sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Quibe de ricotta e malte e uma cabeça bagunçada

Escrevi e apaguei o texto desse post um milhão de vezes. Um texto de introdução para um quibe vegetariano. Pode? Pode. Minha cabeça está em outro lugar. Totalmente.

Está na pimpolha agitada dentro de mim, pronta para vir, só esperando começar a ser espremida para fora. Porque me disseram que pode vir uma semana antes, e eu fiquei ansiosa. Porque me disseram que as contrações podem ser mais leves na segunda vez, e eu, que estava até agora tranquila esperando as mesmas dores do Thomas, agora fico confundindo contração com indigestão.

Está no pimpolho que mês que vem começa a escola pela primeira vez, e eu fico paranóica achando que a pequena nascerá antes que eu possa ir comprar o uniforme, e que não há nada pronto, e que ainda não achei a térmica que eu queria para ele levar o lanche, e que não sei como será ter outro ser humano, fora de minha família direta, cuidando da minha cria.

Está na minha dificuldade de encontrar com quem trocar figurinhas, porque maternidade virou essa competição louca de quem está certa e quem está errada, e não existe mais uma troca saudável de experiências diferentes, e não existe mais meio termo. Ou você é totalmente moderninha ou totalmente natureba. E parece que estamos todas nos esgoelando para estarmos certas, seguirmos as técnicas corretas, mostrarmos que nossos filhos serão melhores que os dos outros porque nós fazemos escolhas melhores, ao invés de simplesmente seguirmos nosso instinto e fazermos o melhor possível para aproveitar cada fase das crianças enquanto elas ainda são crianças. E trocarmos figurinhas. E abrirmos nossa mente para outras opções e possibilidades que podem advir de uma conversa saudável com pessoas que fazem diferente de você. Foi libertador dar o braço a torcer durante esses quase dois anos de maternidade, e ver que as teorias que eu tinha firmes em mim nem sempre estavam certas. Pelo menos não para mim e não para o meu filho. E eu dei açúcar ao Thomas antes dos dois anos, e ele usou fraldas descartáveis, chupou chupeta, vê desenhos animados para eu poder trabalhar, come ketchup Heinz com sua fritatta orgânica de talos de espinafre e está indo à escola antes dos três anos.

Sinto que, de modo geral, as mães hoje em dia estão muito radicais e muito na defensiva. E isso só torna a experiência de ser mãe uma coisa extremamente solitária. Principalmente para alguém como eu, cuja irmã, cunhada e amigos mais próximos ainda não têm filhos. E eu já estou no segundo. E acabo tentando trocar figurinhas internet afora ou com mães de parquinho, e me vejo com medo de contar qualquer coisa, dividir qualquer dificuldade ou sucesso, medo de ser massacrada.

E minha cabeça não pensa no quibe vegetariano, pensa nisso. Pensa que serei mãe de dois agora. E que queria companhia para o chá com bolo, como vi minha mãe fazer com as amigas durante minha infância, para dividir sem ser (muito) julgada, para compartilhar informações e, de repente, mudar de ideia, ajudar ou ser ajudada.

Para quem também é mãe e já deu uma olhada feia para outra mãe coitada, fica o apelo: sejamos mais companheiras. Lembremos que somos mulheres diferentes, criando seres humanos diferentes em circunstâncias diferentes, e que não há um jeito certo de fazer as coisas que seja certo para todo mundo em todas as instâncias. Sejamos mais tolerantes umas com as outras e não ilhas de sabedoria suprema.

Foi nesse esquema de divisão de informações durante um cafezinho que essa receita de quibe vegetariano caiu nas mãos de minha mãe, há muitos anos atrás, quando eu era estritamente vegetariana e nem peixe comia, o que a enlouqueceu um pouco, pois não sabia o que cozinhar para mim. Fiz apenas duas adaptações à receita: a original levava um pacote de sopa de cebola, que substituí por 1 colher (chá) de assafétida (opcional), algumas alteraçõezinhas para facilitar a medida da receita, e usei o bagaço de malte da minha cerveja no lugar do trigo para quibe, por sugestão de minha sogra, que fez o mesmo com uma receita de quibre tradicional, com carne. Tanto com o malte como com o trigo esse quibe fica delicioso, muito perfumado de especiarias, e acho até que se fosse servido a um carnívoro, ele não notaria que não há carne na receita. (Também acho que pode ser moldado como quibezinhos para serem fritos.)

Pimpolho devorou sua porção. E enquanto ele comia, "nham-nham", eu já não pensava no quibe, mas na pimpolha por vir, se ela terá o mesmo delicioso apetite, se será risonha, se será sapeca, se vai saber o que fazer com um giz de cera, ao contrário do irmão, que apanha os pedaços coloridos e brinca de jogar embaixo dos móveis. E penso na escola, no muffin de milho que será provavelmente o primeiro lanche do Thomas, se a professora vai ajudar a colocar o chá no copo, se ele vai desembestar a falar, finalmente. E penso nas mães da escola, se haverá alguma com quem eu me dê melhor, se poderei tomar chá com bolo com ela enquanto nossos filhos brincam juntos.

QUIBE DE RICOTTA
Tempo de preparo: 20 min. + 30 min. de forno
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 1 xic. trigo para quibe (ou 2 xic. de bagaço de malte)
  • 3 batatas médias
  • 1 colh. (sopa) manteiga
  • 500g ricotta fresca sem sal
  • 1 cebola grande picada
  • 1/2 xic. folhas de hortelã fresca, picadas
  • 1/2 xic. folhas de salsinha, picadas
  • 1 colh. (chá) orégano
  • 1 colh.(chá) canela em pó
  • 1 colh. (chá) noz moscada ralada na hora
  • 1 colh. (chá) assafétida (opcional)
  • 1/4 colh. (chá) pimenta-da-jamaica moída
  • 1/4 colh. (chá) cravos moídos
  • sal a gosto
  • pimenta-do-reino a gosto

Preparo:
  1. Se estiver usando o trigo, coloque-o de molho em água por 1 hora. Escorra e reserve. No caso do bagaço de malte, apenas esprema numa peneira para retirar o excesso de líquido.
  2. Cozinhe as batatas até que fiquem bem macias. Amasse com um garfo (com casca mesmo), até virar purê, e junte a manteiga, mexendo até que ela derreta.
  3. Junte a ricotta, a cebola, as ervas frescas e os temperos e misture bem. Junte o trigo ou bagaço de malte, misture bem e acerte o tempero. 
  4. Despeje numa travessa refratária untada com azeite, passe um garfo na superfície, criando listras, e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 30 minutos, ou até que a superfície esteja bem dourada.

 

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Panettone e arrego


Chegando à reta final do barrigão gigante. Duas? Três? Quatro semanas? Ninguém sabe, pois ao que tudo indica minha pequena justiceira é apressadinha, além de hiperativa (puxou a mãe?). Apesar de, graças aos deuses, não ter inchado ou engordado como no fim da primeira gravidez (benzadeus pela filha ogra, que sugou toda a gordura que pus pra dentro), a pança anda pesando um bocado, uma mão saindo pelo umbigo, outra empurrando minha bexiga, um pé no externo e outro nos meus pulmões. Não tenho fôlego mais para coisa nenhuma, e meu marido frequentemente olha para mim com ares de piedade, ao me ver ofegante e suspirante durante o simples ato de abaixar para catar um brinquedo do chão.

