segunda-feira, 25 de setembro de 2006

Escolha suas armas




Recomendei anteriormente que você comprasse uma boa faca de chef. Por quê?, você me pergunta, irritado por ter de gastar dinheiro enquanto há aquele conjuntinho de facas que seu primo comprou na feira à disposição na sua gaveta. Primeiro, porque facas de qualidade costumam ser mais afiadas, e, sendo afiada, uma faca requer menos pressão na hora de cortar, o que dá mais controle e diminui muito a probabilidade de um acidente. Segundo, porque com certos cuidados, ela durará sua vida inteira, e você não precisará mais gastar dinheiro com isso. Terceiro, porque se escolhida com calma, evitará fadiga e dores nas mãos e antebraços na hora de picar, cortar e fatiar, tornando seu trabalho mais prazeroso, rápido e eficiente.

COMO ESCOLHER SUA FACA
  1. LÂMINA: ela varia de 20 a 35 cm. Escolha uma de acordo com o SEU tamanho, que seja confortável de se segurar. O importante é que seja inteiriça e estupidamente afiada. Aço inoxidável é mais durável, mas mais difícil de afiar, então é opcional.
  2. CABO: pode ser de aço inox ou madeira. É mais difícil remover gordura de cabos de plástico. Com os cuidados certos, seu cabo de madeira durará tanto quanto a lâmina. Quando for comprar sua faca, segure várias delas na mão, com diferentes empunhaduras, até encontrar a mais confortável. Eu tenho dedos muito compridos, e demorei a achar uma faca que não esmagasse os nós dos meus dedos. (foto2)
  3. EQUILÍBRIO: a foto é uma piada, pois você não precisa brincar de circo com sua faca no meio de uma loja cheia de gente. Mas verifique o equilíbrio entre a lâmina e o cabo. Uma faca que pese demais de um lado ou de outro tornará seu trabalho cansativo. (foto3)
  4. CUIDADOS: lave-a bem com água fria e sabão e seque-a com um pano imediatamente após e entre usos, se estiver picando ingredientes diferentes. Usá-la sobre superfícies de vidro, pedra ou metal estragará sua lâmina, assim como guardá-la em uma gaveta junto de outras facas (o atrito das lâminas pode danificar o fio), sem falar que é perigoso. Guarde-a separado em uma bainha, um rack de madeira ou ímas de parede. E mantenha sua faca afiada. Uma pedra de esmeril ou uma chaira são baratas. NÃO AFIE SUA FACA NA BANCADA DA PIA.
  5. ESTUPIDEZ: parece idiota mas NÃO use sua faca para abrir potes, furar latas ou outras coisas idiotas do gênero. Além de estragar sua faca, você pode se machucar seriamente. Compre um abridor-de-latas, oras.

domingo, 24 de setembro de 2006

O 2° molho de tomate mais fácil do mundo

Em termos de técnica, este é o molho mais fácil, pois não requer nem mesmo que você tenha duas panelas em sua cozinha. Ele está, no entanto, em 2° lugar simplesmente porque você precisa ter os ingredientes frescos à mão, enquanto eu suponho que manteiga, 1 cebola e tomates enlatados estejam sempre presentes em qualquer armário mal abastecido. Tudo o que você precisa fazer aqui é picar, enquanto a água para o seu spaghetti não ferve. Você pode fazer o molho com antecedência, lembrando-se de que o sabor dos ingredientes ficará mais forte. Não há necessidade, já que o molho é rapidíssimo de ser feito, mas se quiser prepará-lo um dia antes, deixe-o em uma tigela de louça (metal ou plástico podem interferir no sabor), coberto com filme plástico, mas os tomates perderão um pouco seu frescor e textura. Este é um excelente molho para aqueles domingos de verão em que tudo o que você quer é um prato rápido, leve e refrescante.

MOLHO DE TOMATES CRUS
tempo de preparo: 10 minutos
rendimento: 5 porções de 100g de massa cada


Ingredientes:
  • 6-8 tomates italianos/chucha grandes e maduros (mais ou menos 1kg)
  • 1 dente de alho grande descascado e picado miúdo
  • 1/2 xíc. de azeite extravirgem de oliva de boa qualidade (italiano, de preferência)
  • 1 maço grande de manjericão (italiano de preferência, mas o comum serve)
  • pimenta-do-reino moída na hora
  • sal marinho
  • queijo tipo parmesão

Preparo

  1. Pique os tomates em pedaços de cerca de 1 cm, mantendo a pele e as sementes e coloque em uma tigela funda de servir. Lave e seque muito bem o manjericão, retirando as folhas dos galhos e picando com uma faca ou rasgando em pedaços pequenos com as mãos. Adicione à tigela. Junte o alho e o azeite e misture bem com uma colher de pau. Tempere com sal e pimenta a gosto e reserve.
  2. Cozinhe os spaghetti (1 pacote de 500g), escorra e rapidamente derrame sobre o molho na tigela, e misture rapidamente com a ajuda de dois garfos. Sirva imediatamente acompanhado de queijo tipo parmesão ralado.

