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sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Verão, refeições colaborativas, cozinhando sem me dar conta

Basler Leckerli depois de cortado.


Ah, o verão.

Esse bafo quente do inferno.
Esse ar parado onde só se movimentam mosquitos.
Essa vontade de me jogar no sofá em frente ao ventilador e permanecer ali até a noite chegar.
Esse asfalto quente que queima as patas do cão quando a gente sai pra passear.
Esse sol escaldante que torra a nossa nuca enquanto a gente tenta ler no parquinho que não tem sombra.
Essa chuva à tarde que frustra todas as minhas tentativas de levar as crianças pra passear na cidade.
As moscas.

Ah.

O verão.

Dezembro passou num piscar de olhos e com alívio. Natal e Reveillon com a família foram muito muito bons, mas parece que mesmo não mexendo minha busanfa para fazer ceia nem nada, ainda assim os compromissos, o trânsito caótico de São Paulo e o preço das cerejas deixa você meio que em estado irritadiço e ansioso o tempo todo. Quando você se dá conta, está de férias há um mês, mas parece que alguém esqueceu de avisá-lo disso, pois você nem passeou nem descansou durante esses trinta dias que passaram voando.

Aquela velha rotina de infindáveis receitas de Natal durante Dezembro com certeza não existiu por aqui. Concentrei mais meu tempo em ficar com as crianças e colocá-las para me ajudar na cozinha do dia-a-dia propriamente dita.

Para não dizer que não fiz NADA-NADA especial para Natal e Reveillon, fiz sim. Coisas bem simples e muito poucas.

Fiz ESSES BISCOITOS de canela da Martha Stewart para dar às professoras no último dia de aula. No fim das contas, as crianças acabaram se animando e correram para escolher os cortadores. Para minha surpresa, eles foram extremamente cuidadosos e organizados, e os biscoitos saíram perfeitos. Tanto, que pensei que as professoras não acreditariam em mim quando dissesse que eles os haviam feito. :P

Também fiz, a pedido do marido, e novamente com a ajuda da pimpolhada empolgada, os Spekulatius de sempre, receita AQUI NO BLOG.

Esse ano combinamos de só dar presentes para as crianças. Mas como minha sogra e meus pais se encarregaram da ceia, e eu não queria ir assim tão de mãos vazias, resolvi fazer um biscoito suíço chamado Basler Leckerli, do livro Minha Cozinha em Berlim, da Luisa Weiss, que fora presente de Natal de minha sogra há uns bons anos atrás, e foi um dos livros que mantive por ter algumas receitas alemãs que eu ainda queria testar - essa entre elas. Os biscoitos, que com o passar dos dias vão ficando mais sequinhos e crocantes, e que meus filhos chamaram de "biscoito de balinhas", por causa das frutas cristalizadas coloridas, para mim tinham gostinho bom de panettone, e foram embalados e dados de presente para a família na noite do dia 24.

Basler Leckerli antes de separar.


BASLER LECKERLI
(Do livro Minha Cozinha em Berlim, de Luisa Weiss)
Rendimento: cerca de 40 biscoitos de 2,5cm

Ingredientes:
  • 3/4 xic mel
  • 1/3 xic açúcar + 1 colh (sopa)
  • 1/4 colh (chá) sal
  • 2 1/2xic. farinha de trigo
  • 2 colh (chá) fermento químico em pó
  • 1 ovo grande
  • raspas da casca de 1 laranja orgânica
  • raspas da casca de 1 limão-siciliano orgânico (usei taiti)
  • 1/8 colh(chá) noz moscada ralada
  • 1/8 colh (chá) cravo em pó
  • 1 1/2 colh(chá) canela em pó
  • 2/3 xic. (rasa) de amêndoas sem pele, bem picadas
  • 3/4 xic.casca de laranja cristalizada, bem picada (ou substiua as duas cascas cristalizadas pelas mesmas quantidades de frutas cristalizadas sortidas, como eu fiz)
  • 3/4 xic. casca de cidra cristalizada, bem picada 
  • 1/4 xic. açúcar de confeiteiro
Preparo:
  1. Numa panela em fogo médio, derreta o açúcar, mel e sal e passe a mistura para uma tigela. deixe esfriar. 
  2. Aqueça o forno a 190oC. Em outra tigela, peneire a farinha e o fermento.
  3. À mistura de mel, junte o ovo batido, as raspas, as especiarias e 2/3 da farinha. Misture bem enquanto acrescenta as amêndoas e as frutas cristalizadas. Junte o restante da farinha e misture. A massa fica bem dura.
  4. Forre uma assadeira grande (50x30cm) com papel-manteiga ou silpat. Unte as mãos e aperte a massa na assadeira, espalhando, até que fique com pouco menos de 0,5cm de espessura e mais ou menos uniforme. 
  5. Coloque a assadeira no forno e asse por 15 minutos. Abaixe o fogo para 175oC e asse por mais 10 minutos ou até que esteja dourada e ligeiramente inchada. Cuidado para não queimar embaixo. 
  6. Quando a massa estiver quase pronta, prepare o glacê. Numa panela, em fogo médio-alto, coloque o açúcar de confeiteiro e 2 colh (sopa) de água. Cozinhe até que a água tenha evaporado e o glacê esteja formando bolhas grandes. Ainda deve estar mais líquido que grosso, para poder espalhar. 
  7. Retire a massa do forno e imediatamente cubra com o glacê, usando um pincel para ajudar a espalhar. 
  8. Imediatamente corte a massa em quadrados de 2,5cm, sem retirar da assadeira. (Se estiver usando um silpat, use uma espátula ou um raspador de pão, pois uma faca pode danificar o silpat.) Deixe esfriar até temperatura ambiente. Então separe os quadradinhose guarde em um pote hermético por até 2 meses.
Aliás, continuo mandando embora meus livros de cozinha, e às vezes, quando surge um arrependimento, uma receita que eu queria mas não tenho mais, corro para a internert, onde tenho redescoberto alguns blogs. Nisso, reencontrei o Wednesday Chef, da Luisa Weiss, e descobri que ela fizera um livro inteirinho de baking da Alemanha que parece puro amor. Confesso que me deu um comichão imenso para comprar o livro, mas me refreei, pelo menos por enquanto. O processo é de "down sizing" e economia, então não convém botar nada de novo na casa que não seja absolutamente necessário. Ao invés disso, resolvi testar as receitas do livro que encontrei disponíveis por aí net afora. Na própria página da Amazon, fiquei namorando a foto dos pãezinhos em forma de croissants, cobertos de sementes de papoula, mas a única página que se podia visualizar era a dos ingredientes. Sem problemas, pensei. Pelos ingredientes deduzi como deveria ser o preparo, e assim fiz os danados, que nada mais são que pãezinhos de leite que se enrolam como os croissants e se cobrem de sementes. Uma delícia e muito fáceis, presumindo que o preparo dela era o mesmo que o meu... ;)

MOHNHÖRNCHEN
(adaptado do livro Classic German Baking, de Luisa Weiss)
Rendimento: 10-12 pãezinhos

Ingredientes:
  • 2 colh(chá) fermento biológico seco
  • 3 colh(sopa) açúcar
  • 1 colh(chá) sal
  • 3 colh(sopa) manteiga, derretida
  • 1 xic. + 2 colh(sopa) leite morno (ou temperatura ambiente se o dia estiver quente)
  • 1 ovo
  • 500g farinha de trigo
 (cobertura)
  • 1 gema de ovo
  • 1 colh (chá) leite
  • 1-2 colh (sopa) sementes de papoula
Preparo:
  1. Numa tigela grande ou na tigela da batedeira planetária, dissolva o fermento e o açúcar no leite morno e deixe espumar por uns 5-10 minutos.
  2. Junte o sal, a manteiga, o ovo e a farinha e misture bem até formar uma massa. Sove por 5-10 minutos, à mão ou com o gancho da batedeira, até que ela fique lisa e elástica
  3. Forme uma bola, coloque numa tigela untada e cubra com filme plástico.  Deixe fermentar por 1 hora ou até que dobre de tamanho.
  4. Abra a massa com um rolo numa superfície ligeiramente enfarinhada, até obter um retângulo de mais ou menos 50x20cm. Corte 10-12 triângulos (use as sobrinhas da massa para abrir novamente em forma de triângulo). Como com croissants, segure as duas pontas da lateral mais estreita do triângulo e puxe um pouco para fora, fazendo orelhas. Então comece a enrolar em direção à ponta, apertando para que o rolinho fique compacto. Coloque numa assadeira forrada de papel manteiga ou silpat, com a pontinha enrolada para baixo (para que não se abra durante o cozimento) e entorte as pontas externas para que fique curvo como uma meia-lua. Repita com os triângulos restantes. 
  5. Cubra com um pano de linho ou coloque a assadeira dentro de uma sacola plástica grande e deixe fermentar por mais 45 minutos ou até que os crescentes dobrem de tamanho novamente. 
  6. Pré-aqueça o forno a 205oC. 
  7. Misture o ovo e o leite da cobertura num potinho. Pincele a mistura em todos  os pãezinhos e polvilhe com as sementes. Leve ao forno por cerca de 25 minutos, ou até que estejam dourados e emitam um som oco quando lhes bater os nós dos dedos na parte debaixo. Retire-os da assadeira e deixe que esfriem sobre uma grade. Depois de frios podem ser congelados dentro de sacos plásticos ou se mantém frescos de um dia para o outro, bem envoltos num pano de prato. 
Mas ainda para o Natal, a noite do dia 24 fora responsabilidade dos outros, mas o almoço do dia 25 foi a bagunça daqui de casa. Minha irmã me pedira encarecidamente pela PASTINHA DE FIGO SECO E AVELÃS que ela pede todo ano desde aquele almoço de Natal há um milhão de anos, e que, tendo encontrado ambos mais baratinho num mercado de São Paulo (porque onde moro você tem que vender um rim para comprar castanhas e frutas secas), resolvi fazer.

