terça-feira, 24 de abril de 2012

Um prato de beterrabas para dois

Não faltaram saladas e pratos rápidos na hora do almoço nesse blog, nos últimos anos. E se antes eu não podia ficar enrolando em preparos complicados para a refeição do meio-dia, agora preciso descomplicar o que já era simples. Pois na era pré-filho, qualquer pão com ovo era almoço. Na era pós-filho pão com ovo não pode passar por almoço todo dia.

Quando se abre a geladeira forrada de legumes e verduras mas o tempo é curto e não se aguenta mais fritatta, o que fazer? Macarrão de novo? Abrem-se os armários e todos os maravilhosos grãos de cozimento rápido e sem supervisão (quinua e arroz integral) acabaram. Há feijão no freezer, mas nenhuma vontade de combiná-lo com os legumes disponíveis. E o pequeno gerador de caos quer comer sozinho, com mãozinhas e garfinho, e tentar fazê-lo comer qualquer coisa que precise de uma colher ou assistência materna é pedir pela balbúrdia e destruição.

O que fazer?

Apanhar as beterrabas assadas e preparar um gratinado de cinco minutos enquanto o pequeno esfomeado batuca no cadeirão.

Noutro dia, transformando a quinua com legumes da noite anterior em um timbale para o almoço (misturada com queijo caseiro e ovo), aproveitei o forno já ligado, apanhei as beterrabas pequenas da geladeira, lavei-as, sem descascá-las, temperei-as com sal, pimenta-do-reino, azeite e tomilho, embrulhei-as em papel alumínio, coloquei-as em uma assadeira e as larguei no forno por uma hora, até que estivessem macias e espalhando seu perfume pela cozinha. Retirei-as do forno (e meti nele um bolo de laranja rapidíssimo, mais uma vez aproveitando o forno já ligado) e deixei o embrulho fechado ainda na assadeira, sobre a bancada. E ficou lá, enquanto eu colocava o pequeno para tirar uma soneca e corria ao computador para trabalhar enlouquecidamente. Quando o embrulho ficou frio, simplesmente transferi todo o conjunto para a geladeira. Não sabia exatamente o que fazer com as beterrabas, uma vez que já tinha planos para o jantar, mas sabia que se não as assasse logo, elas murchariam e estragariam na gaveta (pecado grave!)

No dia seguinte, aquelas lindas beterrabas assadas me esperavam, para serem picadas ou fatiadas numa salada, para acompanharem um peixinho, para serem misturadas a atum fresco e fettuccine, um risotto, uma sopa, ou para um gratin rapidíssimo, lido às pressas no meu livro favorito atualmente, How to Cook Everything Vegetarian. Abri o embrulho das beterrabas, e com beliscões rápidos de polegar e indicador, arranquei-lhes toda a casca. Fatiei todas elas e as arranjei em uma camada única numa travessa refratária. Polvilhei de sal e pimenta, esmigalhei um belo pedaço de queijo de cabra, tipo Feta, espalhei por cima folhas de tomilho, um punhado de farinha de rosca caseira, um fio de azeite, e levei para debaixo do grill pré-aquecido, por uns 5 minutos, até que o queijo estivesse derrertido e as migalhas de pão, douradas. (Imagino que para quem não tem grill ou forninho elétrico, um forno bem quente faça o mesmo trabalho em um pouco mais de tempo.)

Foi um almoço leve e delicioso, que deixou os dedos do pequeno devorador de legumes manchados de cor-de-vinho. Tente cobrir todas as fatias de beterraba com um pouco de queijo e pão, pois é o contraste do doce e do salgado, e do macio e crocante, que fazem o prato. E use um queijo de cabra de fato saboroso, que seja forte e salgado, com aquela acidez acentuada e deliciosa característica desses queijos.

Definitivamente, da próxima vez que tiver beterrabas, farei o mesmo, assando-as com antecedência, mas separando-as em duas partes: uma temperada, para os pratos salgados, e outra sem tempero, para usar em bolos e panquecas. Fica a dica.

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Voltando? Talvez. Com muffins.

As férias do blog me fizeram bem. Colocaram minha cabeça e minhas prioridades em ordem. Fizeram-me perceber que eu não escrevia para os outros, mas para mim. E isso é muito bom, e é como deve ser. Senti falta não de compartilhar meu almoço, mas um leite de coco caseiro, um truque para reaproveitar spaghetti, um jeito mais fácil de pensar o cardápio da semana. Alguma coisa que teria sido bom ter lido quando precisei, para não me sentir tão louca, tão perdida. Andei também relendo alguns dos meus textos favoritos na internet, as poucas crônicas do Extreme Frugality, publicadas na finada Gourmet, e pensei quão órfã me sentia desde que os textos foram interrompidos, e me identifiquei com alguns dos emails que recebi durante essa pausa.

Mas não foi apenas isso o que percebi nesses meses: também vi como foi libertador cozinhar apenas para minha família, para mim, sem pensar quão fotogênico ficou um bolo ou o melhor ângulo do espinafre. Simplesmente comida quente, do fogão à mesa, para a boca ávida do (não tão) pequeno matador de dragões. Como os fracassos retumbantes foram menos retumbantes por não implicar na ausência de um post, por não parecer que eu falhei não apenas para mim, mas para um sem número de leitores. Os fracassos se tornaram não apenas toleráveis, mas contornáveis. Os macarons no lixo não doeram tanto. Ficou a vontade de tentar novamente. Sem pressa. Sem pressão.

Nesse espírito, e na correria desenfrada que tem sido meu trabalho esse ano, meu estilo de cozinha sofreu algumas mudanças. Aquela velha história de um prato inteiramente novo a cada refeição, porções exatas, calculadas para não sobrar, acabou. Pelo menos por enquanto. E me tornei uma grande adepta da reciclagem dos pratos: o feijão que vira frijoles refritos, a quinua que vira bolinho, o risotto que vira arancini, o spaghetti que vira fritatta – porque se Thomas não gosta de algo hoje, basta misturar com ovo que ele comerá amanhã... Peguei esse hábito de cozinhar os pacotes inteiros de feijão e deixá-los separados em porções já pensando "esse é sopa, esse é salada, esse é hambúrguer vegetariano...". E cozinhar sempre o dobro do que preciso de cereais como arroz integral ou quinua, perfeitos para utilizar num stir fry ou bolinhos rapidíssimos no dia seguinte, tudo sempre cheio de legumes.

Meu livro favorito ultimanente tem sido o How To Cook Everything Vegetarian, do Mark Bittman, que tem estado constantemente aberto em minha cozinha pelos últimos dois meses. Os pratos diários tem saído tão variados, que há já muitos meses não me lembro de comprar um pedaço de peixe, e me vejo em estado de puro choque quando ouço alguém dizer "não gosto de legumes". COMO É POSSÍVEL???

E Thomas tem sido puro orgulho gastronômico. Come sozinho, com suas mãozinhas exploradoras ou com garfinho e colher, que ele usa para espetar a comida do prato e levar... à outra mão, que então coloca o pedaço na boca. Mastiga com seus seis dentinhos, emitindo contentes "nhom-nhom-nhom". Adora comidas apimentadas. Numa reunião de amigos, peguei-o mastigando uma castanha de caju com caiena que eu preparara para os adultos. E frutas. Principalmente banana. Seu bolo de aniversário foi obviamente de banana.

Agora que ele completou um ano, estou devagarinho deixando-o comer coisinhas um pouco mais doces. Não sempre. De vez em quando. Porque é feito em casa. Porque tem bons ingredientes. E porque não importa o chocolate; como pode lhe fazer mal, com sarraceno e caqui? Porque não vai ser danoninho. Não no MEU turno.

Esses muffins foram o exemplo perfeito de algo que teria me tirado do sério há meses atrás. Porque eles estavam se esforçando para dar errado. De verdade. Meu forno que não anda confiável, minha cabeça cansada e distraída, eu já ter estragado outros muffins do mesmo livro, a manteiga gelada que talhou na adição dos ovos de uma vez e depois terminando de estragar miseravelmente na adição do iogurte... Mas deram certo. Muito certo. Deram certo porque decidi ouvir o tiozinho sábio invisível sentado no meu ombro, que me sussurrou: "joga fora e faz de novo, do seu jeito!".

