quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Salada caprese do único jeito que me faz suspirar

É difícil compreender a simplicidade de uma salada caprese, a não ser que você já tenha tido em mãos tomates muito vermelhos e suculentos de verão, manjericão muito perfumado, um bom azeite extra-virgem e uma mozzarella de búfala delicada, saborosa e que derreta como manteiga em sua boca. De outra forma, tudo o que você tem é uma salada com gosto de água. Mas quando os planetas se alinham, tudo de que precisa é uma pitada de sal e um pouco de pimenta-do-reino. Qualquer alface, salsinha ou azeitona é uma mácula nessa combinação tão simplesmente perfeita. Uma fatia de um bom pão e uma taça de vinho, e você pode fechar seus olhos e fingir que nada mais existe.

domingo, 15 de fevereiro de 2009

PADARIA DE DOMINGO 30: forma de pão de forma

Desde que comprara um livro que mencionava essa forma eu a queria. Não importa o quanto eu adore pães rústicos: meu marido é viciado em pão de forma, e se deixar ele compra os do supermercado, empacotados de gordura hidrogenada e outras porcarias. Tudo porque o homem gosta de fazer sanduíches no tostex. Até aí tudo bem já fiz algumas dezenas de pães de forma brancos, ainda que eu sempre arrume uma desculpa para preparar um integral... No entanto, os pães de forma caseiros ficam sempre com aquela superfície abaulada em cima, e essa barriguinha costuma dificultar as coisas na hora de encaixar o pão na sanduicheira quadrada.

Imagine minha felicidade quando encontrei a tal da forma de pão com tampa em uma dessas lojas mais tradicionais de cacarecos para cozinha! Preciso dizer que é um dos cacarecos mais legais para fazer pão, porque ele elimina a última desculpa de qualquer teimoso que não quer comer pão caseiro. A forma funciona maravilhosamente bem, e, untada com manteiga, o pão fica igualmente dourado dos quatro lados e deliciosamente quadradinho e perfeito. O pão também fica bastante úmido, uma vez que a tampa não deixa o vapor sair completamente.

No entanto, tive de fazer uma modificação na receita de pão de forma que mais uso. Isso porque para ficar quadradinho, o pão tem que crescer até alcançar a tampa e preencher todo o espaço. Nada de mais. Bastou refazer alguns cálculos.

Para o pão de forma quadradinho, use esta receita, mas com os ingredientes listados abaixo. Pré-aqueça o forno a 215ºC e, depois de moldar o pão, coloque-o na forma (untada com manteiga) e coloque a tampa (também untada), deixando um espaço de uns 2,5cm para respirar e deixe fermentar pela segunda vez, durante uma meia hora, até que o pão atinja uns 3/4 do tamanho da forma. Então feche-a completamente e leve ao forno por 50-60 minutos, ou até que o pão esteja bem douradinho por igual e tenha um som oco quando batido com os nós dos dedos na parte de baixo. Não se acanhe em tirar o pão da forma para testá-lo. É só colocá-lo de volta no forno, com a tampa fechada por mais 5 ou 10 minutos, ou até que fique pronto.

PÃO DE FORMA QUADRADINHO Rendimento: 1 pão de 650g Ingredientes:
  • 225g água
  • 15g fermento biológico fresco
  • 405g farinha de trigo para pães
  • 10g sal
  • 15g açúcar
  • 20g leite
  • 15g manteiga
Preparo:
Aqui.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Badejo assado com batatas e alcachofras

Já falei muito a respeito de todos os meus problemas com peixe aqui e aqui: sobre o cheiro da cozinha, sobre a confiança no supermercado, sobre o fato de não haver peixaria no meu bairro. Aliás, dado engraçado: acho que já contei uns quatro açougues no raio de cinco quarteirões da minha casa, sem contar os supermercados, e nenhuma peixaria no bairro todo, o que provavelmente diz muito a respeito dos hábitos de consumo do pessoal que mora por aqui.