Minha mãe trouxe uma carne de panela da minha infância, um lagarto fatiado fino e comido frio, sempre ótimo pro bafão quente de verão, e eu acompanhei com o clássico Orecchiette al forno do Jamie Oliver que é sempre bom e uma torta de alho poró muito simples da Tessa Kiros, do livro Twelve, que foi devorada. O bom tanto do prato de massa quanto da torta é que eu pude preparar no dia anterior. Então no dia 25 mesmo, pude acordar com calma e me concentrar apenas em deixar a casa em ordem e passar maquiagem o bastante para cobrir a cara de ressaquinha. ;)

Meu pai havia dito que traria casquinha de siri de entrada, um clássico familiar que em tempos difíceis fora feito até com atum em lata, e o que era para ser uma entradinha meio que virou almoço, e todos comemos tanto que quase não sobrou espaço para o almoço de fato.

Quando chegou a hora da sobremesa, já era quase hora do jantar, na verdade. Eu preparara um repeteco de um SORVETE DE LIMÃO simples e refrescante (sorvete é sempre bom de fazer, porque você pode fazer com uma semana de antecedência e ficar sossegada até o dia do evento) e era para ser apenas isso. Não tivesse eu no dia anterior tido um siricotico e resolvido de última hora preparar uma receita de brownies de cappuccino de uma revistinha de Natal da Martha Stewart. Eu adoro aquela revistinha específica e acho que já fiz quase todas as receitas dela. Lembrava desse brownie, que eu jurava que tinha vindo parar no blog, e o que me lembrava era de que ele tinha ficado bom mas meio sequinho. Então resolvi mexer na receita. E troquei metade do açúcar orgânico branco pelo mascavo, para trazer tons de caramelo ao sabor e deixá-lo mais "fudgy". Também omiti as gotas de chocolate. E usei chocolate 80% (tenho usado da marca Casino, do Pão de Açúcar) no lugar do unsweetened. Mas acho que o pulo do gato foi a forma. Da primeira vez que fiz, usei minha forma de alumínio quadrada de 20cm, que eu nunca forro porque tem fundo removível. Desta vez, usei minha forma de vidro quadrada de 21cm e forrei com papel manteiga. Não parece muita coisa, mas o brownie ficou mais fino e não secou tanto. O resultado foi maravilhoso. Tomei cuidado de tirar do forno ainda molinho no meio, e os brownies ficaram perfeitos, dignos de infinitos repetecos. :) Receita AQUI.

No Reveillon, meu pai preparou um belo pernil assado para fazermos sanduíches. Foi todo um exagero em que todos da família trouxeram comida e acabou que no fim da noite não houve uma pessoa sem uma quentinha embaixo do braço cheia de sobras gostosas. Sobrou tanto pernil aqui em casa que ele rendeu diversas refeições. No dia primeiro do ano foi sanduíche no almoço e jantar, pois ainda tinha muito pão e muito vinaigrette do meu pai. No dia 2, refoguei um pouco de cebola, gengibre, cebolinha e pimenta fresca em óleo de gergelim, juntei o pernil desfiado e arroz branco de transantontem, temperei com um pouco de vinagre de arroz e shoyu e comemos esse stir-fry muito bom acompanhado de uma saladinha de repolho roxo, cenoura, cebolinha e amendoim torrado. O restante do pernil já havia sido desfiado e incorporado a um molho de tomate com alecrim e louro, e esse ragù rápido foi congelado em 3 porções generosas para ser comido depois, com pappardelle feito em casa ou polenta quentinha. Isso porque eu já congelara o pernil desfiado ano passado, e ele queimara e estragara. Envolta em molho, não há chance da carne queimar de frio.

Os ossos do pernil foram para o Gnocchi, claro, que se esbaldou.

Como todos voltariam dirigindo tarde da noite do Reveillon aqui em casa, pensei numa sobremesa diferente, para dar uma acordada no povo. Nesse calor dantesco, sorvete parecia o mais apropriado outra vez: por ser refrescante e por ser prático de fazer - de novo eu poderia fazer com antecedência. Fiz um SORVETE DE CHOCOLATE REPETIDO DAQUI a pedido das crianças, mas para os motoristas de plantão, o escolhido foi uma GRANITA de café bocoió de fácil, que apesar dos olhares desconfiados de todo mundo, acabou sendo sucesso... até com os pimpolhos! O segredo da granita de café, além de usar café saboroso e forte, é servir com chantilly batido na hora e com quase nada de açúcar, pois a granita já é surpreendentemente doce. O chantilly cremoso é um contraste delicioso aos cristais de gelo da granita, e não houve um só comensal que não tenha sentindo o PUNCH! do café na madrugada.

GRANITA DE CAFÉ
(do livro The Perfect Scoop, do David Leibovitz)
Rendimento: ele diz que dá tipo 6 porções, mas acho que nessa quantidade da foto serve 8-10 pessoas)

Ingredientes:
  • 4 xic. (1 litro) de café espresso ou café bem forte ainda quente
  • 1 1/2 xic. (300g) açúcar

Preparo: 
Dissolva o açúcar no café quente, mexendo com uma colher até que desapareça. Despeje numa assadeira de 20x30cm e bordas altas e leve ao freezer tomando mais cuidado do que eu tomei: fui empurrar a assadeira no freezer, o café balançou lá dentro e derramou no chão do freezer e eu tive de ficar limpando aquela joça naquele calorão de 35oC, torcendo pra tudo lá dentro não derreter enquanto isso. Bom... Deixe 1 hora no freezer. Retire, misture ou raspe com um garfo e leve de novo ao freezer. Vá checando a cada meia hora ou a cada hora, e raspando com o garfo. Vai depender da potência do freezer. Você vai fazer isso acho que umas seis vezes até obter aquela boa consistência de raspadinha. Pode parar e deixar no freezer até a hora de servir. Pronto. Bocoió de fácil. 


No fim, em Dezembro eu descobri que toda aquela alegria das férias de inverno era provocada pelo... inverno. E que no calorão eu realmente não estou afim de brincar de pega-pega ou ficar três horas debaixo do sol no parquinho. Quando mais nova eu brincava que minhas células eram fotovoltaicas, e eu só funcionava em dia de sol. Aparentemente meu organismo evoluiu para sistemas mais avançados e sensíveis e eu claramente preciso de refrigeração para meu melhor funcionamento.

Produtividade zero no verão.

Janeiro portanto começou com as crianças indo passar uns dias na casa da avó. Eles não aguentavam mais olhar para a cara da mãe e essa mãe aqui aproveitou a tranquilidade para... descansar? Não. Trabalhar, que graças à boa vontade do universo esse ano o trabalho promete voltar ao ritmo normal, e fechei três encomendas diferentes durante as festas. Ieeeei!

Antes de a pimpolhada se jogar nos braços dos avós que levam pra tomar sorvete todo dia, mamãe preparou waffles de ano novo para a criançada. A boa e velha receita de sempre, fofinha por dentro, crocante por fora, de quem, de quem? Da Tessa Kiros. Eu jurava que essa receita estava no blog, mas aparentemente foi só para o facebook na época em que eu ainda usava aquela joça. Então deixe-me corrigir isso:


WAFFLES
(do livro Apples for Jam, da Tessa Kiros)

Ingredientes:
  • 2 ovos, separados
  • 1/3 xic. açúcar (uso o baunilhado e omito a baunilha depois) 
  • 1/2 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 4 1/2 colh (sopa) manteiga, derretida
  • 3/4 xic. leite
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh (chá) fermento químico em pó
Preparo:
  1. Numa tigela, bata com um fouet as gemas e o açúcar até que fique homogêneo e claro. 
  2. Junte a baunilha e a manteiga derretida e misture bem.
  3. Junte o leite e quando estiver incorporado, a farinha e o fermento. A massa ficará espessa. 
  4. Bata as claras em neve e incorpore à massa anterior. Aqueça o ferro de waffle e asse cerca de 1/3 xic. por vez. Rende o bastante para uma família de quatro gulosos se esbaldar. 
Pimpolhada continuou no bom e velho maple syrup trazido da Califórnia pela titia Maria Rosa, e eu bati um pouco de chantilly com pouco açúcar e comi meus waffles quentinhos com minha compota de cereja, feita com as cerejas que ganhei de Natal da minha mãe, que sabe do que eu gosto. :) Lembrei imediatamente da viagem a Amsterdam, há tanto tempo, e dos waffles servidos da mesma forma que comi por lá. Delícia.

Daí que no meio da correria louca de dezembro, cada evento pareceu parar um pouco o tempo e durar o bastante para aproveitarmos. Cada um fez um pouco e ninguém ficou (muito) cansado, e acho que esse foi o melhor Natal e Reveillon que tivemos nos últimos anos. Foi um fim de ano caloroso e feliz, cheio de muita comida gostosa.

Acho também que preciso editar esse post e rever aquela frase lá em cima. Que para alguém que disse que não faria nada para o Natal, e que disse que preparara pouca coisa simples, fiquei besta com a quantidade de links para receitas que tive de inserir no meio do texto. Sem a pressão de PRECISAR fazer um monte de comida, acho que fui fazendo e nem me dei conta.

E vamos para 2017 então.

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Um monte de sorvete, um monte de livros


Pimpolhada come como gente grande. Às vezes fala que não está afim de comer toda a berinjela. Mas come a berinjela. E come escarola. E come a salsinha no meio da comida. E experimenta uma coisa nova quando eu digo que eles nunca comeram aquilo na vida.

Minha vida culinária anda muito tranquila. :)

Valeu a pena encher tanto os pacová dos meus filhos durante esses quatro anos e meio.