Dicas: lembre-se de picar o alho bem miúdo, pois ele será comido cru, e mastigar grandes pedaços dele pode ser uma experiência um pouco desagradável para seu convidado.
Variação: acrescente azeitonas pretas picadas e alcaparras, diminuindo a quantidade de sal do molho. Você pode fazê-lo em menor quantidade, com metade do azeite, e servir em cima de bruschette quentinhas.

Sabor de Fazenda


Neste sábado de manhã fiz um pequeno curso que une duas coisas de que gosto muito: "jardinagem gastronômica". O curso é simples e rápido, e ensina, além dos diferentes tipos e usos de cada erva, como reconhecer outras plantas comestíveis que nascem em seu jardim, na beira da estrada, no meio do mato, e que dariam uma excelente salada se você estivesse (ou não) acampando. No final, você aprende a aromatizar azeites, vinagres e manteigas, e leva um vaso com a erva que você escolher para casa.

O curso é dado pelas irmãs donas do viveiro Sabor de Fazenda, que eu conhecera através de uma revista e do site. Nunca lhes fizera uma visita, pois pensava que o lugar era de difícil acesso, mas descobri que o caminho é muito fácil e (num sábado) rápido. O viveiro foi montado no meio de uma área industrial na Vila Maria, a um quarteirão da marginal Tietê. Ao entrar no lugar, no entanto, você se sente transportado para uma pequena chácara do interior. As ervas-mãe (de onde são tiradas as mudas) foram plantadas em canteiros com formatos sinuosos, o que torna tudo mais leve e natural, como um jardim inglês. Cansada de esperar em vão alguma paixão das pessoas que trabalham com plantas ou comida, foi a mais agradável surpresa conhecer as duas, e ver que eu não sou a única pessoa que fica genuinamente feliz quando seu pé de pimenta dá a primeira flor (foto acima). E o melhor de tudo, toda a sua produção é orgânica!

Se você está começando a se interessar por culinária, recomendo fortemente que comece a conhecer as ervas. E este é um ótimo lugar para começar a aprender ou a criar seu jardim de ervas (elas têm uma variedade grande de espécies, e as mudas pequenas são bastante em conta).

Visite o site: www.sabordefazenda.com.br

OBS: o viveiro mais um amigo meu atrapalhado por não saber o que era tomilho me inspiraram a criar uma área nova do blog: ervas. Tentarei descrevê-las, fotografá-las e dar receitas, tudo para facilitar a sua vida na cozinha e para me divertir um pouco!

sexta-feira, 22 de setembro de 2006

Eu não acredito em calorias 1 - A Dieta

Eu me considero uma gordinha que teve um período bastante magro e agora se encontra num equilíbrio ligeiramente cheinho. Quando nasci, no entanto, me recusava a comer, e os médicos tiveram a brilhante idéia de dar-me um remédio que abria o apetite. Acredito que o efeito tenha sido permanente. Isso mais a esperteza infantil que driblava o olhar atento de minha mãe cada vez que eu abria um novo pacote de bolachas me colocaram em dieta logo aos 12 anos de idade, tempo em que me lembro de levar palitinhos de cenoura para a escola e de não poder comer bananas. O resultado disso foi o de qualquer dieta restritiva: perda de peso insignificante e frustração incomensurável.

Outras dietas vieram depois disso, e os resultados eram sempre os mesmos: um mês inteiro comendo saladas de alface com limão, 2kg perdidos que logo voltavam e pura melancolia. Contudo, as coisas mudaram quando tranquei a faculdade de filosofia e, querendo entrar em publicidade, matriculei-me no cursinho. Na mesma época, empolgada com coisas novas, comecei um curso de esgrima e um de violino. O cursinho me obrigava a andar um bocado para pegar o ônibus, a esgrima fez-me exercitar músculos que eu sequer sabia que tinha, e o violino, que me encantara, ocupava cerca de 3 ou 4 horas de meu dia. Vi, maravilhada, os quilos indo embora, apesar dos gordos croissants de chocolate devorados todos os dias na padaria próxima ao cursinho. Aquilo me instigou.

