quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Sem receita hoje... só pequenas alegrias

O tempo vai passando muito rápido. Noutro dia chorei feito uma criancinha ao guardar as roupinhas de recém-nascido do meu pequeno matador de dragões. "Ele era tão pequeniniiiiinho...", expliquei para meu marido incrédulo. "Mas ele AINDA é pequeno!", tentou argumentar, sem sucesso. Lembro-me de ainda estar grávida e já imaginando o dia em que começasse a dar comidas diferentes para meu bichinho de goiaba. Por isso e pela óbvia curiosidade dele cada vez que alguma comida colorida passava em frente a seus olhinhos, não esperei dois segundos depois do pediatra dizer "vai!" para começar a dar-lhe algumas frutinhas. ;)

Talvez tenha sido o fato de eu ter dado meu dedinho sujo de fruta para ele sentir o gosto sem comer nos últimos meses, talvez seja pura sorte. Mas sua aceitação rápida do novo alimento me fez acreditar que ele já estava definitivamente pronto para esse passo. Primeiro foi a pera, raspadinha. Sucesso total. Depois banana, que ele gostou tanto, que erguia os bracinhos na minha direção, segurava a colher e a puxava para a boca escancarada. Seu olhar de puro espanto ao me ver descascar a fruta me fez gargalhar. "Uh!Uh!Uh!", exclamava ele, olhinhos arregalados, batendo os bracinhos nas laterais do carrinho, absolutamnete enlouquecido para pegar aquela fruta tão engraçada.

Então veio a maçã. A maçã Gala, orgânica, docinha, já não foi sucesso imediato. Vai virar gosto adquirido. No primeiro dia, foi cuspida. Mas eu, que fiquei fazendo abóbora para o meu marido até ele aprender a comer sem reclamar (malvada, eu?), não desisto fácil. No segundo dia, ele comeu relutante, mas comeu. Sempre comigo dando risada, fazendo graça, sem mostrar sinal de frustração por ele não ter amado de paixão uma das minhas frutas favoritas. No terceiro dia, mudei a estratégia: descasquei uma metade de maçã e dei o pedaço inteiro na mão dele, para que explorasse à vontade. Naquele formato, foi fácil para ele usar a fruta de mordedor, sem correr o risco de que algum pedaço menor se quebrasse e o fizesse engasgar. Imediatamente vi que ele havia adorado o gosto da maçã, mas não a textura dela raspada. A-há! Fiz um purezinho mais molinho e lá foi ele: adorou maçã. :D

Então veio a laranja, em forma de suco, dada de colherinha porque ainda não quero dar mamadeira enquanto estiver amamentando. Lambança total, mas aprovada.

Mas foi o episódio do mamão que me fez morrer de rir e ansiar ainda mais pelas abobrinhas, berinjelas e agriões. Lá fui eu com a colherinha de café cheia de mamão. E nada. Ele nem via a colher chegando, que dirá abrir a boca. Seus olhinhos estavam totalmente concentrados no grande pedaço cor-de-abóbora em minha mão. Era tudo o que ele queria. Pegar o mamão. Desisti da colher, então, e segurei o pedaço da fruta à sua frente. Suas mãozinhas descoordenadas vieram, ávidas, agarraram a fruta e daí em diante meu filho virou o Cookie Monster. Com direito a olhos vesgos de ansiedade. ;)

Muito anda sinalizando que a primeira papinha propriamente dita virá logo. É uma mistura de tristeza e alegria. Alegria porque não vejo a hora de preparar algumas sopinhas frias para os dias quentes de verão. Pergunto-me quais serão seus legumes favoritos. Tristeza porque amamentar é gostoso e vai deixar saudades. E porque meu bichinho de goiaba está crescendo rápido... :)

Enquanto isso, vou fuçando aqui, em busca de inspiração extra:


http://www.latartinegourmande.com/2009/10/15/homemade-baby-food/
http://whippedtheblog.com/2008/11/21/homemade-baby-food-for-the-mini-whipped-gourmand/
http://smittenkitchen.com/baby/

:)

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Biscoitos recheados de manteiga de amendoim

Algumas pequenas coisas idiotas que me tiram do sério:
  • quando você serve a água quente do chá e ela puxa o papelzinho da ponta do fio pra dentro da xícara;
  • quando o que sobrou de comida não é nem tão pouco que você possa terminar de comer nem o suficiente para ser uma porção para o dia seguinte;
  • quando eu estou contando xícaras de farinha numa tigela já cheia de outros ingredientes e de repente me dá um branco de quantas xícaras já foram;
  • cães de meias;
  • quando no meio de uma história eu me esqueço do nome do livro/autor/ator/cantor/música ou qualquer informação crucial para o clímax da história, e meu interlocutor continua me olhando, impaciente e desconfortável;
  • quando um diretor f*de o filme na última cena;
  • pisar no molhado de meias.
Coisas idiotas que deveriam me tirar do sério mas me fazem rir:
  • quando o bebê resolve ver qual efeito tem o peso de suas mãos contra a água da banheira e me molha inteira;
  • derrubar a torrada com a manteiga para baixo;
  • quando o cachorro rouba minhas meias e baba nelas;
  • quando o bebê regurgita em outra pessoa que não eu;
  • quando o bebê resolve se aliviar no trocador, antes que eu coloque a fralda limpa;
  • quando o cachorro me empurra pra fora do sofá;
  • Overacting de figurantes;
  • quando depois de fazer biscoitos recheados especialmente para o seu marido, você descobre que ele não gosta de manteiga de amendoim. 
¬_¬

É rir pra não chorar.