Joguei fora e comecei de novo. Do meu jeito. E ficaram deliciosos, e macios, e complexos. Mas eles são engraçados. Se você nunca provou farinha de trigo sarraceno na vida, saiba que ela é peculiar: seu sabor é terroso, forte e específico – posso até dizer, um gosto adquirido. Recomendo que, antes de comprar um quilo da farinha, experimente um prato de soba (massa japonesa de trigo sarraceno). Gostou? Então vá em frente. Porque eu não daria um desses muffins a alguém só acostumado a brigadeiro. O primeiro sabor que atinge você como um murro ao mordê-los é justamente o sarraceno, que então se dissolve no cacau da massa, nos nacos de chocolate amargo derretido e nos pedaços de caqui quase caramelizados. Então tudo fica bem. Mas a primeira mordida é estranha, pois seu cérebro se sente enganado, depois de olhar para aquele bolinho e concluir apenas "chocolate".

Use bom cacau. Escuro e perfumado. Fuja dessas marcas com cheiro de giz. Gaste um pouco mais num cacau que presta. Use o dinheiro que você costuma gastar naquele iogurte que faz ir ao banheiro. Você vai me agradecer. Use caquis bem maduros e doces. Meça as farinhas com mão leve, principalmente o sarraceno, que não tem glúten e tende a dar uma consistência mais pesada e arenosa aos produtos assados. Se derem certo, aproveite. Se não derem, acontece. Há alguns dias atrás joguei três assadeiras de macarons de avelãs no lixo. Shit happens. Não se cobre muito. Tente de novo depois.

MUFFINS DE CHOCOLATE, CAQUI E SARRACENO
(ligeiramente adaptado do livro Good to the Grain, de Kim Boyce)

Ingredientes:
  • 1 xic. farinha de trigo sarraceno
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo branca orgânica
  • 1/4 xic. + 2 colh. (sopa) cacau em pó (não-adoçado)
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) sal
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 85g manteiga sem sal*
  • 1/4 xic. açúcar orgânico claro
  • 1/4 xic. açúcar mascavo
  • 2 ovos grandes, orgânicos
  • 1/2 xic. iogurte natural (preferencialmente caseiro)
  • 2 xic. polpa de caqui (corte o caqui ao meio e remova a polpa com uma colher de chá, para manter os pedaços pequenos)
  • 110g chocolate amargo (50-70%) picado
*A autora especifica manteiga gelada, mas ela pode talhar na adição dos ovos, então use em temperatura ambiente

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe muito bem 12 forminhas de muffins**. 
  2. Peneire os ingredientes secos numa tigela. Junte à mistura qualquern fibra das farinhas que sobrar na peneira.
  3. Na tigela da batedeira, coloque a manteiga e os açúcares e bata em velocidade baixa até que tudo esteja misturado. Aumente para velocidade alta e bata por pelo menos 5 minutos, até que a manteiga esteja clara e cremosa.
  4. Numa tigelinha, quebre os dois ovos e misture bem com um garfo. Raspe as laterais da tigela da batedeira com uma espátula e ligue novamente a batedeira, em velocidade média. Acrescente os ovos à manteiga pouco a pouco (use uma colher de sopa), batendo bem a cada adição. 
  5. Junte 1/3 da mistura de farinha e bata em velocidade baixa, apenas até que esteja incorporado. Junte metade do iogurte e bata novamente. Continue alternando, batendo a cada adição apenas o suficiente para que não haja traços de farinha ou iogurte na massa, que estará mais densa e pesada do que uma massa de muffin normal.
  6. Desligue a batedeira e, com uma espátula, incorpore a polpa de caqui e o chocolate, misturando bem. 
  7. Divida a massa nas 12 formas. A massa continua densa e vai crescer pouco e para cima, então não se preocupe se ela ultrapassar a borda.
  8. Leve ao forno por cerca de 35 minutos, ou até que você toque o topo dos muffins e eles estejam firmes como um bolo. Retire a forma do forno. Torça os muffins para fora da forma e coloque-os apoiados sobre as bordas das forminhas na diagonal, para que esfriem mantendo a crocância da casca. Eles são melhores comidos no mesmo dia, mas podem ser guardados em pote fechado por até dois dias, ou embalados e congelados, para serem reaquecidos depois.
**A autora diz que a receita dá para 8 muffins. Mas como não apenas eu, mas outros internautas por aí tiveram tanto sucessos quanto resultados desastrosos com essa proporção, preferi mais muffins menores a um único tapete de massa mal assada, como já aconteceu. No entanto, como a massa é bem densa, acredito que até seja possível assá-los em 8 formas apenas. Caso queira fazê-lo, intercale as formas com massa com outras cheias de água quente até a metade, para garantir cozimento por igual. Por sua conta e risco. 


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Uma não muito breve explicação

O caminho da simplificação é um caminho sem volta. Quanto mais você simplifica sua vida, mais simples quer torná-la, mais coisas e hábitos você descobre que não são necessários para você. E, conforme vai ficando mais leve, de casa, de corpo, de rotina, de espírito, mais se pergunta o por quê de ter escolhido complicar por tanto tempo.

Esse post não é um desabafo, nem mesmo um "guia prático da simplicidade", mas o único modo que encontrei de fazer com que vocês, que aparecem por aqui há tantos anos, compreendam um pouco do que anda acontecendo em minha mente e em minha vida.

Desde que meu filho nasceu, meu bem mais preciso tem sido o tempo. Quem têm filhos e os cria sem ajuda especializada 24 horas por dia sabe do que estou falando. Assim que o bebê nasce você se dá conta de forma desesperadora de como o tempo passa rápido. De verdade. E, quando a primeira roupinha de recém-nascido vai para a gaveta do "não cabe mais", você se dá conta de que seu filho nunca mais será aquele bebezinho minúsculo de novo, e nunca, nunca em sua vida, você terá uma noção tão exata e dolorosa de que o tempo que passou simplesmente não volta mais.

Simultaneamente, você se vê enroscada numa rotina rígida e louca, completamente à mercê daquele serzinho cor-de-rosa, e, quando ele finalmente resolve dormir, você se vê num empasse: o que eu faço agora? Tomo banho? Entrego aquele trabalho atrasado? Pinto? Leio? Pego email? Durmo? Faço o jantar? Lavo a cozinha? Você terá uma hora exata para fazer algo. O quê, eu não sei. Algo. E depois dessa uma hora, o bebê requererá sua atenção total, então é bom que escolha a coisa certa. O que você precisa fazer primeiro? O que é mais importante para você?

Nesse momento, em que o tempo tão precioso não pode ser gasto levianamente, poderia ter enveredado por caminhos obscuros. Deus sabe que eles passaram pela minha cabeça. Quando, cansada demais, olhei no espelho, deprimida, e pensei: "F*da-se. F*da-se que eu estou gorda. Eu tive filho. Eu posso. Ninguém está me obrigando a ficar magra de novo, e eu estou simplesmente tão cansada. Eu posso. Eu quero ficar na cama e dormir mais meia hora. Ninguém pode me obrigar a ir correr. Eu nem lembro por que que eu gostava de correr, de qualquer forma. Então f*da-se." E imediatamente aquilo me assustou muito. Eu conseguia sentir o momento da virada. O instante trágico em que você desiste. E a roda gira. Para o lado errado.

Eu estava prestes a desistir. Exausta, quis abrir mão de tudo o que era importante para mim. Do meu trabalho, no qual estava quase impossível focar, da minha saúde, pois parecia difícil voltar ao pique que eu tinha antes, da minha cozinha, pois eu não tinha paciência nem para lavar alface, em suma, de mim.

Naquele momento, no espelho, vi nos meus olhos macilentos um lampejo do futuro, e não gostei do que vi. Eu não podia desistir. Mas também não podia continuar dando murro em ponta de faca, tentando uma rotina impossível com variáveis de difícil manipulação. Eu precisava mudar a base das coisas. Precisava simplificar o coração de cada atividade, para que pudesse executar uma manutenção mais rápida e fácil.

