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terça-feira, 14 de abril de 2015

Sobre livros de cozinha: começando a selecionar quem fica e quem vai


Tem aquele dia em que você compra aquele vestido para o corpo que quer ter um dia, quando resolver começar a frequentar a academia que você paga há meses.

E tem aquele dia em que você compra um livro de cozinha natureba pensando em quando você vai ser aquela pessoa fantástica que faz leite de aveia e usa óleo de coco no lugar do desodorante.

Eu consegui, há muitos anos atrás, eliminar o hábito de comprar roupas para a pessoa que eu não sou mas quero ser. Eu compro o que cabe agora, no meu corpo, no meu armário, no meu estilo de vida e, principalmente, no meu bolso. Mas durante todos esses anos, continuei comprando livros de culinária para o dia em que vivesse numa fazenda e ordenhasse minha própria vaca. Para o dia em que eu recebesse quinze pessoas importantes para um jantar de oito pratos. Para o dia em que houvesse uma hecatombe nuclear e eu fosse a única pessoa que soubesse fazer pão no mundo. Para o dia em que eu fosse aquela mãe perfeita que faz refeições com carinhas felizes. Para o dia em que eu me tornasse o tipo de pessoa que leva para os amigos éclairs de chá verde e maracujá com intrincados desenhos de fondant colorido. Para o dia em que eu virasse uma avó que só faz comida italiana tradicional. Para o dia em que eu vivesse na França e tivesse acesso a queijos incríveis que nem chegam ao Brasil. Para o dia em que eu tivesse um pomar para transformar o excesso de frutas em uma parede inteira de vidros de geleia. Para o dia em que eu quisesse fazer um autêntico banquete libanês. Para o dia em que eu me tornasse aquela pessoa fantástica que faz leite de aveia e usa óleo de coco no lugar do desodorante.

E é bizarro que eu esteja escrevendo isso agora, porque eu já escrevi isso antes. Em algum lugar entre uma mudança de apartamento e outra, provavelmente quando estava grávida do Matador de Dragões ou quando ele era nenê, e tentando me livrar de pesos mentais através da expurgação de bens materiais.

Naquela época mandei embora saias curtas que achei que não usaria mais por ser mãe (ledo engano) e livros de cozinha que julgava complicados demais para o parco tempo que me restava para cozinhar. Mandei livros embora como se eu fosse ser aquela pessoa para sempre. Não deu outra, peguei quase tudo de volta da casa dos meus pais e de minha irmã.

Mas agora é um pouco diferente. Sinto que minha cozinha amadureceu. Eu já sei muito bem o tipo de coisa de que gosto e o que não gosto. Qual comida me nutre o corpo e qual me nutre o coração. E conheço minhas flutuações de humor e de paladar. E agora que não preciso mais pensar em qual prato melhor vira papinha, ou como colocar escarola no prato de uma criança que não come nem salsinha, vejo-me selecionando o que quero cozinhar de uma forma diferente. Primeiro, pelo que tenho em casa, para não gastar dinheiro à toa. Segundo, pelo que mais me apetece ao estômago. Terceiro, pelo que melhor se adequa ao tempo que tenho e à situação. Para isso, o Eat Your Books tem me ajudado MUITO. E por conta dele, tenho usado mais meus livros e revistas do que o que costumava usar.

No entanto... percebi que mesmo com a ajuda do EYB, alguns livros continuam encostados. Muitos deles. Ou porque não estão indexados ou porque suas receitas nunca se encaixam nos meus parâmetros de seleção.

Vendo meu estúdio mais entulhado em livros de receita do que em material de arte, resolvi que é hora de fazer um corte brutal na minha coleção. Porque se antes eu comprava livros loucamente, hoje em dia fuço, fuço, fuço, e não encontro nada de muito diferente daquilo que já tenho. Preciso mesmo de mais um livro com receita de pesto ou de bolo de limão? (O mesmo, aliás, vai acontecer com equipamento de cozinha: formas e utensílios sem uso por um ano irão embora.)

Tirei da estante tudo aquilo que não uso faz tempo. Apanhar alguns e sentei na cama com um bolinho de post-it coloridos na mão e marquei nos livros tudo aquilo que me apetecia, tendo ou não ingredientes, para fazer agora ou daqui a um ano, para ver se os livros mereciam ao menos serem testados. Tentei me lembrar de pratos que já tinha preparado deles e se os faria novamente. Essa é a primeira fase do processo: se nada no livro me parece suficientemente interessante para me atiçar a curiosidade culinária, então, UT.

["Ut" foi uma brincadeira idiota que surgiu na primeira mudança de casa, quando criei a "out box" para os itens que deveriam ser mandados embora. No meio da seleção, começamos a inventar sotaques, e o "out" virou "ut". E ficou. Se vai embora, vai pro "ut".]

Esses dois são campeões do vai-e-volta da casa de minha mãe:

Comecei com o Saturday & Sundays – Seasonal Weekend Menus, de Kay Francis. Um livro australiano comprado há muuuuuuuuuuuuuitos anos atrás (talvez dez?), numa época em que eu tinha uma dificuldade brutal de montar cardápios quando as pessoas vinham comer em casa.

O livro era razoavelmente centrado em carnes, e eu ainda era vegetariana. Havia muitas coisinhas doces interessantes que eu queria fazer, mas ainda sofria daquele mal de quem espera uma ocasião especial, para não "desperdiçar a receita". ¬_¬ Também olhava para opções como uma travessa de pão de centeio, queijo de cabra e rabanete com extrema desconfiança, e não acreditava que pudesse servir isso aos meus amigos na época. O tempo passou, passou, eu aprendi a montar cardápios, eu deixei de ser vegetariana, e quando fui olhar o livro de novo, as receitas já não pareciam tão diferentes de tudo o que eu preparara ao longo dos anos. Um repeteco de outros livros mais usados. Além disso, os ingredientes já não estão mais dentro da minha realidade, pois não saio mais comprando aspargos e queijos de cabra franceses e nunca na vida comprei ostras.

O QUE COZINHEI DO LIVRO?
  • Num natal em que minha mãe trouxe o tender, usei um cardápio do livro que usava porco assado da mesma forma que o tender, e preparei um relish de tomate muito gostoso e uma salada de aspargos (viu?), batatas novas e avelãs, que teria ficado deliciosa se eu não tivesse me esquecido de tirar as cascas das avelãs... :P
  • Em outra ocasião, preparei a tarte de pêssegos assados com mascarpone e base de nozes e cardamomo. Muito promissora, foto linda, mas pouco saborosa.
  • E, numa noite qualquer, uma massa com beterrabas e atum fresco, essa sim, estranha e gostosa e que veio inclusive parar aqui no blog: FETTUCCINE COM BETERRABAS, RADICCHIO E ATUM

Parece-me pouco para um livro que ficou na minha estante pelos últimos dez anos. :(

Numa primeira olhada, pensei: FORA. Aí folheando novamente, achei que havia algumas coisinhas para preparar e testar de vez o livro. Porque você fica morrendo de dó de mandar embora e morrendo de dó de perder o que pode ser sua receita favorita de alguma coisa que você nunca cozinhou. No entanto, enquanto comecei a fazer a lista de ingredientes a comprar para poder executar os pratos que marcara, percebo que é toda uma profusão de prosciutto, ricotta, queijo de cabra e coisinhas encarecedoras de orçamento doméstico, ou coisas como soufflé de queijo e cerefólio servido com bacon e cogumelos. Tipo, posso usar receitas que eu já tenho pra isso.