Outro dia, reclamando a respeito do preço do peixe fresco no supermercado e de não aguentar mais comer atum em lata, um colega da corrida [que já trabalhou no Chez Panisse; imagina o que eu não adooooro conversar com ele!] me indicou uma peixaria fora do bairro que entregava em casa. Maravilha para uma pessoa cujo único meio de transporte é o próprio pé. Nessa semana, finalmente, resolvi testar a danada da peixaria e, assim que voltei do passeio com o cachorro, telefonei e encomendei um pouco de salmão e um pouco de badejo, tudo já devidamente limpo e filetado. Meio-dia em ponto o motoqueiro estava em casa com meu pacotinho de peixe fresco, parte do qual foi direto para a panela do almoço. Posso dizer o quanto estou feliz? Muito. Muito feliz. Estou contentíssima por ter encontrado um fornecedor de confiança.

Sei que se queria peixe fresco e barato, poderia ir ao Mercado Municipal, ao Mercado da Lapa ou ao Ceagesp. Mas pegar carro de mãe emprestado e me enfiar no trânsito apenas por dois filés de salmão? Hmmm... nada prático para alguém que ainda tem que trabalhar, cuidar da casa e passear o cachorro três vezes por dia.

Por essas e outras... aaaah, estou feliz por poder comer um peixinho de vez em quando sem ter que deixar o salário do mês no supermercado.

Hoje no almoço eu tinha esse último filé de badejo para usar, então apanhei como template uma receita de sea bass de Jamie Oliver e substituí os cogumelos por alcachofras, omitindo a manteiga e usando apenas a quantidade de azeite que me convinha. Apanhei meu filé e fiz alguns cortes em sua carne, colocando neles manjericão e salsinha bem picados. Temperei com sal, pimenta e umas gotinhas de limão e deixei de lado. Pré-aqueci o forno a 240ºC e fatiei bem fino duas batatas pequenas com casca e 1 dente de alho. Misturei as batatas com metade do alho, temperei com sal, pimenta e um fio de azeite e levei ao forno por 15 minutos, até que estivessem cozidas. Enquanto isso, apanhei uns 3 fundos de alcachofras congelados [prefiro alcachofra fresca, mas para uma cozinha mais rápida eu perco a paciência com aquela espinheira toda...], fatiei-os, esfreguei-lhes um pouco de limão, e salteei com o restante do alho em um fio de azeite, temperando com sal e pimenta. Retirei as batatas prontas, misturei as alcachofras a elas e coloquei o peixe por cima. Voltei ao forno por mais 15 minutos até que a carne estivesse opaca e pus tudo no prato com um fio de azeite. Ficou tão bom que pretendo comprar mais badejo na semana que vem para poder fazer no jantar, porque foi uma maldade guardar esse prato só para mim... E melhor de tudo: ficou pronto em meia hora. ;)

[P.S.: Aparentemente, sea bass é badejo mesmo. Mas posso manifestar aqui minha dificuldade atroz em descobrir que peixe é qual quando todas as minhas receitas têm os nomes em inglês e nenhum dicionário meu é amplo o suficiente??? Ô, desgraça...]

[UPDATED: Errei!! Sea bass é robalo!!! Nenhum problema. A receita original, então, era para ser feita com robalo, mas ficou sensacional com badejo. Então, faça com qualquer um dos dois...]

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

O melhor sorvete de uva do mundo


Está bem, talvez seja um exagero. Mas por unanimidade foi votado aqui em casa o melhor sorvete de uva que Allex e eu já comemos. Muito provavelmente isso tenha a ver com o fato de ser feito... ahn... de uva. De verdade. E na época certa, o que faz com que ela esteja já incrivelmente doce e saborosa.