Tanto que pude dar um tempo em toda a quinua e toda a mousse de chocolate com abacate. Não precisei enfiar linhaça em mais nenhum prato, porque eu não preciso mais esconder o espinafre. Todo mundo está forte e saudável e come o espinafre sem muita birra assim, só aquela coisa verde no centro do prato. (Mas confesso que toda a carne que rolou nos últimos meses nos fez desejar um ano vegetariano em 2016...)

A naturebice então deu uma relaxada, e depois de alguns picolés feitos apenas de fruta gelada, comecei a produzir sorvetes mais complexos de novo, coisa que eu não fazia havia um tempo, tentando fazer crianças que empurravam a abobrinha para longe comer pelo menos fruta de sobremesa então.

Aconteceu uma avalanche de sorvete nos últimos meses, para a alegria geral da família. Primeiro o de chocolate, que fez o povo aqui revirar os olhos de tão bom. Quase ganache congelada. O de iogurte já fiz mais de sete vezes. O de café e canela foi uma surpresa, como um cappuccino geladinho e cremoso, tão bom que até o marido que não gosta de sorvete de café gostou. O de buttermilk acabou no dia em que foi feito, no Natal, e todo mundo aprovou e elogiou e lambeu os beiços. O de pão era uma ideia estranha que ficou ótima, pois usei o panettone amanhecido e ele ficou parecendo um crocante dentro do sorvete. A receita original não usava açúcar no creme de ovos, mas achei isso muito esquisito, então acrescentei um pouco. Também só coloquei o crocante de panettone depois de tirar o sorvete da sorveteira, pois gente que acrescentou antes, como a receita pedia, reclamou que o pão meio que dissolveu lá dentro. Do meu jeito, o crocante continuou crocante. Ainda rolou sorvete de limão com spekulatius e sorvete de chocolate ao leite com Guinness e crocante de aveia, os dois do David Leibovitz. Mas as receitas são mais complexas e mais caras, então só vou colocar se muita gente pedir, ok?

E enquanto a comida de todo dia anda mais relaxada e mais simples, eu comecei a perceber que mesmo os livros que eu havia guardado depois da primeira rapa andavam abandonados.

Separei-os então e os apaguei da minha lista do Eat Your Books. E prossegui a vida, usando apenas os que ficaram na minha estante.

E para minha surpresa, ninguém morreu de fome. ;)

Fiz então mais uma rapa entre meus livros favoritos, mantendo em mente o que eu levaria se pudesse levar para uma ilha deserta apenas uma mala pequena de livros. Alguns dos selecionados para ir embora contém receitas que amo muito, mas que já tenho aqui no blog ou anotadas em outro caderno. Ou essas receitas já sei de cor e não preciso mais do livro. Ou elas são excelentes mas são muito parecidas com outras que já tenho,  e não preciso duas coisas parecidas ocupando lugar na estante se podia haver uma só. Eu manteria todos eles, não fosse meu desejo forte de limpar um pouco a casa de tantos livros e coisas.

Então deixo aqui para vocês a lista dos livros que estão indo agora, se alguém se interessar. Caso haja interesse em um ou mais de um, mande-me um email em lacucinetta@gmail.com (NÃO mande pelos comentários, só via email, para eu controlar melhor), informando seu cep para o cálculo do frete. Quando o livro for pago, risco aqui da lista.

Os livros estão todos usados, mas em bom estado. Estão empoeirados, alguns com a capa externa (dust cover) com sinais claros de uso, de quando você puxa a lombada para tirar da estante, mas o interior está perfeito. Alguns têm anotações. Os preços estão relativos ao menor valor do livro usado na Amazon americana, de onde comprei, e convertidos de real para dólar, mais ou menos.

Lembre-se que a maior parte dos livros de 60 reais é GRANDE e se você morar muito longe de SP, o frete pode ficar meio caro.

E para quem não quer os livros, ou para quem quer também, deixo aqui as receitas dos sorvetes. :D


Update: Já foi tudo vendido! Obrigada! ^_^
LIVROS POR 60 REAIS + FRETE:

  • THE COUNTRY COOKING OF FRANCE, Anne Willan (Lindo, grande, cheio de imagens, melhor ensopado de peixe e melhor caramelo salgado que já fiz)
  • THE BLUE CHAIR JAM COOKBOOK, Rachel Saunders (Lindo, gigante, muitas receitas muito bem explicadas, para quantidades razoavelmente grandes de geleia – eu costumava dividir pela metade ou em quartos para quantidades pequenas. Mas combinações maravilhosas.)
  • FOOD FROM MANY GREEK KITCHENS, Tessa Kiros (Ótimas receitas, mas sinto que já tenho o que quero dela em termos de influência grega em todos os outros livros que tenho da Tessa.)
  • MARCELLA's ITALIAN KITCHEN, Marcella Hazan (Muito bom, livro raro, fotos antigas, receitas ótimas, mas no fim volto sempre para os meus outros livros dela.)

LIVROS POR 30 REAIS + FRETE:
  • LOCAL FLAVORS, Deborah Madison (Excelentes receitas acho que quase tudo vegerariano, mas acabam sendo variações de tudo o que já tenho da Deborah Madison. )
  • THE ART OF FERMENTATION, Sandor Ellix Katz (Nunca usei, mas ganhou prêmios e ensina a ciência de se fermentar qualquer coisa.)
  • A16 FOOD + WINE, Nate Appleman e Shelley Lindgren (Melhor pizza. Fiz bastante coisa desse livro, com a conserva de atum, as almôndegas de frango, as cenouras com ervilhas, o ragù com polenta de castanha...)
  • THE SWEET LIFE, Kate Zuckermann (Livro lindo, receitas super apetitosas, a Pat do Technicolor Kitchen já me mandou largar mão de ser besta e usar o livro, mas eu simplesmente nunca me animei. Sempre acabo achando outra coisa pra preparar. Me arrependo de nunca ter usado o livro, mas no espírito da rapa, não vou nem tentar usar, pra não acabar ficando com ele.)
  • DESSERTS BY THE YARD, Sherry Yard (ótimo. O Devilish Angel Food Cake é maravilhoso. O Corn Bread docinho docinho parece um bolinho de fubá bem molhadinho.)
  • COZINHA DE ORIGEM, THiago Castanho (Comprei pra me aventurar mais em cozinha brasileira, mas acabei não usando.)
  • THE NEW PORTUGUESE TABLE, David Leite (Muitas receitas apetitosas de muitas coisas que parecem brasileiras, por motivos óbvios. Mas também sempre esqueço de usar.)
  • CHARLÔ EM PARIS, Nina Horta (Comprei pela ilustração há mais de dez anos. Aprendi a fazer com ele as torradas com claras em neve no forno e o bolo de mel, que era uma delícia. Uma fofura para crianças.)
  • GIADA'S KITCHEN, Giada di Laurentiis (A pastinha de figo seco com avelã é a favorita da minha irmã, e eu aprendi com esse livro a comer sanduíche de pera com taleggio. Livro muito bom.)
  • SATURDAY's & SUNDAY"s, Kay Francis (Muitas receitas de cardápios para fazer em diferentes situações de fim de semana.)
  • MIETTE, Meg Ray (Saiu daí o meu menor bolo de aniversário do mundo, do ano passado, e meus marshmallows favoritos, um maravilhoso bolo de abóbora, thumbprint cookies, etc... E o livro é uma fofura. Pena que minha filha fez o favor de rasgar a capa externa e uma das páginas internas. Ainda assim, o livro vale. 
  • CHEZ PANISSE VEGETABLES, Alice WAters (Gravuras lindas, mas nenhuma foto. Receitas impecáveis.)
  • CHEZ PANISSE FRUIT, Alice Waters (Mesma coisa do Vegetables. Muitas receitas com frutas em pratos salgados, o que é bem legal.)

LIVROS POR 20 REAIS + FRETE:

  • THE GHIRARDELLI CHOCOLATE COOKBOOK
  • SEASONAL FRUIT DESSERTS, Deborah Madison (O foco é totalmente a fruta. Vários jeitos diferentes de se servir as frutas, seja com caldas, com queijos, com bolos ou biscoitos, transformados em pudins, em tortas...)
  • THE NAKED CHEF, Jamie Oliver
  • THE ULTIMATE FROZEN DESSERT BOOK, Bruce Weinstein e Mark Scarbrough (Ótimos sorvetes. Usei horrores esse livro.)
  • THE BOOZY BAKER, Lucy Baker (Gracinha de livro, com receitas de doces e drinks.)
  • MACRINA BAKERY AND CAFE COOKBOOK, Leslie Mackies (Pão de batata maravilhoso e muffins gigantes – tem que dividir a receita pela metade para assar em forma de muffin tradicional. Mas muito bons. Vários pratinhos salgados no fim do livro.)
  • COMO COZINHAR UM LOBO, MFK Fisher (Em português, sobre como economizar dinheiro na cozinha em época de recessão.)
  • FORMAGGI, Fiona BECKETT (Comprei na Itália, então está em italiano – melhor receita de fondue.)
  • THE MULTI-CULTURAL CUISINE OF TRINIDAD & TOBAGO & THE CARIBBEAN (Comprei em Trinidad. A cozinha de lá é uma mistura de chinesa, indiana e inglesa, muito interessante e apimentada. Mas no fim não estou usando o livro, que funciona mais ou menos como aqueles livros do SESI, com tamanho de porção, calorias, nutrição... é usado nas escolas de lá. Está em inglês.)
  • COOK 1.0, Heidi Swanson (Livrinho fofo mostrando variações sobre métodos de cozinha rápida. Vegetariano. Receitas simples, fáceis e gostosas.)


E agora... SORVETE!!!


