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segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Frenesi e conservinha de abobrinha


O quintal era feiosinho, até minha sogra aparecer com um lindo manacá que não pára de florir. Então, num frenesi de plantação, plantei gardênias. E romã, e meu pé de maracujá moribundo que me segue desde o primeiro apartamento. E um pessegueiro cujo galho solitário comprei por uma ninharia e achei que fosse morrer em uma semana, mas que está repleto de novos brotos. E como forração do vaso amplo, plantei alfaces e rúcula, para colher logo. E também num outro vaso grande, onde plantei duas batatas que estavam brotando na cozinha. E usei as jardineiras velhas e abandonadas que vieram com a casa para plantar minhas ervas: alecrim, cebolinha, sálvia, manjericão, tomilho, coentro, manjerona e duas mudinhas de espinafre, que a moça me garantiu que cresceriam a ponto de não precisar mais comprar espinafre na feira. As duas mudinhas de morango também me paqueraram direito, e ganharam uma jardineira com sol matutino e temperaturas amenas no terraço. E plantei berinjelas. E pitanga, que minha mãe plantou de uma sementinha que lhe dei, vinda de uma pitanga roubada de calçada de São Paulo. E uma enorme muda de limão siciliano, e uma pequenina de mirtilos. No fim do ano, o limão ganhará como forração em seu imenso vaso sementes de radicchio de Treviso, que minha cunhada me deu. As sementinhas de manjericão genovês já brotaram, e esperam o momento certo de serem transplantadas, para o mesmo vaso onde plantarei meus tomates (um repele a praga do outro). Ainda não sei onde colocarei os feijões rajados que germinaram num vidro na cozinha e as favas que estão chegando pelo correio, junto com os tais tomates (variedades selvagens, diferentes), os rabanetes-melancia, o tomatillo mexicano, o manjericão tailandês e as acelgas coloridas. Fiz um enorme vaso de melissas, confundindo com um de hortelã, e depois fiz um de hortelã, agora sim ele mesmo. Plantei begônias num canto sombreado. Há ainda uma bandejinha de pimentas sortidas que serão semeadas, pois eu quero mudas de jalapeño e habanero. E ainda quero plantar abobrinhas, muito mais pelas flores frescas que pelas ditas-cujas.



Frenesi de plantação.
E tem meu pinheiro, minha tuia-maçã, que está entrando no lugar de uma touceira que só servia para acumular aranhas e pernilongos.

Quem lê, pensa que moro num sítio. Quem me dera. Meu frenesi é em vasos, todos acumuladinhos contra as paredes ensolaradas. Vamos ver no que vai dar. Adoraria ter uma produção tão prodigiosa de frutos ou legumes a ponto de precisar produzir conservas para não colocar a perder os alimentos. No entanto, sei que se minhas duas mudinhas de berinjela produzirem cada uma um único fruto, ficarei um bocado contente.

Enquanto isso, minhas conservas vêm de geladeira cheia. É o que dá quando você diz aos amigos e família que podem "trazer o que quiserem para colocar na grelha", e, todos muito generosos trazem o bastante para cada um produzir seu próprio churrasco veggie. A geladeira lotou e quem me conhece sabe que geladeira cheia me dá siricutico. Daquelas que você abre a porta e não enxerga o que está no fundo. Você sabe que não vai dar tempo de consumir tudo, e se há algo que me enerva profundamente é jogar comida fora. Num ponto que já cheguei a usar a sardella que sobrou de um encontro com amigos como molho de macarrão. Só para não ir para o lixo. (Daí que pretendo me arranjar um minhocário, para unir o útil ao agradável, e o que não virar molho de macarrão ou caldo de legumes, pelo menos vira composto para adubar o jardim e, quem sabe, produzir mais de uma berinjela por muda.)

Nisso, me vi com uma braçada inteira de abobrinhas e lembrei imediatamente de uma conservinha rápida (rápida de fazer e de consumir) da Marcella Hazan, que sempre quisera preparar. Fiz o dobro da receita e ficou uma delícia (a transcrição abaixo é da quantidade original da receita), apesar de ter usado vinagre branco, pois não havia do tinto na despensa. A hortelã veio direto do quintal, essa sim, quentinha de sol e tinindo de fresca.

Retire as extremidades de meio quilo de abobrinhas, e corte-as em palitos finos, de de uns 6-7cm de comprimento. Coloque em uma frigideira grande com 1/3 xic. de azeite de oliva, 1/3 xic. de vinagre de vinho tinto (ou branco, como usei), 3 dentes de alho descascados e meio amassados e sal a gosto. Leve ao fogo baixo por cerca de 30 minutos, ou até que todo o vinagre tenha evaporado e as abobrinhas estejam macias, mas ainda um pouco firmes. Você vai saber que o vinagre evaporou porque o óleo que sobra começa a dourar os vegetais. Coloque numa tigela e misture a umas 10 folhas de hortelã fresca. Essa não é uma "conserva" propriamente dita, de meses ou de prateleira de armário: pode ser consumida na hora ou ficar até uma semana na geladeira, coberta.


quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Polenta com ricotta e espinafre


Essa é uma receita tirada de uma revista Gula antiga, e foi nosso jantar de ontem. Já tentara prepará-la antes, usando espinafre congelado, mas o resultado fora uma polenta ensopada e sem gosto muito aquém de nossas expectativas.

Munida agora de um lindo maço de espinafres orgânicos (onde encontrei uma joaninha, que já foi devidamente transportada para meu vaso de manjericão, para que coma os pulgões), resolvi dar uma segunda chance ao prato, que não poderia ter dado mais certo!

Tudo o que fiz foi cozinhar durante meia hora 250g de polenta Bramata em 500ml de água e 500ml de caldo de legumes (a receita original pedia caldo de carne), com um pouco de azeite, sal e boas colheradas de manteiga. Allex só dava risada: "você vai ficar mexendo isso por 30 minutos???" Isso é que é amor, respondi. Enquanto isso, refoguei 500g de folhas de espinafre e uma cebola pequena em um pouco de azeite, até murchar bem, e, depois de escorrê-lo, misturei-o a 400g de ricotta de búfala, cerca de 150g de parmesão ralado, sal e pimenta-do-reino. Untei uma travessa pequena com manteiga, polvilhei queijo ralado e intercalei duas camadas de polenta com uma de ricotta. Coloquei no forno a 180ºC por cerca de 20 minutos e servi. Delicioso. O recheio de ricotta não encharcou a camada debaixo da polenta, ficando macia e elástica, e o sabor ligeiramente picante do espinafre casou perfeitamente com a polenta adocicada.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Quem tem pressa come risotto

Entre trabalhos e pepinos, minha vida anda mais ocupada que a agenda do Papa. Fenômeno estranho para mim, que sempre gostei do ritmo sossegado dos meus dias, em que podia usar as manhãs para assuntos pessoais e apenas a parte da tarde para de fato ligar o computador. Desde o início do ano, no entanto, sinto que não parei. Por isso o alívio em saber que dentro em breve estarei de férias: minhas primeiras férias desde a viagem para a Itália, em 2004. Quem disse que vida de freelancer é fácil?

Em meio à finalização de uns abacaxis que não terminavam nunca e outros trabalhos com prazos para lá de estourados, tive ainda de encaixar as idas ao escritório de minha irmã para imprimir materiais (uma vez que minha impressora quebrou e não consigo tempo para mandá-la à assistência técnica), favores ao marido ocupado que queria vender o baixo, atenções à família, três passeios diários com o cão, e algumas idas ao consulado italiano para resolver problemas de documentos da cidadania de minha cunhada, residente na Itália. Vão surgindo outros orçamentos, outros compromissos, inclusive ótimas novidades, mas simplesmente não sei como darei conta de tudo. Conto os dias para minha viagem, para poder me afastar um pouco de meu quotidiano e respirar, enfim. [Coisa que aprendi com o tempo: para quem trabalha em casa, férias só são férias se você SAIR de casa.] A sensação de, no entanto, ir riscando da lista as tarefas realizadas é boa, muito boa. Trabalho número 1 entregue, trabalho número 2 entregue, nota-fiscal enviada, documentos enviados à Itália, contas pagas, pagamento recebido, balanço do mês feito, roteiro de viagem fechado, cão passeado, cão passeado de novo e de novo, café com mãe tomado, favores feitos, baixo vendido, orçamento passado, jantar... jantar?