RECEITAS SEPARADAS PARA TESTAR:

  • panforte
  • muffins de ameixa seca, nozes e xarope de maple
  • pão de nozes
  • bruschetta com purê de berinjela, menta e alho
  • pãezinhos de especiarias com creme de mascarpone e canela (olha a coisa ficando cara com o mascarpone)

VEREDITO: UT

Agora o Nature, do Alain Ducasse, é outra história. O livro é lindo, cheio de fotos bonitas e ilustrações fofas. Até capa é fofa. De verdade. É um livro gostoso até de segurar. Maaaas... não sei quem foi a besta que sugeriu listar os ingredientes coloridos DENTRO da receita ao invés de no início, de forma ordenada. Parece uma boa ideia, mas o que acontece é que você precisa ficar caçando no texto tudo aquilo de que precisa para cozinhar, e vira e mexe, esquece alguma coisa. E no meio do preparo percebe que não tem algo crucial. Ou o título da receita sugere algo simples, até perceber que há ingredientes ali difíceis de achar ou caros, como queijos específicos, aspargos (loucamente, aspargos para todo o lado), ervas que quase nunca têm na feira, como estragão, cerefólio e azedinha, cogumelos morille (tem no santa luzia e custa um mês de supermercado), e carnes como "fromage de tête", que é um tipo de um patê, um embutido, feito da cabeça do porco. Oi? Não tem disso aqui não.

Folheio, folheio, e não tem nada que eu queira fazer. Até tem, minto. Tomates Concassés. Preciso fazer tomate concassés do Alain Ducasse? Não, tenho pelo menos mais oito receitas dos tais tomates em outros livros. Gazpacho. Idem. Panisse. Idem. Com certeza outros livros não tem Foie Gras poché com nabos. Mas tipo... olha pra mim. Pega na minha mão. Me diz que eu vou cozinhar um dia fois gras poché com nabo. Pois é.

O QUE COZINHEI DO LIVRO?

Dentro daquele problema da listagem de ingredientes, calhou que sempre faltava alguma coisa. E dentro do perfil das receitas de chefs como o Alain Ducasse, um ingrediente que falta é um sabor ou textura que não está lá, tornando o prato incompleto e insatisfatório.

  • Crêpes à la farine de sarrasin, andouille et poireaux (crepes de sarraceno com alho poró e andouille). Ok. Obviamente falta a tal andouille, um embutido especificamente francês que não se encontra aqui. Na época eu não comia carne. Poderia substituir por um salame? Não sei. Faria de novo? Não me lembro se era bom o bastante para repetir e crêpe é um negócio que hoje em dia faço sem receita.
  • Soccas et légumes d'une niçoise (um tipo de crepe de farinha de grão de bico recheado com os mesmos ingredientes de uma salada niçoise). Bom? Ótimo. Meu marido e eu adoramos. Mas tive de omitir metade da enorme lista de ingredientes que levava erva-doce, que eu nunca encontro orgânica, pimentões confit, tomates confit e tapenade (que eu teoricamente já deveria ter feito e só no meio da receita você se dá conta disso). Fiz uma salada niçoise como sei fazer e enfiei dentro dos crepes. Então é metade mérito do livro, metade meu. 
  • Cocotte de quinori, légumes croquants et pistou d'herbes (ou mais ou menos isso AQUI.) Adaptado, como sempre. Gostoso. Mas eu nem lembrava que tinha feito até dar uma busca no blog. 
  • Orge perlé, salsifis et rasins de Corinthe cuisinés ensemble. Tipo isso AQUI. Como eu disse no post, ficou interessante. Feito com cevadinha descascada como pede o original deve ficar menos rústico. Como eu fui a única que terminou o prato aquele dia, nunca mais preparei. 
  • Aubergines en clafoutis ou ISSO. Não segui a receita à risca pois era para fazer porções individuais de clafoutis, o que torna a sua vida um inferno se você precisar servir ramequins recém-tirados do forno a duas crianças pequenas. Tipo, não. Ficou bom? Ficou ótimo, como todo clafoutis doce ou salgado que sai do meu forno. Nunca comi clafoutis ruim. A mistura berinjela + queijo de cabra + manjerona é fantasticamente inovadora a ponto de eu precisar de um livro para me lembrar dela? Tipo, não. 
Faria tudo isso de novo? Acho que sim, mas da mesma forma como não segui as receitas originais, sinto que não preciso delas para reproduzi–las. Até porque, elas estão aqui no blog do jeito que eu fiz e não do jeito que estão no livro. Olho, olho, vejo coisas que quero preparar, mas a quantidade de receitas com cogumelos chanterelle e outros ingredientes que não tenho por aqui me dão preguiça de manter o livro. Assim como me dá preguiça ter que escrever uma lista de ingredientes à parte da receita para ver se tenho tudo ou não antes de começar a cozinhar. 

Algumas receitas me parecem interessantes para tentar, muitos pratos parecem deliciosos e de preparo simples... se eu ainda morasse em São Paulo, com acesso fácil a peixes frescos de qualidade, carnes confiáveis, queijos e toda sorte de ingredientes exóticos. E, claro, se estivesse ganhando três vezes mais do que ganho para bancar lagostas, cogumelos chanterelle, queijos franceses, magret de pato e afins. 

Resultado: as receitas acessíveis são parecidas com outras que tenho em outro livro, e as inacessíveis são DE FATO inacessíveis. Vale o espaço que não tenho?

RECEITAS SEPARADAS PARA TESTAR:

    • Condiment cocombre-pomme (molhinho de pepino e maçã)
    • Salade de chou blanc à loeuf mollet (salada de repolho e ovo cozido)
    • Galettes moelleuses de pommes de terre (panquequinhas de batata)

    VEREDITO: UT




    segunda-feira, 23 de março de 2015

    Uma sopa de quiabo e como eu reduzi minha conta de supermercado comendo melhor


    á escrevi duzentas vezes ao longo desses anos o modo como organizava minhas compras, minha despensa, minha rotina na cozinha. Mas nada culminou tanto em uma melhora na minha alimentação e na minha conta bancária quanto meus hábitos mais recentes.

    Como mencionei no post anterior, o ambiente me influenciou um bocado. Quando você tem acesso a frutas e legumes orgânicos de qualidade mas não tem a mesma sorte com laticínios e carnes, você começa a comprar mais de um do que do outro. De repente, o centro do seu prato vira o legume ao invés da proteína, de qualquer espécie. E para dar mais força a esses legumes, você se mune de grãos e cereais e castanhas e sementes, que servem de coadjuvantes para que o legume possa ter uma performance brilhante. O arroz, o feijão, a quinua, a cevada, viram veículo para transportar melhor o sabor dos legumes, ao invés de tratar o brócolis como acompanhamento do arroz. Inverti tudo.

