um garfo, misture rapidamente, até que você consiga mexer na massa com as mãos. O modo mais fácil de misturá-la é ir juntando os ingredientes e amassando entre as palmas, aos tapinhas, como você faria para criar uma bola de neve ou de areia úmida. Rapidamente forme uma bola e envolva em filme plástico (foto 3), levando à geladeira por 30 minutos. Caso não vá fazer a torta no dia, você pode manter a massa nesse estágio por 2-3 dias na geladeira ou até 6 semanas no freezer. Descongele a massa ligeiramente antes de usar.
  6. Tire a massa da geladeira, jogue fora o plástico e abra a massa em uma superfície ligeiramente enfarinhada com um rolo, uma garrafa de vinho ou os punhos no formato de sua forma. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 180ºC (temperatura média). Forre a forma. Espete-a com um garfo em vários lugares, para que o vapor gerado embaixo da massa não a deforme. Não precisa untá-la, pois a massa é suficientemente gordurosa para não grudar.
  7. Para quiches ou tortas abertas, é sempre aconselhável pré-assar as massas (blind baking). Isso evita que o recheio encharque a massa. Para tanto, coloque papel alumínio sobre a forma já com a massa, e preencha o espaço com feijões quaisquer. O peso dos feijões (ou pedriscos) evitará que a massa encolha. Leve ao forno por 15 minutos. Quando faço quiches, aproveito esse tempo para aprontar o recheio, que é quase sempre cru. No caso de recheios cozidos, como tortas de palmito ou de verduras, faça o recheio com muita antecedência, para que ele esteja absolutamente frio, ou ele encharcará a massa. Retire do forno, tire o papel alumínio com os feijões e guarde-os para serem usados toda a vez que você preparar uma torta. Recheie a torta e leve-a de volta ao forno, até que o recheio esteja firme e as bordas da torta ligeiramente douradas (cerca de 25-30 minutos, dependendo do recheio e do forno).
  8. Se a torta for fechada, divida a bola de massa em duas partes (uma com 2/3 do tamanho da bola e a outra com 1/3). Abra o pedaço maior num tamanho suficiente para cobrir o fundo e as bordas da forma, deixando uma sobrinha para fora. Espete a massa com um garfo. Coloque o recheio frio. Abra rapidamente o pedaço menor de massa num tamanho bastante para cobrir a torta e coloque-a delicadamente sobre o recheio. Grude as pontas da "tampa" nas sobrinhas da primeira massa que estão saindo da forma. Espete um palito fino em alguns pontos da forma, com cuidado para não afundar a massa no recheio. Isso serve para que o vapor do recheio possa sair. Pincele uma gema de ovo sobre a tampa da torta, para que ela fique bem dourada. Leve à geladeira por uns 15 minutos, enquanto você pré-aquece o forno. Coloque a torta no forno pré-aquecido por cerca de 45 minutos, até que esteja bem dourada.
Receita rápida:
Rendimento: 1 quiche ou torta aberta de 27 cm de diâmetro ou 1 torta fechada de 18 cm de diâmetro.

Ingredientes:
  • 240g de farinha de trigo (1 1/2 xíc.)
  • 160g de manteiga gelada cortada em cubos
  • 80g de água gelada (quase 1/2 xíc., faltando 1 dedinho para completar)
  • 1 colh. (chá) de sal
Parece muito complicado, porque está explicado tintim por tintim, mas é na verdade tão fácil que você se pegará fazendo uma torta por semana, sem nenhum esforço. A torta da foto é de palmito. Não ficou linda de morrer, porque estava MUITO calor, e os grumos grandes de manteiga começaram a derreter na minha bancada...

Saudades do suspiro da vó

Se existe algo que evoca minha infância e minha relação com minha avó materna (falecida há mais de 10 anos) são os suspiros. Talvez fosse seu forno muito velho, que ela deixava com a porta entreaberta durante horas, talvez fosse simplesmente a mão boa da velha: os supiros da minha avó Lydia eram muito brancos, gorduchos, crocantes por fora e quase um marshmallow por dentro. Apesar de ser uma das poucas fórmulas que ela deixou escrita, ninguém nunca conseguiu replicá-los.

Por causa daquele infame sorvete de morangos, eu tinha muitas claras de ovos congeladas, que guardei em saquinhos. Deixei-as descongelando durante toda a tarde, até voltarem à temperatura ambiente, e comecei meu merengue à noite. Bate as claras, coloca açúcar de confeiteiro e um montão de açúcar baunilhado, para quebrar o gosto de ovo, já que estava sem limões em casa para usar as raspas. Bate-bate-bate. Bate mais. Ai, como demora para pegar o ponto. Ainda bem que tem a batedeira. Quando estava super firme, olhei bem para a assadeira forrada de papel manteiga e resolvi que não os faria às colheradas como minha avó. Queria testar meu saco de confeitar, cujos bicos andavam ali, na caixa, largados.

Ainda sou muito desajeitada, e estava muito — MUITO — calor. Então aqueles montinhos pregueados que saíram perfeitos, já estavam ligeiramente derretidos quando terminava a fileira. Mesmo assim, descobri que ADORO brincar de confeiteira, e estou maluca para arranjar alguma outra receita que possa usar todos os bicos de diferentes formatos e tamanhos. Senti-me como uma criança na praia, brincando com castelinhos de areia molhada, deixando os montinhos úmidos escorrerem por entre os dedos e secarem instantaneamente em formas góticas criando torres altas sob o sol.