BISCOITOS RECHEADOS DE MANTEIGA DE AMENDOIM
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 36 biscoitos

Ingredientes:
(biscoitos)
  • 2 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 3/4 xic. manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 3/4 xic. manteiga de amendoim natural (amendoins torrados, sem sal, moídos no processador)
  • 1/2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1/2 xic. açúcar demerara
  • 1 ovo grande
  • 1 coh. (chá) extrato natural de baunilha
(recheio)
  • 6 colh. (sopa) manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 3/4 xic. manteiga de amendoim natural
  • 3/4 xic. açúcar de confeiteiro
  • 3 colh. (sopa) creme de leite fresco

Preparo:
  1. Numa tigela, misture a farinha, o bicarbonato e o sal.
  2. Na tigela da batedeira, misture a manteiga, a manteiga de amendoim e os açúcares. Bata em velocidade médio-alta até que fique claro e fofo, cerca de 3 minutos.
  3. Junte o ovo e a baunilha e bata até incorporar, raspando as laterais com uma espátula.
  4. Com a batedeira em velocidade baixa, junte a farinha e bata apenas até que não se veja a farinha.
  5. Separe a massa em duas partes, achate em forma de um disco, embrulhe em filme-plástico e leve à geladeira por no mínimo 30 minutos.
  6. Polvilhe a bancada com farinha. Abra o primeiro disco de massa com um rolo, na espessura de 0,5cm. Corte com uma faca em retângulos de 2,5x6cm e disponha em uma assadeira forrada com papel-manteiga, distantes uns 3cm. Leve à geladeira por 15 minutos para firmarem. Enquanto isso, pré-aqueça o forno a 160ºC, com as grades na parte superior e inferior.
  7. Leve os biscoitos ao forno por 15-20 minutos, alternando as assadeiras no meio do tempo, até que os biscoitos estejam ligeiramente dourados nas beiradas e firmes no centro. Retire com uma espátula e deixe que esfriem completamente sobre uma grade. Repita com o segundo disco.
  8. Para o recheio, coloque todos os ingredientes na tigela da batedeira e bata em velocidade médio-alta até que esteja claro e fofo, cerca de 5 minutos. Distribua em metade dos biscoitos e cubra com a outra metade. Guarde na geladeira por até 3 dias.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Salada de beterrabas (1) com azeitonas e funcho (2) com pecorino

Achei muito interessante uma reportagem da revista do Jamie Oliver que dizia que o governo britânico sugere que as pessoas consumam 5 porções de vegetais e frutas por dia para serem saudáveis. A reportagem vinha para tentar explicar o que seriam essas porções e como introduzi-las na sua dieta. Quando comentei sobre isso com minha mãe, ela ergueu as sobrancelhas, espantada, e disse: "mas tudo isso?"

Então matutei a respeito.

Ontem meu almoço foi uma salada de batatas (1), abacate (2) e agrião (3). O jantar foi uma sopa de repolho (4), grão-de-bico (5) e batatas (ops, de novo, não conta). No dia anterior, almoçara uma salada de agrião (1), pera (2), nozes e queijo serrano. Comera de café-da-manhã um mingau de aveia (3) e banana (4) e jantara uma massa com molho de brócolis (5). Hoje o almoço foi essa salada de beterrabas (1) e funcho(2) com queijo pecorino e azeitonas, e a sobremesa foi arroz (3) doce de café. O jantar vai ser uma omelete de agrião (4) com hortelã e uma saladinha de trigo (5) e tomates (6).

Fiquei pensando na chateação que seria cozinhar se eu ficasse calculando esse tipo de coisa. Assim como seria se eu calculasse calorias, ou porcentagens de qualquer coisa, ou nutrientes, ou benefícios. Não só isso, pensei no espanto de minha mãe, e me dei conta de que as pessoas acham difícil comer essa quantidade (mínima) de verduras, legumes, grãos e frutas, porque presumem que devem ACRESCENTAR esses itens a um cardápio já existente de itens pouco naturais. Quando, na verdade, se você comer todo dia arroz, feijão, uma coisa verde, uma colorida e uma fruta de sobremesa, você não só cumpriu a meta, como a ultrapassou. Sem nem pensar a respeito. Sem nem ser tachado de "natureba".

Por que, ao invés de bagunçar o coreto criando regras complexas, o governo não simplesmdente sugere "coma o que estiver mais próximo de seu estado natural"? Isso resolveria tudo. Não?