    Daí que, ao contrário de outras épocas em que tentei me alimentar mais de grãos integrais, mas deixei estragar sacos inteiros de cevadinha, parei de usar os grãos e farinhas integrais apenas em pratos especiais para isso e os incorporei de vez ao meu dia-a-dia. Comecei a tentar usar a maior quantidade de legumes por refeição e a maior quantidade de grãos e farinhas integrais por semana possíveis. E evitar usar a farinha branca como se a guardasse para uma ocasião especial – ou seja, o contrário.

    E a comida no supermercado ficou tão cara, que parei de comprar enlatados e comecei a fazer tudo em casa. O tomate orgânico da feira de fato ficou o mesmo preço do italiano enlatado. Nunca mais comprei tomate em lata. Ou feijões. Iogurte é feito em casa. Queijo cottage é feito em casa. Pão é feito em casa, a não ser pelo ocarional pão francês, quando não deu tempo de fazer mais. Não compro sucos, mas também não faço. Fruta é pra comer de dentada, não pra beber. Quando é pra beber, vira vitamina, que é lanche ou café da manhã, e não acompanhamento pra mais comida. Suco, só limonada. Limonada rende e não estufa a barriga durante a refeição. De resto, só água. Ou chá. Feito em casa, com pouco ou nenhum açúcar. Chá gelado dá pra fazer de litro, e dura uma semana na geladeira. As crianças levam pra escola. De hibisco, de erva-doce, de chá-verde com laranja, preto com limão, de hortelã, de casca de abacaxi...

    Comecei a ler livros sobre como as pessoas se alimentavam durante a guerra e tive vergonha de deixar comida estragar. Pirei com a possibilidade de usar mais dos alimentos do que eu usava. E comecei a usar cascas de vegetais e aparas para fazer caldo de legumes, comecei a congelar a água do cozimento de feijões e grãos e verduras para usar em sopas, ensopados, para cozinhar arroz, e assim economizar água da torneira e consumir mais sabores e nutrientes. Comecei a cozinhar com partes de alimentos que eu não sabia que podiam ser consumidos, como a casca da manga, da banana, talos de espinafre e de couve, folhas de cenoura, de beterraba, de nabo, de rabanete... Isso transforma a cenoura que você compra em dois ingredientes diferentes, e vai fazendo render suas refeições e cortando sua conta do mercado. Não precisa comprar espinafre quando as folhas de beterraba estão bonitas, por exemplo.

    Ao mesmo tempo em que voltei a comer carne, me interessei pela cozinha vegan, macrobiótica, sem glúten, natureba em geral. E comecei a ver boas substituições e opções. E, ao invés de ir ao mercado comprar leite, comecei a suar as amêndoas que tinha em casa para fazer leite de amêndoas, e ao invés de comprar farinha de trigo, comecei a usar outras farinhas diferentes. Essa gama de opções em casa me fez ir menos ao supermercado. Indo menos ao supermercado para comprar um item que faltava, comprei menos por impulso daquilo de que minha despensa não precisava. De quebra, tornei minha comida ainda mais variada.

    E, impulsionada pela condição árida da minha conta bancária de ilustradora no ano passado, quando, por conta da Copa do Mundo, quase nada de trabalho apareceu, comecei a passar uma semana por mês sem ir ao mercado ou à feira. Nesta uma semana sem compras, dou-me a missão de dar fim a tudo que permanece abandonado no freezer ou na despensa. Seja uma sopa de legumes esquecida, seja aqueles últimos 50g de macarrão de arroz que não dá nem pra uma porção, seja o vidrinho de pasta de trufas que minha irmã me trouxe de viagem e que estava fadado a ser guardado para uma ocasião especial até enfim estragar. Esse hábito diminui muito seu desperdício, pois você de fato faz a rapa no armário e na geladeira, estimula sua criatividade e evita que você compre itens supérfluos, duplicados, caros, desnecessários. Faz você olhar para aquele vidro de qualquer coisa em conserva que você comprou há quatro anos e julgava suuuuuper importante para a sua cozinha e descobrir que não, você nunca mais precisa comprar aquilo de novo. Faz você parar de ficar economizando ingrediente especial para uma ocasião especial pra convidados especiais, e começa a transformar o almoço de terça feira em algo especial por causa daquele ingrediente diferente. Mesmo que seja só pra você.

    Certo dia, resolvi fazer as contas e descobri que andava gastando 30% menos em comida, apesar de comprar quase tudo orgânico e de qualidade. Quase caí sentada de espanto.

    30% é muita coisa. Principalmente quando você lembra que alimenta duas bocas a mais.

    A verdade é que cozinhar em casa é mais barato. E cozinhar legumes é mais barato. E cozinhar saudável é mais barato. A verdade é que você não precisa comprar um pacote de 20 reais de quinua pra comer bem. Arroz integral tá mais que bom e é mais em conta. Não precisa de queijo importado. Um cottage feito em casa sai o preço de um litro de leite. Infinitamente mais em conta do que a porcaria cheia de goma vendida em potes plásticos. E melhor pro seu corpinho lindo e da sua família.

    De vez em quando me dou um presente. Saí e comprei um salame artesanal de porquinhos felizes. Bem mais caro que um da grande indústria. Mas bem mais gostoso. Bem melhor para meu corpinho, para o da minha família e, claro, para os porquinhos que viraram salame.

    Continuo comprando macarrão de grano duro italiano. Mas faço menos macarrão.

    Gasto uma fábula em cacau orgânico. Mas cozinho menos doces.

    Dá trabalho? Bom, trabalhar para ganhar dinheiro também dá. Se é para ter trabalho, prefiro um que me dê saúde. Trabalhar mais para pagar por conveniências que te deixam, no fim, doente... hmmm... prefiro não. Ganho menos mas faço leite de coco em casa.

    Houve gente no facebook que me perguntou sobre minha rotina de compras. Então lá vai: uma vez por mês, mais ou menos, dou uma abastecida nos grãos, leguminosas, castanhas e sementes. Se puder, já cozinho pacotes inteiros de feijões e congelo em porções de 500ml. Só me abasteço de novo quando realmente estou sem opções. Enquanto houver mais de duas variedades de grãos ou feijões, não compro mais nenhum. O objetivo é sempre limpar a despensa e o freezer. Acabo indo ao mercado para compras mais pontuais durante a semana, como para comprar leite, manteiga ou café, itens que não podem esperar eu acabar com a geladeira para sair para comprar. Mas tento não comprar mais nada além do item faltante, a não ser que seja uma promoção fenomenal, como quando encontrei bom chocolate orgânico por metade do preço de um belga. Mas minha regra é só ceder a essas promoções quando são itens que duram bastante. Vou à feira, na banca de orgânicos, uma vez por semana. E compro verduras e frutas e ervas para um batalhão. Quanto mais variedade, melhor. Lá também compro ovos. No mesmo dia já "processo" tudo o que dura mais assim: lavo e seco todas as ervas e verduras, já boto aparas no saco do caldo de legumes no freezer, asso beterrabas, separo folhas de espinafre dos talos (que, assim como as cenouras e outras raízes, duram mais sem as folhas), pelo e congelo tomates muito maduros.