É isso. ARREGUEI.
Olha o tamanho da melancia.
E o cabelo bicolor-água-de-salsicha, que não vejo a hora de pintar de castanho de novo.
(Grávida com cara de psicopata, segundo meu marido.)
Por isso, nesse Natal, "delarguei" a ceia. Zero condições de ficar três dias com umbigo no fogão como fiz nos outros anos. Disponibilizei casa e bebida, e comida foi toda trazida pela mãe e pela sogra. E foi uma delícia.

No entanto, agora o tempo chuvoso trouxe temperaturas mais amenas, eu oficialmente entrei em "pré-licença maternidade" [não vou pegar nenhuma encomenda de trabalho, mas continuarei vendendo o que estiver disponível na LOJA] e a pressão da data-limite 25 de dezembro passou. O que restou agora foi a vontade de produzir todos os quitutes que ignorei em dezembro. E se o supermercado pode vender panettone em setembro, por que não posso prepará-lo depois do Natal? (E torrone em janeiro? E panforte em julho? Quem se importa?)

Esse foi uma adaptaçãozinha de nada de uma receita da tia Martha Stewart, e, depois de experimentar essa textura de nuvem, decidi que é esse meu panettone oficial a partir de agora. Se você também não se importa em fazer panettone depois do Natal, faça esse.

Enquanto como minhas fatias (e divido com o pimpolho, fã de frutas secas como a mãe, e que descobriu o figo seco e o tem comido como se fosse chocolate), fico esperando a chegada da pequena ginasta de barriga, e fantasiando com minhas margaritas, meus vestidos de cintura marcada, minha soneca de bruços...

PANETTONE
(ligeiramente do ótimo livro Martha Stewart Baking Handbook)
Rendimento: 1 panettone

Ingredientes:
  • 1 xic. frutas secas (usei uma mistura de frutas cristalizadas, passas escuras e claras)
  • 80ml suco de laranja
  • 80ml  suco de limão siciliano
  • 40ml rum escuro
  • 1/8 colh. (chá) noz moscada ralada na hora
  • 40ml água morna
  • 2 1/4 colh. (chá) fermento biológico seco
  • pouco mais de 2 xícaras de farinha branca orgânica (295g)
  • 1/4 xic. leite integral morno
  • 1/3 xic. açúcar cristal orgânico
  • 2 ovos grandes, orgânicos, + 2 gemas pequenas (ou 1 bem grande)
  • 1/2 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 90g manteiga sem sal, gelada, cortada em cubinhos (e mais para pincelar)
  • 1/2 colh. (chá) sal cheia
  • 1/2 colh. (sopa) creme de leite fresco

Preparo:
  1. Misture as frutas, os sucos, o rum e a noz moscada, cubra e deixe macerar enquanto prepara o panettone.
  2. Numa tigela pequena, junte a água morna e metade do fermento e deixe descansar por 5 minutos até que espume. Junte 1/4 da farinha, misture e cubra com filme plástico, deixando que fermente e dobre de tamanho por 30 minutos.
  3. Coloque o leite morno numa tigela média e polvilhe o restante do fermento. Deixe descansar por 5 minutos até que espume. Enquanto isso, numa tigela média, bata os ovos, as gemas, o açúcar e a baunilha até que fique homogêneo. Junte a mistura de leite.
  4. Na tigela da batedeira planetária, bata a manteiga gelada, o sal e o restante da farinha, usando a pá, até que forme uma farofa grossa. (Alternativamente, faça isso com as pontas dos dedos numa tigela grande.)
  5. Com a batedeira em velocidade baixa, junte a mistura de ovos e bata em velocidade média até que fique uniforme. (Alternativamente, bata com uma colher de pau.)
  6. Junte a massinha de farinha e fermento e bata vigorosamente até que fique grudenta e elástica, e forme longos fios quando esticada, cerca de 9 minutos. Pode parecer que aquilo nunca vai virar massa, mas vai sim. 
  7. Escorra as frutas cristalizadas, descartando o líquido, e junte-as à massa, sovando para incorporar bem. Coloque a massa numa tigela grande, untada com manteiga, e cubra com filme plástico. Deixe fermentar por cerca de 2 horas.
  8. Unte generosamente uma forma de panettone de 16cm de diâmetro. Alternativamente, use a forma de papel, sem untar, ou faça como eu: use uma forma de bolo de 16cm, unte, e crie as paredes altas com camada dupla ou tripla de papel alumínio bem untado. Coloque a forma numa assadeira. 
  9. Coloque a massa numa superfície ligeiramente enfarinhada e sove um pouco. Forme uma bola e coloque dentro da forma. Cubra com um pano ou filme plástico e deixe fermentar por mais 45-60 minutos. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 205ºC, com a grade na posição mais baixa. 
  10. Pincele a superfície do panettone com creme de leite e, usando uma tesoura de cozinha, faça dois cortes no topo, fazendo um X. Asse por 15 minutos. Reduza a temperatura para 180ºC e continue assando, até que esteja dourado escuro e um palito inserido no meio saia limpo, cerca de 45 minutos. (Fique atento a qualquer cheiro de queimado, para que o fundo não queime. E se a parte de cima dourar rápido demais, cubra com papel alumínio soltinho.)
  11. Transfira a assadeira para uma grade e deixe esfriar por 15-20 minutos. Desenforme o panettone e deixe esfriar completamente. Dura 3 dias bem embrulhado em filme plástico.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Torta com crosta de batata para um dia nhanha

Adoraria postar aqui toda uma linda série de doces e quitutes natalinos. Mas a verdade é que meu cérebro anda focado em simplesmente colocar comida na mesa. No calorão de fim de ano, e por mais uma mão cheia de motivos, ando pensando mais em sorvete que em panetone; mais em salada que em cardápio de ceia.

E daí que num dia cansado, barrigão parecendo querer explodir com bebê fazendo alongamento lá dentro, precisava dar cabo de meio pote de ricotta fresca que iria estragar e batatas que já davam sinal de que brotariam. Benzadeus pelo Eat Your Books, pois o pequeno explorador de lareiras não parou quieto tempo o bastante para que eu pudesse sentar e folhear tranquilamente meus livros em busca de uma receita.

Quando caí nessa torta de abobrinha e ricotta com crosta de batata, fiquei ressabiada. Parecia mais trabalhoso do que eu gostaria e por algum motivo achava que não daria certo. Mas na falta de outra possibilidade, e com medo de deixar que a preguiça botasse a perder bons ingredientes, pus a mão na massa.

A verdade é que foi mais fácil que qualquer espécie de torta que já tenha preparado em minha vida. Em cinco minutos a crosta estava no forno, e enquanto assava, refoguei as abobrinhas. Crosta dourada, foi questão de misturar abobrinhas, queijo, ovo e leite e colocar tudo no forno. Em pouco tempo havia um jantar delicioso e principalmente reconfortante na mesa.