A COZINHA

Mudei minha forma de cozinhar. Continuei comprando a cesta orgânica, cerca de 2-3 vezes por mês, e voltando ao supermercado apenas para os básicos, como leite fresco, queijo parmesão, manteiga, café, farinha e algum grão. Mantive minha despensa minimamente estocada. Um cereal por vez. Um feijão por vez. Uma massa por vez. Se havia quinua, não comprava arroz. Se havia arroz, não comprava cevada. Se há spaghetti, nada de lasagne. Mantive a meta de tentar fazer o maior número de pratos sem precisar ir ao supermercado para novos ingredientes, o que acabou se tornando, ao invés de estressante, um interessante processo criativo, gerando pad thai vegetariano de repolho, stir fry de 7 grãos com talos de espinafre, arroz de forno com pepino refogado, e uma miríade de combinações bizarras mas que resultaram em jantares gostosos, baratos e nutritivos.

A restrição de ingredientes, que parecia opressora quando comecei, tornou-se libertadora, pois ainda me rendeu mais tempo, economizando as idas ao supermercado. Sem falar na economia financeira, uma vez que tenho conseguido alimentar 2 adultos e 3/4 (Thomas come 3/4 de porção de adulto) por menos do que antes eu gastava apenas com meu marido e eu.

Além disso, revi minha rotina. Vi-me muito tentada a voltar aos feijões em lata, caldo em cubo e outras praticidades, até inventar o "dia do processamento". Terça-feira, o dia em que a cesta chega, é oficialmente o dia de processar alimentos. Lavo tudo o que tem que ser lavado, separo raízes de folhas comestíveis, acondiciono tudo em potes devidamente fechados na geladeira, e separo as aparas. As aparas vão imediatamente para a panela com água e temperos para virarem caldo de legumes. Pouco, assim, 1 litro, que será congelado em 2 potes de 500ml, o suficiente para umas duas sopinhas ou um risotto da semana. Ao lado da panela do caldo, borbulha a panela do feijão. Qualquer feijão cujo saco inteiro eu tenha deixado de molho na noite anterior e agora cozinha por 1h30 com alguns temperos básicos. Todo o feijão será também congelado em potes equivalentes às latas de feijão, para serem usados quando der vontade. Maços de manjericão viram pesto congelado em potinhos pequenos. Frutas já maduras são descascadas e cortadas e acondicionadas em potes para os lanches do bebê. Abóbora vai para o forno e vira purê, também no freezer, para uso em doces, sopas, pães, o que for.

E assim que em uma manhã eu resolvo boa parte da cozinha da semana, se não do mês, em alguns casos. Dia do Processamento é intenso, mas vale a pena, pois tudo fica à mão, e minha família não perde em qualidade. Desta forma, sobra tempo para preparar um macarrão caseiro, pães (feitos sempre em dobro, para um deles ir ao freezer), bolos, e a pizza de sexta-feira.

A LIMPEZA

Quando Thomas começou a engatinhar, ficou claro, pelas manchas cinzentas de suas roupas, que não seria mais possível deixar a limpeza pesada apenas para o fim de semana. Mas o aspirador de pó me irritava um bocado, por seu peso, seu barulho, seus tubos desencaixando em baixo do sofá, seu fio enroscando nas pernas das cadeiras, seu plug precisando ser mudado de tomada três, quatro vezes. Aposentei-o, então. Troquei o aspirador pela boa e velha vassoura, silenciosa, rápida, não-dependente de energia elétrica, e vi que levava muito menos tempo para varrer a casa do que para aspirá-la. Além de tudo, economizava nos sacos de aspirador, sempre entupidos de pêlos de cachorro.

Mas apenas isso não bastava. Era chato tirar o pó. Era chato mover os objetos para passar pano no chão e nos móveis. Por quê? Porque as coisas estavam fora de lugar, e porque havia simplesmente... coisas demais.

Comecei um processo longo de limpeza dos armários e estantes, dentro e fora, doando e jogando fora sem dó itens sem uso, coisas que guardávamos para eventualidades ou porque alguém nos havia dado, papelada, livros, cds e dvds, materiais de arte, roupas, revistas, objetos decorativos, louças, produtos de limpeza, toalhas, o que fosse. Não foram poucas as vezes em que me deparei com objetos e pensei "Nossa, não sabia que eu tinha isso!". Aos poucos fui conseguindo mais superfícies limpas, ao guardar objetos importante dentro dos armários antes ocupados por tralha.

Esvaziei os arquivos de toda a papelada velha, de mais de 5 anos, e todos os manuais, notas e garantias de equipamentos que nem temos mais, ou cujas garantias já expiraram, tornando os arquivos da casa mais leves, limpos e organizados, facilitando seu uso.

Deixei no meu armário apenas minhas peças de roupa favoritas, em bom estado e que me servem. Hoje não tenho mais do que umas 10 blusas para o ano inteiro, 1 calça jeans, 2 vestidos de inverno e 2 de verão, 1 short jeans, 3 saias, 1 jaqueta e 2 casacos, 1 sapatilha, 1 sandália, 2 saltos altos, 1 coturno, 1 bota de trilha, 1 tênis de passeio e 2 tênis de corrida. Roupa de ginástica, que seca rápido, só o bastante para 1 semana. O armário ficou fácil de organizar, todas as roupas cabem dobradas com folga nas gavetas, eu sei exatamente o que tenho e visto minhas peças favoritas todos os dias. O processo de lavar roupa, pendurar, tirar do varal, dobrar e guardar, ficou mais simples agora que há menos peças. Eu já havia feito isso com toalhas e lençóis quando nos mudamos: apenas 2 peças; enquanto usamos uma, a outra está lavando.

Minha escrivaninha, agora, é uma bancada limpa, apenas com o computador, o scanner e três canecas com pincéis. Mal tenho de mover nada para limpá-la, o que torna o processo muito mais rápido. Isso foi acontecendo, devagar, com toda a casa. Para facilitar, antes de dormir, guardo os poucos brinquedos do Thomas dentro do chiqueirinho, recolho sapatos espalhados, levo copos para a cozinha, papéis no reciclável, enfim, guardo tudo o que deve ser guardado, para que no dia seguinte seja simples varrer e limpar em não mais que cinco minutos.

Minha casa nunca esteve tão limpa.

E minha mente nunca esteve tão leve.

A TECNOLOGIA

Quando Thomas dorme, corro para o computador para trabalhar enlouquecidamente. Com apenas dois cochilos por dia, é esse o tempo que tenho para trabalho focado: 2 horas. E é bom que eu aproveite esse tempo. Para não me distrair, desliguei o aviso sonoro de chegada de emails e nem abro meu navegador, Twitter incluso. Desligo meu celulgar. Deixo a secretária eletrônica atender os telefonemas de casa (que quase não existem, uma vez que as pessoas parecem só usar mensagens de texto de celulares para se comunicarem agora). E essas duas horas são mais produtivas do que dias inteiros de trabalho meu em outras épocas. E minha mente é focada e calma. E quando Thomas acorda, eu não me sinto exausta, mas pronta para lhe dar atenção, um lanche, um carinho, ensinar uma brincadeira e deixá-lo explorar o mundo de nosso apartamento enquanto faço o almoço ou penduro a roupa.

Então, enquanto ele saracoteia ao meu lado no quarto, derrubando meus livros da estante, eu ligo o email, o Twitter, o celular. E o que começa divertido fica irritante. Quero escrever um texto para o blog, e o celular toca. Levanto para apanhá-lo na sala. Número que eu não conheço. Não atendo. É sempre telemarketing. Volto para tentar escrever. Uma janelinha do Twitter aparece, com o update de alguém. Clico. Alguém comentando que está chovendo. Conversa de elevador. Um link para uma petição que as pessoas vão assinar sem ler, apenas para se sentirem engajadas. Uma foto de um gatinho de chapéu. Onde eu estava mesmo? Ah, é, escrevendo um texto. Deixe-me ler do começo, porque perdi minha linha de raciocínio. Mas antes, peraí, vou ver se o cliente mandou email. "Receber emails". Nada. "Receber emails". Nada. Deixe-me clicar de novo, vai que ele mandou agora. "Receber emails". Opa! Chegou um! Propaganda de relógio falsificado. Falando em relógio, deixa eu ver aquele outro blog tinha aquele texto que eu não terminei de ler ontem. Ó, interessante. Tem esse link aqui para outro texto de referência. Deixa eu abrir em outra aba. Ah, tem um video, também. Enquanto ele carrega, deixa eu ler esse outro. O que é que eu estava fazendo mesmo?