Coloquei meus suspirinhos no forno, em duas bateladas, uma em cada forno. É incrível, mas não encontrei uma única receita em lugar algum que me dissesse de que tamanho fazer os suspiros e por quanto tempo enforná-los. Então fiz o teste: ambos os fornos na mesma temperatura (150ºC); o de baixo com porta fechada por 30 minutos, e o de cima com porta aberta por 1 hora e 20 minutos. A fornada debaixo ficou perfeita, quebradiça mas molinha por dentro, talvez apenas um pouco mais morenos do que eu gostaria (buscava aqueles merengues branquinhos da minha avó). A fornada de cima, tive de tirar 20 minutos antes, pois estavam começando a cheirar a açúcar queimado; ficaram muito moreninhos e secos por dentro, e o aroma de queimado afetou seu gosto. Não ficaram ruins: só não os serviria a visitas. Os clarinhos foram hoje para o trabalho com o Allex, e os moreninhos, para meu freezer, para serem esmigalhados sobre frutas e cremes sempre que eu quiser.

domingo, 23 de setembro de 2007

Pão de milho da mãe da Lelê

Encontrei essa receita da mãe de uma amiga em um caderno antigo. Lembro-me de quando passei a tarde em sua casa, comendo desse pão macio e perfumado. No entanto, acabei alterando a receita original para que produzisse apenas 1 pão ao invés de 2 e para que eu pudesse usar a farinha de milho orgânica sentada em minha despensa. Quando deram os 20 minutos de forno especificados na receita, o pão já estava dourado e exalando um delicioso perfume de milho. Allex, impaciente, saiu logo cortando um pedaço do pão quente, mas percebi que ele ainda estava um pouco cru por dentro. Não tem como, é muito difícil seguir temperaturas e temos baseado no forno dos outros. Bota o pão de volta na forma, retorna ao forno e fica mais quase 20 minutos, até que sai perfeito, macio e ligeiramente úmido. Minha maior preocupação com pães de milho é que a maior parte fica com sabor forte e textura seca, meio farelenta. Este não. Talvez seja o milho verde que faça toda a diferença. A receita original (para 2 pães) era toda duplicada a não ser pelos ovos, que eram 3; usava apenas farinha de trigo (1kg), e a medida do milho e do leite eram de 1 "lata" para cada um, razão pela qual preferi converter para xícaras. Era excelente do jeito que era, e vale a pena ser tentado também.

PÃO DE MILHO DA MÃE DA LELÊ (adaptado aos meus caprichos)
Rendimento: 1 pão de forma
Tempo de preparo: 30 minutos + 1h30 de fermentação + 40 min. de forno


Ingredientes:
  • 350g de farinha de trigo para pães ou orgânica
  • 150g de farinha de milho fina orgânica
  • 5g de fermento ativo seco instantâneo ou 15g de fermento fresco
  • 2 1/2 colh. (sopa) de açúcar orgânico claro
  • 1/2 xíc. de milho verde orgânico (100g)
  • 1/2 xíc. de leite integral morno
  • 1 ovo extra-grande orgânico
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 25g de manteiga
Preparo:
  1. Bater no liqüidificador todos os ingredientes menos as farinhas (em temperatura ambiente, a não ser pelo leite, que deve estar morno). Enquanto isso, misture as duas farinhas em uma tigela grande.
  2. Despeje sobre elas a massa do liqüidificador. Misture com uma colher ou espátula, até que você consiga sová-la com as mãos.
  3. Polvilhe uma superfície com farinha de milho e sove nela a massa por cerca de 10 minutos. Se estiver muito seca, vá acrescentando água ou leite (1 colher de sopa por vez, 3 no máximo) até que fique macia, desgrudando das mãos e absorvendo toda a farinha e pelotas da mesa. Forme uma bola bem lisa, coloque em uma tigela polvilhada de farinha de milho e cubra com um pano úmido. Deixe por 1 hora ou até que dobre de tamanho.
  4. Afunde a massa com o punho, puxando as laterais para o centro e forme uma bola de novo. Numa superfície enfarinhada, abra a massa como um retângulo e dobre-a 2 vezes, 1 aba sobre a outra. Amasse com os punhos e abra um retângulo na largura da forma, enrolando em seguida como um rocambole. Unte com manteiga e enfarinhe (com farinha de milho) a forma e coloque o pão. Cubra com um pano e deixe 30 minutos.
  5. Ligue o forno, enquanto isso, a 205ºC. Com um borrifador ou um pincel, umedeça a superfície do pão e as paredes do forno já quente. Leve o pão ao forno por cerca de 40 minutos, até que esteja bastante dourado e que faça um som bem oco ao bater-lhe os nós dos dedos em baixo (tire o pão da forma com luvas para testá-lo). Uma delícia quentinho assim, com bastante manteiga.