Esse não é um prato para visitas. Pois as batatas tendem a grudar um pouco na forma e você acaba tirando porções meio que despedaçadas, e não lindas fatias. Quero testar novamente, untando com manteiga no lugar de azeite, que acredito que vá tornar a soltura mais fácil. No entanto, mesmo despedaçado, esse é um jantar fantástico: as batatas ficam crocantes e com aquele gostinho de casquinha de batata assada, e o recheio ficou leve, macio e saboroso. Prato que pretendo repetir infinitas vezes.

A receita vem do ótimo livro How To Cook Everything Vegetarian, de Mark Bittman. Recomendadíssimo por conta das boas receitas rápidas para todo dia. Um dos livros que mais uso numa terça à noite depois de muito trabalho. Acabei adaptando pouca coisa do recheio para usar o que tinha em casa: a receita pedia 1 ovo, 1 gema e creme de leite, que substituí por dois ovos inteiros e leite integral; e ao invés de apenas refogar abobrinha, refoguei-a num enorme dente de alho, o que com certeza contribuiu e muito no sabor. Via de regra, uma vez tendo a crosta de batata, tão simples e deliciosa, você pode inventar o que quiser por cima, seguir com seu recheio usual de quiche, apenas reduzindo a quantidade.

Para a crosta, apanhe cerca de 3-4 batatas pequenas (que caibam numa mão entreaberta), lave, descasque e rale na parte grossa do ralador. Esprema e escorra bem o excesso de líquido delas e tempere bem com sal e pimenta-do-reino. Aperte as batatas raladas contra uma forma de torta de cerca de 21cm, untada generosamente com manteiga ou azeite. A camada de batatas deve ser razoavelmente fina. E leve ao forno a 190ºC por 30-40 minutos, até que as batatas pareçam sequinhas e douradas. Então é só colocar o recheio e voltar ao forno por 20-30 minutos, ou até que o recheio pareça firme em volta e balançando ainda ligeiramente no centro. Formas de vidro funcionam melhor, pois você pode ver se as batatas estão queimando ou ainda estão apenas deliciosamente douradas.

Para este recheio específico, refoguei 1 abobrinha pequena, fatiada fino, em alho e azeite, até dourar ligeiramente. Temperei com sal e pimenta e folhas frescas de manjericão. Juntei a 2 ovos, 1 1/2 xic. de ricotta fresca e cerca de 1/4 xic. de leite (meio a olho, pois essa ricotta era bem úmida; a quantidade de leite ou creme vai depender de quanto líquido tem o queijo que você está usando ou o legume). Misturei bem com um garfo, temperei com sal e pimenta e assei na crosta de batata.

Você pode usar o legume que quiser, pode usar leite, creme de leite fresco, qualquer erva e qualquer queijo. Tão bom ter na manga mais uma coisinha gostosa pra fazer rápido e poder botar no forno enquanto saio atrás do pimpolho antes que ele apronte mais uma.


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Pão de leite, forma de pão e menino na cadeira

Antes de qualquer coisa, preciso agradecer a todos que comentaram no post anterior. As experiências diferentes de todos me fizeram analisar e entender melhor o comportamento do pequeno escalador de poltronas. Os pitís continuam, mas ando tentando lidar com eles de formas diferentes e ver o que funciona e o que não funciona. Ter filho é fácil. Criar é outra história.

Porém, não importa quantas duas horas e meia seu filho passe gritando no seu ouvido – você esquece os maus momentos quando o pimpolho vem se agarrar à sua perna, pedindo colo para poder enxergar o que você está preparando de interessante na cozinha. E esquece as birras quando ele se diverte ao ser colocado de pé em uma cadeira para ajudá-la a abrir a massa de torta com o rolo ou sovar pão. E ri ao tentar impedir que o moleque coma toda a massa crua enquanto brinca com ela.

Dá mais trabalho preparar o jantar segurando um garoto desse tamanho equilibrado num barrigão grávido, mas é com certeza mais divertido: vou lhe dizendo os nomes dos ingredientes e contando o que faremos com eles, e ele mantém os olhinhos atentos, as mãozinhas ávidas querendo alcançar cada cenourinha ralada, pedaço de queijo ou mesmo dentes de alho. Mergulha o dedo no sour cream, no leite de coco, na pasta de curry. Vai experimentando de tudo um pouco, se enchendo de orgulho quando mamãe diz que ele está ajudando. E, de quebra, come mais interessado a refeição que "ele preparou".

Mas das suas reações que mais me encantam, minha favorita é ao pão fresco. O pão saindo do forno, exalando aromas, e ele entra apressado na cozinha, sorridente, inspira fundo de um jeito caricato, fazendo careta e barulho, e solta um delicioso e melódico "hmmmmmmmm". E quando vê o pão esfriando sobre a grade, quer tocá-lo. Mamãe diz que está quente, e ele encosta com cuidado na casca dourada, retraindo rápido a mão e dizendo "au!". E repete o gesto, até sentir o calor confortável do pão nas palmas. E inspira novamente, absorvendo o perfume. E se esbalda quando finalmente ganha uma fatia fresquinha com manteiga derretendo por cima.

Esse é mais um bom pão de forma para iniciantes, fácil, perfumado, delicioso, macio mas firme o bastante para aguentar passadelas de manteiga ainda gelada ou recheios de sanduíche mais úmidos. A receita vem de um livro que tenho usado muito, e que foi presente de uma grande amiga que entende por que nunca se pode ter livros demais sobre panificação. ;)

Para quem sempre comenta a respeito da altura do pão, fica a dica da forma: quase sempre que faço pães de forma, uso a chamada "pullman pan", ou forma de "pan de mie" ou pão de miga. Trata-se de uma forma de alumínio mais bojuda, mais curta que uma forma de bolo inglês, mas com quase o dobro da altura. Isso garante que os pães fiquem mais altos, de um melhor tamanho para fatiar e montar sanduíches. Ela também vem com uma tampa, que você pode ou não usar segundo a receita, para que o pão asse exatamente quadrado. A minha comprei fora, durante uma viagem, mas é certeza de que se encontra dela em lojas especializadas ou que abastecem restaurantes. No mais, a boa e velha forma de bolo inglês serve muito bem.