Chega.

Basta.

Se eu não consigo mais fazer meu trabalho sem um computador, que ele seja um mecanismo de produção, de criação, e não de distração. Distração sem sentido, sem foco. Meu tempo é precioso demais, e enquanto eu vejo fotos de gatinhos de chapéu, poderia estar lendo um livro, escrevendo um, pintando, cozinhando, brincando com meu filho, fazendo cafuné no cachorro. Todas atividades mais edificantes e satisfatórias do que comentar sobre a chuva no Twitter.

Voltei para o Twitter pois percebi que só tinha contato com determinadas pessoas através dele, e hoje me dou conta de que caí na mesma pegadinha do Facebook. Se você só tem contato com essas pessoas pelo Twitter, então elas NÃO SÃO SUAS AMIGAS. Amigo telefona. Amigo chama para uma pizza em casa. Amigo sai pra tomar cerveja. Amigo que mora fora visita quando vem pro Brasil. SEM EXCEÇÕES.

Fiquei preocupada quando uma amiga saiu de férias e twittou suas férias inteiras, com fotos e filmes. Não acredito que ela tenha relaxado, tão preocupada em mostrar para os outros o que estava fazendo o tempo todo. E fiquei preocupada quando me peguei em vários momentos do dia pensando "uau, preciso tuitar isso!"

Estou, novamente, e definitivamente, desativando o Twitter. Ele ocupa de forma besta um tempo que não volta. E faz você acreditar que está conectado a pessoas quando tudo o que você está fazendo é ficar sozinho olhando para uma tela luminosa, falando para o vazio, esperando aprovação alheia. Assim como todas as redes sociais. 

Às vezes esqueço meu celular desligado. Por dias. Algumas pessoas costumavam reclamar disso, mas hoje percebo que as pessoas não telefonam mais. Meus amigos me ligam em casa, porque conhecem minha rotina. Nem cliente liga em celular; apenas emails. Fui ao parquinho com meu filho, pois ele gosta do balanço. Enquanto empurrava-o para frente e para trás, divertida com sua risada, vi um pai alguns balanços à direita, empurrando sua filha com uma mão, enquanto digitava em seu iPhone com a outra. Durante todo o tempo em que ele esteve com sua filha, o telefone recebeu mais atenção do que a criança. Enquanto eu estava no parquinho do clube, meu celular jazia imóvel no meu criado-mudo. Sua principal função, ultimamente, tem sido como meu despertador.

Desliguei minha TV a cabo. Era cara, os programas eram todos repetidos, e frequentemente eu me via abandonada no sofá, vendo o que eu não queria ver, e pensando "não tem nada passando na tv". Substituí a TV a cabo por uma assinatura de filmes entregues em casa. Assim, só assisto ao que eu de fato quero assistir. O resto do tempo, salvo alguma bobagem na MTV, a TV fica desligada. Economizando energia e tornando meu dia mais silencioso.

Menos tecnologia na minha vida tem sido equivalente a mais tempo de qualidade, tanto sozinha, quanto com minha família e meus amigos de verdade. Menos tralha tem tornado o trabalho da casa mais fácil. Menos ingredientes tem tornado a cozinha mais prazerosa. Escolher o "caminho analógico" e supostamente mais longo, na verdade, tem sido o segredo para uma semana mais tranquila e uma rotina menos estressante. E de repente eu tenho tempo novamente. Precioso tempo, para fazer o que é importante para mim.

Não sei onde o blog se encaixa nisso tudo. Ainda não. Tem sido complicado pensar nisso. Por um lado, às vezes me pego querendo dividir com alguém algo gostoso, uma técnica, uma dica. Por outro, não tenho tido vontade de fotografar, transcrever receitas, e tenho tido muito pouca inspiração para os textos. E quando me pego com tempo para escrever no blog, quase sempre acabo escolhendo usar esse tempo para outra coisa.

Se por um lado o feedback positivo é uma delícia e faz bem para o ego, por outro, a cobrança de gente com dedo em riste dizendo que devo me comportar assim ou assado na internet me faz pensar na exposição e no fato de que ninguém me obriga a aturar esse tipo de coisa. Para não ter essa encheção, basta parar o blog, ou bloquear os comentários. Então pego-me pensando que não posso parar o blog, pois tenho muita coisa a falar ainda. Então percebo que não. Não há nenhuma tecla a bater que não tenha sido exaustivamente esmurrada ao longo desses anos. Nas palavras de Michael Pollan: coma comida; coma pouco; principalmente vegetais. E não dá para ir muito além disso. Simplesmente falar da minha vida, do meu filho, do meu cachorro, e reproduzir receitas ipsis literis começou a parecer um mero exercício de exibicionismo e infração de direitos autorais. Não sei mais exatamente qual é o ponto disso tudo, uma vez que eu mesma parei de ler a maior parte dos blogs. Minha lista não tem mais de cinco, entre nacionais (um), internacionais, incluindo de cozinha, cinema e amenidades. Cansei de ler blogs com fotografias fantásticas de pessoas lindas morando em lugares incríveis, que só me fazem lembrar do fato de que a vista da minha janela é cinza e eu não posso comprar pão sourdough numa padaria à beira mar ou colher cerejas no quintal. Ou tentar me atualizar no último meme da semana, para poder rir junto no Twitter quando alguém fizer uma referência a ele.

Não faz sentido.

Tenho escolhido passar a maior parte do meu tempo desconectada, produzindo, observando, ensinando meu pequeno matador de dragões a andar, colocando a leitura em dia, fazendo pão e picolé de manga. Desacelerar minha vida tem sido minha prioridade e a melhor escolha que fiz nos últimos tempos. Correr, passear o cachorro, trabalhar, cuidar do pimpolho, ler, pintar, cozinhar, ver um filme, passar tempo com meu marido. Nenhuma atividade virtual é mais importante do que estas. E não deveria ser para ninguém.

Não quer dizer o fim do blog. Quer dizer uma pausa para reflexão. Minha, de vocês, o que for. Pode ser que alguns de vocês fiquem com raiva de mim e apaguem o blog de seus leitores RSS, de seus favoritos, e o que for. Façam isso. Não tem problema. Não fico ofendida. Podem ser que alguns de vocês se sintam traídos, abandonados. Também não tem problema. Se vocês estão aqui desde o começo e acompanharam toda a trajetória do blog, provavelmente aprenderam junto comigo, evoluíram junto comigo dentro da cozinha, desde o pão do homem elefante até hoje. Então já valeu a pena. Se o blog tinha alguma função, pelos emails e comentários que recebo de vocês, acho que ele já a cumpriu e com orgulho. Podem continuar mandando emails, que tentarei responder a eles da melhor forma possível.

De qualquer forma, recomendo a experiência de se desconectar um pouco a todos vocês. Dêem umas férias às redes sociais. Desligue o celular de vez em quando. Principalmente se for um smart phone ou um tablet, que não passam de mecanismos de stress constante. Não ligue o computador de fim de semana. Leia um livro ao invés de ver TV, mesmo que seja um bem porcaria. Dê um passeio à pé ao invés de pegar o carro. Faça sua massa de torta. Desligue o email enquanto trabalha. Olhe para fora. Olhe para cima. Procure um passarinho numa árvore. Leia menos blogs.

Ou não. Cada um sabe de si.

Caso prefira continuar mais um pouco na rede antes de fazer um chá, fiquem com boas referências para simplificar as coisas:

www.mnmlst.com
www.thezerowastehome.com

E este post específico:
http://inthelittleredhouse.blogspot.com/2012/01/small-start.html

Caso desejem se desconectar e ler um livro, recomendo qualquer um dos quatro (ou os quatro):

The Shallows - What The Internet Is Doing To Our Brains
Alone Together - Why We Expect More FRom Technology And Less From Each Other
The Omnivore's Dilemma - A Natural History Of Four Meals
In Defense Of Food - An Eater's Manifesto



Obrigada a todos. ^_^

domingo, 15 de janeiro de 2012

Minha nova massa de pizza favorita

Desde aquele pequeno desafio de ficar um mês em gastar dinheiro (recomendo muito), tenho feito pizza toda semana. De fato, gastar quase cinquenta reais numa pizza não me parece nem um pouco justo, muito menos comer uma pizza ruim só para economizar uns trocados. Fazê-la em casa, então, tornou-se a melhor opção, pois mesmo que você não tenha o gostinho do forno à lenha, o sabor da cobertura compensa, além de toda a questão financeira.