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Farinhas

Ando muito interessada em farinhas ultimamente. Quando coloco o pé no supermercado, acabo trazendo algum saquinho diferente comigo, mesmo sem saber exatamente o que fazer com ele; ou trago algo (cheia de entusiasmo) que procurava havia muito tempo e julgava impossível encontrar. No momento, essas são as farinhas que se encontram em minha despensa (da esquerda para a direita):
  • farinha de arroz integral Mãe Terra (não faço idéia do que fazer com isso, mas soa interessante);
  • farinha de trigo premium Fleischmann (feita com trigo mais duro, com mais glúten, especial para pães e massas — comprei para experimentar);
  • farinha de trigo integral orgânica Cotrimaio;
  • farinha de grão-de-bico do Santa Luzia (há coisinhas indianas e italianas que quero testar com ela);
  • farinha de trigo tipo 00 Divella (no pote de tampa amarela — farinha feita com trigo mais mole, com menos glúten, especial para bolos e pâtissèrie);
  • farinha de milho bramata Agnesi (para polenta);
  • farinha de milho fina orgânica Cotrimaio (no pote de tampa verde — comprei para fazer pão de milho, mas ainda não escolhi a receita...);
  • farinha de trigo sarraceno Macrozen (essa eu procurava havia MUITO tempo, para fazer Polenta Taragna, uma polenta escura e — dizem — muito saborosa);
  • farinha de trigo comum orgânica Cotrimaio (vinha usando no lugar da Fleischmann, por ser mais dura que a não-orgânica comum, mas essa não coube na foto).
Gostaria de comprar muitas outras, mas não tenho nem espaço na despensa, nem tempo suficiente para usá-las antes que suas validades expirem. Estão na lista do "eu quero" as mais normais: farinha de mandioca, farinha de centeio, farinha de aveia, farinha de cevada; e as mais estranhas: farinha de milho branco (para experimentar em uma polenta mais delicada, mas tem que ser farinha fina, e só encontro daquelas empelotadas), farinha de amaranto (nunca vi), farinha de quinua (só usei grão e flocos até agora), farinha de Teff (também nunca vi na vida, nem sei se existe aqui), farinha de arroz selvagem (será que se acha isso??). Se alguém souber onde encontro alguma destas mais exóticas (a um preço razoável), por favor, me avise!

Sopa de acelga, feijão branco e cevada

Aproveitando a mudança de tempo e o fato de ter todos os ingredientes na despensa, preparei essa sopa substanciosa, típica do Friuli, região do nordeste da Itália que, junto ao Trentino, faz bom e freqüente uso de cevada em seus pratos. A sopa leva acelga em tiras refogada em cebola, aipo e cenoura, um poquinho de tomate, feijão branco cozido e escorrido e cevada cozida, junto com sua água de cozimento, acrescentados no último momento, quando a acelga já está bem macia. Um bom punhado de parmesão ralado por cima completa a refeição.

A cevada é para mim uma novidade; comprei-a logo ao ler o livro da Heidi Swanson. Adorei sua textura macia mas resistente, e seu sabor ligeiramente adocicado. Noutro dia preparei-a como arroz, deixei-a esfriar e misturei-a a pimentão vermelho grelhado e descascado, berinjela grelhada, queijo tipo Feta, alcaparras e manjericão, tudo ligado por um molhinho simples de salada: azeite, vinagre, sal e pimenta-do-reino. Depois de um dia na geladeira, a salada parece ter fortalecido o sabor, e ficou sensacional para um dia quente em que se deseja algo mais substancioso que alface.

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Pão do Pão

Quando tinha minha coluna de gastronomia no portal Onne,
lembro-me de ter escrito um texto imenso sobre a ausência de verdadeiras padarias em São Paulo. Em países europeus é muito comum aquela lojinha pequena, familiar, centenária, que produz excelentes pães artesanais, e nada mais. Não se vende frios, não se vende sorvete, não se vende revistas ou ração para cachorro. Pães e somente pães, variados e de qualidade, pois são feitos por alguém que se especializou nisso. Aqui, o mais comum é comprar aquele pãozinho francês sem gosto, pois foi feito por alguém sem paixão, que colocou na misturadeira industrial um saco de mistura pronta para pães.

Aparentemente, minha angústia será exterminada. Essa semana descobri um lugarzinho discreto e muito charmoso: Pão. Sim, a padaria chama-se Pão, e produz apenas pães e semelhantes, com 80% de ingredientes orgânicos, assados em pedra e com fermentação natural (sourdough).

Enquanto conversava com o rapaz no balcão, podia ver atrás dele outros funcionários produzindo a próxima fornada, numa cozinha bastante pequena, que se vê também da rua, através da janela. Aliás, o Pão é, por enquanto, apenas isso: uma cozinha, um balcão pequeno e três mesinhas para quem quiser um café, uma fatia de torta ou um sanduíche. A decoração faz um gênero rústico-muito-bem-planejado-por-um-decorador-que-manja-das-coisas, com painéis de madeira escura e sem verniz, dentro e fora da padaria. A lista de produtos ainda cabe em uma página, e eles ainda não abrem todos os dias. Mas se depender da paixão do funcionário, cujos olhos brilhavam ao me explicar o propósito da padaria, o negócio vai longe. "Nossos pães são feitos com ingredientes orgânicos e com muito amor", disse-me ele. Há quanto tempo você não ouve isso em sua padaria?

Recomendo. Vão. Conheçam. Experimentem. Ajudem o Pão a crescer! hehehe...

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Risotto de couve-flor

O nome "couve-flor" costuma evocar caretas quando o digo em voz alta. Pessoalmente, eu adoro; mas acabo não comprando porque sei que comerei sozinha. Mas como ela veio na cesta orgânica, tinha de arranjar um modo menos "couve-flor" de comer couve-flor. Esse risotto, de um dos livros do Jamie Oliver, é tiro e queda: o único meio de fazer um homem que detesta couve-flor repetir o prato duas vezes.