PÃO DE LEITE
(do ótimo How to Bake, de Paul Hollywood)
Tempo de preparo: 3-4 horas
Rendimento: 1 pão

Ingredientes:

  • 500g farinha branca orgânica ou para pães (use farinha comum se não encontrar das outras)
  • 10g sal
  • 25g açúcar cristal orgânico
  • 10g fermento ativo seco
  • 30g manteiga sem sal, amolecida
  • 320ml leite integral morno
  • azeite para sovar

Preparo: 
  1. Coloque a farinha numa tigela grande. Coloque o sal e o açúcar num canto dela e o fermento em outro, para que o fermento não toque o sal diretamente. Junte a manteiga e 3/4 do leite morno. Misture gentilmente com os dedos. Continue acrescentando o leite, um pouco por vez, até que toda a farinha esteja umedecida e você tenha formado uma espécie de massa. Dependendo da umidade do ar no dia, pode ser que você não use todo o leite, ou que precise acrescentar mais – você quer uma massa úmida, mas não enxarcada. Raspe bem com os dedos as laterais da tigela e sove um pouco a massa dentro dela até que forme uma massa macia e rasoavelmente coesa.
  2. Unte ligeiramente a bancada com um fio de azeite e despeje a massa ali. Sove por cerca de 5-10 minutos, até que a massa esteja elástica e com a superfície bem uniforme. Quando a textura da massa parecer macia e sedosa, forma uma bola e coloque numa tigela grande untada. Cubra com um pano de prato e deixe fermentar até que dobre de tamanho, no mínimo 1 hora, no máximo 3, dependendo da temperatura da sua cozinha (menos tempo em dias bem quentes, mais tempo em dias mais frios, sempre tendo 21ºC como temperatura ideal como base de comparação).  
  3. Unte uma forma de pão ou bolo inglês funda com óleo ou manteiga. Retire a massa da tigela, achate-a ligeiramente com os punhos em forma de retângulo e dobre-a como se fizesse um avião de papel, trazendo a metade da direita para o centro, a metade da esquerda para o centro e dobrando uma sobre a outra, sempre selando bem as bordas para que não haja fendas. Role sob as palmas para que fique do tamanho da forma e coloque a massa dentro dela, com a fenda para baixo. Polvilhe com farinha e faça um corte na superfície da massa, no sentido do comprimento. 
  4. Cbra com um pano e deixe fermentar por mais 1 hora, ou até que tenha no mínimo dobrado de tamanho. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 210ºC.
  5. Asse por 25 minutos, ou até que o pão esteja dourado e soe oco quando retirado da forma e batido na parte debaixo com os nós dos dedos. Deixe esfriar completamente sobre uma grade, fora da forma, antes de fatiar.


quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

London Cheesecake, dando o braço a torcer

Aí eu estou na cozinha ralando queijo para o macarrão e ouço passinhos saracoteando à minha volta. Na tentativa de não ralar as pontas dos dedos, continuei olhando para o queijo, ignorando a movimentação atrás de mim, envolta de mim, o puxar de mãozinhas na barra do meu vestido. É então que me surpreendo com um sonzinho doce e inconformado vindo debaixo de mim:

"mmm...M-Ma-maaaaaaaaa!!"

E eis que o pequeno devorador de qualquer espécie de queijo finalmente resolveu começar a falar (pouco, mas começou). Numa fase em que ele anda incrivelmente birrento e voluntarioso, com mudanças de humor dignas de Dr. Jeckyll e Mr. Hyde, dando todos os sinais de que já desenvolveu ciúmes da irmã que nem nasceu [isso é possível?? Você que teve o segundo filho enquanto o primeiro tinha menos de 2 anos, por favor me elucide se isso é possível], jamais esperaria que ele resolvesse dar um passinho para frente. Quando muito, sua preguiça vocal era para mim mais um sinal de revolta pelas mudanças por vir, além daquelas que já haviam ocorrido. Afinal, mudar de casa, de cidade, ver menos gente, ver menos a avó, mudar do berço para a cama, e agora ficar sem chupeta (que ele rasgou com os dentes) apesar de todas as coisas boas de sol e quintal e silêncio, foi um baque tão grande que até o penico, que ele usava diariamente no apartamento, ele recusou e ainda não aceitou de volta, até hoje.

O pai que anda ressabiado, pois o moleque entra na cozinha, aponta a geladeira, o cadeirão, o prato de bolo ou qualquer comida que eu esteja preparando para o almoço e solta sonoros "pa-pa! pa-pa!"O que é engraçado, pois nunca nos referimos à comer como "papar", mas já antes de nos mudarmos, ele andava usando essas sílabas sempre que lhe mostrava comida.

Mas a coisa vem em ondas. Há dias falantes e dias de grunhido. Mas a birra, especificamente na hora da soneca da manhã, está sempre lá (falta da chupeta nessa hora, certeza). E quem tem filho que faz birra das feias sabe como isso drena sua energia. Como quando finalmente a criança acalma, você quer dormir, se isolar, recompor os nervos.

Some a isso o barrigão gigante. Gigante, porque a pequena futura justiceira não é tão pequena assim: tudo indica que ela puxou a mãe e pretende nascer já grandalhona e espevitada. Junte mais uma pitada de calor de 31ºC desde as 8 da manhã lá fora.

Não dá. É preciso dar o braço a torcer. É preciso olhar o jardim lá fora, com mato batendo no meu joelho e admitir que não consigo mais podar aquilo com a tesoura, e chamar um tiozinho para fazê-lo por mim. É preciso admitir que entrei na fase grávida-dondoca e chamar minha mãe para vir me ajudar um pouco, com o Thomas, com os passeios do cão, enquanto boto para cima os pés querendo começar a inchar.

É preciso olhar para aquela ladeira até o supermercado, embaixo do sol, e desistir da possibilidade de ir até a loja apenas para um ingrediente faltante. É preciso fazer o que dá, do melhor jeito possível e admitir que não dá para fazer tudo sozinha agora, e não dá para fazer qualquer cheesecake. É preciso fazer o cheesecake que dá, com o que tenho.

E assim busquei alucinadamente uma receita que levasse "apenas" 600g de cream cheese, pois era o que eu tinha, e deus me livre ir até o mercado comprar mais naquele calorão. A limitação, no entanto, mais uma vez mostrou-se frutífera, pois me levou a esse London Cheesecake da Nigella, de um livro que tenho há séculos, mas que vez ou outra acaba esquecido. E agora me pergunto o por quê de nunca tê-lo preparado antes, pois ele é incrivelmente cremoso e delicioso, leva metade do cream cheese das receitas americanas, e ainda por cima converteu o marido, que nunca gostou de cheesecake (razão pela qual não preparo o tempo todo – haja ancas para acomodar um cheesecake inteiro sozinha).

Na hora de acrescentar o sour cream, ao fim do cozimento, a superfície do cheesecake rachou (provavelmente pelo choque térmico, pois o creme estava gelado), fazendo com que o sour cream vazasse para dentro. O bichinho ficou feio, mas o universo é bom comigo e o "acidente" criou bolsões de creme dentro da massa cozida, deixando tudo ainda mais gostoso. Então, se acontecer com você, não se preocupe e não peça desculpas.