A segunda grande perda de peso, e aquela que me fez finalmente atingir o tão almejado “peso ideal” foi quando, um ano depois, arranjei meu primeiro emprego: assistente de vendas em uma loja de shopping. Eram 6 exaustivas horas em pé dobrando e arrumando camisas masculinas, mais fins-de-semana e feriados inteiros sem folga. Junte a isso pegar metrô todos os dias para a faculdade (até o metrô eram 6 quarteirões subindo uma ladeira de dar medo). O emprego durou exatamente um mês. Comendo batatas assadas com cheddar e bacon, lasagne ai funghi, sorvetes Häagen-Dazs e a ocasional taça de vinho à noite, consegui, nesse curto período, emagrecer 6 kg.

Foi então que me dei conta de que meu problema não era especificamente o que eu andava comendo, mas quanto tempo meu traseiro ficava acomodado no sofá. O simples fato de ficar em pé metade do meu dia, subindo e descendo a escada que levava ao estoque, já conseguia eliminar toda a comida que eu havia consumido em meu almoço.

Então, essa é a lição número um do “Eu não acredito em calorias”:

NÃO FAÇA DIETA; TIRE A BUSANFA DO SOFÁ.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Pasquale

A casa que começou vendendo apenas antipasti é simpática, com serviço atencioso e ambiente agradável. Mas deveria ater-se somente àquilo que faz de melhor. A berinjela barese e a sardella são extremamente saborosas; você tem vontade de mandar embrulhar um pouco para levar para casa depois do jantar (aliás, você pode fazê-lo, a R$6,80 100g de qualquer antipasto). As massas, no entanto, deixam a desejar. Quando li a descrição do "penne caprese", lembrei-me do spaghetti primaverile que comera em Roma, com tomates-cereja esmagados, grandes punhados de manjericão fresco, e mozzarella de búfala despedaçada derretendo suavemente entre os fios de massa.

Porém, vi decepcionada um prato de penne, como um monte solitário de pasta sem molho, cercado minuciosamente de uns 6 tomates-cereja cortados ao meio e umas 6 bolinhas de mozzarella, graciosamente intercaladas. O manjericão farto que eu esperava eram folhinhas minúsculas individualmente repousadas sobre cada uma das metade de tomates. Muito bonitinho, pensei. Mas onde está o molho?

É claro que não importava o quanto eu mexesse o garfo no meu prato, o macarrão não pegaria jamais o gosto daqueles três ingredientes esparsamente distribuídos. De modo que terminei minha noite mais uma vez frustrada, pensando por que alguém que tem um restaurante italiano se importaria tanto com a aparência do prato ao ponto de prejudicar seu sabor... Seria influência dessa onda de gastronomia, em que o mais porcaria dos botecos tenta aparentar sofisticação na aparência ao invés de... ahn... melhorar seus pratos? Por que um lugar como o Pasquale, que obviamente sabe o que é servir boa comida, se renderia a uma tendência como esta?

Paguei minha conta, àquela noite, pensando que talvez tivesse sido mais proveitoso pedir um antipasto atrás do outro, pulando o prato principal e indo direto à sobremesa...

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

O verdadeiro molho pesto

Apesar de não parecer, o lugar ao lado é um restaurantezinho minúsculo no centro histórico de Genova, na Itália, onde comi o melhor fusilli al pesto do mundo. Quando pedi o cardápio à senhora que atendia as 5 mesas do local, ela me trouxe contente uma pastinha verde com uma folha de caderno escrita à mão: "Fusilli al pesto: 4 euro, Spaghetti al sugo: 4 euro, Vino (1/4 bottiglia): 2 euro".

Explicando o nome: imagine um pilão; a tigela chama-se mortaio, em italiano, enquanto o socador chama-se pesto. Pestare quer dizer "esmagar", daí o nome do molho.

Esta receita é incontestável. Quando entrei na pequena livraria em Genova (onde o molho pesto é tradicional), fui logo perguntando pelo livro de cozinha genovesa mais tradicional, mais correto. E foi esse que comprei, de Alessandro Molinari Pradelli: La Cucina Genovese - in 300 ricette tradizionali.