SORVETE DE BAUNILHA
(Do Livro Twelve, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 700ml leite integral
  • 250ml creme de leite fresco
  • 1 fava de baunilha*
  • 4 gemas de ovo
  • 200g açúcar
* eu uso 200g do meu próprio açúcar baunilhado e acrescento mais 1 colh (chá) de extrato natural de baunilha.

Preparo:
  1. Se estiver usando a fava, abra-a ao meio com uma faca e raspe as sementes pra dentro de uma panela. Jogue a fava lá dentro junto. Junte o leite e o creme e leve à fervura. Retire do fogo. 
  2. Enquanto isso, bata as gemas e o açúcar (e o extrato se estiver usando no lugar da fava) até que fique homogêneo. 
  3. Junte o leite quente aos poucos, batendo sempre, pra que os ovos não cozinhem.
  4. Volte essa mistura para a panela e mexa com uma colher de pau, em fogo baixo, até engrossar um pouco. Não deixe ferver. (A medida certa é quanto você passa a ponta do dedo nas costas da colher – cuidado, está bem quente – e o líquido não escorre imediatamente, mas sim mantém o rastro do seu dedo intacto.)
  5. Desligue o fogo, passe por uma peneira para dentro de uma tigela grande (a peneira retira a fava e qualquer pedacinho de ovo que pode ter empelotado). Misture o conteúdo da tigela até que pare de sair vapor. Leve à geladeira por no mínimo 4 horas ou até uma noite inteira antes de colocar na sorveteira. Isso garante que a mistura vai gelar bem devagar e não vai criar nenhum cristalzinho de gelo. 


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SORVETE DE CAFÉ E CANELA
(Do livro Recipes & Dreams From An Italian Life, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 2 xic. creme de leite fresco
  • 1 pau de canela
  • 1 colh (chá) extrato natural de baunilha
  • 1 colh (chá) cacau em pó sem açúcar
  • 4 gemas de ovo
  • 2/3 xic açúcar
  • 1 xic (250ml) de café bem forte, de preferência espresso, se você tiver uma máquina de espresso
Preparo:
  1. Aqueça o creme, canela, baunilha e cacau em uma panela grande.
  2. Bata as gemas e o açúcar até que fique fofo e claro. 
  3. Quando o creme estiver quase fervendo, misture o café.
  4. Junte devagar o creme quente às gemas, batendo sempre. Volte para a panela e cozinhe como no passo 4 e 5 do sorvete de baunilha.
  5. Remova o pau de canela antes de colocar na sorveteira. 



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BUTTERMILK ICE CREAM OU SORVETE DE IOGURTE DO DAVID LEIBOVITZ
(Do livro Apples For Jam, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 1xic. de creme de leite fresco
  • 1 xic açúcar
  • 1 colh.(sopa) extrato de baunilha
  • 2 xic. buttermilk*
*Use o soro do iogurte quando você o drena para obter "iogurte grego" ou "labneh", ou use o soro restante da fabricação de queijo, que foi o que eu usei.

Preparo:
  1. Misture o creme, o açúcar e a baunilha e bata na batedeira ou com um fouet até começar a engrossar e o açúcar ter-se dissolvido. Junte o buttermilk, misturando sempre para incorporar. Leve à geladeira por 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira.
  2. Alternativamente, pra fazer o sorvete de iogurte, você só precisa substituir o buttermilk por iogurte integral. Se quiser, pode omitir o buttermilk E o creme e usar 3 xic apenas de iogurte integral. Já fiz ambos e ficam ótimos 



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SORVETE DE PÃO COM MANTEIGA (OU DE PANETTONE)
(Adaptado do livro Apples for Jam, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 3 fatias de pão caseiro ou panettone
  • 3/4 xic. açúcar mascavo
  • 4 colh. (sopa) manteiga e mais para untar
  • 2 gemas de ovo
  • 1 colh (chá) extrato natural de baunilha
  • 1/2 xic. leite
  • 1 1/2xic creme de leite fresco
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Unte uma assadeira com manteiga. Esfarele o pão ou panettone com as mãos e espalhe as migalhas na assadeira. Polvilhe com 1/2 xic do açúcar mascavo, misture bem e leve ao forno pré-aquecido.
  2. Asse por 10-12 minutos, mexendo de vez em quando para não queimar. As migalhas devem ficar razoavelmente crocantes e douradas, mas não podem queimar. Retire e transfira para um prato frio para que não continuem cozinhando.
  3. Numa panela, derreta a manteiga e continue cozinhando em fogo baixo até que ela adquira um tom de caramelo e um aroma de avelã. Retire do fogo e reserve em outro recipiente, pois se deixada na panela, ela vai continuar cozinhando até queimar.
  4. Enquanto isso, aqueça o leite e o creme numa panela. Bata as gemas com o restante do açúcar mascavo e a baunilha até que fique homogêneo. Junte o leite quente aos poucos, volte para a panela e cozinhe como no passo 4 do sorvete de baunilha. Junte a manteiga reservada e misture bem.
  5. Leve o creme e o pão torrado separados à geladeira por 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira. Assim que o retirar o sorvete da sorveteira e colocá-lo num recipiente, incorpore o pão torrado. (Vai parecer pouco sorvete, mas ao misturar o pão ele vai preencher 1 litro.)



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SORVETE DE CHOCOLATE
(Do livro The Perfect Scoop, de David Leibovitz)
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
  • 2xic. de creme de leite fresco
  • 3 colh (sopa) cacau em pó sem açúcar
  • 140g chocolate amargo picado (SEM gordura hidrogenada)
  • 1 xic leite integral
  • 3/4 xic açúcar
  • 1 pitada de sal
  • 5 gemas de ovo
  • 1/2 colh (chá) extrato natural de baunilha
Preparo
  1. Aqueça 1 xic do creme misturado ao cacau em pó numa panela média, misturando bem para o cacau dissolver. 
  2. Leve à fervura, abaixe o fogo e mantenha em fervura branda por 30 segundos, mexendo sempre. 
  3. Retire do fogo, junte o chocolate picado e misture até que fique bem homogêneo. Então junte o restante do creme. 
  4. Coloque a mistura em uma tigela grande com uma peneira por cima e reserve.
  5. Aqueça o leite, açúcar e sal na panela agora vazia. Em outra tigela vazia, bata as gemas. Junte o leite quente às gemas aos poucos, volte para a panela e cozinhe como no passo 4 do sorvete de baunilha. 
  6. Derrame na tigela com o chocolate, passando pela peneira. Junte a baunilha e leve à geladeira por pelo menos 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira. 



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segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Paciência e sorvete de menta e chocolate

Sorvete de menta de verdade não é verde-radioativo.
Domingo à noite. Matador de Dragões e eu no supermercado, comprando queijo e pão para o tradicional sanduba de fim-de-semana. Um casal passa por nós tomando sorvete de palito.

"Maman! Maman!"
"Diga, tampinha."
"Ó! Coquête!"
"Sorvete?"
"hm-rum!"
"Ih, pequeno, tá na hora do jantar."
"Aaah. Tá bom."

Pensei um pouco.

"Você quer fazer sorvete?"
"Faquê coquête???"

Foi a vez dele pensar um pouco.

"Epa! Faquê coquête! Siiim!!"
"Só que não fica pronto hoje. Só amanhã."
"Hmm..."
"Quer dizer que a gente vai preparar hoje, botar na geladeira, e amanhã de manhã vai colocar na máquina. Aí a gente come sorvete no almoço! Pode ser?"
"Hmm... Sim."
"Você quer ajudar?"
"Hm-rum."
"Então tá. Vamos comprar creme de leite."

E ele quis segurar a garrafinha de creme de leite fresco o caminho todo para casa, anunciando para todo mundo que encontrava que aquela garrafinha viraria sorvete. Em casa, ajudou a apanhar a menta no quintal para dar sabor ao leite. Mas não entendeu quando coloquei o leite na panela.

"Dãaao! Frio!! Num qué quente!"

E expliquei o procedimento. Na manhã seguinte, a primeira coisa que perguntou ao entrar na cozinha foi "cadê o coquête?".

Antes de ir para a escola, ajudou a ligar a máquina e lambeu a tigela com o restinho do chocolate. "Hmmmm! Delish-ia!" E foi para a aula empolgado porque teria sorvete depois do almoço.

Fiquei pensando sobre paciência.

Uma das coisas boas de cozinhar. Paciência. A diferença crucial entre comprar pronto toda vez que se tem vontade, e de ter de se planejar, preparar, esperar. Às vezes a vontade até passa. E se não passa, como é bom se esbaldar naquela delícia que nos fez aguardar. :)

Fico feliz em ver que o pimpolho está aprendendo essa pequena lição, mesmo que assim, sem querer. E às vezes acho que é esse hábito de esperar que faz com que ele não dê chilique no mercado quando nego alguma coisa. "Aahh, tá bom", diz ele, conformado. E logo se esquece e se distrai com outra coisa.

Também pode ser a idade. Porque o universo bem sabe que aos dois anos ele não era assim, e que Madame Bochechas dá um chilique épico quando dizemos um bom e sonoro NÃO. Aaaah... nada como saber que os terríveis dois anos um dia acabam... Isso com certeza desenvolve a paciência maravilhosamente. ;) E enquanto não acabam, sorvetinho para acalmar os ânimos com a pimpolha em fase chiliquenta e para recompensar a paciência do pimpolho. ^_^

Esse sorvete, do lindo livro da Tessa Kiros, Recipes and Dreams From an Italian Life, é muito leve e refrescante, por conta da ausência de ovos. É imperativo que o leite aromatizado e o creme de leite estejam bem gelados antes de ir à sorveteira, ou o resultado por ser cheio de cristais de gelo. Justamente pela leveza do sorvete, quis incorporar um pouco de chocolate. Bem pouco. E também porque desde que plantei aquela menta com gosto de balinha que eu queria preparar sorvete de menta com chocolate, um dos meus favoritos de infância.