Ah, melhor de tudo, esse cheesecake não precisa ficar gelando de um dia para o outro ou por horas a fio para firmar. Pegou temperatura de geladeira, pode comer. Ótimo para grávidas com desejo imediato de cheesecake. ;)

LONDON CHEESECAKE
(Do "antigo" mas sempre excelente How To Be a Domestic Goddess, de Nigella Lawson)
Tempo de preparo: 1h30 + tempo de esfriar e gelar
Rendimento: 1 cheesecake de 20cm (8 porções)

Ingredientes:
(base)
  • 1/2 xic. + 2 colh. (sopa) biscoitos digestivos ou maizena (cerca de 140g)
  • 6 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida ou muito mole
(recheio)
  • 600g cream cheese
  • 1/2 xic. + 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 3 ovos grandes, orgânicos
  • 3 gemas grandes, orgânicas (congele as claras para outro uso)
  • 1 1/2  colh. (sopa) extrato natural de baunilha
  • 1 1/2 colh. (sopa) suco de limão (siciliano ou tahiti)
(cobertura)
  • 3/4 xic. sour cream (coloque quase os 3/4 xic. de creme de leite e complete o restante com um splash de vinagre branco ou suco de limão e deixe em temperatura ambiente por pelo menos meia hora)
  • 1 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 1/2 colh. (chá) extrato natural de baunilha

Preparo:
  1. Pulse os biscoitos no processador (ou coloque dentro de um saco fechado e amasse com o rolo de madeira, transferindo depois para uma tigela) até que virem uma farofa fina. Junte a manteiga e misture (no processador ou com um garfo) até que os biscoitos estejam umedecidos.
  2. Transfira a mistura para uma forma de mola ou fundo removível de 20cm e aperte a farofa contra o fundo da forma, usando os dedos ou o fundo de um copo. Leve à geladeira enquanto você pré-aquece o forno a 180ºC e prepara o recheio.
  3. Na batedeira (com a pá, se for planetária), bata o cream cheese até que fique molinho e junte o açúcar. Misture mais um pouco e então junte os ovos e as gemas, batendo mais um pouco e por fim, a baunilha e o limão. Evite bater por muito tempo, para não incorporar ar demais à massa. Você quer apenas que a mistura fique homogênea. 
  4. Retire a forma da geladeira e forre por fora com duas camadas de papel-alumínio, subindo pelas laterais até as bordas. Isso vai evitar que a água do banho-maria entre na forma.
  5. Transfira o recheio para dentro da forma e disponha a forma forrada em uma assadeira de bordas altas. Encha de água fervente a assadeira, chegando até metade da altura da forma e leve ao forno por 50 minutos. 
  6. O cheesecake deve estar com aparência de firme por cima, mas não duro (sequinho ao toque leve do dedo, por exemplo). Apenas o bastante para que você tenha certeza de que a cobertura não vá simplesmente afundar na massa. 
  7. Misture com um batedor de arame o sour cream, o açúcar e a baunilha. Retire a assadeira com o cheesecake do forno e derrame o sour cream por cima. Volte o conjunto ao forno por mais 10 minutos. 
  8. Retire a assadeira do forno e, com cuidado, retire a forma de dentro da água, colocando-a numa grade para esfriar. Quando tiver esfriado completamente, leve à geladeira. Quando estiver gelado, pode desenformar.


segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Spekulatius de infância

Estava totalmente sem inspiração para os docinhos de Natal, mas com o primeiro domingo de advento, baixou o santo biscoiteiro e fiquei com vontade de tentar mais uma vez Spekulatius. Há anos que busco uma receita "definitiva", pois todos os anos o veredito é sempre o mesmo por parte do marido: "ficaram ok, mas não ficaram iguais àqueles das velhinhas alemãs". Num ponto em que eu já vinha desistindo, e assando biscoitos diferentes nessa época do ano, só para evitar a comparação, e sabendo que, de qualquer forma, ganhamos vários pacotinhos dos mesmos no dia de Nikolaus.

Sequer tinha intenção de postar essa receita aqui, pois abrir e cortar a massa foi uma chateação nesse calor, e os biscoitos não ficaram com aquela "perfeição bloguesca". Mas quando seu marido larga o video-game e levanta do sofá para abraçá-la e agradecê-la por reviver um gosto de Natal de infância, acho que é um sucesso que merece ser dividido. Pela primeira vez na história dos Spekulatius da minha casa, esse não só foi aprovado como repetido e pedido para que seja a receita definitiva de todos os anos.

Vontade de ir até o Brooklin, em New York, e abraçar os caras da Baked, que colocaram a receita no livro. ^_^

Não a preparei ipsis literis, no entanto. Estava sem açúcar mascavo, e substituí pela mesma quantidade de demerara mais uma colher de chá de melaço, para compensar pela umidade do mascavo e também trazer mais à tona aquela acidez e sabor ligeiramente queimado do mascavo. A substituição funcionou bem para mim, pois já havia feito várias receitas com açúcar mascavo e achado que havia algo de forte nessa acidez e nesse queimado que dominava demais. Além disso, o demerara contribuiu para um biscoito final mais crocante, apesar de ter tornado a massa mais frágil na hora de abrir.

Também, por conta do calor e da preguiça suprema, usei o processador ao invés dos dedos para fazer a massa. Da mesma forma como faço com massas de torta, já que o processo é o mesmo: batendo pouco, em pulsos breves, para não mexer demais no glúten da farinha.

Apesar de na hora de espalharem no forno, eles terem ficado meio tortinhos, craquelados onde a massa não estava uniforme, os biscoitos saíram de um belo dourado escuro, bastante crocantes, e de um perfume tão bom de especiarias e laranja, que no dia seguinte a cozinha ainda estava deliciosamente impregnada dele.

(Obs: próxima vez, vou tentá-los como "slice and bake", formando um rolo com a massa e fatiando a massa ainda fria, em dias excessivamente quentes, ao invés de abrir com o rolo de madeira.)

SPEKULATIUS (ou Speculaas)
(Adaptado do livro Baked Explorations, de Matt Lewis e Renato Poliafito)
Tempo de preparo: 10 min + 1 hora de geladeira + 15 minutos de forno
Rendimento: de 24 a 36 biscoitos, dependendo do tamanho e formato dos cortadores

Ingredientes:
  • 1 3/4 xic. farinha de trigo
  • 1 xic. açúcar demerara apertado na xícara
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1 1/2 colh. (sopa) canela em pó
  • 1/2 colh. (chá) noz moscada ralada na hora
  • 1/2 colh. (chá) cravos em pó ou moídos na hora, no pilão
  • 1/2 colh. (chá) gengibre em pó
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 150g manteiga sem sal, gelada, cortada em pedaços pequenos
  • 1 ovo
  • 1 colh. (chá) casca de laranja ralada
  • 1 colh. (chá) melaço de cana
  • açúcar cristal para polvilhar