PESTO ALLA GENOVESE
tempo de preparo: 10 minutos
rendimento: 4 porções


Ingredientes:
  • 1 dente de alho
  • 2 maços grandes de manjericão italiano de folha larga
  • 2 colheres (sopa) de queijo Pecorino ralado fino
  • 2 colheres (sopa) de queijo Parmigiano Reggiano ralado fino
  • 1 colher (sopa) de pinoli
  • 6 colheres (sopa) de azeite extra-virgem de oliva
  • sal grosso marinho
Preparo:
  1. Coloque o alho e uma pitada de sal no pilão e soque até formar uma pasta grossa. É importante que o socador não amasse os ingredientes no fundo do pilão, mas faça movimentos circulares, esfregando os ingredientes contra as laterais da tigela.
  2. Separe as folhas do manjericão dos talos, lave, seque bem e junte ao pilão, amassando-as devagar até que formem uma polpa verde intensa.
  3. Junte os pinoli e o queijo, esmagando e incorporando bem, e depois o azeite, pouco a pouco. Experimente e ajuste o queijo e o azeite a seu gosto. Espalhe o molho sobre 400g de massa que você cozinhou enquanto preparava o pesto (fusilli é a melhor opção) e sirva imediatamente. O molho é suficiente apenas para cobrir a massa com uma delicada película esverdeada. Não é costume servir com queijo à parte, pois o molho já o contém.

DICAS: Somente o manjericão italiano (aquele de folha larga e abaulada) pode ser usado nesta receita. Outros tipos têm um sabor muito mentolado e ficam esquisitos. O pilão não deve ser de metal, pois ele tende a escurecer as folhas do manjericão. Eu costumo colocar em uma segunda tigela a mistura de sal, alho e manjericão, socar os pinolis no pilão até formar uma pasta, e então voltar o manjericão e colocar os outros ingredientes. Assim os pinoli são incorporados mais rapidamente. Você pode substituir os dois queijos por queijo parmesão nacional de qualidade. Se for substituir os pinoli, use castanhas do Pará. Nunca use nozes, pois elas são muito fortes e dominarão o molho. Em última instância, se não quiser comprar um pilão, faça o molho em um pequeno processador de alimentos. Mas não é a mesma coisa. Você pode usar o pesto para sopas, legumes, pães, o que quiser.

Pão de Forma 2 - a missão!


Este é com certeza o pão de forma definitivo, que faz com que você perca a vontade de testar novas receitas! Branco, denso e macio por dentro, com casca dourada escura e firme, sem ser dura. Absolutamente perfeito para a torradeira. Com ele, consegui o aval de meu namorado para não mais comprar pão branco industrializado! A receita é o resultado de uma mistura daquilo que encontrei na internet e tudo aquilo que sei sobre pães, de modo que sua autoria perdeu-se no processo. Digamos que seja um pouco minha e um pouco de todo mundo...

PÃO DE FORMA PERFEITO
tempo de preparo: 15 minutos + 1 hora para crescer + 45 minutos para assar
rendimento: um pão grande, de mais ou menos 1,1kg

Ingredientes:

  • 5 xícaras de farinha de trigo + 3 colheres de sopa
  • 100g de manteiga sem sal em temperatura ambiente (mais ou menos 1/2 xícara)
  • 4 g de fermento biológico seco (1/3 do envelope de 10g)
  • 1 colher (sopa) de açúcar
  • 1 colher (chá) de sal
  • 2 xícaras de leite integral
Preparo:
  1. Aqueça um pouco o leite. Em uma tigela, coloque as 5 xícaras de farinha, o sal, o açúcar, o fermento e a manteiga. Misture bem com uma colher de pau (não se importe com os pedaços de manteiga).
  2. Junte o leite morno aos poucos, misturando com a colher até começar a formar uma massa. Se depois de a massa ter absorvido toda a farinha, ela ainda estiver grudenta demais para segurá-la com as mãos, vá acrescentando uma a uma as colheres de farinha adicionais e amassando com as mãos, até que ela comece a desprender-se da tigela.
  3. Polvilhe um punhado de farinha em uma mesa ou na pia limpa e sove a massa vigorosamente. Ela grudará bastante nas mãos no começo, mas depois de uns 5 minutos ficará lisa e uniforme, e não grudará mais. Coloque-a em uma tigela limpa untada com óleo/azeite e gire a massa para cobri-la com a película de óleo. Cubra com um pano e deixe dentro do forno apagado com a luz acesa por 30 minutos. A massa dobrará de tamanho.
  4. Volte a massa para a mesa ou pia levemente enfarinhada, soque-a e sove novamente, por 1 minuto, para tirar-lhe o ar. Deixe-a num formato alongado, que caiba no fundo de uma forma de bolo inglês de mais ou menos 11 x 28cm. Unte a forma com óleo/azeite e um pouco de farinha, coloque ali sua massa, cubra com o pano e deixe descansar em lugar sem vento por mais 30 minutos. Enquanto ela dobra de tamanho novamente, pré-aqueça seu forno a 220°C.
  5. Retire o pano e leve ao forno quente por 45 minutos (lembre-se de não bater a porta do forno nem abri-la antes de terminado o tempo). Desenforme com cuidado (ele deve sair fácil) e deixe esfriar completamente antes de servir, pois a casca amolecerá neste tempo.