Há já alguns anos que esperamos ansiosamente pelo mês de fevereiro para encontrar daquela uva pretinha, redonda e doce que parece só existir nessa época. Tudo começou quando fomos passar as férias na casa de um amigo que mora próximo ao balneário de Camboriú, em Santa Catarina. Passeando por uma praia qualquer, resolvemos parar em um quiosque para tomar um suco, e enquanto todos pediam os básicos laranja, limão e abacaxi, um amigo levantou o dedo e pediu um suco de uva.

"Uva?? Mas suco de uva nunca é fresco!", reclamamos todos em uníssono, ao que ele respondeu dando de ombros. Os sucos chegaram, e ao primeiro gole o dono do suco de uva deu um berro.

"Meu Deus! O que é que é isso?? Que maravilha de suco!"
"Ah, vá, só porque tiramos com a sua cara...", provocamos, conhecendo-o o suficiente para saber que ele só poderia estar brincando.
"Sério! Mesmo! Experimenta aê!"

Passamos o copo de um para o outro e todos tiveram exatamente a mesma reação. Era suco de uva fresquinha, de um jeito que nunca havíamos experimentado antes, tão acostumados a suco concentrado ou de caixinha. "Um choque no cérebro", como disse nosso amigo. Não tivemos dúvida. Com nossos sucos ainda pela metade, pedimos também suco de uva. E quando acabamos, pedimos outro. E pediríamos o terceiro, se o dono do quiosque não tivesse vindo à mesa avisar que a uva havia acabado.

"Meu Deus! Que uva é essa? Precisamos fazer esse suco em casa!"
"Ah, só dá agora em fevereiro. Eu compro lá em Joinville...", explicou o senhor do quiosque. Infelizmente, no ano seguinte, quando nossos amigos voltaram ao quiosque, ele havia sido vendido e o novo dono não se dava mais ao trabalho de comprar frutas frescas.

Desde então, chega fevereiro e eu saio maluca vigiando todas as bancas de feira e supermercados atrás de alguma uva pretinha e redonda com a promessa de um suco tão doce. Como não tenho o nome da bendita, no entanto, fui indo na tentativa e erro, até descobrir que a uva mais parecida com aquela era a Isabel. Quando vi a bandejinha baratinha no supermercado esses dias, não tive dúvida e levei para casa. Mas nesse calorão, achei que seria uma ótima oportunidade para testar uma receita de sorvete simplíssima de Marcella Hazan, do livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica. Não podia ter tomado melhor decisão.

Para fazer o sorvete, no entanto, você precisa de um passa-verdura. Só esse processador manual é que consegue arrancar a polpa das uvas e triturar-lhes parte da casca, mantendo, no entanto, as sementes intactas e separadas. Batendo no liqüidificador, você tritura as sementes e elas liberam um gosto adstringente desagradável. Talvez seja possível amassá-las contra uma peneira, mas acho que daria um trabalho fenomenal e espirraria suco cor-de-beterraba em toda a sua roupa. E suco de uva mancha que é uma beleza.

Para fazer o gelato de uvas pretas, lave as uvas Isabel (450-500g) e tire-as dos cabinhos. Coloque 2/3 xíc. de açúcar cristal orgânico e 1/2 xíc. de água em uma panela e leve ao fogo médio até que o açúcar esteja dissolvido. Coloque esse xarope ralo em uma tigela grande, apóie o passa-verdura (com o disco dos furos maiores) e triture as uvas, deixando que sua polpa caia sobre o xarope de açúcar. Recolha qualquer semente que tenha passado, e misture bem, deixando esfriar completamente. Então bata 1/4 de xíc. creme de leite fresco até quase o ponto de chantilly e adicione à mistura de uva, misturando bem. Apesar de não constar na receita, eu acrescentei uma pitada de sal. Leve à geladeira para resfriar um pouco e congele na sorveteira como ensina o fabricante.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Sexta-feira de pizzoccheri

Costumava precisar de massa para viver. Não sabe o que almoçar? Massa. Está com pressa? Massa. Muito criativa/nada criativa? Massa. Por isso surpreendi-me com a mudança de hábitos quando o macarrão foi banido da minha vida (temporariamente) pela nutri. Subitamente aquela caixa de fusilli começou a parecer não ter mais fim. A massa de todo dia foi trocada por feijões de vários tipos e uma infinidade de grãos integrais. A única exceção é sexta-feira à noite. Como tenho treino longo de corrida na manhã seguinte, o macarrão não apenas é permitido, como obrigatório. No fim das contas, é um hábito que pretendo levar para sempre, pois meu lado metódico gostou e muito de tornar sexta-feira o "dia do macarrão" em casa.

