sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

Escondidinho de frango e mandioquinha e o relaxômetro

Os comentários do post anterior com certeza me encheram de alegria. É sempre bom saber da experiência de quem foi mais ou menos pelo caminho que tento trilhar  e que tem boas histórias para contar.

No mais, o "relaxômetro" anda atingindo níveis jamais vistos nessa casa nos últimos anos. Tanto, que até o pseudo-vegetarianismo anda mais "pseudo" que o normal.

Desde a gravidez da Madame Bochechas que ando encafifada com carnes, e tenho voltado a comer algumas, e com certeza tido vontade de preparar outras. No fim das contas, acho que todo mundo deveria ter uma fasesinha vegetariana na vida, por menor que seja. Mesmo que volte em definitivo a comer carne, esses últimos dez anos tornaram minha alimentação extremamente variada, leve e interessante, e certamente aprendi a cozinhar legumes direito. Mesmo que nunca mais volte a me auto-intitular "vegetariana", nunca mais conseguirei voltar ao hábito do bife no prato todo dia. Carne vira aquela coisa especial de vez em quando, ou apenas um ingrediente usado como tempero, para ressaltar o legume (caso do bacon, por exemplo).

Estranho que seja, mas uma das coisas que mais me deu vontade de voltar a comer carne foi assistir a programas de culinária em que a pessoa cria o bicho, mata ela mesma, limpa e aproveita cada pedacinho, do nariz ao rabo. Admiro isso. É o mínimo que se pode fazer, uma vez que você matou o animal: não desperdiçar absolutamente nada dele. Algumas preparações começaram a me apetecer muito, principalmente o aproveitamento das sobras, transformando em novos pratos, coisa que adoro fazer na minha cozinha com legumes e o que for. Sinto-me extremamente competente e me encho de satisfação quando consigo transformar um resto de ontem em algo mais saboroso que o prato original, sem desperdiçar coisa nenhuma.

Daí que pela primeira vez na vida, preparei um "escondidinho". Havia purê de mandioquinha do dia anterior, e um pote congelado de frango desfiado catado do frango assado que preparara há algumas semanas, e vi aquela oportunidade de um almoço gostoso para mim e para as crianças, aproveitando itens já prontos e que eu não queria simplesmente requentar.

Numa frigideira grande, refoguei em um naco de manteiga e um fio de azeite uma cebola picada, 2 dentes de alho picados, 1 cenoura pequena picada e 1 talo bem pequenininho de salsão, com as folhas também picadinhas. Quando tudo amoleceu e começou a dourar, juntei cerca de 2 xícaras de frango desfiado já descongelado, misturei, deixando cozinhar um pouco, acrescentei 2 tomates picados, um punhado de salsinha picadinha, sal e pimenta-do-reino. Deixei cozinhar um minutinho ou dois e juntei meia xícara de água. Deixei ferver, e reduzir, mexendo de vez em quando para não queimar, até que quase não houvesse nenhum líquido na panela. Provei. Faltava acidez, então acrescentei uma colher de sopa de vinagre de vinho tinto, misturei bem deixando evaporar, e transferi a mistura para uma travessa untada com azeite. Cobri com o purê de mandioquinha (cerca de 3 xic.) misturado a um pouco de creme de leite fresco até ficar com consistência boa para espalhar, um punhado de parmesão ralado, sal e pimenta-do-reino. Levei ao forno a 180ºC até dourar.

Ficou muito muito bom. Laura adorou. Thomas comeu só o purê. Marido nem soube da existência do escondidinho, uma vez que ele não come frango. Ficou bem escondido mesmo. ;) (Piada infame.)

Provavelmente aparecerão mais coisinhas carnívoras por aqui de vez em quando. Principalmente assados, coisa que sempre quis fazer. Um dado curioso, no entanto, é que de todas as carnes que provei depois de tanto tempo pseudo-vegetariana, de fato carne de boi é a que me nos gosto. Aliás, não gosto mesmo. Comi num hambúrguer e achei esquisitíssima. Engraçado perceber como eu comia dela por puro hábito quando nova. Gosto de aves. Adorei pato, que provei no meu aniversário do ano passado, pela primeira vez. Mas porco... ah, porco é a razão pela qual acho que nunca consegui ser totalmente vegetariana.

Aos vegetarianos que me leem, não se desesperem: continuo me sentindo melhor comendo uma dieta vegetariana em 90% das refeições. Carne é gostosa mas me pesa um bocado. E quero os pimpolhos com certeza crescendo sabendo que legumes bastam e que o bichinho no prato é ocasião especial.

Mas apesar de não gostar de carne bovina, tem uma coisa que eu simplesmente preciso fazer só pela técnica, e que provavelmente vou experimentar e chamar amigos carnívoros para raspar a panela por mim (já tenho gente na fila, aliás): boeuf bourguignon. Vá, vocês me entendem. Depois de tanto alarde a respeito nos últimos anos desde o fenômeno Julie & Julia, acho que só os vegetarianos mesmo é que não tentaram isso em casa. ;)

[Obs: juro que este ano vou tentar voltar a escrever mais por aqui, que sei que os últimos anos esse blog ficou às moscas.]
[Obs2: o mais engraçado de voltar a comer carne é a felicidade incontida dos seus amigos carnívoros quando você conta isso a eles.]


Cozinhe isso também!

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