terça-feira, 19 de setembro de 2006

Macarrão do jeito certo

Acho que se é para inspirar meus amigos a largar a comida congelada, talvez seja melhor começar com coisas um pouco mais básicas, como cozinhar macarrão. Parece bobagem, nas já presenciei pessoas colocando manteiga na água do cozimento, ou colocando a massa na água praticamente fria. Para evitar esses pequenos desastres culinários, siga os passos abaixo:

  • A PORÇÃO: 100g de massa por pessoa. Parece pouco, mas isso é o que cabe em um estômago saudável e deve satisfazê-lo.
  • A ÁGUA: para cada 100g de massa, usa-se 1 litro de água (a partir de 300g, no entanto, não passe de 3,5 litros ou use 2 panelas, pois o caldeirão ficará muito grande e muito cheio e pode causar acidentes sérios). Tampe e leve ao fogo alto, até que a água esteja fervendo com bolhas grandes.
  • O SAL: ele é a única coisa que você colocará na água. Para cada litro de água, coloque meia colher (sopa) de sal. Cuidado, pois o sal faz com que a água borbulhe mais e espirre.
  • A MASSA: se for qualquer tipo de spaguetti, NÃO os quebre. Segure os fios juntos, no meio, com as duas mãos, torça ligeiramente e apoie a base dos fios no fundo da panela, soltando-os de uma vez. Eles abrirão em leque em direção à borda, e o próprio movimento da água os arrastará para dentro. Quando a massa estiver submersa, tanto com os spaghetti quanto qualquer outro tipo de massa, você precisa mexer suavemente com um garfo por um minuto apenas. A temperatura da água e o garfo nos primeiros instantes impedirão que a massa grude: você não precisa acrescentar óleo na água. Siga sempre o tempo de cozimento escrito no pacote, pois ele varia; mas experimente a massa cerca de 2 minutos antes do tempo haver terminado. Melhor do que jogá-la na parede de sua cozinha, é colocá-la na boca: se estiver ligeiramente resistente à mordida, mas sem grudar em seus dentes, está pronta. O melhor escorrê-la instantes antes de ela estar no ponto, já que continuará cozinhando no próprio calor.
  • O MOLHO: massas não esperam as pessoas, e sim o contrário. Escorra o macarrão rapidamente e volte-o à panela, imediatamente cobrindo-o com o molho escolhido e misturando com garfos. Se a base do molho for manteiga, acrescente uma colher da mesma, e se for azeite, uma colher pequena. Isso ajuda a soltar o molho. "Sirva imediatamente" não é apenas uma expressão. Existe uma palavra em italiano que fala da massa que ficou sentada esperando os convidados: scotta. Enquanto espera, a massa cozinha além do ponto em seu próprio calor, ficando grudenta e fria. Não deixe que isso aconteça.
Bom apetite!

domingo, 17 de setembro de 2006

Roscas finlandesas com cardamomo


Fiquei com vontade de fotografá-las apenas porque ficaram exatamente como a foto do livro de receitas, tão bonitas e douradas.

Seu sabor é tão marcante quanto o aroma, mas creio que adequado somente a paladares mais treinados, pois o cardamomo não é um ingrediente comum entre os brasileiros, e esse pão adocicado, ligeiramente picante, pode parecer esquisito para quem não costuma se aventurar nos sabores.

Você pode encontrar a receita no livro Biscuits et Petits Gâteaux, da Editora Marabout, ou em inglês, Bake it, da Murdoch Books, o original australiano.