Nós temos bananas

Estava um calor danado e por isso mesmo minhas pobres bananas estavam indo para o saco... Como ainda tinha muffins, um bolo de banana me parecia um pouco inapropriado. Então olhei para o lado e vi meu livro novo, The Perfect Scoop. Procura, procura, procura, acha: sorvete de banana assada. Tchanans! Esse é MUITO fácil, pois não exige a etapa de cozinhar o creme de ovos primeiro: é só bater tudo no liqüidificador e depois ter a paciência de bater com o fouet umas 3 ou 4 vezes, de hora em hora. Apesar da ausência da sorveteira, a textura deste ficou excelente, até para o criterioso do meu marido. O sabor, no entanto, não fez sucesso com ele: talvez se a banana não tivesse sido assada antes, ou talvez a banana prata não se preste muito a isso, pois há qualquer coisa de azedinha no retrogosto. Eu, no entanto, adorei a intensidade da banana e do caramelo, e não consigo parar de comer sorvete. Estou louca para testar outras receitas do livro, apesar de Allex ficar me pedindo para fazer apenas sorvete de baunilha (não é para menos, depois de ele bater os olhos nas favas gordas e perfumadas que comprei).

quinta-feira, 13 de setembro de 2007

Muffins de manteiga de amendoim e geléia

Hoje é dia de porcaria. Juro que janto uma salada.

Fui feliz e contente fazer os Peanut Butter Muffins da Nigella, quando me dei conta de que ela usava, além da manteiga de amendoim, Snickers em pedaços: aqueles chocolates BEM meleta, MUITO industrializados e artificiais, que sequer mereceriam o título de Chocolate, com pedaços de amendoim. Como não chego nem perto dessas porcarias, resolvi seguir a receita sem os Snickers, recheando-os com geléia de amoras, lebrando os Peanut-Butter-&-Jelly Sandwiches.
Quando estavam quase prontos, os bolinhos exalaram o mais delicioso perfume de amendoim, fazendo-me lembrar daquelas paçoquinhas de infância, que na memória têm gosto melhor que as de hoje em dia.

Croissants: o resultado

Nem posso acreditar que no fim os croissants deram certo! Ficaram um pouco massudinhos por causa dos problemas que tive com a massa, e uns mais bonitinhos e outros mais feiosos; mas ainda assim, gostosos. Acabei cortando os triângulos no tamanho errado, e o resultado foram mini-croissants, daqueles de couvert, ao invés dos convencionais.

O importante é que o medo de tentá-los passou, e agora que vi onde errei, posso corrigir as falhas e fazê-los novamente, mais delicados e maiores. E quem sabe, eventualmente, recheá-los com crème pâtissière, para finalmente saborear meu café-da-manhã favorito quando estava na Itália: uma xícara de cappuccino e um "cornetto con crema".

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Croissants

Durante mais uma tarde entediada (estou bastante cansada disso), resolvi tentar preparar algo mais difícil e que eu adoro: croissants. É minha primeira incursão no mundinho da massa folhada, então fui já com um certo espírito de "deu certo, deu; não deu, não deu". A receita pedia para misturar os ingredientes sem desenvolver muito o glúten, pois ele seria "estressado" na hora de estender a massa e incorporar a manteiga. Ok. Mas após a fermentação, na hora de abrir a bendita, não pude deixar de notar que na foto do livro a massa parecia lisinha, lisinha, muito bem trabalhada, enquanto a minha tinha textura de massa de torta, por não ter sido bem misturada. Na mesma hora pensei na minha burrice em juntar a primeira parte da manteiga amolecida junto à farinha, ao invés de misturá-la ao leite primeiro para que se espalhasse por igual. Ok, sem problemas, talvez ela fique apenas mais flocosa. Incorporemos o resto da manteiga.

Abri a massa e passei a manteiga amolecida. Fechei como indicado e, antes de passar-lhe o rolo por cima, pensei: "hum... acho que vai vazar manteiga por todos os lados". Ah, se intuição desse dinheiro... Ainda bem que tenho meu móvel com tampo de granito, pois se estivesse rolando a massa na mesa de madeira, teria tido uma síncope ao constatar os montes molengas de manteiga espalhados por todos os lados.

Ignorei a sujeirada e continuei trabalhando a massa, como indicado. Fechei-a, embalei em filme plástico e levei à geladeira por mais meia hora, tempo que está prestes a expirar. Parecia tão fácil nas fotos... Resolvi escrever esse post enquanto esperava. Daqui a pouco repetirei o processo de rola-dobra-dobra-de-novo-guarda-na-geladeira, na esperança de que o tempinho no frio tenha estabilizado a manteiga o suficiente para que ela não queira fugir da massa novamente. Por enquanto, os resultados não me parecem promissores. Mas eu sou chata. Detesto parar receita no meio. Não me dou por vencida até tirar uma gororoba incomível do forno.

De qualquer forma, preciso repetir mais duas vezes o processo e depois deixar a massa por várias horas na geladeira, o que quer dizer que o resultado final (croissants ou gororoba) serão vistos, provavelmente, só amanhã de manhã.

Deixo aqui, então, um pouco de expectativa... hehehe...

terça-feira, 11 de setembro de 2007

Polenta mais do que instantânea


Simplesmente adoro polenta. Mas o último pacote de polenta que havia em casa acabou cheio de bichos, porque a preguiça de fazer ou a falta de tempo falava mais alto, e (pecado!) deixei a farinha estragar.