    E aí vai a dica: assim que tenho tudo organizado, faço uma lista de todos os itens frescos na cozinha (legumes, verduras, frutas, laticínios ou outros produtos que estragam rápido) e deixo na porta da geladeira. Isso me ajuda a visualizar melhor o que tenho para o almoço sem precisar abrir a geladeira e, de repente, esquecer a berinjela que ficou embaixo do alface. Também corro para o Eat Your Books, ou a internet, e tento encontrar alguns pratos que usem uma boa variedade daquilo que comprei, começando a procurar sempre pelos itens que estragam mais rápido ou que são mais especiais. Escolho alguns pratos para fazer durante a semana e anoto embaixo da lista de produtos na porta da geladeira. Assim, num dia mais atrapalhado, eu consigo em lembrar do que planejara cozinhar e consigo me manter organizada, preparar partes com antecedência, etc.

    Quando fui à feira semana passada e vi os quiabos, pequenos e bonitos, lembrei do espinafre que estava na geladeira e precisava ser usado A.S.A.P. Imediatamente pensei na sopa que tomara na viagem a Trinidad e Tobago. Aproveitei que tinha de passar no mercado para comprar leite, e comprei também um coco seco para fazer leite de coco. Chegando em casa, apanhei o livro de cozinha Trini que comprara lá e descobri que a receita levava carne de porco e caranguejo e fiz o que mais tem me ajudado a economizar hoje em dia: adaptei com o que tinha em casa. Isso é novo para mim. Morei a vida toda a dez passos de bons mercados e, se faltasse um ingrediente super específico, frufru e caro, eu corria para comprar. Hoje, não mais. Se só faltou UM ingrediente para o almoço, e dá pra adaptar, eu NÃO SAIO para comprar. É o único momento da minha vida em que acho a preguiça um benefício.

    Transformei a sopa num caldo vegan. Usei óleo de coco no lugar de manteiga, refoguei tudo (coisa que não se faz em cozinha africana normalmente, descobri, e a sopa original faz parte da origem africana em Trinidad), mudei proporções segundo o que eu tinha (mais quiabo do que espinafre), e o resultado foi uma sopa deliciosa, que Madame Bochechas repetiu e repetiu e repetiu (ela adora quiabo, e come inclusive cru). Meu Matador de Dragões gostou e queria comer mais, mas a pimenta que coloquei por engano era mais forte do que eu previa, e o pouco que ele conseguiu comer foi acompanhado de um grande copo de leite. O único que comeu mas não gostou foi o marido. Pudera, ele odeia quiabo. E essa é uma sopa para adoradores de quiabo. Sua textura tem uma ligeira viscosidade e seu sabor é um equilíbrio delicioso entre o quiabo, o espinafre e o coco. Pretendo fazê-la muitas vezes mais. Desta vez foi acompanhada de pão sueco caseiro. Outra coisa infinitamente mais barata de fazer em casa (e fácil). Pagar 9 reais em meia dúzia de lascas de pão sueco ninguém merece.


    SOPA DE QUIABO E ESPINAFRE
    Rendimento: 4 porções pequenas, como entrada ou para ter um acompanhamento

    Ingredientes:

    • 1 colh. (sopa) óleo de coco
    • 1 cebola picada
    • 2 dentes de alho picados
    • 1/2 pimenta fresca, picada (com ou sem sementes, variedade à sua escolha)
    • 2-3 ramos de tomilho fresco, só as folhas
    • 250-300g de quiabo, cortado em rodelas, cabinhos descartados
    • 2 xícaras de folhas frescas e espinafre, apertadas na xícara para medir
    • 1 xic. leite de coco (de preferência caseiro)
    • 1 xic. água
    • sal e pimenta-do-reino a gosto
    • um punhado de cebolinha picada


    Preparo:

    1. Aqueça o óleo de coco numa panela média, em fogo médio e junte o alho, a cebola, a pimenta e o tomilho. Misture bem e polvilhe uma pitada de sal. Refogue, mexendo às vezes, até a cebola murchar um pouco. 
    2. Junte o quiabo em rodelas e misture bem por um minuto ou dois, até que o quiabo esteja bem encoberto de tempero.'
    3. Junte o espinafre, misture uma ou duas vezes, e acrescente o leite de coco e a água. Misture, deixe levantar fervura, abaixe o fogo e tampe. Cozinhe por cerca de 15-20 minutos, até que o quiabo esteja bem macio e a sopa mais encorpada. 
    4. Junte metade da cebolinha e bata no liquidificador até que fique homogêneo. Volte à panela, acerte o tempero de sal e pimenta, aqueça novamente e sirva, quente, polvilhada com cebolinha.  

    A receita do pão sueco vai de brinde, depois do povo pedir pelo facebook. As crianças adoraram levar de lanche na escola, pois é salgado e crocante. Perfeito com queijos e maçãs. Se seus filhos não estão acostumados aos sabores fortes de especiarias, omita ou diminua o cominho, que tem um gosto bastante assertivo nesse pão.

    PÃO SUECO DE CENTEIO
    (Quase nada adaptado do EXCELENTE Vegetarian Everyday, de David Frenkiel e Luise Vindahl, do blog Green Kitchen Stories)
    Rendimento: 12 pães

    Ingredientes: 

    • 1 xic. água morna
    • 2 colh. (chá) sal marinho
    • 3 colh. (chá) fermento ativo seco
    • 2 colh. (sopa) sementes de cominho
    • 1/2 xic. buttermilk (os autores dizem que pode-se usar kefir, mas usei soro do queijo cottage, e você pode juntar leite com uma colherinha de vinagre, ou afinar iogurte natural com água)
    • 1 2/3 xic. farinha integral de centeio
    • 1 1/2 xic. farinha integral de trigo (original era spelta, que não se encontra por aqui)
    • 1/4 xic. sementes de linhaça, esmagadas num pilão
    • 2 colh. (sopa) flor de sal ou qualquer sal de grânulos maiores


    Preparo:

    1. Numa tigela média, coloque a água, o sal, o fermento, metade das sementes de cominho e misture. Junte o buttermilk. 
    2. Numa outra tigela, misture as farinhas. Junte metade delas à mistura líquida. Gradualmente junte mais das farinhas, misturando até que você consiga sovar. Dependendo da textura das suas farinhas, ou da umidade do ar no dia, talvez seja preciso colocar mais farinha de trigo integral. Acrescente bem aos poucos. A massa não pode grudar nas mãos, mas também não pode ficar seca como massa de macarrão. 
    3. Sove por alguns minutos dentro da tigela. Então divida em 12 bolinhas iguais, coloque numa superfície enfarinhada e cubra com um pano úmido. Deixe descansar por 1 hora.
    4. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Coloque uma das bolinhas numa folha de papel-manteiga e abra com um rolo, até virar um disco de 20cm. Os discos devem ficar BEM finos. Corte um circulozinho no dentro, para garantir que vai ficar crocante por igual (não jogue fora, você pode assar todos os circulozinhos no final, como biscoitinhos). Polvilhe com a linhaça moída, sementes de cominho e sal. Espete o disco com um garfo, por toda a superfície, e transfira para a assadeira. Repita com o restante. 
    5. Dependendo da assadeira, podem caber de 2-3 pães por vez. Asse cada assadeira por 8-10 minutos, até que estejam castanhos e crocantes. Fique de olho, pois queimam muito rápido
    6. Transfira para uma grade para que esfriem. Frios, guardados em pote hermético, duram meses. 

    sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

    Escondidinho de frango e mandioquinha e o relaxômetro

    Os comentários do post anterior com certeza me encheram de alegria. É sempre bom saber da experiência de quem foi mais ou menos pelo caminho que tento trilhar  e que tem boas histórias para contar.