Preparo:
  1. Coloque no processador a farinha, o açúcar demerara, o bicarbonato, as especiarias e o sal e pulse para misturar. (Se estiver fazendo a mão, misture tudo numa tigela com um batedor de arame.)
  2. Junte a manteiga e pulse algumas vezes (ou esfregue com a ponta dos dedos) até formar uma farofa que pareça areia grossa. 
  3. Numa tigelinha, bata ligeiramente o ovo, a casca de laranja e o melaço. Junte à farofa e pulse novamente (ou misture com as mãos), apenas até que a farofa esteja umedecida e começando a formar uma massa grosseira. Junte as migalhas de massa com as mãos. A massa deve estar razoavelmente pegajosa, separando-se fácil em pedaços, mas sem de fato grudar nas mãos. Embrulhe em filme plástico e deixe na geladeira por pelo menos 1 hora.
  4. Forre duas assadeiras grandes com papel-manteiga (eu usei silpat) e pré-aqueça o forno a 180ºC. 
  5. Desembrulhe a massa, divida em duas partes e volte uma das partes, embrulhada, à geladeira. Enfarinhe uma superfície e, com a ajuda do rolo enfarinhado, abra a massa numa espessura de cerca de 6mm. Caso a massa esteja ainda muito dura e quebradiça da geladeira, use suas mãos para achatá-la mais e torná-la mais maleável, e termine com o rolo. Pince de volta com os dedos qualquer pedaço que se separar e polvilhe um pouco de farinha sobre a massa, se o rolo estiver grudando muito.
  6. Escolha cortadores de cerca de 5cm e corte os biscoitos, retirando da bancada com a ajuda de uma espátula e dispondo nas assadeiras, com cerca de 2,5cm de distância entre eles. Junte as rebarbas numa massa só e abra de novo (deixando um tempo na geladeira antes, se necessário), para conseguir mais biscoitos. Polvilhe os biscoitos com açúcar cristal.
  7. Leve a assadeira cheia à geladeira, se o dia estiver muito quente, enquanto abre a outra porção de massa. Asse uma assadeira por vez (a outra espera na geladeira), por 15 minutos, ou até que os biscoitos pareçam sequinhos na superfície e estejam dourado-escuros, girando a assadeira no forno no meio do tempo, para garantir que todos assem por igual. Retire a assadeira do forno e deixe sobre uma grade por 5 minutos antes de retirar os biscoitos com uma espátula e deixar que eterminem de esfriar diretamente sobre a grade. Em pote fechado, os biscoitos sem conservam por 5 dias.
 

quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Pão de mosto de cerveja (update: bagaço de malte, e não mosto))

Nada como contaminar os outros com sua chatice do faça-você-mesmo.

Dei de presente a meu marido um curso de fabricação artesanal de cerveja, e o homem surtou. Menos de um mês depois, o equipamento cervejeiro jaz aqui em casa e estamos apenas esperando a entrega dos maltes faltantes para iniciar nossa humilde produção. Engraçado é vê-lo agora tendo em relação à cerveja, as mesmas reações que tenho com comida. Certeza de que agora ele me compreende bem melhor.

Ao fim do curso, perguntaram se alguém desejava levar o mosto bagaço do malte, aquela massa de grãos moídos e fervidos de cevada e lúpulo para casa, para fazer pão. Adivinha quem prontamente levantou os dois braços.

Em casa, congelei o mosto bagaço em porções de 2 xícaras cada e saí em busca de alguma receita adaptável. Queria que fosse um pão integral. E era melhor que já tivesse na receita original uma certa quantidade de grãos inteiros, para que eu tivesse noção de quanto mosto bagaço inserir na massa. Acabei encontrando um pão integral de grãos no livro da Kitchen Aid, e foi esse mesmo que adaptei.

O pão finalizado fica muito saboroso, complexo, cheio de texturas, mas ainda assim bastante macio. Perfeito para um sanduichinho de queijo. O pequeno colecionador de folhas secas emitiu um sonoro "hmmmmmmmm" ao sentir o perfume do pão quentinho, e adorou umas fatias com manteiga no café da manhã. Bom mesmo. Porque se o pai se empolgar na cervejaria caseira, sanduichinho com pão de mosto malte vai ser figurinha fácil no lanchinho da escola. ;)

Se você não tiver nenhum amigo fazendo cerveja que possa lhe dar um pouco do mosto bagaço, substitua a mesma quantidade em outros grãos muito bem cozidos (no caso da cevada, ela foi grosseiramente moída antes de ser fervida, então provavelmente grãos em forma de farelo grosso funcionem melhor).

PÃO INTEGRAL COM MOSTO BAGAÇO DE MALTE
(Livremente adaptado do livro Kitchen Aid Best Loved Recipes)
Tempo de preparo: 4 horas
Rendimento: 2 pães de forma

Ingredientes:
  • 1 1/4 xic. água
  • 1/3 xic. mel
  • 1 colh. (sopa) sal
  • 2 colh. (sopa) óleo vegetal
  • 4 1/2 colh. (chá) fermento ativo seco 
  • 1/4 xic. água morna
  • 2 1/2 a 4 xíc. farinha de trigo integral fina
  • 1 xic. farinha de trigo branca (de preferência orgânica)
  • 2 xic. mosto bagaço de malte restante da fabricação de cerveja (ainda úmido)
  • manteiga para untar a forma

Preparo:
  1. Em uma panela, aqueça um pouco a primeira quantidade de água, o mel, o sal e o óleo, mexendo até dissolver. Desligue o fogo. Em outra tigela, ou na tigela da batedeira planetária, dissolva o fermento na segunda quantidade de água morna e deixe descansar 5 minutos até que espume.
  2. Junte os dois líquidos, e acrescente a farinha branca e 1 xic. de farinha integral. Sove com o gancho da batedeira por 2 minutos, ou mexa com uma espátula, até começar a formar uma massa. 
  3. Junte o mosto bagaço. Dependendo da quantidade de água ainda presente no mosto bagaço, você precisará acrescentar mais ou menos farinha integral. Continue sovando com a batedeira em velocidade baixa por 7-10 minutos (ou misturando com uma colher de pau ou espátula), acrescentando mais meia xícara de farinha integral por vez. Assim que a massa esteja remotamente manipulável, pare de juntar farinha. O ideal é que ela esteja mais para o lado grudento do que para o sequinho, ou o pão pode ficar pesado depois de assado. Mesmo que ainda esteja meio dificil de sovar na mão, evite colocar mais farinha: depois da primeira fermentação, o trigo termina de absorver a água extra e a massa fica mais fácil de manipular.
  4. Passe a massa para uma superfície ligeiramente untada de óleo (não enfarinhe). Unte suas mãos de óleo e termine de sovar a massa por um ou dois minutos, formando uma bola. Volte para uma tigela untada, cubra com filme plástico, e deixe fermentar por cerca de 2 horas em temperatura ambiente, até que dobre de tamanho. 
  5. Unte duas formas de bolo inglês com manteiga (o pão solta mais fácil, a meu ver, do que com óleo). Sove a massa na bancada untada para retirar o ar e divida a massa ao meio. Para moldar, forme um retângulo com a massa e dobre uma aba em direção ao meio, como quem faz um aviãozinho de papel. Dobre a outra aba, e depois uma sobre a outra, sempre apertando bem com os dedos as fendas. Feche bem as bordinhas e as pontas e role até que fique no comprimento da forma. 
  6. Coloque os pães nas formas, cubra com um pano ou filme plástico, e deixe que fermentem por mais 1 hora. Faltando um pouco para dar o tempo, pré-aqueça o forno a 190ºC. Polvilhe as superfícies com farinha e faça um corte nas crostas. Leve ao forno por 35-45 minutos, ou até que estejam dourados e, ao serem retirados das formas, façam um som oco ao bater-lhes os nós dos dedos. Retire das formas e deixe que esfriem completamente em uma grade antes de comer ou guardar.