Claro que a nutri tinha em mente uma massinha com molhinho de tomate, bem levinho. Mas não tenho pudores em admitir que minha noite de massa é uma enfiada de pé na jaca. Quer queijo? Bota queijo. Quer manteiga? Taca manteiga. Quem se importa? Vou correr 12km no dia seguinte; tenho certeza que será tudo bem gasto.

Nesta sexta-feira, pude enfim preparar um de meus pratos favoritos: pizzoccheri. Já escrevi sobre ele por aqui. Havia muito tempo queria prepará-lo de novo, e o fato de meus sogros, retornados da Itália, terem nos presenteado com uma caixa de meio quilo da massa foi um sinal dos deuses.

Pena que nunca vi pizzoccheri para vender por aqui, nem em seções de importados. Mas se houver farinha de sarraceno no seu supermercado, não se acanhe em produzir sua própria massa. Vale cada minuto de trabalho. Esta receita com batatas, queijo e repolho, que pode ser tanto o branco quanto o crespo, mais verdinho, é a mais tradicional. Mas ele fica delicioso com abóbora e radicchio, e de outras inúmeras formas. É uma ótima massa para ir ao forno, pois é bem firme e não desmancha fácil, e seu sabor combina muito bem com queijos amarelos fortes e verduras amargas.

Enfim, só quero deixar claro que pizzoccheri é aparentemente "infotografável". Tinha esperanças de tirar uma foto à altura do prato para compensar a imagem horrorosa do primeiro post, mas não teve jeito. :P

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Folha amarga + folha amarga + fruta ácida = ana elisa feliz

Tenho algo a confessar... Sempre me retorci de inveja das saladas fantásticas da Fer. [Sim, Fer, queria almoçar na sua casa todo dia!] Eu me perguntava como ela podia ter tanta coisa apetitosa em sua cozinha, e como podia produzir saladas (e fotos de saladas) tão criativas, coloridas e interessantes. Dava dois passos até a cozinha, abria minha geladeira, e nunca havia lá ingredientes suficientes para uma salada que prestasse. Frustração.

Foi só com o início da palavra que começa com "d" e termina com "ieta", e sobre a qual não agüento mais falar a respeito, que tive de aumentar consideravelmente a quantidade de legumes, frutas e verduras de minha geladeira [o que parece estranho para uma semivegetariana, mas fazer o quê?!] e finalmente passei a ter em minha cozinha uma paleta de cores e texturas digna de uma boa salada.

Essa, feita ontem, adaptada de ou inspirada por uma receita do livro Jamie at Home, produziu em mim um tipo de felicidade que só tenho ao observar cores vibrantes no prato e sentir bons gostos na boca. Como não se sentir contente ao ver a mistura do rubi do radiccho, o amarelo cítrico e delicado da endívia e o verde radiante da maçã, tudo pontilhado de salsinha e coberto de um molho simples e cremoso? Adoro a crocância da maçã verde e a penugem suave das barcas de endívia.

Enquanto jantava, olhei para o pôr-do-sol lá fora e vi que o céu tinha o mesmo tom amarelo e cor-de-vinho de meu prato.