Para preparar essa salada, apanhe algumas beterrabas pequenas, inteiras, tempere-as com sal e azeite, embru-lhe-as em papel alumínio e asse-as a 180ºC por 1 hora ou até que fiquem macias. Quando estiverem cozidas, retire-as do forno e deixe que esfriem o bastante para manuseá-las e retirar-lhes a casca. Corte-as em fatias grossas e misture-as a um vinaigrette feito de um punhado de azeitonas pretas picadas bem miúdo, azeite e vinagre de vinho tinto. Então fatie um bulbo de funcho, mergulhe-o em água fervente com sal por 1 minuto e depois em água gelada. Escorra e tempere com azeite, suco de limão, sal e pimenta-do-reino. Disponha as beterrabas no prato, o funcho por cima, e coloque por cima lascas de queijo pecorino. A receita é do lindo livro A16 Food+Wine.

Bom mesmo é comer comida fresquinha, colorida, e se preocupar apenas com o sabor. :)

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bolo de peras ao conhaque e chocolate branco

Existem dicas e existem intromissões.

Dica: bota a banheira do bebê no box do chuveiro que facilita a vida.
Intromissão: bota um casaco no menino que ele tá com frio.

Dica: não lute contra sua nova rotina quando tiver um bebê pequeno em casa; assim você estressa menos.
Intromissão: você PRECISA (insira qualquer predicado irritante que soe como uma lei universal da mãe estressada).

Dica: presuma que tudo é normal e bebês são criaturinhas em formação completamente imprevisíveis; isso também estressa menos (e aborrece menos seu pediatra). Se o bebê tá fofo e feliz, aquele soluço não quer dizer nada.
Intromissão: que ABSURDO você não usar (insira qualquer objeto-tralha de bebê que você considere inútil).

Dica: nos momentos desesperadores, lembre-se de que não é para sempre: um dia seu filho VAI dormir, VAI aprender a ir ao banheiro sozinho e VAI dizer a você o que o está incomodando.
Intromissão: pára de comer chocolate, porque isso é cólica.

Dica: Happiest Baby on The Block. É bizarro, mas FUNCIONA. Fiquei fula de ter descoberto isso só no segundo mês.
Intromissão: peraí que eu sei botá-lo pra dormir (diz a pessoa, desenrolando o bebê, que estava tranquilo e imediatamente desata a chorar).

A lista é infindável. E hoje, andando com o bebê sentadinho no sling, olhando para frente, um homem me abordou, horrorizado: "Ai, mas isso não está apertando o nenê???" INTROMISSÃO. Oi, você não me conhece. Bom dia. Tudo bom?

Claro que há quem vá achar que minhas dicas são também uma intromissão. A verdade é que qualquer coisa que digam a você que seja diferente do que você está fazendo com seu filho vai deixá-la ligeiramente ofendida. Porque por melhor que sejam as intenções, fica sempre aquele gosto amargo de "você acha que não estou fazendo um bom trabalho". E quem é mãe está sempre tentando fazer o melhor possível.

Ainda bem que existem também as dicas inofensivas, que só trazem felicidade. Por exemplo, quando a Pat me mandou uma mensagem me sugerindo que eu preparasse esse bolo, depois de ter comentado que eu tinha peras e chocolate branco dando sopa em casa. Foi bater o olho na receita (facílima) que corri para a cozinha. Talvez tenha sido o fato de usar uma forma 1cm menor do que devia (distração) ou ter aberto o forno 15 minutos antes (outra distração) que fizeram o bolo afundar no meio. Ou talvez ele deva ser assim mesmo, pois a massa ficou muito fofa, deliciosa com o sabor da manteiga noisette. O bolo ficou maravilhoso, macio, molhadinho, perfumado. De comer sozinha e escondido. ;)

Outra dica boa? Essa aqui: http://desenhoque.tanlup.com/
Finalmente produzi uma nova leva de posters de frutas e verduras, e estou testando vendê-los através dessa lojinha. Assim não preciso ficar fazendo novos posts a cada vez que produzir, e fica tudo concentradinho em um lugar só. Então quem estava esperando, vá lá. Se funcionar direitinho, do jeito que espero, mês que vem já coloco à disposição outras coisinhas mais. :)

BOLO DE PERAS AO CONHAQUE COM CHOCOLATE BRANCO
(do livro The Boozy Baker)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 8 fatias gordinhas

Ingredientes:
(peras ao conhaque)
  • 2 colh. (sopa) açúcar
  • 1/4 xic. conhaque
  • 2 colh. (chá) suco de limão
  • 2 xic. peras (cerca de 2 peras) maduras, descascadas e cortadas em cubos de 1cm
(bolo)
  • 1 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento químico em pó
  • 120g manteiga
  • 3 ovos grandes
  • 2/3 xic. açúcar
  • 1/2 xic. chocolate branco picado

Preparo:
  1. Combine o açúcar, o conhaque e o suco de limão numa tigela pequena e junte as peras em cubos. Deixe macerando por 20 minutos. Então escorra sobre outra tigela, reservando o líquido e as peras separadamente.
  2. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe uma forma redonda de fundo removível de 22-23cm. 
  3. Em uma frigideira pequena, derreta a manteiga em fogo baixo, cozinhando por cerca de 8 minutos, até que fique acastanhada e solte um cheiro de nozes. Cuidado para não queimar. Retire do fogo. 
  4. Numa tigela, misture a farinha, o fermento e o sal. Reserve.
  5. Na tigela da batedeira, bata os ovos em velocidade alta até que fiquem bem claros e fofos. Vá juntando o açúcar aos poucos, batendo por mais uns 2 minutos. 
  6. Baixe a velocidade da batedeira e junte 1 colh. (sopa) do líquido de conhaque reservado (o restante não será usado). 
  7. Alternadamente, junte a farinha e a manteiga, começando e terminando pela farinha. Bata apenas até que a farinha esteja incorporada. 
  8. Espalhe a mistura na forma e espalhe por cima as peras em cubos e o chocolate. Leve ao forno por 45 minutos, ou até que um palito inserido no meio saia limpo e o bolo esteja dourado. Deixe esfriar completamente na forma antes de desenformar. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