SORVETE DE MENTA COM CHOCOLATE
(ligeiramente adaptada do livro Recipes and Dreams From an Italian Life, da Tessa Kiros)
Rendimento: 6 a 8 porções (cerca de 750ml)

Ingredientes: 

  • 2 xic. leite integral
  • 1/2 xic. açúcar
  • cerca de 16 folhas de menta ou hortelã *
  • 1 xic. creme de leite fresco
  • 100g chocolate amargo picado ou em gotas/callets

usei a menta que tenho no quintal, de folhas alongadas e gosto de bala, mais apimentada.

Preparo:

  1. Coloque o leite e o açúcar numa panela e leve ao fogo. Quando o açúcar tiver dissolvido e o leite começando a entrar em ebulição, desligue e junte as folhas de menta ou hortelã. Deixe em infusão até que esfrie e leve à geladeira por pelo menos quatro horas, melhor ainda se for durante a noite. 
  2. Retire as folhas de menta com uma escumadeira ou peneira e descarte. Junte o creme de leite e misture com um fouet, sem bater muito, para que o sorvete não fique com gosto de manteiga. 
  3. Despeje na sorveteira e siga as instruções do fabricante. (Alternativamente, coloque numa travessa rasa e congele. Depois de 1 hora, bata vigorosamente e volte para o freezer. Repita o processo mais duas vezes e deixe o sorvete congelar completamente.)
  4. Enquanto o sorvete está na sorveteira, derreta o chocolate em banho-maria. Quando o sorvete estiver já praticamente no ponto, despeje num fio fino o chocolate derretido pela abertura da máguina ainda ligada. O chocolate vai se solidificar de novo, em forma de lascas finas. Transfira o sorvete para um pote fechado e congele por pelo menos quatro horas antes de servir. 







quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sorvete de chocolate branco e gengibre, com amendoins cobertos de chocolate, para acabar com o estoque


Foram seis meses de férias escolares.
Ou pareceram seis.
Não sei.

Foi um mês inteiro sem conseguir trabalhar, pintando apenas em cursos (longe da pimpolhada) e tentando não matar de tédio meus dois filhos. Foi um tal de levar à brinquedoteca, parque, museu, aquário, avós, e os dois corriam, brincavam, corriam mais, cada um prum lado, brinca junto, briga um monte, corre mais um pouco. Às 18h30 eles pediam pra ir dormir, exaustos, e eu, na esperança de então trabalhar um pouco, me via desmazelada no sofá, tão ou mais exausta que meus filhos. Imprestável.

A única coisa que eu mais ou menos conseguia fazer com eles correndo em volta das minhas pernas, balançando espadas no ar e gritando "iáaa! iáaaa!", era cozinhar. Na onda natureba, saiu muita coisa gostosa, muita coisa estranha, muita coisa porqueira. Muita coisa eu fotografei, mas de celular, porque eu não conseguia abrir o escritório. Estava bagunçado, com tinta e telas, e papéis para todo o lado, e eu precisava arrumá-lo antes de poder deixar que as crianças entrassem. Mas isso só consegui ontem, com o Matador de Dragões de volta à escola.

Tem muita coisa, aliás, que eu não tenho conseguido fazer. Doces, por exemplo. Salvo raras exceções, como o bolo de Guinness e um ou outro pudinzim à prova de idiotas, há meses todos os meus doces têm dado miseravelmente errado. De biscoitos moles a bolos solados, parece que o clima mental não está pra coisas açucaradas. Daí que meu estoque de chocolate continuava imenso, ocupando espaço e... vencendo.

Entrei num impasse: precisava gastar aquele chocolate todo antes que ele vencesse (desperdício!), mas não queria produzir um monte de bolos solados e desperdiçar o chocolate, não estava com vontade de comer bolo (e uma vez lá, sei que acabaria comendo tudo – perigo, pois não estou correndo), e não queria entupir a criançada de doce, agora que eles andavam comendo bem de novo e que Thomas andava bastante "fruteiro".

Quando encontrei esse sorvete, então, vibrei. Usava dois tipos de chocolate, numa boa quantidade, mas não era um doce imenso nem algo que precisasse ser consumido em uma semana, com pressa. E eu tinha gengibre fresco e amendoins sem sal, ambos precisando ver seu fim.

O sorvete é uma delícia. Pudera, do David Lebovitz. Procuro, procuro, e nunca encontro receitas de sorvetes melhores que as dele. Essa não é do Perfect Scoop, mas de um outro livro seu, Ready For Dessert, ótimo. A receita parece trabalhosa, por conta dos amendoins, mas é só derreter chocolate e misturar com eles. Nada mais.

De fato, a grande vantagem do sorvete caseiro é você poder fazer essas misturebas e poder colocar no sorvete esse tipo de coisa deliciosa que é amendoim torrado coberto de chocolate. O gengibre, na verdade, se sente pouco: ele parece apenas um frescor que aquieta a doçura do chocolate branco. Segundo Lebovitz, você pode omitir os amendoins e servir o sorvete com frutas da estação.  Mas eu gostei tanto do crocante que acho um pecado omitir essa etapa tão besta do preparo.

De volta ao blog, então. De volta ao "normal". De volta aos lanches de escola.

SORVETE DE CHOCOLATE BRANCO E GENGIBRE COM AMENDOINS COBERTOS DE CHOCOLATE
(Do ótimo Ready For Dessert, de David Lebovitz)
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
(sorvete)

  • 8cm de gengibre fresco, fatiado fino
  • 1/2 xic. açúcar
  • 1 xic. leite integral
  • 1 xic + 1 xic. creme de leite fresco
  • 200g chocolate branco, picado
  • 4 gemas de ovo 

(crocante)

  • 140g chocolate amargo ou meio amargo (entre 54 e 70%)
  • 1 xic. amendoins torrados sem sal


Preparo:

  1. Coloque o gengibre numa panela com água para cobrir. Leve à fervura, abaixe o fogo, cozinhe por 2 minutos, e descarte a água, reservando o gengibre.
  2. Na mesma panela, com o gengibre, junte o açúcar, o leite e 1 xic. de creme de leite. Aqueça até que fique morno, desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por 1 hora.
  3. Remova o gengibre com uma colher perfurada e descarte.
  4. Reaqueça o creme até que fique morno. Enquanto isso, coloque o chocolate branco picado numa tigela grande, com uma peneira em cima. 
  5. Em outra tigela, bata ligeiramente as gemas. 
  6. Misture aos poucos o creme às gemas, batendo sempre com um fouet. Volte o conteúdo à panela, em fogo baixo, misturando com uma colher de pau até que engrosse. Não deixe ferver. 
  7. Despeje o creme pela peneira, sobre o chocolate, e então misture com a colher até que o chocolate tenha derretido e a mistura esteja homogênea. Junte o restante do creme de leite e misture bem.
  8. Leve o creme à geladeira por pelo menos 4 horas ou durante a noite, antes de colocar na sorveteira.
  9. Enquanto isso, derreta em banho-maria o chocolate, mexendo com uma espátula. Quando tiver derretido, tire do fogo e misture os amendoins.
  10. Forre um prato com filme plástico e despeje o amendoim com chocolate sobre ele, espalhando com a espátula. Leve à geladeira até que fique firme. Retire do plástico, pique com uma faca e volte à geladeira até a hora de usar.
  11. Coloque o creme na sorveteira, segundo as instruções do fabricante. Quando estiver pronto, coloque em um pote e incorpore o amendoim picado. 

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Soba com berinjela e manga e picolé para arrematar (natal, pra quê?)

 O fim de ano do freelancer. Você entra naquela fantasia infantil, conforme dezembro se aproxima, de que sua falta de chefe propiciará controle sobre a própria agenda, e que, este ano – ah! este ano! – você conseguirá encerrar atividades no meio do mês e curtir duas semanas pré-natal descansando, lendo, cozinhando toda sorte de doces e biscoitos natalinos usando especiarias e frutas completamente em desacordo com a estação do ano do hemisfério Sul. Doce fantasia.

Aí aquele trabalho programado para a segunda-feira se arrasta em alterações até a semana seguinte, transformando aquele prazo mágico do cliente em mera sugestão descartada. Você se curva diante do computador até altas horas da noite, olhos ardendo de olhar para a tela, com a certeza de estar ganhando um atraente bico de papagaio nas costas, e uma tristezinha lenta por ter delegado seus filhos à sua mãe o dia todo, pelo décimo dia seguido. Queria ter preparado coisa melhor para o almoço, queria ter brincado lá fora com seu filho em meio às borboletas habitantes do pé de maracujá que cresce junto ao muro, queria ter construído aquele canteiro alto para a horta com as toras apanhadas de um terreno baldio há mais de um mês. Queria ter preparado torrone.

Mas respira fundo e agradece por ter trabalho para pagar a escola ano que vem, e continua no batente.