Tudo de que você precisa


Se você está começando a cozinhar ou montando sua casa, não precisa sair correndo e gastar toda a sua poupança em dezenas de equipamentos caros e espaçosos. Com os utensílios mostrados na foto, você consegue fazer qualquer receita, sem batedeiras elétricas, mixers, processadores, picadoras, etc. E o melhor: quase tudo isso cabe em uma gaveta, e, indo a lojas do centro da cidade, consegue-se por um preço bastante camarada. Esta é a lista do que você realmente precisa:
  • Faca de chef de lâmina de 20 cm.
  • Faca de pão.
  • Faca de frutas.
  • Faca de desossar (os vegetarianos podem deixá-la na loja).
  • Descascador.
  • Descaroçador.
  • Abridor de latas e garrafas.
  • Saca-rolhas.
  • Colher de servir.
  • Escumadeira.
  • Concha.
  • Colher de pau (se comprar apenas uma, compre uma de cabo bem longo).
  • Espátula comum de plástico (não risca a superfície de T-fal da frigideira).
  • Espátula longa de metal.
  • Pegador tipo pinça.
  • Fouet (baterdor de arame tipo balão) grande.
  • Fouet pequeno.
  • Peneira de metal.
  • Colheres-medida (conjunto com colher de sopa, de chá, e suas respectivas metades).
  • Copo medida em xícaras e mililitros.
  • Ralador de 4 faces.
  • Pincel de cozinha.
  • Moedor de pimenta.
  • Rolo de macarrão de madeira.
  • Tábua de corte de madeira, alta e pesada.
  • Pilão de pedra-sabão ou mármore (evite os de metal).
Dúvidas? Deixe um comentário. Boas compras!

sábado, 16 de setembro de 2006

Gelato de Chocolate: o sucesso!


Enfim um gelato que meu namorado gostou! Além do gosto delicioso de chocolate, a pequena quantidade de sal garantiu que o sorvete não criasse cristais de gelo e jamais atingisse o ponto de congelamento, mesmo após dias no freezer, permitindo que qualquer um se servisse do pote sem ter de deixá-lo derreter previamente.

O chocolate usado foi o meio-amargo da Callebaut, com 40% de cacau belga e sem gordura hidrogenada. É o que eu uso para todos os doces que faço e vale seu preço um pouco superior. É absolutamente imprescindível que se use chocolate de qualidade, que não contenha gordura hidrogenada.

Sei que parece trabalhoso, mas na verdade é só bater um líquido por 5 minutos algumas vezes, nada mais, e você sequer precisa de uma sorveteira, ainda que elas facilitem. O melhor lugar para manter seu sorvete é um pote de 1 litro de sorvete industrializado, pois eles têm tampa. A receita pode ser dobrada para fazer 1 litro de sorvete.

GELATO DE CHOCOLATE
Receita adaptada do livro: The Ultimate Frozen Dessert Book, de Bruce Weinstein & Mark Scarbrough
tempo de preparo: 30 minutos mais 5 horas para gelar.
rendimento: 500 ml


ingredientes:

  • 100g de chocolate meio-amargo Callebaut, picado
  • 3 gemas
  • 1 xícara de açúcar cristal orgânico
  • 2 1/2 xícaras de leite integral
  • 1/4 xícara de creme de leite fresco
  • 1 1/2 colher de chá de essência de baunilha
  • 1/8 colher de chá de sal
Preparo:
  1. Derreta o chocolate em banho-maria e deixe esfriar por 5 minutos.
  2. Bata as gemas e o açúcar com uma batedeira ou batedor de arame (fouet) até ficar homogêneo (ficará bem granulado). Misture o chocolate derretido e bata até ficar homogêneo mas ainda granulado. Reserve.
  3. Coloque o leite e o creme de leite em uma panela e leve a fogo médio-baixo até quase levantar fervura (pequenas bolhas nas laterais). Desligue o fogo e, sempre batendo, coloque 1/4 do leite e creme na mistura de chocolate. Devolva essa nova mistura à panela junto com o restante do creme e leite e cozinhe em fogo bem baixo, mexendo com uma colher de pau por cerca de 2 ou 3 minutos, até que o creme de chocolate cubra as costas da colher e, você passando nela o dedo, o creme não escorra.
  4. Passe a mistura por uma peneira para o pote em que vai guardar seu sorvete. Misture o sal e a baunilha. Tampe bem e leve à geladeira até que esfrie completamente (cerca de 1 hora), e então coloque no freezer, acertado na potência máxima se o dia estiver quente. Depois de uma hora, retire do freezer e bata bem o sorvete (com batedeira ou fouet), para quebrar os cristais de gelo que possam ter se formado. Volte ao freezer e repita a operação mais 3 vezes (ou seja, por mais 3 horas) e seu sorvete estará pronto.