7grãos com pesto e verduras e meu fornecedor de orgânicos

Foi na semana em que Thomas nasceu que mudei muita coisa a respeito da minha cozinha e minha forma de comprar comida. Primeiro, porque imediatamente após a primeira mamada do bebê, dei-me conta de que tudo o que pusesse na boca viraria o corpo do meu filho. Segundo, porque a mudança em minha rotina me forçou a buscar soluções mais práticas, que não me tirassem de casa o tempo todo. E terceiro, porque só pensar nas fraldas descartáveis que ele usaria já me fazia tremer e querer compensar a natureza de alguma forma: trazer menos embalagens para casa e gerar menos lix, por exemplo.

Foi no blog Fogão Azul que encontrei a indicação para o website do Fernando, antes Cesta Orgânica, e agora renomeado Alimento Sustentável, que faz a distribuição de produtos de pequenos produtores de orgânicos, pescadores que trabalham com espécies sustentáveis e pesca não-predatória e produtores de queijos artesanais, como o queijo Serrano e o Canastra. Receber pela primeira vez aquela cesta de vime cheia de frutas e verduras soltas me deixou emocionada: finalmente aquilo me parecia coerente. Na semana seguinte, quando mais uma cesta foi entregue, a primeira foi devolvida, junto com o saquinho de pano onde vieram os cogumelos e a caixa onde vieram os ovos, para que tudo fosse reutilizado.

Ao longo desses meses, todas as minhas frutas e verduras têm vindo dele. Peço sempre uma grande quantidade de produtos, o que me força a preparar uma boa variedade nas refeições e a economizar as viagens ao mercado, onde acabo comprando apenas alguns poucos itens de mercearia e confeitaria que ainda não constam de sua lista.

O fato de ser tudo muito fresco ajuda um bocado (quase tudo é produzido em até 150km de São Paulo, e colhido praticamente no dia anterior à entrega). As verduras, depois de lavadas, secas e acondicionadas em potes fechados na minha geladeira, chegam a durar duas semanas ou mais, e as frutas têm vindo especialmente saborosas. Fazia anos que não comia kiwis tão doces. Aliás, escrevi esses dias um email ao Fernando, perguntando sobre a espécie de maçã que vinha na cesta (Gala, por sinal, pequenas, mas muito doces), e lhe contando algo bizarro que me acontecera: durante a semana em que ele não entregou os produtos, reorganizando o novo site, acabei comprando maçãs comuns no supermercado. Maçãs enormes, lindíssimas, Oregon, muito vermelhas, e Granny Smith, verdinhas. Foi fatiar a maçã Oregon para ter uma estranha surpresa: o movimento da faca estava manchando de vermelho a carne clara da fruta. Pensei que tivesse cortado o dedo. Olhei novamente e fiquei em choque: a casca vermelha era puro corante. Também a maçã verde, quando cortada, revelou-se tão verde-radioativa no interior quanto no exterior, como se lhe tivessem injetado aquela cor. "Isso não é normal", pensei. De volta às maçãs orgânicas, para sempre. :)

Desde então tenho me comprometido a consumir a maior quantidade possível de orgânicos em detrimento dos produtos "comuns", uma vez apresentada a devida qualidade. Até minha nêmesis aqui em casa, os "flocos de milho açucarados" daquele tigre maldito foram enfim abolidos, substituídos por sua excelente versão orgânica. O marido aprovou de boca cheia e o tigre não entra mais aqui.

Ironicamente, desde que comecei a comprar mais orgânicos, tenho gasto menos em supermercado. Justamente por limitar minha escolha de ingredientes ao que há disponível, muita compra por impulso foi impedida nesse processo. E, de quebra, sinto que, podendo fazer isso, estou, como diz Michael Pollan, "votando três vezes ao dia", estimulando a produção de algo em que acredito, na esperança de que um dia um tomate orgânico seja um tomate comum e não precise mais de predicado.