Jantar...?


Sabia que eu estava esquecendo alguma coisa... F*ck.

Abro a geladeira para ver que matéria-prima tenho à disposição e lembro-me de uma receita x do livro y. A receita é, porém, precisa, e suas medidas estão todas por peso, e minha balança continua e continuará quebrada, até que eu tenha tempo de procurar uma nova (pois a Black & Decker não conserta a balança quebrada, não manda nem para assistência; o máximo que ela faz é vender uma nova por preço de custo, o que eu acho o absurdo dos absurdos, nesses tempos em que "descartável" é palavrão).

Lembrando-me dos últimos dois desastres bolísticos da semana (um bolo de maçãs e um de mel com passas que foram do forno para o lixo) achei melhor ater-me ao que sei fazer melhor. Larguei a receita firulenta e tratei logo de criar um risotto, pois se por um lado minha experiência com doces me ensina a seguir minuciosamente os passos e medidas de uma receita, por outro sei que risotti são meus melhores amigos, e não há nenhum prato com o qual me sinta mais confortável, e que me dê mais liberdade para criar.

Refoguei uma cebola e dois talos de salsão muito bem picados em um pouco de azeite, juntando 1 xícara de arroz arbóreo e um punhado de ervilhas tortas fatiadas fino, seguindo com o cozimento normal, com caldo de legumes (quando não tenho caldo caseiro, uso um italiano, em pó, que não tem glutamato monossódico nem conservantes). No meio do cozimento, juntei o restante das ervilhas, inteiras, com seu filamento retirado, e prossegui, até que o arroz e as ervilhas estivessem no ponto. Desliguei o fogo, polvilhei um punhado generosíssimo de parmesão ralado na hora, um naco grande de manteiga, pimenta-do-reino, 1 colher (sopa) de mostarda de Dijon com pimenta verde, e cerca de 1/4 de xícara de queijo Brie picado. Misturei, cobri e deixei descansar por 5 minutos. Na hora de servir, cobri o risotto com fatias bem finas de Brie.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Um "ratatouille" italiano com coucous marroquino de ervas para um novo jeito de me complicar


Existe sempre um jeito de estragar o que está funcionando. Certo?

No meu caso, a rotina que funcionava bem, de colocar Madame Bochechas para dormir às 9h da manhã (lembrando que ela acorda às 6h e se acaba de brincar) para poder trabalhar, foi atropelada pela decisão de transformar o berço da pequena em mini-cama no fim de semana. Pois, afinal, fizemos o mesmo com Thomas por volta dessa idade, e ela já vinha pedindo por isso.

Foi felicidade total ver a mini-cama montada, e, assim como o irmão, na primeira noite ela foi dormir sozinha, sem nem precisar mandar.

"Olha só", disse meu marido, orgulhoso. "Ela não vai dar trabalho nenhum. Até a soneca da tarde ela foi tirar sozinha."
"Você não lembra de como foi com o Thomas, né? Ele fez a mesma coisa, e na noite seguinte já não queria mais ir pra cama."
"Ah, não, mas ela não vai ser assim, porque ela vê o irmão, tem o exemplo do mais velho."
"Tô te falando..."

Deveria ter apostado dinheiro. ¬_¬

Dia seguinte, coloco a mocinha na cama para o cochilo da manhã. Eu com três aquarelas atrasadas para entregar, emails de cliente para resolver e um projeto pessoal pro dia 8 de novembro que eu nem comecei a esboçar. Ela esperneia e sai da cama. Eu boto na cama de novo. Ela esperneia e sai. Eu boto. Ela sai. E assim sucessivamente até que já era tão tarde, quase na hora de buscar o Thomas na escola, e eu já estava tão cansada, que desisti e não consegui fazer nada a não ser resolver três emails enquanto ela brincava no quarto.

À noite, mesma coisa. Bota na cama, sai. Bota na cama, sai. O que parecia uma infinidade de vezes, mas que eu contei e foram 23, até ela enfim cansar e dormir.

Sempre em mente todos os milhares de episódios da Super Nanny que eu vi antes de ter filhos. Fofa e carinhosa pedindo pra ir pra cama. Só carinhosa botando na cama. Botando na cama sem falar nada. Eventualmente eu só me colocava à sua frente de braços cruzados e ela voltava para a cama, vencida por alguns 15 segundos, até eu dar as costas e ela achar que estava livre novamente.

Exercício de paciência infinita.

Rotina simples complicada por uma decisão simples e inevitável. Porque criança é assim mesmo. Tudo bem até incorporar uma nova variável na equação. Aí... fué. Dá-lhe se adaptar tudo de novo. E de novo. E outra vez. Ad infinitum.

Aí você tem aquela pilha de legumes na gaveta. Resolve que quer um cozido de todos eles, abobrinha, berinjela e tomates. Mas não quer tudo maçarocado com gosto de coisa nenhuma. Quer textura, e quer sentir o gosto de tudo individualmente. Aí você pega algo simples e complica. Mas há complicações que valem a pena.

Aprendi com o livro de Suzanne Goin, um que usava loucamente antes de ter filhos, que às vezes é bom cozinhar os elementos separadamente e juntá-los depois. Você respeita o tempo de cozimento de cada um e eles mantém sua textura e sabor individuais mesmo misturados. Pensei primeiro num ratatouille, mas quis usar manjericão no lugar do tomilho. Engraçado isso de perfil de sabor, como são exatamente os mesmos ingredientes e mesmo processo: com tomilho é francês, com manjericão, italiano. Depois que o cozido estava pronto, descobri, num livro da Rachel Khoo recentemente comprado (parte da leva de aniversário), que se você mistura as fatias desses legumes artisticamente numa travessa e assa tudo de uma vez, é tian de legumes; se você cozinha todos separadamente e junta tudo no final, num cozido, é ratatouille. Eu achando que ratatouille se cozinhava tudo junto e descubro que antes de mim os franceses já complicavam as coisas.

Para absorver o caldinho do cozido, preparei um couscous marroquino. Mas queria que ele tivesse alguma personalidade também, então juntei a ele ervas e castanhas, para textura. O conjunto da obra fez sucesso, especialmente com Madame Bochechas, que bem sabe quando convém complicar minha vida ou deixar mamãe feliz.

RATATOUILLE ITALIANO COM COUSCOUS MARROQUINO DE ERVAS
Rendimento: 4 porções adultas

Ingredientes:

  • azeite
  • 1 cebola grande, picada
  • 3 dentes de alho, picados
  • 2 abobrinhas grandes ou 4 bem pequenas
  • 2 berinjelas grandes ou 4 bem pequenas
  • 4 tomates grandes, pelados (ou 1 lata de tomates pelados)
  • 1 punhado de salsinha, talos separados das folhas e reservados
  • 1 punhado generoso de folhas de manjericão
  • 1 1/2 xic. couscous marroquino
  • 1/3 xic. castanha de caju torrada, picada
  • sal e pimenta-do-reino


Preparo:

  1. Corte a berinjela em cubos de cerca de 2cm, com a casca. Coloque em um escorredor, polvilhe com sal e deixe sorar por meia hora. Enquanto isso, corte a abobrinha em quartos no sentido do comprimento e então em triângulos de 1cm de espessura. Se estiver usando abobrinhas menores, corte apenas ao meio e então meias-luas. Pique os talos da salsinha bem miudinho para usar no cozido. Pique os tomates (se estiverem na lata, pode apenas cortá-los com uma tesoura, sem precisar retirar da lata). Quando terminada a meia hora, passe a berinjela sob um pouco de água corrente para retirar o excesso de sal e esprema bem entre os dedos. 
  2. Numa frigideira grande,  aqueça um fio de azeite e 1/3 do alho picado. Junte a abobrinha antes do alho dourar, tempere com sal e pimenta e cozinhe em fogo médio-alto, mexendo de vez em quando, até que a abobrinha esteja dourada e macia. Retire da frigideira e reserve em uma tigela.
  3. Na mesma frigideira, coloque um pouco mais de azeite (umas três colheres) e junte a berinjela e mais 1/3 do alho. Tempere com pimenta e pouco sal (experimente para ver se a berinjela já não estava salgada o bastante) e cozinhe em fogo médio-alto, mexendo com certa frequência, até dourar e ficar macia. Coloque na tigela junto com a abobrinha.
  4. Ainda na mesma frigideira, aqueça mais um fiozinho de azeite e junte a cebola e o restante do alho. Cozinhe em fogo BAIXO, mexendo de vez em quando, para que a cebola e o alho amaciem bem devagar, cerca de 10 minutos.
  5. Quando começarem a dourar, junte os talos de salsinha e o tomate picado. Misture bem, cozinhe por dois minutos, e então junte os legumes reservados e 1/2 xic. água. Leve à fervura, então abaixe o fogo e cozinhe por cerca de 10 minutos, ou até que o caldo engrosse um pouco. Corrija o sal e pimenta. Rasgue metade das folhas de manjericão e junte ao cozido. Desligue o fogo.
  6. Coloque o couscous numa tigela resistente ao calor. Ferva 1 1/2 xic. de água. e derrame sobre o couscous. Tampe com um prato e deixe descansar 5 minutos.
  7. Pique a salsinha e o restante do manjericão e junte numa tigelinha com as castanhas, sal, pimenta e 2 colh. (sopa) azeite. Junte ao couscous já inflado, misturando com um garfo para não empelotar. Corrija o sal e a pimenta. 
  8. Sirva o cozido sobre o couscous, com mais um generoso fio de azeite por cima. 






terça-feira, 3 de junho de 2014

Salada de feijão-manteiguinha, pesto de folha de rabanete e mais um monte de coisa


Era para ser um almocinho vegan. Mas abri a geladeira e dei de cara com aquele maço de folhas de rabanete. Achei uma receita de pesto e, já que Madame Bochechas resolvera não dormir no meu horário de trabalho, resolvi preparar o danado para congelar e usar depois. [Pois há ainda muita verdura na geladeira para ser usada A.S.A.P., já que eu tive um impulso consumista na feira da semana passada e comprei uma variedade e quantidade maior do que consigo consumir de fato.]

Na hora de preparar o pesto, fiz poucas modificações: aferventei as folhas antes para tirar aquela sensação piniquenta, e usei castanhas do pará. O bicho ficou tão gostoso (Laura queria comer de colher), que resolvi usar o pesto na salada de feijão-manteiguinha que planejara para hoje, já que o dia estava bonito e não estava tão frio.

Feijão-manteiguinha: com um nome desse, não dá vontade de levar pra casa quando você vê na gôndola? Eu levei. E achei uma delícia. E fui pesquisar e descobri que ele é famosinho em várias partes do Brasil, mas que eu que era boba e nunca tinha ouvido falar. E é saboroso, e pequenininho, e bom em saladas. Como vi que era parente do feijão-fradinho, achei por bem descartar a água da primeira fervura, lavar e aí sim cozinhar com alguns temperos, para evitar qualquer possível amargor. Quem conhece o moço que me diga se era preciso fazer isso ou se é bobagem minha.

Sabia que queria usar na salada, abacate, que o Matador de Dragões (agora) adora. E tomate, e pepino japonês, e rabanete. Bati o olho numa salada de quinua que levava ingredientes semelhantes, e que levava também amêndoas e tâmaras. Resolvi arriscar, substituindo as amêndoas por castanha-do-pará de novo. Fui comedida e botei só quatro tâmaras, mas da próxima vez, uso mais, muito mais, porque o docinho da tâmara enriqueceu muito o prato.

Madame Bochechas provara do feijão na panela e do pesto no processador. Mas quando lhe apresentei o prato montado, ela torceu o nariz. Expliquei que era a mesma coisa. Mostrei pra ela. Passei o dedo no processador ainda sujo e deixei que lambesse. Fiz o mesmo no molho da salada. Ela apanhou a colher e foi valente, experimentando de tudo, gostando de alguns itens, cuspindo outros, mas, em geral, mandando ver.

Matador de Dragões viu o almoço e não quis sentar à mesa. Disse-lhe, como sempre, que se não queria comer, que não comesse; mas que precisava sentar-se conosco e esperar que todos terminarem. Ele veio, a contragosto. Ficou olhando, bem uns cinco minutos, enquanto Laura e eu comíamos, "hmmms", "aaahs", "boooons". Então apanhou a colher e experimentou. "Gostou, Thomas?" "Hm-rum", disse, continuando a comer. "Quéo mais." "Mais fejão?" "Dãaaao. Esse." Apontou para o rabanete.

Fico contente que ele tenha entendido o esquema e simplesmente experimente metendo o colherão na boca e mastigando. Laura entrou já cedo na fase do Não Gosto, Não Quero, e às vezes, recusa-se a comer, tornando-se minha mais nova Catadora de Salsinha. Hoje foi uma exceção conseguir convencê-la pelos meios da razão. Também não há promessa de chocolate que a faça experimentar algo, já que ela ainda não entende completamente condicionais. [Só promessa de chocolate fez com que Thomas experimentasse a berinjela recheada de painço, que ficou feia como o demônio, mas uma delícia. Experimentou, raspou o prato. Já Laura, não esboçou problemas com a gororoba marrom-acinzentada em seu prato e mandou ver sem manha.]

Vejo que a pequena Catadora de Salsinha ainda tem a dificuldade da mastigação, por não ter todos os dentes, já que o modo como mastigamos muda completamente o gosto que sentimos do alimento. Dependendo de como ela põe a comida na boca, o tamanho do pedaço, ela come ou rejeita. Pensei nisso outro dia, quando Thomas apanhou um legume qualquer para experimentar e apenas tocou-o na ponta da língua e o rejeitou. Tento explicar que desse jeito ele não está sentindo o gosto de nada e que isso é roubar no jogo: experimentar é botar na boca, mastigar e engolir. Imagina apanhar um pepino e encostar a ponta da língua na casca? Nem maçã tem gosto bom assim. o_O

Fiquei contente de ver os dois comendo com gosto, pedindo mais. Também, pudera: saladinha que ficou uma delícia, e eu mesma raspei o prato, repeti e comi o pouco que eles deixaram nas suas tigelinhas. Achei que sobraria pro jantar, mas já vi que vou pra cozinha de novo hoje. ¬_¬

SALADA DE  FEIJÃO-MANTEIGUINHA, PESTO DE FOLHAS DE RABANETE E UM MONTE DE COISA
Rendimento: 2-4 porções, dependendo se prato principal ou acompanhamento

Ingredientes:
(feijão)

  • 1 xic. feijão-manteiguinha seco, deixado de molho na noite anterior e escorrido
  • 1 colh. (sopa) azeite
  • 1 ramo de salsinha
  • 1 folha de louro
  • 1 pitada de pimenta-calabresa seca
  • sal e pimenta a gosto

(pesto)

  • 1 maço de folhas de rabanete bem verdinhas, com os talos
  • 1 dente de alho, descascado
  • 5-6 castanhas-do-pará
  • 1/2 xic. queijo parmesão ralado na hora
  • suco de 1/2 limão
  • azeite de oliva (1/4 xic. ou mais, dependendo da consistência desejada)
  • sal e pimenta a gosto

(salada)

  • 2-3 colh. (sopa) água do cozimento do feijão
  • 1 tomate maduro mas firme, cortado em cubinhos pequenos
  • 1/4 cebola picada
  • 1/2 abacate maduro, cortado em cubos e regado com suco de limão, para não escurecer
  • 2 rabanetes cortados ao meio no sentido do comprimento e fatiados bem fininho
  • 1 pepino japonês fatiado bem fininho
  • 4 castanhas-do-pará picadas
  • 4 (ou mais) tâmaras, sem caroço, picadas
  • sal e pimenta a gosto


Preparo:

  1. Coloque o feijão para cozinhar em água. Quando ferver, escorra, lave, volte à panela com água limpa bastante para cobrir, o azeite, o louro, a salsinha e a pimenta-calabresa. Leve à fervura, abaixe o fogo, e deixe cozinhando com meia-tampa até que o feijão esteja macio (o tempo vai depender da idade do feijão e se você usar panela de pressão ou não).
  2. Retire as ervas, tempere com sal e pimenta-do-reino a gosto e escorra, reservando o caldo. 
  3. Enquanto isso, faça o pesto: coloque água com sal para ferver em uma panela grande. Coloque as folhas de rabanete e deixe cozinhar por 1 minuto. Retire e deixe que esfriem. Quando estiverem frias, esprema nas mãos até tirar todo o líquido e coloque as folhas no processador com as castanhas, o alho, o limão e o azeite. Pulse até transformar em purê. Acrescente o azeite, o queijo, sal e pimenta e bata novamente até que fique homogêneo. Você terá mais pesto do que precisa. O restante pode ser congelado. 
  4. Numa tigela grande, misture o feijão ainda quente a 1/3 xic. do pesto diluído em 2-3 colh. (sopa) da água do cozimento do feijão. (O restante do caldo do feijão pode ser usado no caldo de legumes, assim como a água do cozimento das folhas de rabanete.)
  5. Quando o feijão estiver bem temperado, junte o restante dos ingredientes da salada, misturando muito bem. Prove e acrescente mais suco de limão, azeite, sal e pimenta a gosto, se precisar. Deixe a salada descansar em temperatura ambiente por 15-30 minutos, para que os sabores se desenvolvam e sirva. 


quarta-feira, 28 de junho de 2017

Diário da mudança, café da manhã para encher de Maple Syrup e, para bom entendedor, meia música basta



Quando vieram levar embora nossa mesa de jantar e todas as oito cadeiras da casa, olhei para o espaço vazio na sala, para o rostinho atônito dos meus filhos, e lhes disse, empolgada: "Êeeeee! Um mês de piquenique!!!"

Eles acharam ótimo. Mas logo decidiram que era mais fácil comer na mesinha verde-limão, onde os dois, assim, um de frente para o outro, sentados numa mobília que lhes respeita a proporção, com louça, talheres, guardanapo de pano, pareciam clientes de um mini-restaurante. Morri de fofura.

"Vem fazer companhia pra gente, mamãe!", pediu Laura. E lá fui eu sentar no chão em frente a eles, com meu prato raso, garfo e faca, e o Gnocchi curioso passando com o rabo peludo balançando no meu prato e querendo lamber meu rosto, como ele sempre tenta toda vez que um ser humano resolve dividir o chão com ele.

Rapidamente percebi que isso não daria certo. Então veio um novo anúncio: "Ó, galera, a partir de hoje a gente só come em tigela. One bowl dinners. Ok?" Assim, só um garfo resolve a vida e dá pra comer até em pé, sem correr o risco do cachorro pisar bem no meio do seu prato enquanto você tenta cortar seus legumes.

Exemplo disso foi o Kedgeree do Jamie Oliver, que eu sempre faço para aproveitar sobras de peixe grelhado, frito, empanado, assado, o que for. Fica uma delícia e transforma dois filés de peixe ressecados de geladeira em uma refeição deliciosa para quatro pessoas novamente. Recomendo.


Uns dias depois, meu filho voltou de um passeio da escola à feira do bairro com uma enorme melancia, feliz da vida, e quando ele me pediu suco de melancia, eu disse sim automaticamente, até me dar conta de que não tinha mais liquidificador. Ou mixer. Ou processador. Ou batedeira.
Era já noite escura e não havia nada para o lanche da escola no dia seguinte. Pensei em fazer de novo aquele pound cake de louro e laranja, mas lembrei que tinha uma forma só e não era de bolo inglês. Pensei em outras receitas, mas também lembrei que não tinha nada mais para fazer o bolo além de uma tigela e uma colher de pau. Então puxei da memória o bolo de iogurte de sempre, e, tendo já preparado um dele na semana anterior na versão chocolate (substituindo 1/2 xic. de farinha por cacau em pó, omitindo a casca de laranja e acrescentando uma barra de 100g de chocolate ao leite picado), fiz num piscar de olhos mais uma versão, desta vez com baunilha e extrato de amêndoas. Eu e minha tigela e minha colher. Até pensei... o próximo vou transformar em bolo mármore para terminar de usar o restinho do cacau em pó.

Porque agora tem disso: preciso usar a despensa toda. Mas não é mais como das outras vezes, em que eu precisava esvaziar a geladeira, fazer meu Angel Food Cake com todas as claras congeladas, mas colocar minhas farinhas e temperos numa caixa e levar de carro até a casa nova. Eu abro a gaveta de temperos e sei que aquelas sementes de mostarda não têm a menor chance: eu não vou conseguir usá-las em um mês. E não posso fazer mostarda com elas, pois não há tempo de maturar o condimento ou consumi-lo. É estranho jogar fora as aparas de frutas e legumes ao invés de congelá-las para geleias e caldos. Meu freezer está vazio. Isso nunca aconteceu.

Mais estranho é entrar em casa e se sentir estapeada pela sensação de caos. Há livros empilhados, caixas com itens de cozinha para serem vendidos, mangás separados em fardos, brinquedos para serem doados, os poucos móveis que restam estão fora de lugar, e não há meios de trazer uma noção de ordem a tudo aquilo.

Conforme vou vendendo as coisas e levando ao correio, o vazio vai trazendo paz. O espaço vazio, que normalmente traz inquietude quando nos mudamos para um lugar novo, o espaço vazio que não vemos a hora de ocupar com coisas para apaziguar aquela palpitação no peito, esse espaço vazio me traz calma. Mostra que as coisas estão caminhando. Percebo como hoje gosto mais de espaço do que de móveis. Como quero ter tão menos do que eu tinha no meu próximo lar.

Mas uma coisa é ter poucas coisas que servem a você. Outra é você se ver sem aquelas coisas que não parecem importantes mas faziam parte da sua rotina invisível, aquela parte do seu dia que você faz automaticamente, sem pensar, como prometer suco de melancia para o seu filho. E daí que você entra em casa e pela oitava vez se vê zonza, segurando sua bolsa na ponta dos dedos, se movendo pela sala como uma galinha sem cabeça, confusa, simplesmente porque NÃO TEM ONDE DEIXAR SUA BOLSA. o_O

Isso é ridículo.

Mas eu me pego atordoada pela rotina invisível quebrada, e de repente parece que você tem que voltar a prestar atenção a tudo o que faz novamente. Toda vez que entra em casa tem que procurar um novo espaço vazio para depositar sua bolsa.

Dã.

As crianças às vezes surtam. "Mamãaaaaae! Você NÃO PODE vender as forminhas de picolé!!!" Aí vai mamãe explicar que a gente está vendendo tudo o que não cabe na mala, e que vai usar esse dinheiro para comprar novamente aquilo de que realmente precisamos.

Aí eles apanham um saco e brincam de escolher o que vão levar e o que vão vender. "Mamãe, eu não vou levar meu carrinho de boneca. Ele é muito grande. Eu vou dar para uma menina que não tem. Uma menina da França. Porque as meninas na França não têm carrinho de boneca."

Não, eu NÃO VOU para a França. Sabe-se lá porque diabos ela encasquetou com a França ou com esse problema grave de ausência de carrinhos de boneca que aparentemente acontece por lá. o_O

De qualquer forma, as crianças estão empolgadas. Mas a ansiedade e a insegurança gerada por toda essa movimentação em casa as faz mais agitadas, mais cansadas, um pouco mais briguentas. Há toda uma dose extra de paciência que preciso resgatar dentro de mim para lidar com os dois nesse momento.

Passo meus dias tirando coisas de dentro dos móveis, limpando, embalando, levando ao correio, recebendo gente que leva embora meus armários. Aquele vazio na casa se torna intermitente, pois o caos se instaura a cada armário que vai embora, deixando seu conteúdo no chão da sala, e então esse conteúdo é separado, limpo, embalado, enviado a outras pessoas.