sexta-feira, 15 de setembro de 2006

"Espetinho" (Updated)

Não se trata de um restaurante. Aliás, não é sequer um bar. Em uma esquina tranqüila de Perdizes, alguém resolveu construir uma grande churrasqueira dentro de uma casa antiga, espalhar mesas e cadeiras de plástico na calçada sob um toldo vermelho esmaecido e colocar a família para trabalhar. Não tinha fé de que fosse um bom lugar para ir àquela noite, pois estava com muita fome, e meu amigo me dissera que o lugar servia apenas espetinhos. "Se tiver espetinho de abobrinha, não tem problema", brinquei, apreensiva. E não é que, para minha total surpresa, não só serviam espetinho de abobrinha mas também de berinjela temperada?

O "Espetinho", como todos chamam o lugar, foi uma experiência muito mais agradável do que eu esperava. Todos os espetos (não importando se são de carne, salmão ou simplesmente pão com alho) custam o mesmo preço: menos de 2 reais. Muito baratos em relação a sua qualidade. A bebida também é em conta, e você pode escolher entre chopp e cervejas em lata. Tanto os espetos quanto as bebidas são levadas em uma bandeja por entre as mesas, deixando que o freguês se sirva daquilo que ele quiser, a não ser pelos espetos de legumes e peixes, que devem ser pedidos à garçonete.

Se você quiser sair com seus amigos para comer uma comida bastante simples mas preparada corretamente, beber cerveja num preço justo e lembrar os tempos de faculdade, esta é uma excelente opção.

Endereço: esquina da rua Caraíbas com rua Wanderley (Cel. Melo de Oliveira), Perdizes. (Aceita-se VISA.)

[UPDATE: fui lá de novo, e o lugar mudou de endereço, umas esquinas para o lado. Estava gostoso, mas o "serviço" deu uma caidinha.]

quarta-feira, 13 de setembro de 2006

Pão de Forma do Homem-Elefante


Não adianta quantos pães macios e com crosta eu faça: meu namorado continua pedindo que eu compre pão de forma industrializado. Resolvi testar, então, uma receita de pão de forma caseiro, MUITO fácil, que encontrei na internet. Como era para dois pães grandes, dividi a receita e adaptei, colocando azeite de oliva ao invés de óleo vegetal comum, e fermento biológico seco no lugar do fresco em tabletes.

Tudo ia bem, até a massa começar a crescer. A receita especificava uma forma de bolo inglês GRANDE. Tendo a minha 28,5x11,5cm, pareceu-me o suficiente quando coloquei a massa molenga no fundo da forma. Em 20 minutos, no entanto, ela dobrou de tamanho, e, antes que eu pudesse colocá-la no forno quente, começou a espalhar-se pelas laterais da forma como o no filme "A Bolha Assassina".

Coloquei o pão no forno, na esperança que ali ele se aquietasse, mas o cheiro de queimado chamou-me de volta à cozinha, onde presenciei meu pão de forma multiplicando-se como uma ameba em diversos filhotes: a massa crescera a tal ponto que, escorrendo pelas laterais, soltara-se em grandes bolotas brancas, agora enegrecendo no chão do forno. Tudo o que pude fazer foi dar de ombros e prosseguir com o preparo, ignorando o cheiro de carvão, já que o pão que estava dentro da forma parecia perfeito.

O resultado vocês podem ver na fotografia: o pão do Homem-Elefante, inchado e disforme como ficaria um cogumelo retangular. O importante, porém, é que ficou gostoso.

Veja aqui a receita inteira.

sexta-feira, 8 de setembro de 2006

Mestiço

Como eu disse no outro tópico sobre comer fora, está cada vez mais difícil. Tantas boas recomendações, mas o Mestiço não passou de uma grande decepção.

Antes mesmo de pensar em comida, a circulação do ambiente é péssima para os garçons; vê-se que não houve um bom planejamento do número e disposição das mesas. Se inclinasse minha cabeça para trás, acertaria a careca do homem sentado atrás de mim. O atravancamento de mesas causou também um efeito direto na qualidade do serviço: como os garçons não alcançavam todas as partes da mesa de 14 pessoas que havíamos reunido, ouvimos frases como "toma seu prato" e "me dá seu prato aí", seguidos de malabarismos meus e de meu namorado com nossos pratos, tentando passá-los à garçonete por cima da cabeça de nossos amigos. Até então, desagradável, mas facilmente perdoável por uma boa experiência gastronômica. O que, fatidicamente, não ocorreu.