Esse almoço supimpa foi feito com as verduras da cesta e arroz 7 grãos orgânico. Aliás, a única coisa não-orgânica aqui era o extrato de tomate italiano (justo quem, mas fazer o quê? eu disse que estou tentando, e não que consegui). Tudo delicioso, adaptado novamente do livro Nature, de Alain Ducasse. Thomas olhava maravilhado para o prato colorido e esticava os bracinhos, tentando alcançar meu garfo. Não resisti. Mergulhei meu dedinho no arroz para lambuzá-lo bem e levei-o à boca do pequeno. Ele cheirou, esticou a linguinha para fora e experimentou. Primeiro o choque. Sabor novo. O que é isso? Então se refestelou, puxando meu dedo inteiro para dentro. Bom saber que gostou, filhão; isso um dia vai virar papinha para você. ;)

Para preparar o arroz, refogue meia cebola picada em um pouco de azeite. Junte 1/2 xícara de arroz 7 grãos, mexa um pouco, tempere com sal e acrescente 1 1/2xic. de água quente (ou a proporção de água indicada no pacote). Deixe ferver, tampe e cozinhe por 15 minutos. Destampe, junte 1 colh. (sopa) extrato de tomate, tampe novamente e continue cozinhando por mais 15 minutos, até que o arroz esteja cozido. Enquanto isso, corte 1 cenoura, 4-6 rabanetes e meio bulbo pequeno de funcho em fatias o mais finas possível. Reserve. Num pilão, ou num processador, triture um punhado de coentro, um de manjericão e dois punhados de salsinha acompanhados de 1 dente de alho pequeno, 1 colher (sopa) de amendoins crus (ou pinoli, ou castanha de caju, ou castanha do Pará...), 1 colh. (sopa) azeite e 3 colh. (sopa) de leite. Tempere com sal e pimenta. Na hora de servir, misture o arroz pronto e quente aos legumes fatiados e tempere com o pesto de ervas.

Para quem mora na área de entrega do Alimento Sustentável, recomendo muitíssimo: www.alimentosustentavel.com.br

Para quem acha que eu recebi alguma coisa por esse post, saiba que não: eu é que entrei em contato com o Fernando perguntando se poderia escrever a respeito e recomendá-lo. É justamente por não fazer propaganda por aqui que eu espero que vocês levem a sério minhas recomendações. :)




segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Bolo de especiarias com maçãs carameladas e chantilly


Está sendo difícil conter minha ansiedade. O pequeno agora quer pegar tudo o que está a seu alcance, incluindo a rúcula do meu prato (que foi jogada no chão da sala), o chantilly do meu morango, o pãozinho com manteiga do meu café da manhã. Ok, talvez eu não devesse comer com ele no colo o tempo todo... ;) Mas a verdade é que ando apaixonada pelo fascínio nos olhinhos dele quando tenho alguma comida nas mãos. Provavelmente mais interessado nas cores e nos cheiros do que de fato no conceito "comida", ele segue ávido os movimentos da comida do prato à boca de quem come, curiosíssimo. Dá aquela vontade louca de mergulhar o dedinho na sopa de legumes e levá-lo à sua boca, para que comece não a comer mas a experimentar alguns sabores. Vamos ver... quem sabe... Enquanto isso, me pergunto se ele terá guardado no inconsciente dele o cheiro dessas maçãs carameladas, que cozinhei enquanto ele me fazia companhia na cozinha, prestando atenção a tudo.

BOLO DE ESPECIARIAS COM MAÇÃS CARAMELADAS E CHANTILLY
(do livro Gourmet Today)
Rendimento: 9 porções

Ingredientes:
(maçãs carameladas)
  • 8 maçãs Gala ou Fuji
  • 6 colh. (sopa) manteiga em temp. ambiente
  • 3/4 xic. açúcar demerara orgânico
(bolo)
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo
  • 1 1/2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1/2 colh.(chá) bicarbonato de sódio
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1/2 colh. (chá) pimenta da jamaica moída
  • 1/2 colh. (chá) noz moscada ralada
  • 1/8 colh. (chá) cravos moídos
  • 8 colh. (chá) manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 1/3 xic. açucar demerara orgânico
  • 1 ovo grande,em temperatura ambiente
  • 1/2 xic. maple syrup
  • 1/2 xic. sour cream
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
(chantilly)
  • 1/2 xic. sour cream
  • 1 1/4 xic. creme de leite fresco
  • 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC e unte e enfarinhe ema forma quadrada de 20cm.
  2. Descasque e retire o centro das maçãs. Corte-as em fatias de 1cm de largura. Em uma frigideira grande e de fundo grosso, espalhe a manteiga uniformemente no fundo. Polvilhe o açúcar por cima e disponha as maçãs. Leve ao fogo médio até que o açúcar embaixo tenha dissolvido e as maçãs em cima comecem a soltar líquido, sem misturar, cerca de 10 minutos.
  3. Cozinhe, mexendo de vez em quando, até que o líquido comece a ficar xaroposo, cerca de 30 minutos. Escorra o xarope em uma tigela de metal e volte as maçãs ao fogo até que fiquem caramelizadas, cerca de 30 minutos, mexendo de vez em quando. Volte as maçãs ao xarope e reserve para reaquecer na hora de servir.
  4. Equanto as maçãs cozinham, faça o bolo. Com um fouet, misture numa tigela a farinha, fermento, bicarbonato, sal e especiarias. Reserve. Bata a manteiga e o açúcar em velocidade média até que fique fofo e claro.
    Junte o ovo e a baunilha e bata até que fique homogêneo. Junte o maple syrup e o sour cream e bata até que fique homogêneo novamente. Em velocidade baixa, junte a farinha, batendo apenas até incorporá-la. 
  5. Espalhe na forma e asse por 35-40 minutos, até que um palito saia limpo quando inserido no centro. Esfrie na forma por 10 minutos e então desenforme.
  6. Na hora de servir, corte o bolo em 9 porções e bata o creme, sour cream e açúcar em pobto de chantilly. Sirva com as maçãs aquecidas.