Allex sugere que usemos o método Lean 5S para lidar com a bagunça. Eu fico fula, dizendo que é o que tento fazer na nossa casa há quase dez anos e ninguém deixa. o_O Mas vamos lá. Há muito o que fazer na casa ainda antes de entregá-la ao proprietário. Fiz então o canto do UT - A Fronteira Final (lembra do UT?), e o canto do Vai Na Mala, em polos opostos da sala. Porque isso de ficar separando as coisas que ficam em cada cômodo não estava dando uma noção exata do que teríamos de levar. Já veio o primeiro susto: é muita coisa. Quando a gente brinca de ilha deserta, se convence de que consegue levar só dois livros com você. Quando tira tudo da estante o bicho pega: muitos dos livros são edições que você não acha mais, ou traduções que você gosta muito.

Quando criança, meus pais tinham O Tesouro da Juventude, uma enciclopédia que eu adorava, que continha uma tradução do monólogo de Hamlet feita por Machado de Assis que eu sabia de cor, e versões originais dos contos de fada, com direito a toda a violência e lições de moral típicas das histórias antigas - a Cinderella do Tesouro da Juventude botava Game of Thrones no chinelo, com olhos furados por pássaros e calcanhares serrados fora. Até hoje me dá uma tristeza por terem mandado embora aqueles livros. Nunca mais achei essas histórias ou aquela linda tradução de Hamlet em lugar nenhum. Hoje sei bem quais livros são substituíveis, recompráveis, e quais devem ser mantidos com você.

Convenço-me então de que aquela pilha enorme é apenas uma pré-seleção. Ou que talvez eu precise sim que meus pais levem uma caixa de livros para mim quando forem visitar. >_<

Aviso as crianças que quando o sofá for embora, vamos usar o banco do jardim para ver TV na sala. Tempos estranhos. Compram minha cama. Resta apenas meu colchão.

Gnocchi já está super adaptado à gaiola. Logo no primeiro dia se enfiou lá dentro e dormiu a noite toda, o que nos deixou muito mais tranquilos. Ele adorou seu novo cantinho e acho que fará bem a viagem.

Estou imensamente feliz por estar vendendo todas as minhas obras. Restam muito poucas, e acho que vou conseguir viajar apenas com meus sketchbooks e meus desenhos de infância, para começar toda uma nova fase de pintura por lá.

Neste fim de semana, entrego minhas panelas WMF a quem as comprou, com dor no coração. São panelas maravilhosas. Mas não faz o menor sentido levá-las comigo. Eu sei que com meus panelões vermelho e verde e com as outras duas frigideiras que ficam pelo menos esse mês aqui em casa, consigo cozinhar tudo. Mas é estranho não usar a panela de vapor ou a leiteira. Novamente, uma quebra da sua rotina invisível.

As refeições têm sido extremamente simples. Usando o que tem na despensa ao máximo, e com apenas uma bancadinha para trabalhar. Logo vêm gente pegar minha estante da despensa, e então esse espaço diminuirá ainda mais. Uma grande cozinha vazia sem ter onde apoiar a tigela do bolo. Prometi às crianças que vamos comer pastel na feira toda quinta e domingo até o dia da viagem. Deu-me uma súbita vontade de queijo minas, requeijão e farofa. Farofa de verdade, feita com farinha de mandioca, cebola, uma tonelada de manteiga... não essas farofas compradas prontas, com gosto de serragem e sal. Vai entender como funciona a cabeça da gente. Água de coco e caldo de cana. Só penso nisso. E tenho planos para uma comida mais relaxada e divertida nesse mês de julho.

Estou ansiosa para o fim das aulas, daqui a alguns dias. Para eliminar pelo menos essa correria de manhã e poder tomar café da manhã com calma com as crianças. Novamente inventar mais um pouco, pois esse semestre, com Thomas no primeiro ano, entrando meia hora mais cedo na escola, quebrou completamente esse nosso hábito do café variado.

Para inspirar vocês nos cafés da manhã das férias, deixo aqui um apanhado das ideias de café da manhã do meu finado Facebook, que ainda estão com os textos originais dos posts. Única coisa que guardei daquela época. Um monte de panquecas e mingaus para besuntar de Maple Syrup.

Vamos ver se por aqui conseguimos fazer um repeteco disso tudo. O objetivo é acabar com o garrafão de Maple que Allex trouxe de viagem. Ele ri da minha cara quando sirvo o xarope sobre as panquecas das crianças, dizendo que ando muito perdulária agora que sei que vou poder comprar disso mais barato depois da mudança. Aliás, por incrível que pareça, Maple Syrup barato e a perspectiva de panquecas e waffles todas as manhãs tem sido o grande selling point da mudança para as crianças. ^_^

E vamos nessa. Respira fundo. Faltam pouco mais de trinta dias. E dia 4 de agosto vamos de casa até o aeroporto ouvindo essa música:

https://www.youtube.com/watch?v=CiCselxgw8s

Para bom entendedor, meia música basta. Quem adivinhar para onde vamos ganha um pirulito de nabo. ;)

OBRIGADA A TODOS pela força, pelo carinho, pelos emails de incentivo, pelas histórias, por nos ajudar nessa transição com cada comprinha de nossas coisas e minhas obras. Fiquei realmente emocionada com a reação de todos vocês. Num mundo que anda tão frio e capenga em termos de empatia, vocês me surpreenderam positivamente e encheram meus olhos de lágrimas.
VOCÊS SÃO SENSACIONAIS!!!  

Agora, de volta à nossa programação normal... ;)

 
Panqueca básica de iogurte

Sexta-feira de panquecas de iogurte. 1 de tudo: 1xic de farinha, 1 colh(sopa) rasinha de fermento, 1 colh (sopa) rasa de açúcar, 1 pitada de sal, 1 xic de iogurte, 1 ovo, 1 colh. (Sopa) manteiga.

Panquecas de banana e quinoa

Usando bananas que estavam na geladeira e me esperaram ir e vir de Trinidad. Dá pra imaginar o estado das pobrezinhas. A parte seca das panquecas leva 3/4xic de farinha de trigo, 1/4xic de farinha de quinua, 1 colh (Sopa) de fermento, 1 pitada de canela e 1 pitada de sal. Parte liquida, 1 ovo, 3/4xic de leite e 1colh (sopa) de manteiga, derretida. Misture secos com molhados e junte 2 bananas bem amassadas, de preferencia já de casca bem marrom. As bananas nesse estado não estão estragadas. Apenas difíceis de comer. ;) Mas elas assim já começando a escurecer por dentro dão às panquecas um sabor caramelado delicioso, que combina bem com os tons terrosos da quinua.


Panquecas de trigo sarraceno

Quando você já não lembra mais se já publicou uma receita ou não... De qualquer forma, essa panqueca de trigo sarraceno vale um repeteco.  :) Numa tigela, 1/2xic de farinha branca, 1/2xic de farinha de sarraceno, 3/4 colh (sopa) fermento, 1/4 colh (Cha) de bicarbonato, 1 pitada de sal. Em outra, 1 ovo, 1 xic de iogurte natural, 1 colh (sopa) de óleo vegetal e outra de melado. Só misturar tudo e dourar em um fio de óleo em porções de 1/4xic.

Panquecas de sarraceno e pera

Panqueca de sarraceno e pera, adaptado do livro lindo da Kim boyce, good to the grain. Uma pera ralada, com seus sucos, um ovo, uma colher de manteiga derretida, 1/4 xic de farinha integral, 1/4 xic de farinha comum, 1/2 xic de farinha de sarraceno, 1 colh sopa rasa de fermento, 2 de açúcar e uma pitada de sal. Leite, começo com meia xícara e acrescento mais conforme a suculência da pera. Delícia absoluta.
German Puff Pancake

Fim de semana teve café da manha diferente: German puff pancake. Basta derreter 3 colh(sopa) de manteiga numa frigideira de 23cm, juntar 1 maçã grande em fatias finas, polvilhada com 1 colh (sopa) de açúcar mascavo, 1 colh (cha) de canela e um pouco de noz moscada. Cozinhe por dois minutos. Em uma tigela, bata 3 ovos, 3/4 xic de leite e 3/4 xic de farinha. Despeje sobre as maçãs e leve ao forno preaquecido a 190oC por 15-20 minutos, ate que esteja inflado e dourado nas laterais. Aí é só espremer umlimaozinho por cima, polvilhar açúcar e mandar ver. Delicioso. De um livro ótimo, mas comum titulo ridículo: yummy mummy.