    No mais, o "relaxômetro" anda atingindo níveis jamais vistos nessa casa nos últimos anos. Tanto, que até o pseudo-vegetarianismo anda mais "pseudo" que o normal.

    Desde a gravidez da Madame Bochechas que ando encafifada com carnes, e tenho voltado a comer algumas, e com certeza tido vontade de preparar outras. No fim das contas, acho que todo mundo deveria ter uma fasesinha vegetariana na vida, por menor que seja. Mesmo que volte em definitivo a comer carne, esses últimos dez anos tornaram minha alimentação extremamente variada, leve e interessante, e certamente aprendi a cozinhar legumes direito. Mesmo que nunca mais volte a me auto-intitular "vegetariana", nunca mais conseguirei voltar ao hábito do bife no prato todo dia. Carne vira aquela coisa especial de vez em quando, ou apenas um ingrediente usado como tempero, para ressaltar o legume (caso do bacon, por exemplo).

    Estranho que seja, mas uma das coisas que mais me deu vontade de voltar a comer carne foi assistir a programas de culinária em que a pessoa cria o bicho, mata ela mesma, limpa e aproveita cada pedacinho, do nariz ao rabo. Admiro isso. É o mínimo que se pode fazer, uma vez que você matou o animal: não desperdiçar absolutamente nada dele. Algumas preparações começaram a me apetecer muito, principalmente o aproveitamento das sobras, transformando em novos pratos, coisa que adoro fazer na minha cozinha com legumes e o que for. Sinto-me extremamente competente e me encho de satisfação quando consigo transformar um resto de ontem em algo mais saboroso que o prato original, sem desperdiçar coisa nenhuma.

    Daí que pela primeira vez na vida, preparei um "escondidinho". Havia purê de mandioquinha do dia anterior, e um pote congelado de frango desfiado catado do frango assado que preparara há algumas semanas, e vi aquela oportunidade de um almoço gostoso para mim e para as crianças, aproveitando itens já prontos e que eu não queria simplesmente requentar.

    Numa frigideira grande, refoguei em um naco de manteiga e um fio de azeite uma cebola picada, 2 dentes de alho picados, 1 cenoura pequena picada e 1 talo bem pequenininho de salsão, com as folhas também picadinhas. Quando tudo amoleceu e começou a dourar, juntei cerca de 2 xícaras de frango desfiado já descongelado, misturei, deixando cozinhar um pouco, acrescentei 2 tomates picados, um punhado de salsinha picadinha, sal e pimenta-do-reino. Deixei cozinhar um minutinho ou dois e juntei meia xícara de água. Deixei ferver, e reduzir, mexendo de vez em quando para não queimar, até que quase não houvesse nenhum líquido na panela. Provei. Faltava acidez, então acrescentei uma colher de sopa de vinagre de vinho tinto, misturei bem deixando evaporar, e transferi a mistura para uma travessa untada com azeite. Cobri com o purê de mandioquinha (cerca de 3 xic.) misturado a um pouco de creme de leite fresco até ficar com consistência boa para espalhar, um punhado de parmesão ralado, sal e pimenta-do-reino. Levei ao forno a 180ºC até dourar.

    Ficou muito muito bom. Laura adorou. Thomas comeu só o purê. Marido nem soube da existência do escondidinho, uma vez que ele não come frango. Ficou bem escondido mesmo. ;) (Piada infame.)

    Provavelmente aparecerão mais coisinhas carnívoras por aqui de vez em quando. Principalmente assados, coisa que sempre quis fazer. Um dado curioso, no entanto, é que de todas as carnes que provei depois de tanto tempo pseudo-vegetariana, de fato carne de boi é a que me nos gosto. Aliás, não gosto mesmo. Comi num hambúrguer e achei esquisitíssima. Engraçado perceber como eu comia dela por puro hábito quando nova. Gosto de aves. Adorei pato, que provei no meu aniversário do ano passado, pela primeira vez. Mas porco... ah, porco é a razão pela qual acho que nunca consegui ser totalmente vegetariana.

    Aos vegetarianos que me leem, não se desesperem: continuo me sentindo melhor comendo uma dieta vegetariana em 90% das refeições. Carne é gostosa mas me pesa um bocado. E quero os pimpolhos com certeza crescendo sabendo que legumes bastam e que o bichinho no prato é ocasião especial.

    Mas apesar de não gostar de carne bovina, tem uma coisa que eu simplesmente preciso fazer só pela técnica, e que provavelmente vou experimentar e chamar amigos carnívoros para raspar a panela por mim (já tenho gente na fila, aliás): boeuf bourguignon. Vá, vocês me entendem. Depois de tanto alarde a respeito nos últimos anos desde o fenômeno Julie & Julia, acho que só os vegetarianos mesmo é que não tentaram isso em casa. ;)

    [Obs: juro que este ano vou tentar voltar a escrever mais por aqui, que sei que os últimos anos esse blog ficou às moscas.]
    [Obs2: o mais engraçado de voltar a comer carne é a felicidade incontida dos seus amigos carnívoros quando você conta isso a eles.]


    quarta-feira, 6 de novembro de 2013

    Soufflé de queijo para um dia qualquer (desde que tenham ovos)

    Vamos começar usando a imaginação: pense num soufflé de queijo, clássico, douradinho, leve, uniformemente inflado, capa de revista. Foi isso que imaginei quando decidi preparar soufflé de queijo para o jantar. O resultado, no entanto, foi inesperado. [Inesperado? Mesmo? Sejamos sinceros: eu tinha certeza de que não sairia com cara de capa de revista.] Meu soufflé é o soufflé do homem-elefante: desproporcionalmente inflado, o danado vazou no forno por algum motivo e espalhou-se pelas laterais da tigela como um cogumelo nuclear. Bizarrice pura. Mas inacreditavelmente leve e gostoso, mesmo assim, e o Gnocchi adorou comer os pedaços que queimaram no chão do forno.

    Então, vamos lá. Imagine um soufflé de revista, já que qualquer coisa que você imagine será melhor do que o objeto de minha fotografia. E, afinal, soufflés perfeitos são todos iguais e todo mundo já os viu. Agora imagine a textura macia, aerada, cremosa, com gostinho de ovos e queijo, dissolvendo na língua. Ok, estamos chegando em algum lugar agora.

    A receita apanhei de um livro que adoro: I Know How To Cook, o "Dona Benta", o "Joy of Cooking" das mulheres francesas de várias gerações. Qualquer livro que me diga que escargot e soufflé é culinária caseira me deixa enfeitiçada. Mas por que não seria, afinal? Uma vez passado o terror das claras em neve que todo cozinheiro principiante tem, você se dá conta de que soufflé é na verdade um prato muito simples: molho béchamel grosso acrescido de gemas e claras em neve. E queijo, nesse caso. Mas poderia ser espinafre. Ou cenoura. Ou batata-doce. Ou o que quiser.