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Bolinhos de cenoura, o sucesso dos pepinos e a imprevisibilidade do paladar infantil

Já escrevi aqui algumas "dicas anti-stress" para alimentar uma criança pequena (ou pelo menos a MINHA criança pequena). Mas faltou uma. Uma boa para mãe que gosta de cozinhar mas não gosta de comer todo dia a mesma coisa: nunca presumo de antemão que o pequeno caçador de formigas vai recusar a comida que estou fazendo.

Porque é fácil fazer isso. Você, com uma vontade imensa de comer ensopado francês de peixe, imagina a criança lidando com aquele creme, os pedaços do peixe e frutos do mar, as texturas e temperos diferentes, a dificuldade com a colher, e repensa o jantar. E faz macarrão com molho de tomate, que é mais fácil. No dia seguinte, querendo soba com berinjela e manga, aparecem as mesmas inseguranças, seu dia foi cansativo, não está com o menor saco de lidar com criança birrenta... macarrão com molho de tomate. Pro pimpolho, apenas. Depois que ele vai dormir, você prepara seu soba para matar vontade.

Claro que às vezes eu caio nessa. Mas ando tentando não mais entrar na pegadinha da "comida fácil de criança". Principalmente quando Thomas me surpreende ao tomar um copo inteiro de lassi com água de rosas, chá de jasmim sem açúcar nenhum ou castanhas de caju crocantes e cheias de pimenta caiena. Nessas horas me lembro de que simplesmente não dá para prever o que uma criança vai gostar de comer ou recusar.

Tanto que, querendo ainda apresentar alimentos crus ao pimpolho, preparei essa raita? tzatziki? esse... pepino com iogurte para acompanhar os bolinhos de cenoura do Bill Granger. Presumi que ele comeria os bolinhos, pois bolinhos sempre fazem sucesso, e que talvez, se eu desse sorte, se interessasse em experimentar os pepinos, uma vez que estavam envoltos em iogurte e ele adora chuchar comida em molhos de qualquer espécie.

Surpresa: nem tocou nos bolinhos; comeu todo o pepino. o_O

Vai entender.

Fica a dica: não presuma nunca que o pimpolho vai ou não vai comer xis coisa baseado em experiências prévias. Lembra o vício em bananas do pequeno? Sumiu. Anda deixando bananas pela metade. Mas experimente deixar uma caixa de morangos à disposição. Tadinho, vai sofrer quando eles pararem de aparecer na banca orgânica.

Mesmo sem pimpolhos, no entanto, esse é um almocinho leve e muito gostoso. Apesar das inúmeras receitas, acabo fazendo os pepinos meio que sempre da mesma forma: fatiando fino, salgando e deixando numa tigela por um tempo, para sorarem. Espremo e descarto o líquido e misturo os pepinos a iogurte caseiro, um dente de alho bem picadinho, menta seca, cebolinha picada, pimenta-do-reino, um fio de azeite e mais sal, se julgar necessário.

Para os bolinhos, do ótimo livro Bill's Open Kitchen, de Bill Granger, misture numa tigela:
  • 60g (1/2 xic.) farinha de trigo
  • 125ml (1/2 xic.) de água com gás ou tônica
  • 1 ovo
  • 1/4 colh. (chá) de cominho moído
  • 1/4 colh. (chá) de sementes de coentro moídas
  • 1/4 colh. (chá) de cúrcuma
  • 1 colh. (chá) açúcar
  • 1 colh. (chá) de sal
  • 1 pimenta dedo-de-moça sem sementes e picada (ou a gosto)
  • 235g (1 1/2 xic.) cenoura ralada grosso
  • 8 talos de cebolinha picados
  • 25g (1/2 xic.) de coentro fresco picado
Aqueça uns 60ml de óleo numa frigideira grande e frite os bolinhos em porções de 2 colh. (sopa) cada, sem encher demais a frigideira. Frite por uns 2 minutos cada lado, até que dourem, escorra em papel-toalha e sirva quente, com um molhinho de iogurte à sua escolha ou os pepinos. Faz cerca de 12 bolinhos.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Salada de arroz, pepino e mozzarella para um menino que ainda não come pepinos

Minha mais recente missão na cozinha tem sido ensinar o pequeno escalador de poltronas e perseguidor de Border Collie a comer coisas cruas. Agora que todos os seus dentes nasceram (os caninos já despontaram todos, e eram só os que faltavam), ele está pronto, a meu ver, para qualquer tipo de textura. Qualquer rejeição da sua parte será efeito do gosto ou costume, e não de uma dificuldade em mastigar, como era antigamente o caso de alguns alimentos como folhas e feijões. 

Foi engraçado notar que o primeiro entrave dele foi ter algo frio em seu prato na hora do almoço ou jantar, quando a comida vinha sempre fumegante. Juro que podia ver em seus olhinhos a expressão inconformada de "não vai esquentar isso não, mãe?". Mas aos poucos a coisa vai andando. 

Comecei com cenouras, que são doces, e que já haviam figurado cruas em seu prato há muitos meses atrás, quando usava apenas as gengivas para mastigar. Raladas bem fininhas, naquela textura para bolo de cenoura, elas viravam quase um purezinho cru, naturalmente docinho. Já naquela época eu misturava a passas escuras, temperava com sal, pimenta-do-reino, uma boa quantidade de azeite e um salpicar de vinagre de jerez. (Segredo de uma boa salada de cenoura: não economize no azeite ou óleo utilizado; salada de cenoura muito seca fica sem gosto.) A única diferença dessa para uma de minhas saladas de cenoura favoritas é o tamanho da cenoura ralada. Logo, quando preparei a versão adulta, com a raiz ralada grossa, não foi um estranhamento tão imediato. Ele olhou, olhou, apanhou uma passa, outra, e logo havia devorado toda a salada. 

Depois foram os tomates. Thomas come qualquer coisa que esteja envolta em molho de tomate, mas toda vez que eu colocava tomates frios no seu prato, ele estranhava e não comia. Mesmo quando tentei um molho de macarrão com tomates crus. Comeu toda a massa, deixou todo o tomate no prato. Desta vez, para acompanhar a omelete de talos de espinafre [melhor jeito de preparar talos de espinafre para qualquer uso: cozinhar em água fervente com sal até que fiquem bem macios, escorrer e refogar em alho e manteiga, temperando um pouquinho de suco de limão], fiz os tomates picadinhos, apenas temperados com sal, pimenta, azeite e vinagre de jerez, que junto com o de maçã é dos meus favoritos. Demorou, enrolou, fez que fez, não foi, acabou experimentando. E no que experimentou, tive de dar o que havia também no meu prato. 

Os pepinos tem sido mais difíceis. Tentei palitinhos de pepino temperadinhos, imaginando que ele acharia divertido mordiscá-los, mas nada. Quando mais novo, ele engasgava com folhas verdes que não estivessem bem picadinhas, e por isso criou uma cisma com coisas verdes grandes no prato, a não ser que sejam abobrinhas. Via de regra: se estiver irremediavelmente misturado ao resto, ele come as coisas verdes; se estiver remotamente separável, ele separa. Cuidadosa e meticulosamente. Então quando servi essa salada quente de arroz com pepinos e mozzarella, lá foi ele separar os pepinos. Eventualmente comeu um ou dois, meio que por engano. Mas eu não desisto. A próxima tentativa será num tzatziki, pois ele gosta um bocado de iogurte e adora comer qualquer coisa melequenta. Ainda estou pensando na melhor estratégia para apresentá-lo às folhas de alface. Hmmm...