Toda sexta faço uma pizza margherita e uma outra de minha escolha, geralmente pura invencionice advinda do espólio da geladeira. Daí veio a pizza de catupiry com alho e alecrim, a de fontina com pimentão verde e azeitonas, e a de queijo prato com alcaparras e tapenade. Ah, sim, o queijo é uma constante, pois, segundo o marido: "se aparecer pizza de espinafre, eu ligo prá pizzaria e peço uma quatro queijos!" A pizza de espinafre já apareceu (espinafre refogado com ovos quebrados em cima, uma delícia), mas apenas eu comi, deixando a margherita inteira pro enjoado.

De todas as massas que testei, as de fermentação lenta são com certeza as mais deliciosas. Mas como nunca me lembro de começar a massa na quinta-feira, tenho avaliado receitas das mais rápidas. E esta, de um dos meus novos livros favoritos, The Italian Baker, é tiro-certo, principalmente se você tem uma pedra no forno (você pode fazer numa forma, mas não vai ter o mesmo efeito). Foi a primeira pizza que assei em forno convencional que não apenas ficou macia no centro, mas também dourada nas bordas. Uma delícia, e, para a felicidade do marido, ela comporta muito mais cobertura do que as outras receitas que eu vinha fazendo, o que faz dela (ironicamente) uma pizza mais brasileira que italiana.

Recomendo fazer 2 pizzas menores (de 4 pedaços grandes) ao invés de uma pizza de tamanho convencional (8 pedaços), por uma mera questão de praticidade: é bem mais fácil transferir a massa do balcão para a pá e dela pro forno, além de demorar metade do tempo para ficar pronta. Confesso que o hábito das duas pizzas é por pura gula e vontade de ter sobras de pizza na geladeira no dia seguinte, porque para nós, uma apenas já basta. Ou bastava, agora que o pequeno matador de dragões come uma fatia inteira sozinho. Dá pra imaginar quando esse moleque tiver 14 anos?? Tô f*dida. o_O

[E antes que venham me trolando dizendo que em Nápoles é assim ou assado, vamos lembrar que a receita é uma adaptação para forno convencional. Quer fazer como no original, abre na mão, assa em forno à lenha e não me encha os pacová. Com um bambino engatinhando e subindo nos móveis enquanto faço a pizza, ando bastante Nigellesca e não pedindo desculpas por fazer minha pizza na batedeira e meu pesto no processador. Pronto, falei. Se há uma coisa que ter filho fez comigo foi me dar uma incrível sensação de liberdade com relação à minha vida e minhas escolhas. Já plantei árvore, já escrevi livro, já tive filho, pago meus impostos, gosto da minha profissão. Então às favas com quem não gostar de mim. Fué pra você. :P E sim, meu bebê de 9 meses come pizza. Live with that.]

PIZZA ALLA NAPOLETANA
Tempo de preparo: 2h
Rendimento: 1 pizza grande, 2 médias ou 5-6 individuais

Ingredientes:
  • 1 3/4 colh. (chá) fermento ativo seco (5g)
  • 1 pitada de açúcar
  • 1 1/3 xic. água morna (abaixo de 60ºC) (320g)
  • 1/4 xic. azeite de oliva (55g)
  • 3 3/4 xic. farinha de trigo (500g), de preferência orgânica
  • 1 1/2 colh. (chá) sal (7,5g)

Preparo:
  1. Para fazer à mão, misture o fermento, o açúcar e a água numa tigela grande e deixe quieto por 5 minutos, até espumar. Misture o azeite. Junte a farinha e o sal, uma xícara por vez, misturando até remover os pontos de farinha seca. Vire numa bancada levemente enfarinhada e sove até obter uma massa macia, acetinada, mas firme, cerca de 8 minutos. Para fazer na batedeira planetária, junte o fermento, o açúcar e a água na tigela e deixe por 5 minutos até espumar. Com a pá, misture o azeite, e em seguida a farinha e o sal, até a massa ficar coesa. Troque pelo gancho e sove por 3 minutos. Termine de sovar por 1 minuto na bancada levemente enfarinhada. 
  2. Forme uma bola, coloque numa tigela grande untada com óleo, cubra com filme plástico e deixe fermentar até quase dobrar de tamanho, 45 minutos a 1 hora. Enquanto isso, coloque a pedra na grade inferior do forno e ligue no máximo.
  3. Sove a massa ligeiramente por 1 minuto e abra à mão ou com um rolo, ou divida nas porções desejadas e abra em superfície enfarinhada, até que fique com cerca de 0,5cm de altura, deixando uma borda de uns 2cm. 
  4. Polvilhe uma superfície com farinha de milho, de arroz ou de trigo (as duas primeiras são melhores pois absorvem mias umidade) e coloque os discos de massa ali. Cubra com um pano de prato seco e deixe fermentar por não mais que trinta minutos. 
  5. Passe a massa para a pá de pizza (eu uso um salva-bolos grande, mas você pode usar o fundo removível de uma forma bem grande) e coloque a cobertura desejada (cerca de 1/4 xic. de molho de tomate e uns 200g de cobertura, incluindo o queijo, ou a pizza pode ficar pesada demais para deslizar da pá). Deslize a pizza cuidadosamente para a pedra. 
  6. Se a pizza for grande, coloque-a no forno sem o queijo, asse por uns 10-15 minutos, retire a pizza, distribua o queijo e volte-a por mais 10-15 minutos, para evitar que o queijo queime, assando num total de 25-30 minutos. Para pizzas médias, como a da foto, 15-20 minutos (a minha demorou 15). A pizza está pronta quando a borda está dourada e o queijo, borbulhante. (Cuidado ao comer, aliás, lembre-se de que a pizza está a 250ºC! :P )


segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Mais um lapso vegetariano: crostini di fegato di pollo

Não, isso não será uma cena frequente nesse blog, mas eu precisava dar cabo dos miúdos que vieram com os frangos do Natal, e que eu congelara para uso posterior – mesmo porque o marido é bem mais vegetariano que eu, e seria muito difícil reincorporar frango ou outras carnes no meu dia-a-dia. Achei que seria uma ótima oportunidade para colocar em uso receitas que jamais poderia replicar substituindo a carne por qualquer outra coisa, e ao mesmo tempo trazer de volta mais um sabor de infância perdido.

Sim, fígado é um sabor de infância. Até dois dias antes de resolver parar de comer frango, há vários anos atrás, eu saboreara com frequência o patê de fígado de galinha de minha mãe. Sempre apreciei o sabor ligeiramente amargo daquele patê amanteigado, em colheradas gordas sobre pão amanhecido, a qualquer hora do dia.

Mas agora havia apenas dois pequeninos fígados, não o bastante para um patê, e tive de sair em busca de algo para fazer com eles. E lembrei-me de uma receita de crostini de um de meus livros favoritos de culinária toscana. Que maneira fantástica de usar não apenas o fígado de galinha, mas também o pão rústico e já amanhecido que eu preparara de um dos livros que ganhei de Natal de minha mãe: The Italian Baker, lindo, lindo!

O preparo não poderia ser mais simples. Prepare os crostini esfregando um dente de alho na superfície de algumas fatias de pão italiano e pincelando com azeite. Você pode colocar as fatias no forno a 200ºC até que dourem, mas sou totalmente a favor de uma versão rápida, passando-as numa frigideira esturricante, numa grelha ou sob o grill do forno.