    E lá vou eu adicionar mais um prato cheio de ovos ao meu repertório, só para tornar esse ingrediente ainda mais indispensável na minha cozinha do que já é. E noutro dia mesmo fiquei matutando, pois fizera essa lista uma vez, há muitos anos: as dez coisas sem as quais não sei o que fazer na cozinha.
    E pensei se muita coisa havia mudado...


    1. Creme de leite fresco: vira doce, vira salgado, vira queijo, substitui molho branco, vira sour cream, crème fraîche, mascarpone, engrossa iogurte; não sei cozinhar sem um litro de creme na geladeira.
    2. Farinha de trigo: alguma, qualquer uma, branca ou integral. Passo até sem macarrão em casa, porque se tiver a dupla ovo e farinha, você faz macarrão, spätzle, massa de torta, panqueca, bolo, biscoito, qualquer coisa remotamente comestível. Ando buscando algum lugar que me venda farinha branca orgânica em sacas de 5 ou 10kg a um preço mais em conta, porque o que eu uso de farinha todo mês é um absurdo.
    3. Parmesão. Quem me dera fosse Parmigiano-Reggiano ou mesmo Grana Padano. Não dá pra ir à zona cerealista o tempo todo e não dá para comprar essas maravilhas no supermercado daqui. Então ando buscando alternativas de bom custo-benefício, nacionais ou importadas, pois eis outro item que vai de quilo aqui em casa, inclusive a casca, que, quando não está encerada (com aquela capa colorida ou qualquer película que você consiga descascar), congelo para colocar em sopas para dar sabor e corpo. Pode não ter nenhum outro tipo de queijo em casa o mês todo (raridade), mas parmesão, quando acaba, é um deus-nos-acuda.
    4. Manteiga sem sal: vai na torta, no pão, no bolo, no biscoito, e se pudesse comprar em blocos de 1 ou 2 quilos, como fazia quando morava em São Paulo, compraria. Fico louca com a quantidade de papelzinho metalizado não-reciclável que embala os parcos 200g de manteiga, então pelo menos ando dando uma de Nigella e guardando os papéis na geladeira para untar formas antes que vão irremediavelmente para o lixo comum. [Aliás, fiquem espertos na hora de comprar manteiga e leiam os ingredientes, que devem ser apenas "creme de leite" ou no máximo "creme de leite" e algum texto como "cultura láctea", o que quer dizer que o leite foi fermentado em algum momento, o que dá um sabor diferente (e gostoso) à manteiga. Mas há marcas famosinhas que andam metendo corantes na manteiga para deixá-la mais amarela, o que só me faz pensar que tipo de porcaria fizeram no produto para precisarem enganar o consumidor dessa forma. Pesquisando, descobri que a Pat Feldman já escreveu muito bem sobre isso aqui.]
    5. Ervas frescas. Começou quando conheci Jamie Oliver, há trocentos anos, e achei novidade aquilo de meter ervas em tudo, acostumada a essa cozinha PF de só temperar as coisas com sal. Desde então, virou prioridade ter sempre ervas frescas na cozinha (hoje tenho no quintal alecrim, sálvia, tomilho, estragão, três tipos de manjericão, cebolinha, salsinha, manjerona, hortelã e menta; coentro não vinga, não sei por quê). Acho estranho não meter uma erva fresca em alguma parte do preparo da comida e meu paladar sente falta quando não há nenhuma.
    6. Azeite. Poderia ser outro óleo, mas realmente prefiro o sabor do azeite para cozinhar e temperar saladas em geral. Ando menos chatinha com a coisa italiana, no entanto, e comprando alguns mais em conta, espanhóis e portugueses, muito gostosos. Mas ainda queria ir na zona cerealista e comprar de garrafão.
    7. Tomate. Já passei muita semana a pão com queijo quando mais nova, mas agora com crianças, a nutricionista-neurótica dentro de mim fica louca se não houver nada que tenha vindo da terra no prato dos pimpolhos. E com tomate, dá pra improvisar muita coisa. Como parei de comprar tomate em lata e comecei a congelar passata feita com os tomates orgânicos que compro na feira (que estão mais baratos que tomate italiano em lata), melhor ainda. Percebi como a gente para de tratar tomate como algo natural quando ele vem de uma latinha ou de um vidrinho.
    8. Café em grão. Porque eu não funciono sem café de manhã cedo, depois de ir dormir tarde e ser acordada às 6h pelo meu adorável Cavaleiro-Madrugador-Acorda-com-as-Galinhas-Ítalo-Germânico. E se eu não funciono, não cozinho.
    9. Pimenta-do-reino moída na hora. Admito, coloco em tudo e é bizarro quando vou pegar o moedor e ele está vazio.
    10. Ovos orgânicos, finalmente: agora com mais 2 glutões em casa, vão de 4-5 dúzias por mês, senão mais. Aquela fritatta de 6 ovos que costumava ser requentada no jantar agora vai toda num almoço só. Além disso, a comida preferida do Matador de Dragões é ovo frito.
    É. As coisas não mudaram muito. Ficaram mais naturebas ainda do que já eram, e também mais simples, já que não considero mais arroz arbóreo e couscous marroquino uma prioridade absoluta na minha cozinha. Bom, mais simples a não ser na hora de comprar ovos, coisa que tenho de fazer em São Paulo, já que os supermercados daqui não vendem do orgânico e minha banquinha de feira está com o fornecimento interrompido. Do jeito que anda, pra manter a produção de soufflé de queijo, estou pensando seriamente em arranjar umas galinhas. o_O

    SOUFFLÉ DE QUEIJO
    (Do lindo lindo I Know How To Cook, de Ginette Mathiot)
    Tempo de preparo: 25 minutos + 45 minutos de forno
    Rendimento: serve 4 pessoas famintas ou 6 mais comedidas

    Ingredientes:
    • 1/2 xic. manteiga sem sal + manteiga extra para untar a forma
    • 3/4 xic. farinha de trigo
    • 2 xic. leite integral
    • 1 xic. queijo tipo Gruyère ralado grosso
    • 5 ovos grandes, orgânicos
    • sal e pimenta-do-reino