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Trigo, bardana, correria, e esqueci o que mais...

Tenho cozinhado um bocado, é verdade, mas a volta ao trabalho tem sido prioridade total – quando Thomas não é. O bichinho voltou a dormir noites inteiras (benzadeus) mas passa o dia todo pedindo atenção, carinho, conversa, risada, brincadeira. Não se conforma em ficar deitado; seu negócio é sentar e ficar em pé. Mas como ainda não o faz sozinho (por mais de dois segundos, pelo menos), vale-se de meus braços para ajudá-lo, e fica enfurecido quando não estou disponível para a tarefa. Logo, qualquer sinal de sonolência que o leva a um rápido, muito rápido, cochilo, leva-me imediatamente ao computador para trabalhar. E não para atualizar o blog. Fué.

Hoje o dia está mais calmo, no entanto, e consegui sacar a máquina fotográfica na hora do almoço.

Tenho uma nóia muito específica com comida: fico obcecada quando descubro um ingrediente novo, e absolutamente frustrada se não posso experimentá-lo. Nem que seja uma vezinha só, mas eu PRECISO cozinhar aquele legume estranho, aquele doce interessante, aquela fruta difícil de achar que apareceu na revista. Como assim existe um troço que é favorito de alguém e eu não conheço o gosto?

Quando vi uma receita com raiz de bardana (gobo), fiquei louca. O que é isso? Que gosto tem? Como come? Com o quê combina? A receita original, do lindo livro francês Nature, de Alain Ducasse, serviu de inspiração, pois meu adaptômetro estava ligado no máximo.

Descasquei uns 4 talos de bardana rapidamente, colocando-os de molho em água com limão. O contato com as mãos deixa sua carne branca imediatamente escura. Cortei os talos em pedaços menores e reservei, ainda na água. Piquei uma cebola bem pequena e esmaguei um dente de alho inteiro, sem picá-lo. Refoguei ambos no azeite até começar a amolecer e juntei a bardana, tampando a panela e cozinhando por uns 5 minutos, até começar a dourar. Juntei cerca de meia xícara de trigo em grãos, uma colher de chá de casca de limão siciliano picada, um punhado de passas claras e misturei bem. Despejei 1/4 xic. de Vermute, deixando que o trigo absorvesse, e cobri com caldo de legumes caseiro, temperando com sal e tampando a panela. A mistura cozinhou por cerca de meia hora, até que os grãos estivessem macios e al dente, e a bardana, cozida. Escorri, acertei sal e pimenta e servi polvilhado de cebolinha picada.

O resultado ficou bem interessante. A bardana tem algo que lembra fundo de alcachofra, mas diferente. O marido, meio avesso a novidades, não virou fã, mas se essa raiz caísse no meu colo de novo, essa seria uma bom jeito de comê-la. Para compensar a naturebice do almoço, servi de sobremesa morangos orgânicos com chantilly fresquinho e suspiros de farinha de castanha e nozes, o que já deixou o homem mais feliz. De qualquer forma, pretendo preparar tudo isso de novo com alcachofras, que vão combinar lindamente com o prato.

terça-feira, 12 de julho de 2011

Uma coisa leva à outra, e às vezes leva a Shortbread

Noutro dia contava à Pat sobre meu histórico de fracassos retumbantes com biscoitos: biscoitos queimados, crus, moles demais, esfarelentos demais, e o diabo a quatro. O que é estranho, pois eu me lembrava de assar bons biscoitos há anos atrás; mas algo aconteceu ao longo do tempo que me fez meio que "perder a mão".

Eu não desistia da ideia dos biscoitos, porém. A louca desvairada que me habita (e que se parece com a velha dos gatos dos Simpsons) continua comprando livros apenas de biscoitos, alimentando a fantasia de um dia ser uma fantástica cookie baker. Confesso, entretanto, que caí no mesmo pecado com os biscoitos que com os bolos: elegi meus tipos favoritos, caí na preguiça culinária e preparei sempre os mesmos ao longo dos anos. Chocolate Chip Cookies, Oatmeal cookies... e infinitas variações sobre o tema. Assim como aconteceu com brownies, quick breads e pound cakes.

Algo aconteceu no final da gravidez, no entanto, que me fez querer tentar novamente. E comecei com os biscotti, que havia anos não apareciam na minha cozinha. Pode ter sido desejo de grávida nos 44 do segundo tempo, mas o sucesso daqueles biscotti me incentivou a continuar. Parecia que a a mão para os biscoitos retornara. Após o nascimento do Thomas, NÃO sair para comprar ingredientes que faltavam me fez trabalhar com o que tinha e cozinhar o que dava, e acabei me aventurando nas barras. Foi com elas que caí nas bases de shortbread, que eu nunca preparara antes, e foi paixão à primeira mordida.