Corte em quartos cerca de 100g de fígado de galinha (orgânico!). Derreta 20g de manteiga numa frigideira, junte algumas folhas de sálvia fresca e os pedaços de fígado, cozinhando-os apenas por alguns minutos, até que fiquem cozidos mas ainda cor-de-rosa por dentro (sem vestígios de sangue). Junte 1/2 colh. (sopa) de vinagre de vinho tinto, 1/2 colh. (sopa) de alcaparras pequenas e um punhado de salsinha picada, e deixe reduzir o líquido ligeiramente, tomando cuidado para não cozinhar a carne além da conta. Volte a carne para a tábua de corte e pique finamente. Distribua o fígado e as alcaparras sobre as fatias de pão douradas, despejando o líquido restante na frigideira e polvilhando com mais um pouco de salsinha. Esta porção é o bastante para duas pessoas como entrada, mas acabou se tornando meu almoço solitário enquanto o bebê não acorda.

Os crostini ficaram absolutamente deliciosos. O fígado macio e apenas um pouquinho amargo, amanteigado, equilibrado pelo vinagre e salgado apenas pelas alcaparras, derretendo na boca em contraste com o pão crocante e perfumado. Uma receita completamente diferente, mas que trouxe à tona muitas tardes de abrir geladeira e roubar patê com o pãozinho, antes do jantar, sem que minha mãe visse.

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Considerações sobre uma nova rotina e torta de palmito

E segunda-feira tudo começou novamente. Acabaram-se as férias do marido e ele voltou ao trabalho, assim como eu. Mas diferente. Pois quando o marido entrou em férias, no começo de dezembro, o pequeno matador de dragões tirava quatro deliciosos cochilos por dia, sempre antes das refeições, após uma hora intensa de brincadeira. Agora são apenas dois benditos e esperados momentos de descanso, duas horinhas por dia, uma de manhã e outra à tarde, em que o bebê dorme profundamente. Nessas horas, tenho corrido para o computador, focada, tentando dar cabo de tanto trabalho quanto possível, sem levantar nem mesmo para ir ao banheiro, sem pegar emails, sem olhar para outro lado. Pois quando o pequeno causador de caos e confusão acordar, precisarei ficar de olho nele, para que não suba onde não deve, não puxe o que não pode, não coma o que faz mal.

No entanto, sua recém-encontrada independência, desde que ligou o turbo ao engatinhar e tem subido nos móveis e dando seus primeiros passinhos solo, tem me deixado mais livre, uma vez que ele não parece mais querer saber de mãe – o que ele quer é explorar o mundo. Então aproveito os momentos em que ele saracoteia pela casa (devidamente arrumada para que ele não faça nenhum dos "não pode" acima citados), para dar cabo da louça, da roupa suja, varrer o pêlo de cachorro para que o bebê engatinhando não termine parecendo o Primo It, e, surpreendentemente, cozinhar pratos mais elaborados.

Pois desde a chegada do mini-distribuidor-de-risadas-fofas, almoço e jantar aqui em casa têm sido pratos mais simples, de preparo mais rápido, em grande parte feitos sem receita. Qualquer coisa mais complicada precisava esperar o fim-de-semana, quando Allex pudesse ficar de olho no rebento por mais tempo.

Qual não foi minha surpresa ao me ver, em plena segunda-feira, preparando macarrão caseiro. Massa de cacau com molho de ricotta e nozes, delícia (marido walnut-hater não achou). Abria a massa na máquina enquanto dava um mingau de aveia, canela e passas (lanche da tarde) ao pequeno, que olhava, boquiaberto e interessado, o movimento da massa e da manivela. No dia seguinte, dei-lhe uma colher de pau e um pote de inox e deixei-o sentado no chão da cozinha, bagunçando e fazendo barulho até que eu terminasse a polenta (40 minutos mexendo a panela) para os uova in purgatorio do jantar. [Tente: numa caçarola larga, aqueça um pouco do molho de tomate de sua preferência, e quebre um ovo por pessoa dentro; tampe a panela e deixe o ovo cozinhar no molho, cerca de 10 minutos; sirva o ovo e o molho sobre polenta cremosa!]

Hoje, o cardápio será pizzoccheri, porque tenho farinha de sarraceno no armário, algumas batatas, queijo e um pedaço de repolho sem destino com os quais eu preciso acabar, e enquanto eu puder fazer o macarrão, estou tentando não comprar. Ah, novas resoluções de ano novo. E há pão na bancada, fermentando.

Falei que estou mais produtiva do que nunca? Mesmo com quatro passeios de cachorro por dia, com bebê de 8kg no sling. Trabalhei mais nas duas horas focadas por dia do que nas quatro que tinha antes. E quando o bichinho acorda, ao invés de estressar porque tenho de voltar ao computador, simplesmente faço outras coisas enquanto brinco com ele, chamo-o para que me siga para outro quarto, faço-o interagir com o cachorro, dou-lhe objetos desconhecidos nas mãos para que se distraia enquanto penduro roupas, sovo pão ou dou atenção ao cãozinho.

E vamos indo. Numa loucura desenfreada, mas ainda assim gostosa. Fim do dia é exaustão, mas exaustão de missão cumprida.

E porque tanta gente pediu, aqui vai a torta de palmito do Natal. Feliz Ano Novo!

TORTA DE PALMITO
(Adaptado do livro Cozinhando para Amigos, de Heloísa Bacellar)

Ingredientes:
(massa)
  • 300g farinha de trigo
  • 200g manteiga sem sal gelada cortada em cubinhos
  • 100g água gelada
  • 1 colh. (chá) sal
  • 1 ovo para pincelar
(recheio)
  • 2 vidros de 600g palmito pupunha orgânico, escorrido e fatiado em rodelas finas
  • 2 colh. (sopa) cheias de manteiga
  • azeite de oliva
  • 1 cebola, picada
  • 1 dente de alho grande, picado
  • 2 colh. (sopa) ketchup
  • 1 colh. (sopa) amido de milho
  • 2 xic. leite integral
  • 1 punhado de salsinha fresca, picada
  • sal e pimenta-do-reino

Preparo:
  1. Para a massa, coloque a farinha e a manteiga em um pote e esfregue com os dedos até obter uma farofa grossa. Dissolva o sal na água gelada e junte à farofa. misturando com um garfo até começar a formar uma massa. Junte os pedaços numa bola coesa de massa, embrulhe em filme-plástico ou papel-alumínio e leve à geladeira por pelo menos meia hora. Alternativamente, pulse a farinha e a manteiga no processador até obter a farofa, junte a água e o sal e pulse até a farofa formar bolas medianas. Junte com as mãos, embrulhe leve à geladeira.
  2. Para o recheio, derreta a manteiga e um fio de azeite numa panela grande e junte a cebola e o alho. Quando começar a dourar, junte o palmito e o ketchup.
  3. Dissolva a maisena no leite e junte ao palmito. Leve à fervura, mexendo sempre, e deixando engrossar.
  4. Quando o líquido estiver com textura de milshake grosso, tempere com sal e pimenta, a salsinha picada, e deixe esfriar completamente antes de rechear a torta. Pode ser feito de um dia para o outro. 
  5. Separe uma forma de cerca de 30cm de diâmetro (a minha tinha 28cm), de fundo removível. Polvilhe generosamente a bancada com farinha e corte a bola de massa em duas, uma um pouco maior do que a outra.
  6. Abra o pedaço maior com um rolo, polvilhando um pouco de farinha se necessário, até que possa cobrir o fundo e as laterais da forma, com uns 2cm de sobra. Forre a forma, deixando as sobras de massa para fora.
  7. Distribua o recheio dentro da torta, nivelando bem. Abra o segundo pedaço de massa, até que forme um círculo um pouco maior que o diâmetro da forma. Cubra a torta. Corte qualquer excesso de massa que ultrapasse aqueles 2cm extras. Junte as duas abas de massa sobrando e dobre-as para baixo, para o lado da forma, e não para cima da torta, pinçando com os dedos, para grudá-las. Se houver mais sobra de massa, abra com o rolo novamente e corte com cortadores de biscoito no formato que quiser, para decorar a torta. 
  8. Bata um ovo com um pouco de água ou leite, e pincele toda a superficície da torta. Posicione a decoração da torta e pincele os pedaços. Leve a torta à geladeira por 15 minutos enquanto o forno aquece a 200ºC. 
  9. Leve a torta ao forno por 45 minutos, ou até que esteja bem dourada. Deixe descansar uns 10 minutos antes de servir, ou leve à geladeira e sirva no dia seguinte, reaquecendo no forno.



segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Frango assado???