Último dia previsto de trabalho. O prazo não é mais mágico. Gráfica. Hoje. Acorda às dez pras seis com o choro da mais nova, depois de ter trabalhado até às duas da manhã na noite anterior. Faz um balde de café. Leva o mais velho pra escola, passeia o cachorro, arruma as camas, lava louça, pendura roupa que lavou durante a noite, prepara a massa na focaccia que o filhote vai levar pro piquenique da escola no dia seguinte. Faz outro balde de café. Liga pro cliente. Mais alterações de última hora. Bota a pequena pra cochilar e senta no computador. Trabalha, trabalha. Chove lá fora. Acaba a luz. O no-break permite que eu trabalhe mais vinte minutos e puft. Sem computador, sem internet. Gráfica. Hoje. Liga pro cliente. Explica a situação. Sente uma úlcera formando na boca do estômago. Arruma as coisas da casa que estão fora do lugar. Pega a pequena que acordou no berço, troca fralda, bota no cadeirão pra comer uma banana. Faz mais um balde de café. Liga pro cliente pra dizer que nada mudou, tudo ficou no lugar. Sem previsão da luz voltar. Gráfica. Hoje. Sente um aneurisma estourando atrás da orelha esquerda. Pensa em catar a pequena, o mais velho na escola e ir pra São Paulo trabalhar na mãe, que lá tem luz, tem internet e mais café. Mas lembra que o arquivo incompleto está dentro do computador desligado. Pensa em arrancar o arquivo de lá de dentro à la Zoolander. Melhor não. Pensa no almoço. Restô dontê. Tira da geladeira escura e desligada um grande pote com soba de manga e berinjela, um pedaço de fritatta de feijão branco e dente de leão colhido do jardim, pepinos fatiados finos e tomates cereja bem doces e deixa sobre a mesa. Pensa em deixar os pratos postos, mas lembra que talvez o pequeno queira fazer isso.

Pega a pimpolha, bota na cadeirinha do carro, dirige até a escola, tira a pimpolha da cadeirinha, anda na chuva fina até a porta da escola. Espera. "Você também está sem luz?" "Estou." "Tem previsão pra voltar?" "Não tem não." Entra na escola, anda até a sala, veste a mochila nas costas, enfia a alça da térmica no braço que segura a pimpolha, pega o outro pimpolho no outro braço, subindo-o no colo com uma mão só. Sente uma hérnia estourando em algum lugar perto dos rins. Leva as duas crianças na chuva até o carro. Pimpolho número 1 na cadeira. Pimpolha número 2 na cadeira. Mochila jogada no banco. Dirige de volta com a esperança vã de entrar em casa e ver ligadas as luzinhas de natal. Neh. Tira pimpolha da cadeira e bota no cadeirão. Pega pimpolho, leva pro quarto, tira o uniforme, bota roupa de brincar, leva pra fazer xixi e lavar a mão. Chama pra comer. Drama. Chama pra ajudar a pegar os pratos. Drama. Pega os pratos. Mexe na massa da focaccia e liga o forno no máximo. Pimpolho vem ver o que tem pra comer. Drama. Não quer soba. Gosta de soba, mas não quer soba. Os molares estão nascendo e rasgando as gengivas e o vinagre do molho faz arder. E a manga, queria manga doce, não manga salgada. A pequena come tudo. O pequeno come pepinos e tomates cereja e um pedaço minúsculo de fritatta.

Pega a picolé pros dois. Picolé de banana, iogurte caseiro, mel e canela. A pequena se refestela. O pequeno come sem fazer sujeira. Pede mais. Não. Biscoito. Não. Biscoooooito. NÃO. Drama.  
Manda brincar. Não quer brincar, quer biscoito. Não. Biscoito. Não. Quer desenho. Não tem desenho, não tem luz. Drama. Dente maldito, nasce logo, que você está deixando meu filho um chato. Manda mensagem pro cliente. Dá um jeito aí, usa a última versão, não sei quando entrego isso não. Lava a pimpolha imunda de picolé. Bota na sala com uma caixa de peças grandes de montar. O pequeno esquece o biscoito e vai brincar junto. Alívio. Lava louça. Limpa o chão da cozinha, imundo de soba, manga, berinjela, picolé, fritatta. Faz um balde de café e promete que esse é o último. Bota pequena pra cochilar.

A luz volta. Aleluia, aleluia, milagre de natal! Bota desenho pro pequeno ver e corre pro computador. Espera o arquivo imenso abrir. Espera. Espera. Faz as alterações. Manda achatar a imagem. Trava. Faz de novo. Trava. Volta. Achata a p*rra da imagem. Foi. Salva. Espera o arquivo imenso salvar. Manda mensagem feliz e reconfortante para o cliente. Vai subir o arquivo. Sua conta do xyz upload qualquer expirou. Faz o cadastro de novo. Um script não deixa seu arquivo subir. GRÁFICA. HOJE. O pequeno, que tinha dormido vendo desenho, acorda chorando. A pequena, que estava cochilando no berço, acorda chorando. O timer toca avisando que é pra colocar a focaccia no forno. Vai colocar a focaccia no forno e descobre que o gás acabou. Isso te vem à mente:


Pega a pimpolha aos berros no berço, bota no cadeirão e dá uma banana. Pega o pimpolho aos berros e dá um biscoito. Maldito biscoito. Desliga o gás, tira o botijão velho, bota o botijão novo, liga o gás, liga o forno no máximo, checa a focaccia. Corre para o computador, para o upload travado, procura outro site, faz outro cadastro, sim aceito os termos e condições, clica no link recebido no email, não, não quero promover minha conta gratuita para uma muito melhor só que paga, sobe o arquivo. Arquivo "subido". Liga pro cliente. Tudo certo. Tira pimpolha do cadeirão, lava a cara de banana, bota pra brincar de andar pela casa, segurando as mãozinhas. Pimpolho te chama na cozinha. Biscoito. Não. Biscoito. Não. BISCOITO. NÃO, P•RRA, ESPERA O JANTAR. Bota desenho. Bota pimpolha no cercadinho. Corre pra atender celular. Gráfica. Imprime assim. É. Esse tamanho. Responde email. Dobra roupa limpa. Separa. Guarda nas gavetas. Bota focaccia no forno. Parou de chover, bota o cachorro no quintal pra fazer xixi. Dá biscoito pro cachorro. Criança vem pedir biscoito. FOME. Quer macarrão? Quer. Jantar mais cedo. Bota nenê no cadeirão. Faz molho de alho, tomate cereja, e alcaparras. Rala parmesão. Pimpolho vem pedir queijo. Dá queijo. Cozinha macarrão. Tira focaccia do forno. Grudou nas laterais. Cata espátula para desgrudar. Queima o dedo. Queima o dedo de novo. Pimpolho está impaciente com o macarrão. Cadê o macarrão? Fome. Bate embaixo da focaccia. Não está pronta. Volta pro forno. Escorre o macarrão. Serve.

Observa tranquilamente enquanto as crianças comem. Respira.
Retira focaccia do forno. Bota na grade pra esfriar.

Bota as crianças no banho. Laura, senta. Senta, Laura, não pode ficar de pé na banheira. Thomas, para de jogar água no rosto da sua irmã! Tira a pequena, bota roupa, bota no chão do quarto. Vai pegar o outro. Pequena prende o dedo na gaveta enquanto isso. Volta correndo pra soltar o dedo e dar bronca. Dá um brinquedo na mão pra se distrair e não prender o dedo na gaveta de novo e vai pegar o outro. Bota pijama e manda ir brincar e esperar o papai chegar. Bota pequena no cercadinho na sala. Lava louça. Bota o cachorro pra fazer xixi de novo. Papai chega. Pega email. Deu tudo certo. Vai tomar banho. Nina a pequena, bota no berço. Pega o mais velho. Escova os dentes. Faz xixi. Vai pra cama. Conta história. Vai pra sala. Abre a geladeira. Apanha o pote do que sobrou de soba com berinjela e manga e leva pra sala. Volta pra geladeira, apanha uma Guinness. Senta no sofá. Respira.

É por isso que não tem uma série de natal esse ano aqui no blog.

SOBA DE MANGA E BERINJELA
(do lindo Plenty, de Yotam Ottolenghi)
Rendimento: 6 porções

Ingredientes:
  • 1/2 xic. vinagre de arroz
  • 3 colh. (sopa) açúcar
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 2 dentes de alho, amassados
  • 1/2 pimenta vermelha fresca, picada finamente
  • 1 colh. (chá) óleo de gergelim
  • casca ralada e suco de 1 limão tahiti
  • 1 xic. óleo de girassol
  • 2 berinjelas médias, cortadas em cubos de 1,5cm ou tiras de 0,5cm de espessura
  • 220-250g soba
  • 1 manga grande e madura, cortada em cubos pequenos ou fatias finas
  • 1 2/3 xic. manjericão fresco, picado
  • 2 1/2 xic. coentro fresco, picado
  • 1/2 cebola vermelha, fatiada finamente

Preparo:
  1. Numa panela pequena, aqueça gentilmente o vinagre, açúcar e sal por um minuto, apenas para dissolver o açúcar. Remova do fogo e junte o alho, pimenta e óleo de gergelim. Deixe esfriar e junte as raspas de limão e o suco. 
  2. Numa frigideira grande, aqueça o óleo e frite a berinjela em três ou quatro levas. Uma vez douradas, remova para um escorredor e polvilhe com sal, deixando escorrer.
  3. Cozinhe o soba em abundante água fervente, mexendo ocasionalmente. Escorra enquanto estiver ainda al dente e passe sob água fria. Tente tirar todo o excesso de água. Reserve.
  4. Numa tigela grande, misture o soba, o molho, a manga e a berinjela, mais metade das ervas e metade da cebola. Você pode deixar o prato assim, em temperatura ambiente, por 1 ou 2 horas, se quiser. Quando quiser servir, junte o resto das ervas e cebola e misture bem.

Obs1: Fritei as berinjelas em apenas um fio de óleo e ficou muito bom também. Não tinha coentro e usei bem menos manjericão, e ficou igualmente gostoso. Fica tudo bem bom mesmo depois de um dia de geladeira e a vantagem é que não precisa requentar. ;)

Obs2: Os picolés, fiz no olho, misturando mais ou menos 1 1/2 xic. de iogurte caseiro, 4 bananas, uma ou duas colheres de sopa de mel e uma pitada de canela. Bati tudo no liquidificador e coloquei em forminhas de picolé por uma noite toda antes de servir.