Não vou mentir para ninguém: passei metade da minha vida comendo Polentina, a farinha de milho pré-cozida que transforma um árduo trabalho braçal de 40 minutos em 15 suaves minutos mexendo uma colher de vez em quando. Mas desde o dia em que comprei a danada da polenta Bramata, nunca mais consegui voltar atrás. Não sei qual a diferença técnica, se o tipo do milho, se o modo como é moído. Na embalagem, tanto um pacote italiano quanto um Yoki da vida diz o mesmo: farinha de milho. Mas a verdade é que, crua, a polenta italiana bramata se parece muito mais com sêmola de milho do que com a farinha em si. Ela é bastante granulosa e com cor de gema caipira, quase alaranjada, enquanto a farinha de milho comum é fininha e de um amarelinho suave. A diferença não pára por aí. Quando cozida, a polenta Bramata tem uma textura mais interessante e um sabor muito mais acentuado que a polenta feita com farinha de milho comum ou fubá, e é infinitamente superior a qualquer polenta instantânea.

Minha última incursão ao supermercado resultou em uma cena clássica: eu parada em frente à gôndola, olhando para meia dúzia de produtos como cães para frangos assados. E pega embalagem, e lê, e pensa, e bota de volta na gôndola, desiste, volta, pega, lê de novo, pensa mais um pouco, suspira, bota na cesta. O que me fez comprar a bramata desta vez (apesar do trauma de ver essa polenta nada barata cheia das mesmas), foi o modo de preparo especificado na embalagem. Normalmente, quando faço polenta, finalizo no forno. Mas sempre cozinhava, 40 minutos mexendo com colher de pau, depois derramava na travessa, polvilhava queijo e levava ao forno. Mas a embalagem dizia que, se quisesse fazê-la no forno, poderia pular a mexeção e ir direto ao forno por 1 hora. Ou seja, zero trabalho. Bom... testado e aprovadíssimo. A textura fica excelente, sem grumos, ela fica firme porém macia e com uma deliciosa crosta crocante por cima. Comi um pedaço grande com uma saladinha de tomates e agora dormirei feliz, contente e de barriga cheia, com certeza de que nunca mais deixarei minha polenta bramata estragar.

POLENTA MAIS FÁCIL QUE POLENTA INSTANTÂNEA
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 4 porções


Ingredientes:
  • 250g de polenta tipo Bramata (qualquer marca; eu usei Agnesi)
  • 1 colher (chá) de sal
  • 1 litro de água
  • Azeite extra-virgem
  • Queijo para polvilhar
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 220ºC. Unte uma travessa refratária ou assadeira com azeite.
  2. Leve a água com o sal para ferver. Quando ferver, desligue o fogo e jogue aos poucos a polenta, mexendo rápido com um fouet ou garfo, para evitar grumos. Ela vai engrossar um pouquinho em 1 minuto, então derrame na travessa e leve ao forno por mais ou menos 1 hora. No final do cozimento, derrame por cima um fio de azeite e polvilhe o queijo ralado. Sirva quente.

Couve-flor

Hoje minha cesta orgânica chegou. Fazia tanto tempo que não via uma couve-flor assim enroladinha nas próprias folhas, que quando peguei-a da cesta perguntei-me o que diabos eu havia comprado. Abri as folhas e surpresa!

Tomatinhos

Quem disse que aqui no Brasil o que é orgânico é mais feinho?

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Meu primeiro pão integral

Li o livro da Heidi Swanson numa sentada só, receitas inclusas, e fiquei babando de vontade de usar um montaréu de grãos integrais em saladas, pães, sopas e tudo o mais. O pão acabou hoje, e resolvi preparar outro; e, aproveitando a deixa de Allex, pedindo um integral, fui ao mercado comprar a bendita farinha que eu não tinha em casa, e eccolo: meu primeiro pão de forma integral!

Tive de fazer alguns cálculos para diminuir a receita, que pedia por 750g de farinha, quando eu só comprara 500g. Mas ele ficou de um bom tamanho e com uma cara ótima (e um perfume sensacional) apesar das rachadurazinhas por ter deixado o forno (de novo) aquecer em excesso. Segue a receita do bonitinho, também do Professional Baking:

PÃO DE FORMA 100% INTEGRAL
Tempo de preparo: 10 min. + 2h de fermentação + 20 min. de forno
Rendimento: 1 pão de 22cm


Ingredientes:
  • 350g de água morna
  • 15g de fermento fresco ou 5g de fermento ativo seco instantâneo
  • 500g de farinha de trigo integral
  • 20g de açúcar orgânico
  • 15g de leite em pó desnatado
  • 20g de manteiga sem sal
  • 10g de sal

Preparo:

O mesmo do
pão anterior.

E para quem quiser adaptar qualquer receita de pão, bolo ou doce que tenha farinha como elemento principal (se houver duas farinhas, a principal é a de maior quantidade), vai a dica:
  1. Converta todas as medidas da receita para gramas.
  2. Considere a quantidade de farinha da receita como 100%. A partir disso, calcule a porcentagem das quantidades dos outros ingredientes em relação à farinha. Isso dará a você a relação invariável entre os ingredientes. São apenas regras de 3. A partir disso, você pode diminuir ou aumentar a receita na proporção que quiser, de acordo com sua forma ou sua necessidade.
  3. Exemplo: se sua forma é de 20cm e a receita pede por uma de 25cm, você precisa reduzir a receita original em 20%. Comece calculando quanto é 80% da quantidade original da farinha, e esse novo valor passará a ser o 100% da receita. Recalcule o restante dos ingredientes de acordo com as porcentagens que você estabeleceu anteriormente: se sua farinha era 100g, passou para 80g; e o açúcar era 50% da farinha, continua sendo, e passa de 50g para 40g, e assim por diante. Se necessário, aumente ou diminua um pouco o tempo de forno.
  4. Para uma conversão mais fácil para quem não tem balança: 1 ovo grande costuma pesar 47g, sua clara, 28g e sua gema, 19g; um ovos extra-grande (que eu sempre uso) costuma pesar 65g; 1 xícara de farinha pesa aproximadamente 120g; 1 xícara de manteiga, mais ou menos 200g e 1 colher (sopa), 20g; 1 xícara de açúcar, 150g; se for mascavo, 180g; de fubá, 150g; 1 xícara de mel, 300g.