Shortbread é um tipo de biscoito cuja receita aparece em todos os livros americanos e ingleses que possuo, e que nunca me havia apetecido. Sua simplicidade passa por monotonia, erroneamente. Não me parecia interessante o suficiente. Não parecia algo que eu tivesse vontade de comer. No entanto, agora, estou apaixonada por sua textura leve e ligeiramente crocante, por seu sabor amanteigado. Adorei comê-lo com chá, café, ou com marmelos cozidos e iogurte. E agora que fui fisgada, pergunto-me o que mais andei perdendo, que outros biscoitos ignorei presunçosamente por tanto tempo. E não vejo a hora de prepará-los todos.

Esta receita de Alice Medrich não apenas é deliciosa, mas é à prova de idiotas. Se você se sente um desastre na cozinha e não tem coragem de assar biscoitos com medo de estragar ingredientes, essa é a porta de entrada para um caminho viciante e sem volta: a dos homemade cookies. Não apenas os ingredientes são simples, mas o processo não envolve bater manteiga, abrir com rolo, nem separar bolinhas. Apenas tenha certeza de usar uma manteiga bem saborosa e extrato de baunilha de verdade. Aliás, isso é regra para tudo e estou chovendo no molhado ao especificar esse tipo de coisa... ;)

Pat, esse shorbread é para você, que me fez ter vontade de retornar aos biscoitos. :)
SHORTBREAD ASSADO DUAS VEZES
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 5 min + 2 horas de descanso + 1h10min forno
Rendimento: cerca de 16 biscoitos

Ingredientes: 
  • 11 colh. (sopa) manteiga sem sal (cerca de 160g)
  • 1/4 xic + 1 colh. (sopa) de açúcar cristal orgânico
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 1 1/2 xic. farinha de trigo branca orgânica
  • açúcar demerara para polvilhar

Preparo:
  1. Forre o fundo de uma forma quadrada de 20cm com papel-alumínio OU unte uma forma de quiche de 23cm com fundo removível. 
  2. Derreta a manteiga. Numa tigela média, misture a manteiga ainda quente ao açúcar, sal e baunilha. Junte a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Com as mãos, espalhe a massa no fundo da forma e deixe descansando em temperatura ambiente por 2 horas ou durante a noite. 
  3. Pré-aqueça o forno a 150ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Asse o shortbread por 45 minutos. Remova a forma do forno mas deixe-o ligado. Polvilhe o açúcar demerara sobre o biscoito e deixe esfriar por 10 minutos. 
  4. Remova o shortbread da forma cuidadosamente para que não quebre e corte-o em quadrados, fatias ou palitos. Coloque os biscoitos numa assadeira forrada com papel-manteiga, ligeiramente afastados entre si, e asse por mais 15 minutos. 
  5. Retire, remova os biscoitos da assadeira e deixe que esfriem sobre uma grade. Guarde em pote fechado por várias semanas.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sobre compromisso e educação

Existe uma arte que anda se perdendo: a de se receber pessoas. Não apenas porque menos gente cozinhe em casa e tenha prazer (ao invés de pânico) em receber os amigos e familiares para um jantar. Mas porque quem ainda gosta de fazê-lo tem se sentido cada vez menos estimulado pela falta de consideração de seus próprios convidados. Talvez seja culpa de ferramentas como SMS e Twitter, que tornam a comunicação entre seres humanos cada vez mais lacônica e seca. Talvez os pais de toda uma geração tenham falhado em ensinar o mais básico das boas maneiras, como dizer "bom dia", "com licença", "obrigada" e "desculpe-me". São pequenos mas importantes os rituais de civilidade que estão desaparecendo, e, com isso, um pouco da esperança que eu tinha em ver minha casa sempre cheia de gente amiga.

Quando alguém se propõe a realizar um evento em sua casa, seja ele uma reuniãozinha com os mais chegados ou uma comemoração para cinquenta pessoas, há mais envolvido do que o simples comichão de quem ama ser anfitrião. Quando se envia um convite para, digamos, quarenta pessoas, pedindo R.S.V.P., é esperado dessas pessoas que, no mínimo, elas respondam "vou" ou "não vou". Ao contrário do que se espera, "não vou" é uma resposta absolutamente válida e não fere os sentimentos de quem está convidando.

Digamos que, dessas quarenta, vinte tenham respondido "vou". Alguns entusiasmados ainda acrescentam um "com certeza!" ao final da frase. A partir daí, qualquer bom anfitrião começa a planejar comes e bebes em torno desse número. Um cardápio é criado, mesmo que seja salgadinho e pipoca, e bebida é comprada. O anfitrião cuidadoso ainda leva em consideração as sensibilidades e preferências dos convidados que confirmaram presença, comprando bebidas light, não alcoólicas, e alimentos para quem tem restrições, como vegetarianos ou intolerantes a lactose, por exemplo.

No dia da festa, o anfitrião limpa a casa e arruma a mesa com muito gosto. Coloca uma boa trilha sonora e dá os últimos toques aos comes, esperando o primeiro convidado.

E ele espera.

Há esse estranho hábito no Brasil de não se querer ser o primeiro a chegar numa festa. Então, apesar do convite ser para, digamos, 19h, as pessoas só começam a chegar às 20h30. Todo o planejamento em torno da comida quente já foi perdido quando isso acontece, e o anfitrião já começa sua festa ligeiramente estressado pela espera. PAREM com isso.