Waffles com chocolate


Crêpes doces

Outra opção delicia para o café da manhã, principalmente no fim de semana, quando se tem mais tempo. Você prepara a massa dos crepes na noite anterior, deixa ela descansando na geladeira durante a noite, e cozinha de manhã. Só misturar 1 1/2xic de farinha, 1 pitada de açúcar e de sal, 2 ovos e cerca de 2 1/4 xic de leite, misturando ate ficar homogêneo e com consistência de creme de leite fresco, sem bater demais, para os crepes não ficarem borrachudos. Deixe descansar durante a noite na geladeira (isso hidrata e relaxa a farinha e melhora o resultado dos crepes) e no dia seguinte junte mais umas colheradas de leite, se a mistura tiver engrossado muito. Esquente um pouquinho de manteiga numa frigideira de 23cm e cozinhe porções de cerca de 1/3xic de massa, dos dois lados. Recheie como quiser. Eu comi com ricotta e mel. Marido e crianças preferiram apenas uma espremidinha de limão e açúcar de confeiteiro polvilhado por cima. Do lindo livro da Rachel Khoo, The Little Paris Kitchen.

Crepioca

É só misturar 1 ovo, 2 colheres de goma para tapioca, 2 colheres de ricotta ou cottage e uma pitada de sal. Levar à frigideira quente com um pouco de manteiga, coberta com tampa até que firme o bastante para virar com espátula e dourar do outro lado. Receita do meu treinador de Kettlebell, e eu sei que isso virou a comida fit da moda por um bom tempo, mas é uma delícia: parece um pão de queijo de frigideira. :D

Mingau de aveia básico

Eu não canso de postar mingau por aqui, pois é uma das minhas coisas favoritas no mundo. Meus filhos comeram mingau de tudo que é jeito na época em que estavam desmamando, e continuam gostando. Assim, aveia cozida em água com bananas, uvas passas, linhaça, papoula, sal e canela, e depois coberta de mais banana, um naco de manteiga, um nada de leite frio e adoçada com mel, é clássico dos clássicos aqui em casa.

Mingau de trigo sarraceno

Trigo sarraceno cozido em água por uns 10 minutos, junto com frutas secas picadas (no meu caso, Cranberries e damascos orgânicos, marronzinhos e com gosto de caramelo), canela em pau, extrato de baunilha, uma pitada de sal, um nadinha de semente de cardamomo e uma ralada de gengibre fresco. No potinho, acompanhado de um pouco de leite, melado de cana e figos frescos. Do livro Vegetarian Everyday, lá do blog Green Kitchen Stories. Bom dia.

Mingau de sarraceno, coco e chocolate

Mingau de sarraceno de novo. Desta vez batido com linhaça, cozido em leite de coco, água e açúcar baunilha do, e servido com nozes picadas, iogurte e gotas de chocolate.

Mingau de feijão azuki

Estranho comer feijão no café da manhã. Mas gostoso. Pra quem gosta de mingau que parece apenas naturalmente doce. Fãs de Sucrilhos, olhem para o lado. Cozinhe 90g de feijão azuki em 6xic de água até ficar macio, bata no liquidificador deixando um pouco pedaçudo, misture 1/4xic de açúcar, 1/4xic de farinha de arroz glutinoso e cozinhe até engrossar. Coma com passas e nozes picadas. Essa quantidade serviu um adulto e duas crianças curiosas. A receita original estava no Serious Eats:http://www.seriouseats.com/recipes/2010/01/seriously-asian-korean-red-bean-porridge.html

Mingau de aveia com marmelos

Nem só de banana e canela vive um mingau. Aveia em lâminas cozida em agua e leite, com marmelo poche e castanhas de baru picadinhas. Um pouquinho de iogurte natural por cima para arrematar. Marmelos poche feitos assim: http://www.lacucinetta.com.br/2010/05/compre-marmelos-compre-marmelos-compre.html

Iogurte com sarraceno e figos dourados

Figos dourados em quase nada de manteiga, iogurte caseiro, nozes picadas, trigo sarraceno e mel. Bom dia. :)


Iogurte com geleia de nectarina

Simples: um pouco de iogurte caseiro, uma colher de geleia de nectarina, gengibre e cardamomo. 900g nectarinas, descascadas e sem caroço, 3/4 xic açúcar orgânico, suco de um limão, 1 colh sopa gengibre fresco ralado, 4 bagas de cardamomo moídas no pilão. Cozinhar tudo ate dar o ponto quase como uma goiabada cremosa.


Iogurte, frutas e trigo sarraceno cru

Parece esquisito, mas o trigo sarraceno cru assim sobre frutas, iogurte e mel fica uma delícia, crocante como granola.

Suco de pepino, maçã e hortelã

Suco de pepino, maçã e hortelã, de um livro da Heloísa Bacelar que eu adoro, mas que seria ainda melhor com um índice remissivo. Suquinho acompanhou o iogurte com granola das crianças e foi para o lanche da escola. Me sentindo muito virtuosa hoje. 
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Tartine de Abacate e Grapefruit
 
Pão caseiro tostado, fatias de abacate, segmentos de grapefruit, sal e azeite. Estranho mas bom. O abacate cremoso e gorduroso contrasta com o amargor refrescante do grapefruit. Delícia. 


Tartine de morango e iogurte

Pão caseiro tostado, uma colherada de iogurte, morangos fatiados, menta fresca e um polvilhar de açúcar baunilhado. PERFEITO.

Granola

Às vezes gosto de tomar café da manhã mais tarde, com criança na escola e cachorro passeado. Fui dormir ontem à noite contente em saber que tinha iogurte e granola caseiros pro dia seguinte. Uso sempre uma receita da revista do Jamie Oliver. Misturo 2 colh (sopa) de algum óleo vegetal, 6 colh (sopa) mel, 300g de aveia laminada, e um punhado de quaisquer sementes e castanhas que houver em casa. Espalho numa assadeira e levo ao forno a 180oC por 15 minutos. Junto um punhado de frutas secas e asso por mais 10 minutos. Deixo esfriar e guardo num pote fechado. O da foto tem uvas passas, goji berries (também caí nesse conto), castanha de caju, linhaça e sementes de girassol e melão.
(Post republicado. Fui editar o outro e acabei excluindo sem querer. :P)

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Uma semana sozinha, um aniversário de 4 anos, dando cabo de muita comida

Mesa de aniversário da Laura, com mais cachorro-quente na panela vermelha e pão de queijo na verde. :)

E aí as crianças foram para a casa dos avós. Liberdade? Descanso? Relaxamento? Capirinhas na beira da piscina (inflável)?

Não. Eu tinha trabalho a entregar e uma festinha a preparar.

No primeiro dia sem as crianças, foi que me dei conta de que comprara muita comida para uma semana sozinha. Não sei por quê, foi meio no automático, provavelmente indo à forra depois de passar 3 semanas sem a banquinha de orgânicos. E foi na tentativa de já dar cabo de um pacote inteiro de quiabo, que resolvi prepará-lo justamente para uma pessoa que detesta quiabo: meu marido. Claro, eu fui boazinha. Lembrei-me de uma receita no livro do Mark Bittman, How to Cook Everything Vegetarian, que dizia que esse era o prato de quiabo para quem odeia quiabo. Resolvi pôr à prova sua tese.

Tese comprovada. Fritar o quiabo elimina terminantemente a baba, e ele fica crocante e delicioso nessa salada com tomates e coentro, polvilhado de curry, e cebolas em meias-luas marinadas no azeite e limão. "Não parece quiabo!", disse Allex, servindo-se uma segunda vez.

Só não digo que essa salada deliciosa foi um sucesso retumbante por conta do trabalho que tive para limpar o fogão depois. O óleo estava na temperatura correta e resolvi mergulhar nele o primeiro punhado generoso de quiabo... que fez o óleo quente espumar e subir numa loucura tal que eu nem tentei tirar a panela do fogo como geralmente faço quando isso acontece com caramelo ou leite. Simplesmente desliguei o fogo e observei, desistente e conformada, o caos e a destruição, a piscina de óleo quente depositada por sobre todo o fogão e escorrendo pelas laterais em direção ao chão.