Fer, você com certeza me inspira, e esse post é para você. ;)

Para preparar a salada, corte uma maçã verde em quartos, sem o miolo, e fatie fino. Misture às folhas inteiras de radicchio e endívia (quantas bastarem). Em uma tigelinha, misture bem 1 colh. (sopa) de azeite extra-virgem, 1 colh. (sopa) de iogurte natural integral, 1 colh. (chá) de vinagre de cidra e sal e pimenta-do-reino a gosto. Despeje sobre a salada, salpique com um punhado de salsinha picada e misture muito bem. Serve uma porção.

Que mané chá de latinha o quê...


Pobre de mim, que nunca pensara em fazer meu próprio chá gelado. Quer dizer... chá de hortelã, de capim-cidreira, ok. Mas aqueles "sabor pêssego" em latinhas amarelas... Folheando o novo livro da Heidi, dei de cara com várias receitas de chá preto gelado, como aqueles servidos com refil infinito nos restaurantes americanos, ou o tal de lata, empacotado de açúcar. [Aliás... descobri recentemente que a ordem dos ingredientes nos rótulos não é por acaso: eles são listados do que há em maior quantidade para menor. É sempre bom ter mais uma informação que alimente minha rotulofobia...]

É muito bom ter uma jarra de chá gelado, saboroso e refrescante, ao seu lado nesse calor dos infernos; principalmente se você passa o dia todo num apartamento com conflitos de identidade – ele acha que é uma sauna. Para minha jarrinha de aproximadamente 1,5l, fervi a água com 3 saquinhos de chá preto, algumas fatias de limão siciliano, um pedaço de gengibre de uns 2cm e 1/8 xíc. de açúcar orgânico. Ferver o chá já com o açúcar faz com que ele não desça para o fundo da jarra nunca mais. Desliguei o fogo, tampei e deixei quietinho por uns 10 minutos, então coando e deixando esfriar antes de levar à geladeira. Beeeem melhor que o de latinha, com beeeem menos açúcar e beeeeem mais barato. Aumente ou diminua quantidades de chá preto e açúcar à vontade...

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

Arroz integral com radicchio

A inspiração voltou rápido. Foi abrir a gaveta da geladeira e olhar para aquelas folhas fantásticas, cor-de-vinho e rajadas de branco, para saber o que queria comer. Que eu gosto de folhas amargas não é lá nenhuma novidade. Mas já falei aqui sobre minha paixão por radicchio? Dominando a cena em uma salada verde, refogado com alho ou cebola, com abóbora, risotto di radicchio, macarrão com radicchio, pizzoccheri com radicchio, torta de radicchio... até geléia de radicchio eu já comi e é uma de minhas inúmeras frustrações nunca ter comido de novo.

Era minha última noite em Veneza, durante aquela tal viagem pela Itália, em 2004. Como estava hospedada em um albergue em Padova, não daria tempo de jantar na cidade, pois o último trem partiria logo, e eu precisava estar no albergue antes que as portas se fechassem. Com pouco tempo nas mãos mas sem querer desperdiçar um só minuto naquele lugar, sentei-me em um bar chamado Cavatappi, nas proximidades de San Marco, e pedi uma taça de vinho e um prato de queijos. Aturei a mulher fumante ao meu lado apenas porque queria muito ficar do lado de fora do café e observar a vida passar. O simpaticíssimo garçom, que tentou me ensinar qualquer coisa do dialeto local, trouxe-me um prato com três ou quatro tipos de queijo, nozes, fatias de maçã verde e uma geléia rosa escura, como um antigo vaso de Murano de minha avó. Explicou-me qual queijo comer com o quê [juro que procurei em meu diário de viagem, mas não anotei os queijos ou a combinação], e respondeu-me, quanto lhe indaguei, que a geléia era feita de radicchio di Treviso.

"De radicchio?? Mas radicchio é amargo!"
"Ah, pois é... Mas é uma especialidade de Treviso..."

Experimentei com o queijo forte que havia no prato. Era absolutamente delicioso e diferente de qualquer geléia que já provara.