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Sorvete de limão e dica de livro

Ainda a propósito do leite, gostaria de agradecer a todos que comentaram, dividiram experiências ou fizeram sugestões naquele meu post-desabafo. Acabei largando mão da minha vontade de fazer compras mais localmente e, numa visita a São Paulo, estoquei o armário de leite bom – no caso, o Leitíssimo, que até agora é o campeão da espuma do cappuccino. Nesse meio tempo, o supermercado aqui do lado de casa apareceu com o creme de leite da Ati-Latte, que muitos de vocês recomendaram, e eu comprei uma garrafinha para experimentar, e também com um leite orgânico (Timbaúba) que ainda não experimentei, a um preço mais justo do que o que era vendido nos Jardins. Vamos ver. Só pena que as opções venham de tão longe de casa.

Enquanto isso, ando lendo um livro que recomendo muitíssimo àqueles que lêem em inglês sem problemas: Milk - The Surprising Story of Milk Through the Ages. Onde descobri, para minha surpresa, que o maior problema do nosso leite não é nem tanto os parcos 3% de gordura, mas o fato de ele passar por tantos processos bizarros até chegar a nossa mesa, desde a pasteurização além da conta, até o desnatamento total, reincorporação de gordura e a homogeiniziação, que aparentemente é a pior coisa que se pode fazer num leite e o motivo da minha mozzarella caseira não ter funcionado. A solução não seria nem o leite cru, mas simplesmente um leite pasteurizado (não UHT) que não fosse homogeinizado.

Fica a dica do livro. Não vejo a hora de testar algumas das receitas, pelo menos aquelas que posso fazer com o leite disponível.

Enquanto isso, eu tinha uma garrafa de bom creme de leite que eu comprara no meu antigo supermercado, na ocasião do estoque de leite, e que precisava colocar em uso. Estava doida por um docinho, mas meus bolinhos de aniversário haviam acabado – até marido "não gosto de bolos" comeu deles. Queria um sorvete fácil e refrescante e havia limões em casa. Acabei adaptando uma receita muito simples de sorvete de limão siciliano com sálvia de Tessa Kiros, do sempre ótimo livro Falling Cloudberries. A receita rende meio litro de sorvete, mas assim que experimentei me arrependi por não ter feito o dobro. Meu marido, que normalmente avalia a qualidade do meu sorvete pela facilidade com que retira uma colherada do pote recém-saído do freezer, ficou surpreso com a maciez do sorvete. Tão poucos ingredientes, e uma sobremesa deliciosa e refrescante. Use o creme de leite fresco mais espesso que tiver à disposição, e açúcar e limão tahiti orgânicos (cítricos orgânicos são prioridade em casa, desde o dia em que espremi uma casca de limão convencional para sentir o cheiro de seu óleo essencial e o que saiu de seus poros foi uma cera amarelada e incrivelmente fedida, que estava ali dando brilho à casca da fruta e provavelmente agindo como conservante de alguma espécie).

[UPDATE: o Timbaúba é bem docinho e saboroso, e fez uma boa espuma de cappuccino. O Leitíssimo continua campeão da espuma, mas agora considero os dois uma boa opção. Quero testar iogurte e ricotta caseira com ambos.]

SORVETE DE LIMÃO
(Adaptado do livro Falling Cloudberries, de Tessa Kiros)
Rendimento: meio litro

Ingredientes:
  • 2 xic. creme de leite fresco
  • casca ralada e suco de 2 limões tahiti orgânicos, bem suculentos
  • 2/3 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1/8 colh. (chá) sal

Preparo:
  1. Coloque o creme, a casca ralada e o açúcar numa panela e leve à fervura branda, em fogo baixo, mexendo com uma colher de pau para ajudar a dissolver o açúcar. Desligue o fogo e deixe em infusão, até esfriar.
  2. Coe numa peneira, junte o suco de limão e o sal, misture bem com um fouet e leve à geladeira durante toda a noite antes de colocar na sorveteira – isso garante que o creme terá gelado devagarinho e bastante antes de ser colocado na sorveteira, o que, na minha experiência, garante um sorvete mais cremoso e com menos cristais de gelo.  (No original, Tessa sugere fazer o sorvete apenas com a técnica de deixar no freezer e bater de hora em hora umas três ou quatro vezes, até chegar na consistência, deixando a sorveteira como alternativa. Como o teor de gordura do sorvete é alto, deve ficar bem macio assim também.)

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Picolé de melão e pistache para um dia mequetrefe

Tem dias em que o bom humor é como areia fina nas mãos. Você acorda bem, o céu está azul, o café da manhã é gostoso, o cachorro está sendo fofo, você ama seu marido, o bebê está chutando. Você finalmente acordou cedo o bastante – graças ao fim do horário de verão – para conseguir ir ao treino de corrida caminhar um pouco e rever seus amigos. Nem o fato de que o tênis de corrida incomoda seus pés de melão parece tirar seu sorriso do rosto.

O mundo é um lugar bom. As pessoas são legais. Tudo vai dar certo.

Então o dia se desenrola. E conforme você vai tropeçando nos acontecimentos, você começa a acreditar que o universo está testando sua fé na humanidade. É o tiozinho perfeitamente jovem e saudável de carrinho cheio na fila preferencial do supermercado, a capa de almofada nova que veio com o zíper quebrado, é um idiota que faz uma idiotice e envolve você e sua família num pepino enorme e totalmente desnecessário a essa altura da sua vida, e mais um sem número de demonstrações de falta de civilidade que fazem você pensar que o mundo talvez seja um lugar horrível. E que as pessoas são:

a. sem noção
b. sem educação
c. sem caráter
d. todas as alternativas.

E que talvez o universo não seja justo desde a extinção dos dinossauros, e tudo está fadado a ser um desastre, no fim das contas. E você sente, ao longo das horas, aquele seu bom humor escorrendo rápida e inevitavelmente por entre seus dedos. O sabiá da sua janela vai embora e alguém liga novamente uma serra circular no seu quarteirão.

Então você senta na beira da cama e contém o choro de raiva. Tenta se lembrar do modo como o dia começou. Do céu azul, do beijo de tchau, do modo doce como o cão olha para você simplesmente porque você está acordada e existe, das risadas com os amigos.

Inspira. Expira.

Decide que não vai mais atender o telefone pelo resto do dia, porque não quer mais más notícias entrando pelo ouvido e porque precisa parar de ser interrompida toda vez que senta para trabalhar. Então se lembra de que tem sorvete de melão no freezer. Levanta-se, dá dois passos em direção à cozinha e então estaca, receosa: e se não tiver dado certo? E se tiver ficado uma porcaria? Vai ser a gota d'água e você vai sair pelas ruas, a grávida louca, degolando seres humanos aleatoriamente.

Não. Vai estar bom. Precisa estar bom. Tem que ter dado certo. Eu acredito que o sorvete de melão vai salvar meu dia.

Bendita Santa Martha entre as mulheres. Delicioso e refrescante sorvete de melão, doce e pontilhado de pistaches. E tão simples! Valera a pena recortar aquela receita de uma revista sua e guardá-la no caderno. E esperar pelos bons melões do verão. Os que não são meus pés.

Vá lá. Se o seu dia não está lá essas coisas, compre um melão maduro de 1,5kg. Ela pede o HoneyDew; usei o Gália, que estava mais perfumado. Retire a casca e as sementes, e corte a polpa em quadrados. Bata no liquidificador até virar suco; tem que dar umas 4 xícaras. Numa tigela, misture 1/4 xic. de mel e 1/2 xic. de creme de leite fresco, bem gordo e saboroso. Junte o suco de melão e misture bem. Distribua alguns pistaches pelas forminhas de picolé. E despeje a mistura de melão nelas. Leve ao freezer. Se estiver usando palitos soltos, deixe gelar umas 2 horas antes de colocar os palitos, e então gele por mais 6 horas antes de servir. Metade da receita encheu minhas 6 formas. Tão, tão bom... Dá de dez no Melona e restaura o bom humor.

[Obs: porque já tá chovendo a pergunta, aqui vai a resposta: comprei as forminhas de picolé numa Bed, Bath & Beyond, em Nova York.]

quinta-feira, 25 de março de 2010

Sorvete de Goiaba preguiçoso, preguiçoso

Pre-gui-ça.
Faz mais de uma semana que eu ando como um montinho de geleca jogada num canto. Em parte calor, em parte alguns compromissos sociais (leia-se bebedeiras) que me tiram do eixo e atrapalham minha rotina muito bem estruturada; mas seja qual for o motivo, eu estou suspirando de preguiça. Há trabalhos nos quais não consigo focar e projetos pessoais empacados. Há listas de receitas a serem feitas que acabam sendo substituídas por um sanduíche ou uma massinha mequetrefe. Há fotos esperando por textos para serem publicadas no blog, e eu não encontro as palavras. Não é à toa que justamente minha morosidade atual seja o tema para a receita...

Mas cabe bem, uma vez que a receita é também preguiça pura. Acabei me empolgando na última visita ao mercado e, ansiando por frutas, saí com a sacola cheia de maçãs Gala, pêras perfumadas, abacates, bananas-prata, ameixas amarelas e goiabas vermelhas. No desespero pelos sabores, calculei mal as quantidades e o tempo de amadurecimento, e logo logo, todas as frutas amadureciam ao mesmo tempo em minha bancada.

As ameixas estavam destinadas a uma torta de ameixas amarelas e speculatius, o abacate tinha pretensões de salada, as bananas eram o café-da-manhã do marido, e apenas as pêras e maçãs pareciam contentes em esperar mais uma semaninha. Duas goiabas berravam "me use!", desesperadamente. Como a torta de ameixas sairia no dia seguinte, as goiabas viraram sorvete, para poderem esperar mais tempo no freezer, até que a torta acabasse.

Faça esse sorvete enquanto ainda há goiabas vermelhas. Ele é muito cremoso e leve, e tem um gosto maravilhoso de goiaba fresquinha e madura.