Sim, frango assado. Se você for vegetariano, pode parar de me julgar agora, porque isso é feio, e leia a história inteira.

Foram dezenas os domingos que passei na casa de minha avó materna, comendo frango assado com batatas, torta de palmito e gnocchi ou lasagne de tomate. A refeição era tão esperada e tão frequente, que me lembro da sensação da colher raspando o pratinho fundo de plástico cor-de-abóbora, do cheiro do molho de tomate se misturando à massa flocosa da torta, da casquinha crocante das batatas, de meu bumbum infantil afundado na almofada excessivamente macia do sofá antigo, pézinhos para cima, balançando de satisfação, da coca-cola choca no copo de vidro pesado, suando sobre o tampo de pedra da mesa de centro.

Desde os meus quinze anos, quando minha avó faleceu, vinha tentando recriar alguns dos meus momentos favoritos de infância que ela proporcionara, lidando com a dificuldade de não ter as receitas originais e de, eventualmente, ter parado de comer carne.

Este foi o primeiro Natal do pequeno matador de dragões, que minha avó teria amado tanto conhecer. Bom garfo como é, ter-se-ia imediatamente tornado mais um fã incondicional da cozinha sem pressa da bisavó, e teria sido sua vez de raspar o pratinho cor-de-abóbora e guardar na memória os gostos daquele amor em forma de comida.

Por isso, e por ter tantas saudades, achei apropriado usurpar o almoço de Natal para tentar recriar um dos cardápios mais tradicionais de meus domingos infantis: frango assado com batatas, lasagne de tomate, torta de palmito.

Preparar o frango (orgânico, claro) foi um prazer para o meu eu curioso, essa parte minha que quer preparar carnes para testar técnicas culinárias, apesar de não querer comê-las. Comprei dois frangos inteiros, que vieram com os miúdos (e ainda tenho de ver o que fazer com eles), e escolhi uma receita muito simples de Nigella: frango com limão. Apesar da receita não pedir para que se amarrassem os frangos, corri para o Professional Chef para saber como fazê-lo, e me atrapalhei um bocado tentando passar o barbante pelo frango já lambuzado de manteiga. O marido ria do meu lado, filmando a epopéia toda. "Mas onde você vai colocar esse limão?", perguntou ele, ao que respondi com um olhar maldoso.

Os bichinhos ficaram mais tempo no forno do que eu esperava, até que suas peles ficassem douradas e crocantes, e sua carne macia. Confesso que, nunca tendo assado um pedaço de carne antes, estava apavorada com a ideia de servir frango cru, sem gosto ou ressecado. No entanto, quando destrinchei as aves para levá-las à mesa, a coxa se desprendeu facilmente com um leve puxão dos dedos, e a carne estava toda assada, perfumada, úmida e incrivelmente macia. As batatas, cozidas primeiro antes de irem para a assadeira, estavam macias por dentro e com uma casquinha crocante que nunca consegui de outra forma, tendo absorvido o sabor da gordura do frango. O limão mal se sentia, ao contrário do que imaginava. O que ele faz é muito mais cortar o gosto da gordura e ressaltar o sabor da carne.

Nunca comi um frango como esse depois da morte de minha avó. Pronto, falei.

Queria ir até a Inglaterra e abraçar a Nigella. ;)

O cardápio foi aprovado por todos, e enquanto eu quisesse arrancar lágrimas dos meus pais, quem chorou fui eu ao levar o almoço à mesa. Pra você, vó.

Para o frango, pré-aqueça o forno e 220ºC. Escolha um frango orgânico (sempre) de cerca de 1,5kg, para 4 pessoas. Quando ele estiver em temperatura ambiente, lave-o e seque com papel-toalha. Coloque meio limão siciliano  na cavidade e polvilhe um pouco de sal dentro e fora do frango. Esfregue com cerca de 25g de manteiga (1 colher generosa) toda a pele e coloque-o na assadeira. Se quiser, amarre o frango com um barbante, juntando as coxas e as asas mais para perto do corpo, para garantir que ele asse todo por igual e não perca muita umidade. Regue com um pouco de azeite e polvilhe pimenta-do-reino moída na hora.
Para as batatas, prepare tantas quanto couberem folgadamente no espaço restante da assadeira. Sem descascar, corte em pedaços iguais e cozinhe em água com sal até ficarem macias. Escorra e volte-as à panela para secarem um pouco. Então espalhe-as em volta do frango e regue com um pouco de azeite.
Leve a assadeira ao forno por 1h15m, ou até que o frango esteja dourado e muito macio. No caso de dois frangos, esse tempo aumenta consideravelmente. Quando estiver pronto, retire do forno e regue com o suco da outra metade do limão, temperando com mais um pouco de sal e pimenta. Deixe descansar uns 15 minutos antes de destrinchar e servir.

Receita de Nigella Lawson, do lindo livro Feast.

Espero que todos tenham tido um excelente Natal. ^_^

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Bolo de iogurte e, sim, especiarias de novo

Se não tem frutas secas ou especiarias, não é de Natal. Ou pelo menos não remete às minhas memórias de Natal. Então perdoem-me se a lista de ingredientes começa a soar repetitiva. Logo logo dezembro acaba.

Este é um bom bolo para se distribuir pedaços primeiro e descrevê-lo depois. Quando me perguntaram "o que tem no bolo?", a resposta foi muito longa: iogurte, nozes, canela, cacau, noz-moscasa, pimenta-do-reino, pimenta-da-jamaica, cravo, casca de tangerina e baunilha. E vi alguns narizes torcidos, receosos do excesso de informação. Gente que gosta de Chocottone. Eca.

Mas a verdade é que, como Flo Braker promete, os sabores do bolo são muito equilibrados, tornando-o suave, excelente para um café-da-manhã ou chá da tarde, acompanhado de frutas de verão, principalmente manga. Bem diferente dos bolos fortes que costumam levar todos esses temperos, esse você corre o risco de comer inteiro sozinha, tão leve.

Enquanto vou brincando com especiarias, meu já não tão pequeno matador de dragões engatinha aos meus pés, batendo colheres de pau no chão, segurando em meus joelhos para ficar de pé. Em uma semana apenas ele aprendeu tantas coisas novas, que às vezes é difícil acompanhar sua evolução. Minha mais importante lição, no entanto, foi me dar conta de que o pequeno não será um comedor de Chocottone, ainda bem. Adora frutas secas, passas, damascos, tâmaras, que apanha com as pontas dos dedos e leva à boca; e noutro dia, com pressa, dando-lhe alguns legumes apenas cozidos, ele os rejeitou. Uma colherada de pesto e um pouco de pimenta-do-reino e manha resolvida: raspou o prato. O menino sabe o que é bom e não aceita comida sem graça. ;)

BOLO DE IOGURTE E ESPECISARIAS
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 1 bolo médio

Ingredientes:
  • 2 1/2 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (chá) canela em pó
  • 1 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) cacau em pó
  • 1/2 colh. (chá) pimenta-da-jamaica moída
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1/8 colh. (chá) cravo moído
  • 1/8 colh. (chá) noz moscada ralada na hora
  • 1 colh. (chá) extrato natural de baunilha
  • 1 xic. iogurte natural
  • 225g manteiga sem sal, em temperatura ambiente
  • 1/2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1 xic. açúcar mascavo claro, apertado na xícara
  • 4 ovos grandes, orgânicos, em temperatura ambiente, ligeiramente batidos
  • 1 xic. nozes moídas finamente
  • 1 colh. (sopa) casca de laranja ralada fina (usei tangerina)

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Escolha uma forma Bundt de 25cm de diâmetro por 7,5cm de altura, ou uma forma redonda com furo no meio de 25cm de diâmetro por 10cm de altura. Unte generosamente com manteiga, passe uma camada fina de óleo em spray por cima (se você tiver em casa) e polvilhe com farinha, batendo o excesso na pia.
  2. Em uma tigela grande, peneire a farinha, fermento, sal e especiarias. 
  3. Em uma tigela pequena, misture a baunilha ao iogurte.
  4. Na tigela da batedeira, bata a manteiga em velocidade média até que fique cremosa, 30-45 segundos. Junte os açúcares de uma vez e bata por mais 3-5 minutos, até que fique clara e fofa. Pare a batedeira ocasionalmente para raspar as laterais da tigela com uma espátula.
  5. Junte os ovos batidos, umas 2 colheres de sopa por vez, misturando bem a cada adição, e ocasionalmente raspando as laterais com a espátula. 
  6. Na velocidade baixa, junte as nozes moídas.
  7. Junte a farinha em quatro partes, alternando com o iogurte em três partes, começando e terminando com a farinha, e misturando apenas o suficiente para que esteja incorporada. Com a espátula, junte a casca de laranja. 
  8. Despeje a massa na forma, espalhando de modo uniforme, e leve ao forno por 40-45 minutos, ou até que esteja dourado e você toque a superfície e ela volte para o lugar.
  9. Retire do forno e deixe esfriando sobre uma grade por 10 minutos. Incline a forma, dando leves tapinhas, para soltar o bolo, e inverta na grade, retirando a forma e deixando que esfrie completamente antes de servir.