Não comendo carne vermelha ou de aves, minhas opções resumiram-se a saladas muito simples para seu elevado preço, massas cujos ingredientes eu tinha em casa e peixes que pareciam saborosos, mas cujo preço deixava um gosto amargo na boca. Com orçamento limitado àquela noite, pedi o peixe que me parecia mais interessante dentre os mais em conta: salmão teriaki com batatas grelhadas. Não há como estragar um prato tão simples, pensei. No entanto, a batata (porque era de fato 1 batata pequena fatiada) estava fria, sem sal, e não havia sido grelhada o suficiente para cozinhar por igual. O salmão, que poderia salvar o prato, tinha gosto de peixe. Ria o quanto quiser, mas peixe fresco não tem gosto de peixe, não tem aquele cheiro do porto de Santos. Peixe fresco lembra gosto de mar. Estava claro que o peixe havia sido congelado, comprometendo um prato que depende completamente da qualidade de um único ingrediente. Fiquei pensando se o chef do restaurante já ouvira falar em ervas... Você precisa ser muito confiante da qualidade de seus ingredientes para fazer algo assim tão simples, e obviamente, algo deu muito errado no meio do caminho.

O que salvou meu prato, e que me deu vontade de andar até a cozinha e sugerir ao chef, foi o chutney doce e espesso como goiabada que havia sido servido à parte para o curry de legumes de meu namorado. Apossei-me dele e espalhei-o sobre o peixe e sobre a batata, o que enfim possibilitou que minha boca sentisse algum gosto agradável. Vai uma dica, então: salmão grelhado com chutney de manga.

Definitivamente, não tenho a menor intenção de retornar a um restaurante que me obriga a "consertar" minha refeição à mesa. Espero que outras pessoas tenham menos senso crítico e tenham apreciado seu jantar de 50 reais.

quarta-feira, 6 de setembro de 2006

Nuggets

Mesmo sendo ovo-lacto-vegetariana, meu maior problema não é o consumo de carne, mas o de produtos excessivamente industrializados. Ou seja, aqueles que contém mais elementos químicos do que ingredientes naturais, que, por sua vez, não têm 1/5 da qualidade que se espera.

Por isso, Jamie Oliver é meu herói. Se esse video, demonstrando passo-a-passo a produção de nuggets de frango industrializados, não convencê-lo a parar de comer essas porcarias, nada mais vai.

http://www.youtube.com/watch?v=DKcd4-IRsBk

Comer fora

Quem gosta de cozinhar vai concordar comigo: conforme você se aventura no mundinho da culinária, fica cada vez mais difícil jantar fora. Dizem que São Paulo é a capital mundial da gastronomia. Eu digo que não. Pode ser que haja uma variedade imensa de restaurantes na cidade, mas quando a conversa é qualidade dos ingredientes e cuidado no preparo, tudo muda de figura. Foi difícil escolher, num outro dia, um restaurante simples onde um amigo e eu pudéssemos almoçar decentemente. Tendo ele começado a se interessar pela cozinha, dividiu comigo sua insatisfação ao perceber que os pratos oferecidos pela maioria dos bistrôs da região, por cerca de 26 reais, não eram nem um pouco melhores do que aqueles que preparamos em casa, por 1/5 do valor. Não me animo a comer massas em restaurantes, pois raramente me deparo com alguma receita inédita ou algo que de fato valha seu preço.

Eu tinha uma idéia romântica da cozinha de um restaurante até passar meu dia em uma. Observei, com uma revolta resignada, os cozinheiros tirando do freezer o macarrão e o risotto já cozido pela metade (em caldo de legumes industrializado), e a produção de um pão para couvert que não deu certo pois o fermento fresco já não era fresco havia duas semanas. Eu entendo que seja necessário, em um restaurante movimentado, deixar o alimento o mais pronto possível para que o cliente não aguarde 40 minutos por seu prato. Mas quando a qualidade do prato é comprometida são outros quinhentos. Aliás, são esses quinhentos que me incomodam, pois eles saem do meu bolso rapidamente em troca de um risotto de terceira categoria, e, infelizmente, meu bolso ainda não é cheio o suficiente para bancar os restaurantes que de fato têm azeite extra-virgem na mesa, e não azeite comum em uma garrafinha oleosa reutilizada oitenta vezes.

Cozinhe isso também!

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