Enquanto isso, esse é um almocinho tranquilo e gostoso: arroz integral cozido, misturado a pepinos fatiados bem fino, deixados previamente salgados durante o tempo de cozimento do arroz, e espremidos antes de serem juntados ao arroz ainda quente. Mozzarella de búfala em pedaços, algumas folhas de manjericão, cebolinha picada, casca ralada de um limão e um vinaigrette de azeite, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. A proporção de arroz, pepinos e queijo depende do gosto do freguês: se estiver de dieta, mais pepinos; se for uma grávida faminta, mais arroz. ;)

sábado, 10 de novembro de 2012

Torta de beterraba com queijo, porque é o que temos

Quando estava grávida de sete meses do Thomas, nem parecia, a barriguinha era discreta e charmosa. Dizem que na segunda gravidez a barriga aparece mais cedo. De fato. Talvez seja porque sua musculatura já está parecendo uma camiseta velha, mas a barriga aparece e cresce horrores no segundo filho. E aqui está ela, redonda e enorme, pesada, pimpolha lá dentro enfiando os pés enormes (filho meu e do meu marido só pode ter pé de lancha) nas minhas costelas e dando mil cambalhotas, de um jeito que me faz, vira-e-mexe, ficar fazendo continha nos dedos, desconfiada de que o médico e eu tenhamos errado a data e eu esteja mais grávida do que imaginamos.

O que quer dizer que perdi minhas roupas muito antes do que esperava. Então lá vou eu todos os dias passear o cachorro com a mesma legging preta surrada e as mesmas três camisetas largas e longas o bastante para não me deixar de umbigo de fora enquanto uso calças justas, o que seria um visual red neck demais até mesmo para alguém que não se importa muito. Junte a isso meu cabelo metade natural, metade água-de-salsicha (depois que a tinta roxa saiu toda, e agora que não posso pintar de novo) e uma lata de cerveja sem álcool na mão, e você veria pelas ruas do condomínio, empurrando carrinho de bebê descalço e arrastando cachorro pela coleira, a esposa prenha de um traficante de metanfetamina.

Não dá. Eu ainda me importo um pouco. Nada de umbigo de fora e cerveja sem álcool.

Mas, contudo, porém, entretanto... simplesmente não tenho dentro de mim aquela mulher que compra roupas de maternidade (nada contra). Legging surrada? Três camisetas, duas das quais têm manchas pequenas de água engordurada da louça que insito em lavar sem avental? É o que temos. Para passear o cachorro está bom.

Enquanto isso, claro, anseio pelo momento mágico em que poderei me comprar meia dúzia de roupas novas, porque eu estendi ao máximo o uso do meu armário. Esse é um ponto negativo (ou positivo, depende do ângulo), de ter um guarda-roupa enxuto. Se você usa suas poucas roupas com frequência, elas estragam mais rápido. Continuo fantasiando com vestidos de cintura marcada. Para usar com coturnos, claro, o que deixa minha irmã inconformada. ;)

Vamos ver. A pequena justiceira aparentemente é tão ogra quanto o irmão – e pelo jeito que mexe, não será a menina comportada e introspectiva que eu esperava – e me fez perder na segunda gravidez o peso que ainda restava da primeira. Agora só preciso ficar esperta e não deixar a fome da amamentação se aliar ao tédio de ficar confinada em casa e descontar nos biscoitos. Aliás, desta vez, nada de bolos e biscoitos no meu freezer: eu não caio nessa pegadinha duas vezes.

Vestidos de cintura marcada. Ou melhor, cintura: essa é a meta. ;)

Enquanto isso, vou improvisando com a roupa que tenho, pois bem sei que nada adianta sair comprando. Perdi todos os meus sapatos bonitos depois da primeira gravidez, pois meus pés alargaram, então sei que até ter tudo estabilizado de novo, de volta ao "normal" melhor não gastar dinheiro.

E improvisando sigo na cozinha. Isso de estar mais barriguda do que esperava aos 7 meses me dá uma preguiça violenta de ir até ao supermercado para um mero ingrediente faltante. Aliado ao fato de que o mercado "chique" daqui parece ser depósito de restos das outras filiais, e todos os queijos estão sempre prestes a vencer, tornando a compra de perecíveis uma roleta-russa deprimente, o lema na cozinha tem sido "é o que temos".

Naquela manhã, querendo uma torta de beterrabas, não tinha nem os ingredientes para a torta da Heloísa Bacellar, e nem para a de Martha Stewart. Então preparei minha massa de torta como sempre faço (usando o processador, que, considerando meus dedinhos quentes, sempre produzem uma massa mais flocosa, pois a manteiga permanece gelada), mas usando farinha integral orgânica fina no lugar. A massa assim, inteira com farinha integral, não fica tão suave quanto feita com farinha branca. Mas ela tem uma característica interessante: algo de crocante, "arenosa" num bom sentido, como biscoitos "sablée" franceses. As proporções da massa foram as mesmas que sempre uso para um quiche redondo de 26cm: 210g de farinha, 140g de manteiga gelada, 70g de água gelada, 1/2 colh. (chá) sal. Mas desta vez, abri para encaixá-la numa assadeira pequena, de 20x30cm. Forrei com papel alumínio e feijões secos e levei ao forno a 180ºC por 10 minutos, até que estivesse seca, retirei o papel e os feijões e assei por mais 15 minutos.

Nas minhas tentativas com os queijos, comprei um pacotinho de ricotta de um produtor menorzinho, local, mas ela tinha gosto de queijo branco e textura ressecada. (Para quem nunca provou ricotta italiana, ela não tem gosto de queijo branco). Para melhorar sua textura, misturei 1 1/2 xic. dessa ricotta com algumas colheres de creme de leite, até ter uma textura mais parecida com uma ricotta rasoavelmente cremosa. Temperei com sal, pimenta-do-reino moída na hora, folhas frescas de tomilho, um dente de alho muito bem picado e um fio de azeite. Espalhei essa mistura sobre a massa pré-assada. Por cima, distribuí fatias de beterrabas que eu havia assado previamente (inteiras, espetadas com a ponta da faca, temperadas com sal, pimenta e azeite, e embrulhadas em papel alumínio; quando macias, deixei que esfriassem, descasquei com os dedos e fatiei fino). Distribui por cima pedaços de queijo Roquefort que ganhara de minha mãe, temperei mais uma vez com pimenta e azeite e levei ao forno por mais uns 20 minutos, até que o queijo estivesse derretido e as pontas das beterrabas ligeriamente chamuscadas.

Ficou deliciosa e muito leve. Thomas, ao contrário das minhas expectativas, devorou a massa como se fossem biscoitos e todas as fatias da beterraba com Roquefort, mas ignorou completamente a ricotta.

É o que temos, e ficou danado de bom.

Cozinhe isso também!

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