    Preparo:
    1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte generosamente com manteiga uma forma grande de soufflé ou 6 formas individuais. [Obs: a forma que eu uso tem 16cm de diâmetro, é daquelas branquinhas, de cerâmica, caneladinhas, paredes retas, forma de soufflé mesmo. Mas OBVIAMENTE é pequena para essa receita, que não menciona o tamanho da forma a ser usada, porque aparentemente qualquer pessoa francesa saberia que um soufflé para seis pessoas não cabe numa forma de 16cm. Então, use uma maior. Se eu tivesse uma, usaria uma de 20cm (tá na minha lista de itens desejados, junto com uma forma de bolo inglês de 25x12cm).]
    2. Faça um béchamel grosso: aqueça o leite numa panelinha e, em outra panela média, derreta a manteiga. Junte toda a farinha à manteiga e misture bem com uma colher de pau, em fogo baixo, até que você sinta um cheiro suave de nozes (2-3 minutos). Você pode fazer essa próxima parte com o fogo desligado se sua panela tiver o fundo muito fino: junte um pouquinho do leite (não mais que 1/4 de xícara). Misture bem com um fouet, para desfazer as pelotas. Só junte mais um pouco de leite (sempre pequena quantidade) quando todo o leite tiver sido absorvido pela farinha. Misture muito bem com o fouet. Vá fazendo isso até que todo o leite tiver sido incorporado. Até as últimas adições, você vai achar que está uma massaroca e que aquilo nunca vai virar um "molho". Mas vira. Quando tiver adicionado todo o leite, você terá um molho branco espesso e liso. Volte para o fogo baixo, tempere com sal e pimenta-do-reino e cozinhe, misturando, até que engrosse (tempo total de cozimento, incluindo o tempo que levou para acrescentar o leite, é de cerca de 10 minutos). Retire do fogo.
    3. Junte o queijo ralado ao béchamel quente e misture bem com uma colher de pau para que o queijo derreta. Deixe esfriar por alguns minutos. 
    4. Separe os ovos. Quando o béchamel estiver suficientemente morno para não cozinhar os ovos, junte as gemas, misturando bem e rapidamente. 
    5. Na batedeira, bata as claras até que estejam com picos firmes mas ainda brilhantes. Pegue algumas colheradas das claras em neve e junte ao béchamel, misturando bem com uma colher de pau, sem se importar em manter o ar das claras. A intenção aqui é apenas tornar o béchamel mais leve para facilitar a incorporação das claras em neve. Aliás, use essa técnica para bolos também. Então apanhe uma parte das claras e, com uma espátula, incorpore rápida mas delicadamente ao béchamel, girando a o recipiente e puxando a massa do fundo para o topo com a espátula. Vá juntando o restante das claras conforme forem sumindo na massa, e tenha certeza de não ver nenhum pedacinho de clara não misturada na massa. Acerte o tempero de sal e pimenta.
    6. Despeje a mistura na forma com cuidado, ajudando com a espátula, aproximando o mais possível a tigela ou panela da forma (despejar de uma altura grande destrói as bolhas de ar). Alise a superfície com a espátula (a forma deve estar cheia até quase o topo) e leve ao forno por 30 minutos. Suba a temperatura para 220ºC e asse por mais 15 minutos. (Se estiver usando formas individuais o tempo é de 10 minutos + 5-10 minutos na temperatura mais alta.) O soufflé deve estar inflado e dourado. Sirva imediatamente, acompanhado de uma salada.

    quarta-feira, 1 de abril de 2009

    Olha o título de livro de auto-ajuda: "Como cortei meus gastos e fiquei mais saudável" ;)

    Finalmente, depois de analisar um bocado os hábitos aqui de casa e de ficar esmiuçando cada notinha de supermercado, consegui reduzir em 17% meus gastos com supermercado. Não é muito, mas já é um começo.

    Meus dois grandes problemas em tentar diminuir esse gasto quando primeiro notei o valor que andava saindo de minha conta eram:
    1. Eu já comprava pouco ou nenhum alimento industrializado.
    2. Os preços em si haviam aumentado ao longo dos anos, e não a quantidade de comida que eu comprava.
    Tendo isso em vista, onde diabos eu poderia fazer cortes???

    A primeira coisa que fiz foi continuar comprando e comendo da mesma forma por uns dois meses, para que pudesse anotar tudo o que era comprado, em que quantidade e seu preço, e comparar isso com o que restava na despensa no fim do mês. Assim eu saberia se aquilo que eu comprava estava de fato sendo consumido ou se estava apenas ocupando lugar na prateleira de casa, esperando um dia de inspiração. E vamos lá, confessem: todo mundo tem no armário da cozinha algum item comprado para "ter quando precisar", e do qual você só lembra perto da data de vencimento. O resultado é sempre igual: acabamos preparando o tal item completamente sem vontade, só para não jogar no lixo... :P

    Tendo a lista pronta, defini o que ali era de fato necessário e o que não era. Dentre os necessários, identifiquei os "estocáveis" (leite longa vida, farinha, açúcar, café, alguns grãos, tomate pelado em lata, macarrão, etc...). Fiz minha lista, fui até a loja de atacado mais próxima e comprei APENAS os itens da lista que estavam disponíveis, sem abrir mão da qualidade das marcas de que gosto.

    Resistir às ofertas de coisas de que não precisamos num atacado é bem mais fácil quando você busca apenas alimentos mais próximos de seu estado natural. Você simplesmente pula todo o corredor de bolachas e doces, pula a geladeira dos congelados, e continua focado não em comida pronta, mas comida-ingrediente, que você usa para produzir sua comida de fato. Quanto aos "estocáveis", fico satisfeita se nada no carrinho de compras puder ser comido, por exemplo, na fila do caixa.

    Manter-me presa à lista evitou (na maioria das vezes) que eu cometesse o erro do "tá tão barato!". "Noooossa! O coco ralado tá tão barato!" E eu coloco 1kg de coco ralado no carrinho. Convenhamos, eu uso coco ralado uma vez por ano, e nunca mais de 100 ou 200g. Ao invés de pensar "um dia eu posso precisar de coco ralado", comecei a lembrar que eu moro perto de dois ou três supermercados, e que comprar um saquinho de 100g de coco ralado quando eu de fato precisar não vai ser um problema nem um gasto exorbitante.

    Foi preciso também esmiuçar mais meus hábitos. Você vê aquele paredão de massas italianas em embalagens de 1,5kg e pensa "ah, eu quero três ou quatro tipos de massa". Já cometi esse erro. Hoje em dia, não comemos massa mais do que umas cinco vezes por mês. Há coisas que não valem a pena serem compradas em quantidade, pois ou elas vão vencer antes que você consiga consumi-las [se for sozinho ou casal, como eu], ou você entrará num frenesi de "acabou o fusilli, então preciso comprar mais", apesar de ainda ter outros dois tipos de massa na despensa.

    O interessante é que há dois anos atrás eu já tentara economizar planejando dessa forma, mas não dera certo. Em parte pelo frenesi do fusilli, em parte por causa de nosso estilo de alimentação na época. Depois dos meses de reeducaçnao, é minha geladeira que vê mais rotatividade de produtos, e não minha despensa, que deixou de ser uma base para alimentos frescos, para virar acompanhamento. E isso foi crucial para cortar os gastos.

    Saio normalmente com muito pouca coisa do atacadão: leite integral, açúcar orgânico, alguma massa se for preciso, tomate em lata, atum. Então passo no supermercado ao lado de casa e compro itens como o café de que gosto, farinha orgânica branca e 1kg de qualquer outra que esteja acabando (centeio, integral, milho, sarraceno...), arroz integral orgânico (1kg dura meses para nós) e um pacote de meio quilo de algum outro grão (feijão, cevada, quinua...), para se unir aos outros pacotes de meio quilo que compõem minha despensa [vivendo em casal é impossível comprar grãos em mais de meio quilo, a menos que você goste ou não se importe de comer o mesmo tipo de feijão todo dia, ou não se importe em jogar fora. Eu não gosto de nenhuma das alternativas.]