Alcachofras de infância

Conheço gente que não gosta de alcachofra. Mas sempre que pergunto por quê, me respondem "ah, tem gosto de vinagre". Ninguém merece alcachofras em conserva! Quando não há alcachofras frescas, fundos congelados (Bonduelle) são a melhor opção para mim; também para quem não tem paciência de limpar o trambolho para usar apenas os fundos para risotti ou lasagne, são uma mão na roda.

Gosto das minhas frescas, desde criança. Esperava ansiosa sua temporada para saboreá-la, e minha mãe sempre preparou exatamente do mesmo jeito: cozida. Assim, sem nada, nem sal, nem limão, nem coisa nenhuma, apenas aparada, em pé na panela tampada, com água até a metade, até que você conseguisse arrancar uma pétala sem esforço. Então ela ia inteira para o prato, para ter suas pétalas arrancadas uma a uma, mergulhadas em azeite com um nadinha de sal, e ter sua carne suculenta raspada entre os dentes. Até hoje esse é meu jeito favorito de comê-las, pois parece-me que é como melhor sinto o gosto da alcachofra pura, sem firulas, em sua melhor forma.

É engraçado pensar nisso como prato favorito de uma criança, esse monstrengo estranho e espinhudo... Mas a verdade é que eu achava uma delícia poder comer com os dedos, e ir depenando a pobre flor, até chegar àquelas petalazinhas translúcidas cobrindo um tufo de espinhos branquinhos, que arrancávamos com cuidado para não deixar rastros, revelando aquele disco cinzento e carnudo, esperando por um fiozinho de azeite e uma bela garfada.

Quando mudamos, Allex não era fã de alcachofras, mas hoje é um convertido. A falta de prática ainda lhe confere pouca elegância na hora de arrancar os espinhos do fundo da flor, mas quem se importa...? Hoje posso preparar alcachofras de qualquer maneira, frescas ou congeladas, que sei que serão sempre sucesso na minha casa.

quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Rolinhos de berinjela

Meu almoço hoje foi simples. Segundo uma receita do Forever Summer, de Nigella Lawson, grelhei fatias de berinjela pinceladas com azeite, recheei com uma colher de uma mistura de queijo tipo Feta esmigalhado, menta seca (não tinha a fresca), pimenta dedo-de-moça picada, pimenta-do-reino e azeite, e enrolei como pequenos rocamboles. Como o queijo já é bastante salgado, não vai mais sal nenhum, e as berinjelas parecem adocicadas em comparação. Uma delícia, assim frias, comidas com a mão. Deram-me ótimas idéias para saladas e massas com os mesmos ingredientes...

Fotografias gastronômicas

Outro dia mostrei ao Allex o blog Nordljus, da Keiko, sobre o qual já comentei por aqui. Como ele gosta de fotografia, achei que se interessaria. Algumas fotos, ok, eu tenho de concordar que são comuns. Comuns do tipo: qualquer foto de um vilarejo medieval cheio de flores numa manhã perfeita sem nuvens VAI sair maravilhosa, não importa se for tirada por um chimpanzé. Mas principalmente o que Allex chamou de "fotos de estúdio" é sensacional.

Perguntei-lhe como era possível que ela produzisse fotos assim bonitas e com tal controle de luz dentro de casa, sem um zilhão de holofotes e refletores. Reclamei que minhas fotos constantemente saíam ou azuladas ou amareladas, não importava o quanto eu ajustasse a luz na minha câmera e o quanto ficasse mexendo no obturador e na velocidade. Com o agravante de que detesto o flash da minha câmera (flashes embutidos são uma droga), então todas as fotos noturnas são tiradas em velocidade baixíssima, meio na unha mesmo, sem tremer. Estou ficando especializada em tirar fotos de comida segurando o obturador aberto na mão, por 1 segundo inteiro... Controle total!

"Você lembrou de mexer no ponto de branco da foto?", perguntou-me. Hein?? "Regula o branco antes de tirar a foto e a luz sai perfeita!". Ahn... Dã. De fato, eu notei uma melhora significativa em minhas fotografias gastronômicas, e espero que vocês tenham gostado dessa melhora. Vai então a dica idiota prá quem é desligada como eu mas gosta de ficar fotografando guloseimas...

Sorvete não exatamente de morango

Eu sempre sei o que eu faço de errado, até mesmo na hora em que estou fazendo. Na hora que eu jogo um ingrediente de improviso, eu sinto aquela vozinha me perturbando: vai dar porcaria. E dá. Sempre dá. Acontece que eu não dou ouvidos à vozinha tanto quanto deveria. Mas desta vez estou completamente perdida. Não sei o que aconteceu.