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Pão de trigo sarraceno, canela e passas

Sumi. Sumi não por não ter preparado nada, mas porque meu computador resolveu disparar a tecla Zero e o Shift virou R. Por quê? Boa pergunta. Um dia eu vou descobrir.

Mas estou de volta. De volta com um pão maçudo, perfumado de canela, de sabor forte de trigo sarraceno, e pontilhado de passas e nozes. Maravilhoso com uma passadela de cream cheese e uma colher de geleia caseira de maçã. Sabores natalinos para um café-da-manhã nutritivo para meu pequeno matador de dragões, que cata os pedacinhos de pão com as pontas dos dedos e leva a mão inteira à boca, para garantir que não perdeu nenhuma migalha. O pão é poderoso, uma fatia basta para um adulto, mas ele quis uma inteira também, o danado, Ogro-Saco-Sem-Fundo.

PÃO DE SARRACENO, CANELA E PASSAS
(adaptado do excelente livro Vegetarian Cooking for Everyone, de Deborah Madison)
Rendimento: 1 pão de forma
Tempo de preparo: cerca de 3h30

Ingredientes:
(esponja)
  • 3/4 xic. água morna
  • 2 1/4 colh. (chá) fermento biológico seco
  • 1 1/3 xic. farinha de trigo
  • 1/2 xic. iogurte natural
  • 3 colh. (sopa) melado de cana
(pão)
  • 2 colh. (sopa) óleo
  • 1 3/4 colh. (chá) sal
  • 1 1/2 xic. passas 
  • 2 colh. (chá) canela em pó
  • 1 xic. nozes picadas
  • 1 xic. farinha de trigo sarraceno
  • 1 a 1 1/4 xic. farinha de trigo

Preparo:
  1. Misture todos os ingredientes da esponja, cubra e deixe em local fresco e morno por1 hora.
  2. Mexa a esponja com uma colher e adicione o óleo, o sal, as passas, a canela e as nozes.
  3. Junte a farinha de sarraceno e então tanta farinha de trigo quanto necessária para que a massa tome corpo.
  4. Vire numa bancada e sove a massa até que esteja macia e elástica, cerca de 6 minutos. Coloque em uma vasilha untada com óleo, cubra e deixe fermentar até que dobre de tamanho, cerca de 1 a 1h30.
  5. Abaixe a massa e molde. Coloque eu uma forma de pão-de-forma untada, cubra e deixe fermentar por mais 40 minutos. Nos últimos 15, ligue o forno a 190ºC. 
  6. Pincele o pão com ovo batido com um pouco de água ou apenas polvilhe o pão com mais farinha de sarraceno e leve o pão ao forno. Asse por 45 minutos ou até que esteja bem dourado e se desprendendo da forma. Deixe esfriar completamente sobre uma grade antes de consumir. Fica ótimo com queijos, cream cheese ou geleia de maçã.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Chocolate Gingerbread, pôsters, quadros e cartões

Entrei numa onda de mega-produção de doces natalinos, mega-vontade de correr um monte (pra compensar a comilança de doces natalinos) e mega-loucura de desenhar (pra relaxar a cabeça do tempo na cozinha preparando os doces natalinos). Na minha correira, não achei que fosse dar tempo de produduzir mais nada pra a lojinha do Desenhoquê, muito menos antes do Natal. Mas enquanto comia desse Chocolate Gingerbread da Nigella, lambuzando os dedos de chocolate e gengibre, consegui dar conta de fazer o que eu queria.

Para quem se interessar em presentear no Natal, estão disponíveis uma nova leva de pôsters Frutas e Verduras, ainda algumas unidades da série Monstros (que não será reimpressa) e, finalmente, as reproduções em papel especial da série Momentos Culinários, que participou daquela mini-exposição. Estes são pouquíssimas unidades e também não serão reimpressos. Ainda para quem só quiser uma coisinha fofa, produzi o cartãozinho de Natal para anexar aos presentes, tamanho pequenino, podendo ser comprado em jogos de 5. Tudo disponível AQUI para compra a partir da sexta-feira. :)






Quanto ao Gingerbread, se eu disser que é fácil vocês vão começar a desconfiar, uma vez que tenho dito isso a respeito de tudo, ultimamente. Mas quão difícil é derreter manteiga e juntar todo o resto com uma colher? O bolo é muito, muito macio e úmido, beirando o impraticável comer sem prato e garfo. A cobertura é bastante doce, mas uma delícia, e o conjunto todo, repleto de especiarias, molinho, derretendo na boca, é ótimo para comer no sofá, no fim de um dia estressante de fim de ano, seguido de uma xícara de chá verde pra fingir que a coisa toda não foi direto para os seus quadris. Aviso aos navegantes, no entanto: a receita rende e o bolo fica alto; tenha alguém para quem dar um pedacinho, se não quiser que escolham você para se vestir de Papai-Noel esse ano. ;)

CHOCOLATE GINGERBREAD
(ligeiramente adaptado do livro Feast, de Nigella Lawson)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 12 porções

Ingredientes:
(bolo)
  • 175g manteiga sem sal
  • 125g açúcar mascavo
  • 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico
  • 200g mel
  • 200g melado de cana
  • 1/4 colh. (chá) cravos moídos
  • 1 colh. (chá) canela em pó
  • 2 colh. (chá) gengibre em pó
  • 1 1/4 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 2 colh. (sopa) água quente
  • 2 ovos orgânicos
  • 250ml leite integral
  • 275g farinha de trigo
  • 40g cacau em pó
  • 175g chocolate chips
(cobertura)
  • 250g açúcar de confeiteiro
  • 30g manteiga sem sal
  • 1 colh. (sopa) cacau em pó
  • 60ml água
  • 1 colh. (chá) gengibre fresco ralado

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 170ºC. Forre o fundo e laterais de uma forma de 20x30cm, com 5cm de profundidade, com papel-manteiga.
  2. Em uma panela de tamanho médio, derreta a manteiga, o mel, o melado, os açúcares e as especiarias. 
  3. Em um potinho, misture o bicarbonato com a água quente. 
  4. Tire a panela do fogo quando tudo estiver homogêneo e dissolvido, e junte os ovos, um a um, mexendo rapidamente com um batedor de arame ou garfo, para que os ovos não cozinhem, ou você terá ovos mexidos no bolo.
  5. Junte o leite,  e o bicarbonato dissolvido na água, e então a farinha e o cacau, mexendo bem com uma espátula. 
  6. Junte os chips de chocolate e despeje na forma. Asse por 45 minutos, ou até que tenha crescido e esteja firme ao toque. Testando com um palito, a massa deve estar ainda um pouco úmida por baixo. 
  7. Remova do forno e deixe esfriar na forma, sobre uma grade. Desenforme, retire o papel-manteiga e faça a cobertura.
  8. Para a cobertura, peneire o açúcar e reserve. Numa panela, derreta a manteiga, o cacau, a água e o gengibre, mexendo até que fique homogêneo. Retire do fogo e misture o açúcar com um batedor de arame. Aplique imediatamente a cobertura sobre o bolo. Fatie em 12 quadrados e sirva. O bolo aguenta bem por vários dias, se em um pote fechado.



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