Passam-se três horas de festa, e, ao ver que dos vinte confirmados, apenas seis chegaram, o anfitrião fica com a pulga atrás da orelha. Será que os convidados se perderam? Erraram o dia? Esqueceram? O bom anfitrião aproveita a companhia de quem veio e deixa para xingar depois.

E quando a festa acaba, ele xinga. Muito. Vai checar email e celular em busca de algum pedido de desculpas pela ausência, alguma justificativa... e nada. NADA. Vai olhar a geladeira repleta de comida e bebida comprada especialmente, e se pergunta por que essas pessoas sequer se deram o trabalho de aparecer. Afinal, era uma boca-livre em boa companhia. Ou talvez eles não achem que a companhia é tão boa assim.

Não sei o que há com as pessoas hoje em dia. Elas não honram compromissos, sua palavra não vale nada, e não há absolutamente nenhuma empatia nelas, pois não se colocam no lugar do anfitrião. Não se lembram de que receber gente custa caro e dá trabalho. Quando você é convidado à casa de alguém, trata-se de um evento especial, e quer dizer que você é querido por essa pessoa. Talvez amizades hoje em dia estejam restritas ao Facebook. Talvez dê muito trabalho sair de casa e se relacionar ao vivo.

Àqueles que estão sempre conosco, tomando uma cerveja e dando risada... amo vocês.

Todos aqueles que deixam os amigos na mão... vão à m*rda.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Coisinhas doces: Turtle Bar e bebê Thomas

 

A piada que meu marido conta há anos em casa é a de que "Ana Elisa está sempre com as mãozinhas cheias de doce". Aparentemente isso é genético, pois desde que o pequeno cavaleiro matador de dragões descobriu suas mãos, ele as devora inteiras, o tempo todo, como se estivessem de fato cheias de doce. Imagino como será quando seus dedinhos tocarem brigadeiro ou cobertura de bolo pela primeira vez... Eita...


Enquanto o pequeno se esbalda em leite, sem sequer suspeitar dos planos gastronômicos que o aguardam, a mãe, sim, meleca os dedos de caramelo, chocolate e biscoito. Estas barras são bastante rápidas, se você não contar o tempo que o caramelo demora para esfriar e o chocolate firmar. Que são deliciosas, bem, isso é óbvio considerando os ingredientes. O que me surpreendeu nelas foi o fato de não serem enjoativas. Digo, são doces. Mas, no melhor estilo Alice Medrich, não são de doer as cáries.

Comi tudo sozinha. Pronto, falei.

(Um termômetro para doces é altamente recomendável nessa receita, para garantir que o caramelo não vá nem ficar mole, escorrendo, nem duro, puxa-puxa, mas sim macio e derretendo na boca.)

TURTLE BARS
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 1h30
Rendimento: 30-35 barrinhas

Ingredientes:
(shortbread)
14 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida e ainda morna
1/2 xic. açúcar
2 colh. (chá) extrato de baunilha
3/8 colh. (chá) sal
2 xic. farinha de trigo
(cobertura)
1 3/4 xic. açúcar demerara
1/4 xic. mel
3/8 colh. (chá) sal
1/4 xic. água
4 colh. (sopa) manteiga
1 lata (395g) leite condensado
1 colh. (sopa) extrato de baunilha
2 xic. metades inteiras de pecans ou nozes
170g chocolate ao leite ou meio amargo picado, ou 1 xic. de gotas de chocolate

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Forre uma assadeira de cerca de 21x30cm com papel-alumínio.
  2. Numa tigela média, misture a manteiga derretida, o açúcar, a baunilha e o sal. Adicione a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Não se preocupe se a massa parecer muito mole ou oleosa. Pressione-a no fundo da assadeira forrada, espalhando de modo uniforme. Asse por 20-25 minutos, ou até que esteja dourada e acastanhada nas beiradas. Deixe esfriar na própria forma, sobre uma grade. 
  3. Equanto isso, faça a cobertura. Em uma panela de fundo grosso, com capacidade para 1-1,5l, junte o açúcar demerara, o mel, sal e água. Coloque em fogo médio e junte a manteiga. Mexa constantemente com uma espátula de silicone, raspando bem o fundo e as laterais da panela, até que a manteiga derreta. Se formar um grumo na ponta da espátula, raspe com uma colher de volta à panela e continue mexendo.
  4. Leve à fervura, mexendo sempre, por aproximadamente 3 minutos, para que todo o açúcar dissolva. 
  5. Junte o leite condensado e retorne à fervura, que tem que ser constante, mas não "furiosa", espirrando para todo lado. Continue mexendo e cozinhando até que um termômetro para doces acuse 112ºC (235ºF). O tempo total de cozimento deve ser aproximadamente 15 minutos.
  6. Remova a panela do fogo e junte a baunilha. Raspe todo o caramelo sobre a base de biscoito, na forma. Incline a forma (que estará imediatamente muito quente), para espalhar o caramelo de forma uniforme. 
  7. Espalhe as nozes tostadas e o chocolate picado e deixe que o caramelo esfrie e o chocolate volte a ficar duro, o que pode demorar algumas horas. 
  8. Puxe as abas de papel alumínio para ajudar a desenformar o doce. Com uma faca afiada, corte em quadrados pequenos e guarde em um pote hermético por 1 semana.

Cozinhe isso também!

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