Eu tinha uns morangos mais prá lá do que prá cá, e fazia tempo que queria fazer de novo aquele sorvete de morango da Nigella, que ficara sensacional. Estava tão confiante, que até usei uma fava inteira de baunilha ao invés de essência. Ao acrescentar os morangos, vi de cara que não era o suficiente, pois o sorvete ficara meio cor-de-pele, ao invés de cor-de-rosa. Ainda assim, o gosto estava excelente, principalmente por causa da perfumadíssima baunilha. (Aliás, a casa inteira ficou com o cheiro dela! Boooom...) Coloquei no freezer e começa a maratona: de uma em uma hora, tira do freezer e bate bem na batedeira para quebrar os cristais de gelo, umas 3 ou 4 vezes. Ai, como eu queria uma sorveteira!

Fiz tudo igualzinho ao que fizera da outra vez. Mas não teve jeito: o sorvete ficou com uma textura péssima, todo granulado de gelo, e com pouco gosto das frutas. Se deixá-lo derreter um pouquinho, fica comível. O que fazer, agora, com um pote inteiro de um sorvete meleta do qual EU SEI que o Allex e seu paladar exigente para sorvetes não vai nem chegar perto? Não quero jogar fora, então o jeito vai ser comer... hunf... A foto até que engana bem, não? Será que se eu chamar de "granita" ele come??

Obá!

Ontem saí para jantar com o Gui, e voltamos a um restaurante nas proximidades ao qual já havíamos ido uma vez: o Obá. O lugar é lindo, a decoração é bonita, rica em detalhes cheios de personalidade e bastante colorido. Eu poderia livrar-me das mesas e morar lá. O cardápio é uma estranha mas bem sucedida mistura de cozinha mexicana, brasileira e tailandesa, com opções para todos os gostos e uma variedade interessante de petiscos (poucos veggies) para quem quiser só bater papo e beber alguma coisa.

Na primeira vez, pedi o robalo ao curry em folha de bananeira, apimentadíssimo e delicioso, com arroz jasmim, que eu adoro. A porção era bastante para mim e fiquei com dó de deixar alguma coisa no prato, pois havíamos pedido petiscos antes, e quando o peixe chegou, eu estava quase satisfeita. Desta vez não cometi o mesmo engano e fui direto para o principal: pedi um pad thai de camarão, um macarrãozinho frito com camarões e tofu. Estava muito bom, e apesar da tigela de massa ser bastante grande, comi tudo e lambi os dedos. De sobremesa, algo que eu adoro desde criança: arroz doce. Mas a versão tailandesa, com arroz preto, leite de coco e manga fatiada. Quando chegou, achei a porção pequena, principalmente em relação ao pastel de trés leches (bolo mexicano de leite) que o Gui pediu. Mas estava tão gostoso, docinho, al dente, perfumado, que eu comi às colheradinhas e nem pareceu tão pequeno.

Continuarei voltando ao Obá, e recomendo a quem quiser conhecer. Só as tortillas deles é que são engraçadas, e lembram um pouco fritopan...

Obá: Rua Melo Alves, 205, Jardins.

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Mais um pão























Preciso começar a fazer pães integrais ou com farinhas diferentes. Mas como o objetivo era comer minha manteiga de amendoim com geléia, e eu tinha muita farinha branca orgânica, acabei me repetindo.

Para quem tem uma batedeira com gancho e uma balança, esse pão é feito com os pés nas costas. E ele é muito saboroso. O ideal é usar leite em pó desnatado, como está na receita, mas como eu não tinha, substituí uns 75ml de água por leite integral.

PÃO DE FORMA DE BATEDEIRA (MAIS UM)
Tempo de preparo: 10 min. + 2 horas de fermentação + 20 min. de forno
Rendimento: 1 pão de cerca de 1/2kg (uns 22cm)

Ingredientes:
  • 300g de água
  • 18g de fermento fresco ou 6g de fermento ativo seco instantâneo
  • 500g de farinha de trigo tipo 1 orgânica
  • 12g de sal marinho
  • 18g de açúcar orgânico claro
  • 25g de leite em pó desnatado
  • 18g de manteiga sem sal

Preparo:
  1. Aqueça a água em fogo baixo por 1 minuto (se a água passar de 60ºC, matará o fermento). Coloque o fermento na tigela da batedeira planetária e junte cerca de 5 colh. (sopa) da água morna. Deixe dissolver e fermentar por 10 minutos.
  2. Coloque o restante dos ingredientes na tigela da batedeira, deixando o sal por último, para que não encoste no fermento (o sal também mata fermento). Ligue a batedeira com o gancho e deixe na velocidade 2 por 10 minutos. Se, faltando uns 2 minutos, a massa ainda parecer grudenta e não tiver desprendido das laterais e do fundo da tigela, acrescente mais uma colher de farinha.
  3. Tire a massa da tigela, forme uma bola e coloque em outra tigela grande, levemente enfarinhada, cobrindo com um pano úmido. Deixe por 1 hora e meia, até que dobre de tamanho.
  4. Soque a massa para tirar-lhe o ar, coloque em uma superfície levemente enfarinhada e abra a massa com as mãos num formato retangular. Divida mentalmente em 3 partes e dobre 1/3 sobre o outro e depois repita do outro lado (como na foto). Enrole como um rocambole apertado, na largura de sua forma. Sele muito bem a ponta.
  5. Unte uma forma de bolo inglês de uns 22cm com um pouco de óleo e coloque o pão com o lugar da ponta para baixo. Cubra com um pano e deixe por 1/2 hora. Enquanto isso, aqueça o forno a 200ºC.
  6. Se quiser, antes de levar ao forno, faça um corte superficial longitudinal no pão. Leve ao forno por cerca de 20 minutos, ou até que esteja bem dourado e soe oco ao bater-lhe com o nó do dedo.