Mega divertido. Só que não.

Então fiquem avisados: usem uma panela bem alta e coloque bem pouquinho quiabo por vez na primeira leva. :(


SALADA DE QUIABO FRITO PARA QUEM ODEIA QUIABO
(Adaptado um nada do ótimo How ro Cooki Everything Vegetarian, de Mark Bittman)
Rendimento: 4 porções

Ingredientes
  • Óleo para fritura
  • 450g quiabo, sem os cabinhos e fatiados no sentido do comprimento
  • 1/2 cebola roxa, em meias luas finas
  • 2 tomates pequenos, sem sementes e cortados em tirinhas
  • 1/2 limão espremido ou a gosto
  • 1/4 xic coentro fresco 
  • 1 1/2 colh (chá) garam masala (a receita original usa chaat masala, que não se encontra aqui)
  • 1/2 colh. (chá) sal

Preparo
  1. Esquente o óleo até 180oC. Frite o quiabo em levas pequenas, mantendo o óleo quente, por 5-7 minutos, até que fiquem bem douradas e crocantes. Retire com uma escumadeira para um papel absorvente. 
  2. Misture a todos os outros ingredientes e sirva imediatamente. 

Naquele mesmo dia, Allex foi viajar a trabalho por alguns dias. (Espantado pelo quiabo? Acho que não.) E eu me vi de fato sozinha. Na minha mente, eu teria diversos momentos relaxantes entre os trabalhos a entregar e as coisas a fazer para o aniversário da Laura (porque você mal respira depois do Reveillon e o aniversário da pequena já chegou, e depois de passar um ano indo a aniversários os mais escalafobéticos, ela tinha a expectativa de ter sua própria festa, apesar de não se incomodar com a simplicidade que imponho à mesma). Mas claro que não foi assim. Antes de tudo eu precisava tirar da frente alguns probleminhas, como aquela gaveta cheia de legumes de verduras que estragariam antes do restante da população da casa voltar.

Priorizei o pote de creme de leite da fazenda que minha querida amiga Marina me dera. Mais firme que cream cheese, aquilo era nata pura, e não consegui pensar em mais nada a se fazer com ela além de biscoitos de nata. Se as crianças estivessem em casa, teria usado em uma torta ou uma panna cotta. Mas sozinha, era preciso preparar algo que durasse mais, até seu retorno.


Descobri que ninguém da minha família tinha uma receita de confiança, e foi por isso que acabei usando uma receita do Cybercook, que não costumo usar com muita confiança. Mas a receita fazia sentido e usava exatamente a quantidade de nata que eu tinha, então resolvi testar. Os biscoitos precisaram de um pouco mais de tempo do que a receita pedia para ficarem crocantes e ficaram gostosos. No entanto, eu usaria metade do fermento (ou talvez até um terço), pois eu conseguia sentir um gosto metálico do excesso dele no fundo da língua. Também talvez tentasse aumentar um pouco a quantidade de farinha e diminuísse ou mesmo eliminasse o amido de milho, uma vez que ele tornou o biscoito seco e esfarelento como um sequilho, enquanto eu esperava uma crocância mais certeira e a gordura do creme derretendo na boca, como acontece com bons biscoitos amanteigados. Mas acho que isso é meramente gosto pessoal. A receita original está AQUI.



 Olhei então para a gaveta de legumes. As folhas de salada serão consumidas rapidamente, pensei. pois adoro almoçar salada.

A couve. O que fazer com ela? PESTO DE COUVE com as folhas. Os talos, congelei para usar em dias sem nada verde na geladeira. Adoro frittata de talo de couve, e meu marido me enchia os pacová pela frugalidade natureba, até ler um artigo sobre como os talos da couve têm mais nutrientes que as folhas. Há! Fiz quatro potinhos cheios de pesto (usando castanha de caju no lugar do pistache), cada um o bastante para temperar o jantar de uma família de 4 e foi tudo para o freezer.


Ok. O que mais? Agrião. Separei as folhas para comer em minhas saladas e os talos viraram sopa imediatamente. Eu uso sempre mais ou menos ESSA como base, e omito todos os acompanhamentos. Paro simplesmente em manteiga + cebola + batata + caldo de legumes + talos de agrião. Não uso limão, mas fica gostoso com ele também. Às vezes jogo meia dúzia de folhas junto para deixar mais verde. O que mantém o gosto fresco e a cor verde brilhante da sopa é colocar o agrião só na hora de bater. Pois se ele ferver, a sopa fica marrom e o agrião fica com um gosto metálico estranho. Sopa de agrião sempre é bem vinda, pois Thomas adora.

Então apanhei todas as aparas do que eu comprara na feira àquela semana e fiz uma nova batelada de CALDO DE LEGUMES para ir ao freezer. E peguei os talos e raízes do coentro e fiz pasta de curry tailandesa, de novo do livro do Mark Bittman. Eu adorava esse negócio, e Thomas comeu MUITA papinha com curry tailandês quando bebê, mas foi ficando cada vez mais difícil de achar e cada vez mais caro. Não consegui achar o lemongrass propriamente dito, que é o nosso capim-limão, mas a parte do bulbo, e não as folhas. Acabei comprando o capim-limão mais bojudinho que encontrei, tirei as folhas externas ressecadas, piquei loucamente só as bases que pareciam mais macias. O gosto ficou excelente, mas mesmo com esses cuidados, o liquidificador e o processador não deram conta, e tive que passar numa peneira para tirar toda aquela fibra dura com jeito de mato, coisa que não aconteceria com a parte certa do ingrediente. Passar pela peneira deixou a consistência mais líquida, mas o sabor continuou lá. Congelei em porçõezinhas do tamanho de um cubo de gelo para poder usar depois. Nisso, descobri que também dá pra congelar as folhas do capim-limão já picotadas num saquinho pra ir direto pra panela para virar chá. :)

Se você encontrar o bulbo do capim-limão para uso em culinária asiática, esta receita é muito boa: 

PASTA VERMELHA DE CURRY TAILANDÊS
(Do ótimo How ro Cooki Everything Vegetarian, de Mark Bittman)
Rendimento: 3/4 xic

Ingredientes:
  • 10 pimentas dedo-de-moça, sem as semenstes ou a gosto
  • 4 folhas de limão  ou 1 colh (sopa) casca de limão
  • 1 pedaço de uns 2-3cm de gengibre fresco, descascado, picado
  • 1 colh (chá) sementes de coentro
  • 1 colh (chá) sementes de cominho
  • 2 bulbos de lemongrass, descascados, aparados e picados grosseiramente 
  • 1/2 cebola picada
  • 4 dentes de alho descascados e picados
  • 2 colh (sopa) de raízes e talos de coentro bem picados (usei as raízes e início dos talos de um maço)
  • 3 colh (sopa) óleo

Preparo:
  1. Coloque as sementes numa frigideira e toste em fogo médio até que fiquem perfumadas. Coloque no processador com o restante dos ingredientes, menos o óleo, e processe até virar uma pasta. Processando, acrescente o óleo aos poucos. Você quer uma pasta razoavelmente homogênea. Coloque em um pote esterilizado e guarde na geladeira por até 2 semanas. Ou separe em porções menores e congele.

Depois disso tudo, tive de dar uma pausa para de fato almoçar. As saladas da semana foram sensacionais, admito, e agora eu precisava dar cabo das frutas do Reveillon que as crianças não haviam terminado de comer. 

 

Lichias. Confesso, não sou louca por elas. E elas ficaram ali me olhando, e eu não me animava a catar a tigela e comê-las puras de sobremesa. Busquei na fantástica internet algo para fazer com elas e caí NESTA SURPREENDENTE SALADA DE AGRIÃO, ABACATE E MANGA, fruta que prontamente substituí pela lichia. Não é novidade nenhuma uma salada de agrião com manga. Mas o que torna magnífica essa mistura simples de frutas doces e cremosas e verduras picantes é o molho de alho, gengibre e pimenta. É claro que a salada original ficou mais colorida, com o amarelo da manga, e as cebolas roxas, como você pode ver na foto produzida pela revista. A minha, com cebolas brancas e lichias ficou meio monocromática. Mas absolutamente deliciosa! A foto não faz jus. Merece repetecos infinitos, e eu compraria lichias só para prepará-las assim. Comi devagar enquanto separava lembrancinhas de aniversário em saquinhos.