    Então chegou a hora dos perecíveis. Ainda no supermercado, compro ovos, manteiga, fermento fresco, um belo pedaço de meio quilo de parmesão e algum queijo fresco. Então, a não ser que seja uma emergência de geladeira vazia, espero o dia da feira e levo comigo a lista dos produtos da estação. Compro comida suficiente para duas semanas, levando sempre mais legumes do que folhas, para que nada seja jogado fora. Como vou sempre à mesma banca, o cheiro verde sai sempre de graça. Aproveito e já compro minhas frutas na banca de trás. Volto para casa carregada, tendo gasto 1/5 do que gastaria em qualquer dos supermercados da região, e só entro de novo no supermercado para comprar um vinho, algum item especial (como cacau em pó ou creme de leite fresco) ou para repor queijos e ovos.

    Parece que não há nada de novo em relação ao que eu já fazia, mas a diferença está na quantidade de perecíveis versus estocáveis. Quanto mais legumes e frutas fui colocando em meu cardápio, menos fui gastando com o restante. Comprando sazonais, evito também de comprar importados, bem mais caros. Não parei de tomar meu café gourmet ou de comprar meu queijo Feta, mas comecei a manter minha lista de compras muito, muito simples. Parei de comprar, inclusive, sucos. A única bebida que entra pronta na minha cozinha é alcoólica (hehehe). Um litro de suco custa uma barbaridade, e você tem muito mais nutrientes se comer uma fruta fresca de sobremesa ao invés de um copo de suco de caixinha na hora do almoço.

    Claro, um estressadinho dirá: "Aaaah, mas você tem tempo para preparar tudo do zero. Imagina se eu vou fazer massa fresca de macarrão numa terça-feira ou se vou fazer pão toda semana!" E digo: terça-feira levei 35 minutos entre misturar farinha com ovo, abrir e cortar o pappardelle, preparar o molho e cozinhar a massa. Há seis anos atrás eu provavelmente demoraria 2 horas e daria errado. Enquanto escrevo esse post, meu pão, que demorou dez minutos para ser sovado, está crescendo, sozinho na cozinha. Meu iogurte, preparo-o em cinco minutos às 22h, vou dormir e às 6h, quando acordo para correr, coloco-o na geladeira. Nenhum trabalho. Lavo e seco todas as folhas assim que chego da feira, e as envolvo com papel-toalha e acondiciono em potes fechados. Isso me poupa tempo depois, quando só preciso abrir o pote, pegar as folhas e colocar no prato. Costumava demorar uma eternidade para picar uma cebola bem fininho, e hoje em dia meu marido acha divertido me ver picando coisas. PRÁTICA. E prática só se consegue se você fizer todo dia.

    Por ter prática em preparar tudo do zero, cozinhar não dá trabalho e não consome tempo. Por isso, pude simplificar muito minha lista de compras e diminuir um bocado meus gastos. De quebra, sinto que comer assim está me tornando muito mais leve e enérgica.

    Mas acho que ainda é possível aparar algumas arestas.

    Antes que eu receba mais e-mails insandescidos de gente com o dedo em riste na minha cara, deixo MUITO CLARO que não acho que eu estou certa e todo mundo, errado. Esse foi o MEU modo de cortar gastos. Como funcionou para mim, acredito que pode funcionar para outra pessoa. E é claro que eu não sei como é para quem compra carne, por exemplo. Ou para quem tem 10 filhos e trabalha 18 horas por dia. É um desabafo. Relaxe. :D

    quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

    Elucubrações acerca de uma minúscula despensa

    Minha despensa não é das maiores. Aliás, ela é minúscula. Composta de duas únicas prateleiras de 30x100cm, é preciso uma mente organizada e um grande autocontrole para não comprar mais do que elas comportam. Alguns problemas de estoque (e limpeza) resolvi com estas duas caixas de vime. Uma sem tampa, para os temperos, que manuseio todos os dias, e uma com tampa, tipo baú, para itens de confeitaria, que costumam sair do lugar uma vez por semana apenas. Farinhas e grãos de embalagens abertas vão para potes de vidro. E as validades, você me pergunta? Ah, depois da primeira vez que você deixa encher de caruncho quase 1kg de polenta italiana, você nunca mais deixa o pote encostado por mais de dois meses. Potes com coisas que vencem mais rápido, como farinha integral, ficam na frente. Na prateleira debaixo, massas, itens de café-da-manhã, alho e cebolas numa tigela branca, enlatados.

    Tenho com minha despensa a mesma cisma que tenho com minha geladeira: gosto de vê-la esvaziando. Sinto-me muito competente e eficiente quando consigo usar toda a comida que tenho disponível. Então corro ao mercado para encher novamente as prateleiras de todos os itens sem os quais simplesmente não sei cozinhar. E esses, acredito, são os dez itens mais insuportavelmente cruciais na minha despensa, sem os quais fico na cozinha feito barata-tonta:


    1. Azeite extra-virgem: uso para absolutamente tudo; só uso outros óleos quando especificados numa receita ou para fritura por imersão.
    2. Manteiga sem sal: compro de quatro a seis pacotinhos de cada vez, pois entro em depressão quando não há manteiga em casa.
    3. Alho: bobeou, estou refogando alho. Se não tiver cebola, eu me viro. Se não tiver alho, f*deu.
    4. Tomates italianos pelados em lata: a salvação de todo macarrão de fim do mês e a promessa de tomates com gosto de tomates.
    5. Farinha de trigo: se tiver farinha na despensa, não preciso sair correndo para comprar nem massas nem pão.
    6. Ovos orgânicos: aqui em casa vão umas 2 dúzias por mês. Mas também, olha a quantidade de omelete, torta, massa, bolo e sorvete que sai dessa cozinha...
    7. Leite integral: o marido é umbezerro, mas fora isso há todos os itens mencionados acima: bolo, sorvete, massa, torta, molho...
    8. Arroz arbóreo: arroz comum aqui em casa é de vez em quando. O arbóreo, no entanto, é obrigatório. Se estiver acabando, corro para repor, porque nada é mais prático para duas pessoas do que um prato único e versátil como o risotto.
    9. Couscous marroquino: quando estou sem inspiração e pergunto ao Allex o que ele quer comer, a resposta é essa em 99% das vezes.
    10. Queijo parmesão: não dá para fazer massa sem ter queijo ralado em cima; não dá para fazer um risotto, sem queijo no final; não dá para fazer uma fritatta sem ele. Não dá para viver sem ele e ponto. Principalmente se for bom. E de pedaço, para ralar na hora. Meio quilo por mês.
    Se tivesse um décimo-primeiro item, incluiria ervas, qualquer uma, fresca ou seca. Mas não, não vamos abusar. Dez está bom. Mas fico curiosa para saber se todo mundo tem essas mesmas necessidades gastronômicas (para não dizer vitais), de modo a prosseguir calmamente em sua vida culinária. E aí? Qual é o seu Top 10 "se não tiver isso na despensa eu peço uma pizza"?

    Cozinhe isso também!

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