Para fazer a versão integral (nunca fiz, mas morro de vontade), basta substituir 300g da farinha comum por integral. A receita é do livro Professional Baking.

segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Diversão para uma tarde de chuva

Às vezes vida de freelancer é um tédio. Agosto foi um mês cheio de novas propostas de trabalho e boas perspectivas, mas nada foi finalizado, nada foi aprovado, e pareço ter trazido para setembro esse mesmo marasmo profissional. Tudo está parado, orçamentos e trabalhos em andamento estão congelados nos clientes, e enquanto isso eu fico olhando para frente, sem poder fazer nada a respeito, só esperando os trabalhos recomeçarem com os famosos prazos "prá ontem".

Mas isso é normal. Já me acostumei a esses períodos em que o trabalho pára, o dinheiro não entra e você reza todas as noites para que a conta do cartão de crédito seja menor que seu saldo bancário. O importante é não entrar em pânico. Essa fase passa.

Enquanto isso, tudo que preciso são distrações. E hoje (enfim) chegaram duas pelas quais esperava ansiosamente. Os dois livros, na verdade, foram frutos de minhas leituras do Chucrute, que me deixaram salivando pelas receitas. Tive de buscar minha encomenda no correio — sempre compro livros pela Amazon, pois custam metade do preço das livrarias, mesmo com taxas de envio internacionais; não sei por quê, mas ultimamente eles não têm sido entregues diretamente em casa. Tomei um pouco de chuva na volta, o que foi refrescante e me estimulou a chegar em casa (fazer um cafuné no Gnocchi), tomar um banho, fazer um chá de limão com gengibre e me refestelar no sofá para ler meus bichinhos. Aliás, é o que eu vou fazer agora mesmo.

Almoço bom prá cachorro




Evandrus e Henriqueta queriam nos visitar para conhecer o cão, e aproveitei para chamá-los para almoçar conosco nesse domingo. Foi interessante montar o cardápio com o que havia em casa, sem pulos no supermercado. Não podia fazer meus clássicos — massas ou risotti — pois não havia mais Grana Padano ou manteiga, então seria impossível preparar um daqueles almoços "prato-único". Saí à caça de receitas em meus livros e revistas e, algumas adaptações depois, resolvi fazer um pão-bolo de azeitonas pretas e gengibre cristalizado, uma terrine de tomates (ambas da revista francesa Saveurs), uma salada de beterrabas, rúcula e gorgonzola (revista Gourmet, apesar de a salada original ter endívias e queijo de cabra), e um arroz com açafrão e abobrinha, que, na revista (Saveurs, também), era para ser um risotto, mas fiz com arroz comum e omiti o queijo e a manteiga. No fim ficou tudo muito gostoso, apesar de o arroz ter passado um tantinho do ponto e de eu ter esquecido de desligar o forno com a terrine dentro (que não inflou como achei que faria e acabou ficando achatadinha como uma omelette numa forma grande demais), queimando nas bordas. Como seria meio deprimente servir aquele fundinho de terrine dentro da forma gigante, desenformei, cortei em pedaços e servi fria, pois estava gostosa mesmo com os defeitinhos... Limonada fresquinha para acompanhar a comilança e sorvete de sobremesa.

No fim deu tudo certo, estava bem gostoso e o cão adorou a visita (e nós também). De quebra, ganhei esse lindo ramalhete de frésias, uma flor vibrante e perfumada que eu adoro. (As outras fotos são da salada — tirada hoje, então a rúcula está um pouco murchinha — e do pão de azeitonas).

sábado, 1 de setembro de 2007

Gnocchi no forno

Não é comida, mas ah, vá...

Sobras deliciosas




Ao preparar o Tian para o jantar com minha tia, acabou restando um pouco de cada ingrediente, que não couberam na travessa. Hoje resolvi fazer o almoço com aquelas sobras. Dourei um dente de alho em azeite de oliva, juntei o pimentão vermelho e uma folha de louro, deixei amaciar, então acrescentei a berinjela e a abobrinha, sal e pimenta-do-reino e algumas folhas de manjericão e deixei amaciar. Quando o penne ficou pronto, juntei a massa aos legumes na frigideira, com mais um fio de azeite e um bom punhado de Grana Padano ralado. Simples e gostoso; perfeito para um almoço tardio num sábado de sol.

O melhor peixe

2004, Positano, Itália, almoço com pescadores napolitanos. Atum inteiro, o melhor que já comi. Pergunto a Lorenzo, o cozinheiro: "Como você temperou esse peixe? Está sensacional!". "Sal e pimenta", respondeu ele. "Não é possível", rebati. "Não é preciso colocar mais nada: o peixe estava nadando há 1 hora atrás."

Se inveja matasse...

Estou absolutamente impressionada e apaixonada pelo blog de Keiko, uma japonesa residente no Reino Unido. Nunca vi alguém tão confortável em experimentar com ingredientes novos e receitas trabalhosas, alguém tão incrivelmente caprichosa na apresentação dos pratos (mesmo que para ela mesma) e, principalmente, nunca vi fotografias mais lindas. Independente de você querer ler o blog em inglês ou não, é imperativo que dê uma olhada, ao menos nas fotos, que despertam complexo de inferioridade no chef mais experiente...

Cozinhe isso também!

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