SORVETE DE GOIABA:
Tempo de preparo: 10 minutos + 4 horas geladeira + 2 horas freezer
Rendimento: 1 litro


Ingredientes:
  • 3 goiabas orgânicas, grandes e maduras (uns 600g)
  • 1 1/2 xic. creme de leite fresco
  • 1/2 xic. leite integral
  • 1 colh. (sopa) vodka (usei Absolut Vanilla)
  • 1 xic. rasa de açúcar cristal orgânico

Preparo:
Descasque as goiabas e corte a polpa em pedaços menores. Bata no liquidificador com o resto dos ingredientes até que fique homogêneo. Se quiser, passe por uma peneira para retirar as sementes. Leve o creme à geladeira por pelo menos 4 horas. Quando estiver gelado, coloque na sorveteira e siga as instruções do fabricante da máquina.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Pague 1 e Leve 2: Sorvete de Gianduia e Pão de Avelãs

Nestes últimos dias tem sido um suplício olhar para o termômetro da sala, marcando – pasmem! – 36ºC. Quando digo que estou morrendo de calor em meu apartamento... bem... não estou exagerando.

O calor me transforma em geleca. Eu fico ali, desmantelada em algum canto, evitando qualquer movimento que possa me acalorar ainda mais. Olho para o cachorro, igualmente desmantelado, e trocamos suspiros de quem descama sob o sol do deserto, apenas aguardando seus momentos finais enquanto vira churrasquinho. Trabalhar é uma droga: minha prancheta fica embaixo da janela, e conforme minhas mãos suadas se arrastam pelo papel, vão levando com elas a tinta e enrugando as folhas. Meu cérebro desacelera. Meu metabolismo deve ser semelhante ao de um urso hibernando. Olha que ideia: vou instituir hibernação de verão. Porque eu não funciono. Mesmo. Meu treinador suspira desapontado ao me ver rolando pela pista de corrida, minha pele derrete, transformando o giz pastel em uma pasta melequenta, e minha mente se torna instantaneamente incapaz de formular dois pensamentos coesos.

Nessas horas, eu fico estúpida.

Deito no chão para ver meu tamanho. Vejo TV com os pés dentro de um balde de água fria. Pego um livro ruim para ler de novo. Resolvo ligar o forno no máximo para fazer pão enquanto preparo sorvete.

Hein?

Pois é. Se a defesa era insanidade mental, caso encerrado: 36ºC e eu ligo o forno. E, com forno ligado, resolvo que é uma boa ideia fazer um sorvete que me obriga a ficar em frente ao forno quente, mexendo uma panela também no fogo.

Cu-coooo...!

Mas o mundo faz mais sentido quando há pãozinho de avelãs na bancada e sorvete de gianduia no freezer. Não faz? Não? É só para mim? Ok, então.

Mas por que os dois no mesmo post? Porque um veio do outro, ué. Torrei as avelãs, esfreguei-lhes a pele dura fora, cozinhei-as no leite, bati-as no liquidificador e as espremi para retirar o leite aromatizado. Com o leite, bom chocolate, ovos e açúcar, preparei o sorvete e o coloquei na geladeira (o cold room é ótimo para esfriar bem os cremes antes de irem à sorveteira). Enquanto o creme gelava, as avelãs trituradas secaram e foram incorporadas a uma massa de pão integral. Na hora em que os pães foram para o forno, o creme estava suficientemente gelado e foi para a sorveteira. E eccoli: pão de avelãs e gelato al gianduia.

Aliás, adoraria ver a cara de muita gente agora, pois eu mesma fiquei chocada no dia em que descobri: Gianduia é um nome masculino! É IL Gianduia, e não LA Gianduia. Portanto, O Gianduia. Eita, coisa feia. ;)

O pãozinho ficou delicioso, mas como o sabor das avelãs é bem pronunciado, é só para verdadeiros fãs delas, como eu. Tão bom com manteiguinha e geleia... Já o sorvete... ele é tão bom, tão bom, tão bom, que dá vontade de não contar para ninguém. Quando experimentei, sobre uma pêra madura fatiada, quis esconder o pote inteiro do resto do mundo. É só meu. Meu. Chô! Chispa! O interessante é o fato de ele não ter ficado enjoativo como a maior parte dos sorvetes de gianduia que já comi por aí, talvez por conta do sorvete bem amargo. A receita diz que se pode substituir o chocolate amargo até mesmo por ao leite (de qualidade!!!). Mas deve ficar bem mais doce.

Quando a insanidade temporária bate à sua porta, só sorvete de gianduia salva.

GELATO AL GIANDUIA
(Ligeiramente adaptado do livro The Ultimate Frozen Dessert Book, de Bruce Weinstein & Mark Scarbrough)
Tempo de preparo: 1 hora + 4 horas de geladeira + 2 horas de freezer
Rendimento: 1 litro, aproximadamente


Ingredientes:
  • 1 xic. avelãs inteiras (uns 110g)
  • 3 xic. leite integral, ou mais se necessário
  • 1/4 xic. creme de leite fresco
  • 60g chocolate amargo (usei 85%)
  • 3/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 3 gemas de ovos grandes, orgânicos
  • 1/2 colh. (chá) essência de baunilha
  • 1/4 colh. (chá) sal

Preparo:
  1. Toste as avelãs no forno (180ºC) ou numa frigideira larga, até que fiquem aromáticas. Cuidado, pois elas queimam fácil. Esfregue-as dentro de um pano de prato, para retirar qualquer casca mais dura e solta.
  2. Coloque as avelãs numa panela com o leite e leve ao fogo médio, até que levante fervura. Abaixe o fogo e cozinhe por 5 minutos, mexendo com uma colher. Desligue o fogo, tampe a panela e deixe em infusão por 15-20 minutos.
  3. Posicione uma peneira forrada com um pano tipo gaze sobre uma tigela grande. Com cuidado, bata o leite e as avelãs num liquidificador (bata em etapas, pois o líquido quente tende a explodir para fora do copo e faz uma baita sujeira). Despeje a mistura sobre a gaze e, quando não estiver tão quente, enrole a gaze e termine de espremer com as mãos, para retirar a maior quantidade de leite possível. Meça 2 1/2 xic. de leite de avelãs. Se não conseguir essa quantidade, complete com creme de leite ou leite.
  4. Aqueça o leite de avelãs numa panela, junto com o creme de leite. Quando ameaçar ferver, remova do fogo e o chocolate picado. Mexa bem até que fique homogêneo (com um batedor de arame é mais fácil).
  5. Em outra tigela, bata as gemas e o açúcar até que fique pálido mas ainda granuloso. Junte 1/4 da mistura de chocolate às gemas e misture bem. Junte isso de volta ao conteúdo da panela e leve ao fogo baixo, mexendo sempre, até que fique com consistência de milk-shake derretido. Não espere começar a ferver: assim que você vir grandes bufadas de vapor subindo, está pronto.
  6. Passe por uma peneira fina, junte a baunilha e o sal e leve à geladeira, semi-tampado, por 4 horas, ou até que fique bem gelado. Leve à sorveteira e siga as instruções do fabricante.

Obs: esse sorvete, como a maior parte dos sorvetes cremosos desse livro em particular, fica com boa consistência sem a sorveteira. Ao invés de levar à sorveteira, coloque o creme gelado no freezer por umas duas horas. Retire e bata com um batedor de arame. Volte ao freezer por meia hora e repita isso mais 4 vezes, e então deixe o sorvete gelar por 1 ou 2 horas antes de servir.




PÃO DE AVELÃS

(Adaptado do livro Dough, de Richard Bertinet)
Tempo de preparo: 2h30-3h
Rendimento: 2 pães médios


Ingredientes (medidas em volume aproximadas):
  • 110g (1 xic.) avelãs tostadas e trituradas
  • 300g (2 1/3 xic.) farinha de trigo integral
  • 200g (1 1/2 xic) farinha de trigo para pães
  • 7g (1 1/2 colh. (chá)) fermento ativo seco
  • 2 colh. (chá) sal
  • 1 colh. (chá) mel
  • 360ml água (+ umas 2 colh. (sopa), se o tempo estiver MUITO quente e seco)

Preparo:
  1. Numa tigela, misture as farinhas e o fermento. Em outra, misture a água, o sal e o mel. Junte o líquido às farinhas e misture bem até formar uma massa. Despeje numa bancada limpa e sove bem até que comece a massa comece a ficar elástica, uns 10 minutos.
  2. Ao fim da sova, junte as avelãs e sove novamente até que elas estejam bem espalhadas pela massa. Polvilhe pouca farinha e forme uma bola. Coloque em uma tigela ligeiramente enfarinhada, cubra com um pano de prato e deixe fermentar por 30-45 minutos. Retire o ar, forme uma bola novamente, cubra novamente com o pano e deixe fermentar por mais 30-45 minutos, até que dobre de tamanho novamente e um dedo pressionado levemente deixe a marca.
  3. Coloque a pedra de assar no forno e ligue o forno no máximo. Divida a massa em duas partes iguais e forme baguettes curtas. Coloque em uma superfície bem enfarinhada, cubra com um pano de prato, e deixe fermentar por 1h a 1h30, até que dobre de tamanho e um dedo levemente pressionado faça uma marca que volte lentamente para o lugar (se a marca ficar desta vez, passou do ponto).
  4. Passe os pães com cuidado para uma pá de forno bem enfarinhada. Faça um corte no sentido do comprimento de cada pão, com 1cm de profundidade. Dê umas 15 borrifadas de água fria dentro do forno e deslize rapidamente os pães para a pedra, fechando o forno. Asse por cerca de 30 minutos, até que estejam dourados e soem ocos quando os nós dos dedos baterem na parte de baixo. Deixe esfriar completamente sobre uma grade.

Cozinhe isso também!

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