"Onde consigo isso? Vocês vendem?"
"A gente compra de um alimentari aqui perto. Você tem um mapa?" Abri o mapa do guia, ele apanhou um lápis e rabiscou um caminho e um X. "Aqui, na Calle San Lucca."

Saí tresloucada atrás da loja, mapa em punhos, seguindo o rabisco do garçom, até encontrar uma pequena loja de produtos alimentícios. Fui atendida prontamente por um senhor de avental branco, e expliquei-lhe o que queria.

"Oh, infelizmente acabou. Mas chega mais amanhã, se quiser."
"Amanhã??? Mas amanhã estarei em Verona! Não tem nem unzinho?"
Ele meneou a cabeça, desolado.

Mais uma para a lista de obsessões.

Enquanto isso, vou comendo radicchio de tudo quanto é jeito... menos marmellata. Hoje cozinhei um pouco de arroz integral apenas em água e sal [fiz as pazes com o arroz integral recentemente], enquanto refogava em pouco azeite meia cebola em tiras finas e um ramo de alecrim, até amaciar. Juntei o radicchio fatiado e cozinhei em fogo baixo, com uma pitada de sal, até murchar bem. Quando o arroz ficou pronto e afofado, juntei-o à frigideira dos legumes e misturei tudo muito bem, acrescentando algumas nozes ligeiramente tostadas. Para acompanhar, uma saladinha de tomate com queijo de cabra. Nham...

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uepa! Novinha em folha!

Assim como profetizaram alguns de vocês, foram três dias de febre e uma tosse que continua insistindo. Mas estou de volta. O carinho de todos vocês me surpreendeu muito, e não tenho como agradecer por cada um dos comentários! Toda essa manifestação de preocupação e votos de melhora tocou meu coraçãozinho e derreteu todo o cinismo dentro dele... Obrigada!!! ;)

Nesse meio tempo, de molho e sem vontade, nada saiu de minha cozinha que prestasse ou merecesse ser comentado. Nem acidentes culinários interessantes, uma vez que não cheguei perto das panelas para outra coisa a não ser requentar o que já tinha pronto. No entanto, tenho uma novidade.

Havia muito tempo eu vinha reclamando com um amigo meu que não conseguia mais desenhar por prazer. Algo no meio do caminho acontecera que minara minha vontade e minha autoconfiança. Fora ficando cada vez mais exigente e perfeccionista, de modo que apanhava a caneta e nenhum rabisco era bom ou significativo o suficiente para merecer a página de meu caderno. Além disso, meus trabalhos como designer me tomavam tanto tempo e energia, que acabava não dando toda a atenção que deveria a meu lado ilustradora. Quando me dei conta, eu havia me transformado em uma designer que fazia ilustrações ocasionais. E isso me deixou muito infeliz.

Por isso, decidi focar. Aos pouquinhos vou deixando o design gráfico de lado, trabalhando apenas com meus clientes mais antigos, e vou me concentrando no que mais gosto de fazer. Por que estou contando isso? Porque uma coisa que queria havia muito tempo era criar um blog de ilustração. Assim, despretencioso, cheio de rabiscos, para soltar a mão, me obrigar a desenhar mais todo dia e, principalmente, submeter-me à crítica dos outros, que nem sempre é gentil, mas serve para criar aquela couraça necessária à qualquer profissão que envolva criação.

Então, nesse post muito pouco culinário, convido quem quiser a conhecer o Desenhoquê, ainda engatinhando, tadinho dele, mas logo logo recheado de bobagens. Obrigada pela atenção e carinho de vocês. Novos quitutes em breve, prometo.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Argh... pequena pausa forçada...

Se o que eu queria era descanso, foi isso o que consegui. Por vias tortas, admito. Febre, corpo todo doendo, cabeça explodindo. Zero vontade de fazer pão, iogurte, almoço, o que for. Graças a Deus que a mãe está perto e que ela pode passear o cachorro por mim. Descanso forçado. Fim de semana de chá, mel e cama. Volto logo.

Cozinhe isso também!

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