O dia seguinte foi dia de assar o bolo da Laura. E, aproveitando o forno quente, umas beterrabas que estavam pela hora da morte. Assei-as, descasquei-as, cortei-as em cubinhos e meti-as no freezer. Beterrabas assadas congelam maravilhosamente bem. Mas aí começou aquele maldito complexo de mãe sozinha em casa... Eu só precisava assar o bolo. Mas não. No melhor estilo do episódio de dia das mães da série The Middle, eu resolvi que eu precisava limpar o forno (e rearrumar todos armários da casa, e separar todo o lixo eletrônico para reciclagem, e reorganizar os livros, e refazer meu planejamento do ano, enfim) . Antes de fazer o bolo. E lá fui eu. Limpinho, limpinho. Resolvi esse ano quebrar a tradição e preparar um bolo diferente. Eu visualizara aquele bolo lindo, branco, recheado de geleia de morango, da Dorie Greenspan. Tinha exatamente o número de claras congeladas de que precisava para o bolo e depois para o recheio. Seria perfeito. A cara da Laura. Não fosse o fato de que aparentemente a remoção da sujeira do forno fez com que ele parasse de funcionar. Depois de dez anos funcionando perfeitamente, ele resolveu que não estava mais afim. Parece que o forno era meio apegado às massas de bolo carbonizadas que jaziam em seu piso e agora sua solidão foi demais para suportar. E o forno desligou no meio do cozimento do bolo. E EU NÃO VI. 

Quando percebi o que ocorrera, o tempo de assar já havia terminado e o forno estava quase frio. Quase tive um treco. Liguei o forno de novo, e olhei aquela massa que crescera mais ou menos mas ainda estava cru e não dourara com um aperto no coração. Fechei o forno, suspirei e pensei que se tudo desse certo no final, a receita era de fato muito boa. 

Incrivelmente, depois de mais meia hora de forno, O BOLO DEU CERTO. Juro. Só por isso deixo aqui a receita do bolo em si, mas não da cobertura, pois acabei não terminando a receita. Ele ficou um pouco mais baixo do que deveria por conta da rebelião do forno, e por isso achei arriscado cortar ao meio para fazer aquela montagem toda de quatro camadas finas. Comecei a me dar conta de que de novo estava entrando naquele pânico de aniversário que me faz exagerar e trabalhar demais, e então resolvi simplificar. Congelei o bolo até a véspera da festa. Na manhã do evento, pincelei o bolo com um xarope simples de baunilha, e recheei e cobri de morangos e chantilly fresco, sem cortá-los ao meio. Ficou lindo, uma delícia e deu menos trabalho. O bolo foi devorado e Laura ficou muito contente, pois ela sempre pedia um bolo de morangos em seu aniversário e esse foi o primeiro ano em que encontrei os morangos orgânicos saborosos na data. :)
Laura incomodada com a barulheira do Parabéns, Thomas planejando assoprar a vela antes da irmã.
BOLO BRANCO DE ANIVERSÁRIO*
(ligeiramente adaptado do livro Baking From My Home to Yours, da Dorie Greenspan)
Rende 2 bolos de 20-22cm, dependendo da forma

Ingredientes:
  • 2 1/4xic farinha de trigo 
  • 1 colh (sopa) fermento químico em pó
  • 1/2 colh (chá) sal
  • 1 1/4 xic leite integral
  • 4 claras de ovo grandes
  • 1 1/2xic açúcar
  • 2 colh (sopa) de raspas de limão
  • 115g manteiga em temperatura ambiente

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180oC. Unte com manteiga 2 formas de 20cm (com uns 5cm de lado, ou a massa vai transbordar) ou preferencialmente de 22cm. Forre o fundo com papel-manteiga. Coloque as formas sobre uma assadeira.
  2. Peneire a farinha, fermento e sal em uma tigela e reserve.
  3. Misture as claras com o leite em outra tigela e reserve.
  4. Coloque o açúcar e raspas de limão na tigela da batedeira e esfregue com os dedos para liberar os óleos do limão. Junte a manteiga e e bata por 3 minutos,até que a mistura esteja bem fofa e clara. 
  5. Junte 1/3 da mistura de farinha em velocidade média, só até incorporar. Junte metade do leite com claras, então a farinha, as claras, e o restante da farinha, incorporando bem. Deixe batendo bem por uns 2 minutos, para ter certeza de que está bem misturado e aerado. 
  6. Divida a massa entre as duas formas, alisando a superfície, e leve ao forno por 30-35 minutos, ou até que os bolos estejam secos e elásticos ao toque e um palito inserido no meio saia limpo. Deixe esfriar sobre grades por 5 minutos antes de passar uma faca nas laterais, desenformar e retirar o papel-manteiga cuidadosamente. Deixe que esfriem completamente antes de rechear, cortar ou embalar para geladeira ou freezer. 
 * O bolo da foto não parece tão branco, mas seu miolo era sim bem branquinho. Se você cobrir as laterais com um buttercream ou outra cobertura branquinha, o bolo fica todinho clarinho. :)

Mais um dia se passou, e depois de terminar a aquarela que eu precisava entregar e sair para comprar tudo o que precisava para a festinha, preparei-me essa que é uma de minhas saladas favoritas: salada de folhas e nozes com verjus.

Verjus??? É um xarope bem ácido feito com uvas ainda não maduras, mas que eu confundi com xarope de mosto de uva na hora de preparar o tempero, pois meu livro lindo de cozinha toscana feito por uma australiana que reviveu o uso do verjus (verjuice em inglês), está traduzido para português de Portugal, e minha cabeça louca achou mesmo que "agraço" fosse mosto cotto. Num dia, tendo encontrado uvas Isabel orgânicas e feito de novo aquele sorvete fantástico, resolvi ferver um pouco as cascas que sobraram e reduzir esse suco até obter um xarope espesso e doce: meu Mosto Cotto improvisado. Guardei meu xaropinho na geladeira num vidrinho esterilizado e tenho usado assim no lugar do verjus, em saladas, misturando a azeite, limão, sal e pimenta para fazer um molhinho. É um resultado completamente diferente do que seria o verjus, pois o mosto cotto é doce e não ácido. Mas por isso mesmo é maravilhoso. Um vinagre balsâmico e um pouco de açúcar podem substituir bem, acredito. Esse molhinho sobre diferentes alfaces, nozes picadas e lascas de parmesão ( e cogumelos salteados no alho, em um segundo almoço-repeteco) foram um almoço leve e excelente, que me deixou tão de bom humor, que resolvi preparar os cupcakes que Laura pedira para seu aniversário.

Como estava meio preguiçosa, no entanto, quis algo rápido que não precisasse ficar batendo manteiga. Pensei que talvez a receita básica de bolo de baunilha que faço sempre rendesse bons cupcakes... mas pensei errado. Eles grudaram irremediavelmente nos papeizinhos.

Estava prestes a jogar tudo fora quando me dei conta de que os bolinhos estavam deliciosos. Só tinham grudado. Saí cavocando todos os papéis de cupcake com uma colher e colocando aqueles miolos esfarelados em uma tigela grande. Guardei na geladeira e fiquei pensando... deve haver algo que eu possa fazer com isso.

Depois de matutar a respeito, e enquanto reorganizava a planilha de custos das minhas obras para decidir os descontos para a loja e planejar as novas séries, lembrei dos cake pops! (Por que uma coisa levou à outra? Não sei, mas eu estava olhando para uma planilha de excel e calculando aproveitamento de papel de aquarela quando pensei nos pirulitos de bolo. Aliás, acho "pirulito de bolo" um nome bem mais simpático que "cake pops"). Cake pops, essas coisas lindas e confeitadas e coloridas, espetadas em palitos compridos, que sempre têm em aniversário de bufê, meus filhos sempre pegam, dão uma mordida, descobrem que não têm gosto de nada e devolvem. Cake pops são feitos de miolo de bolo! Há!

Apanhei o miolo delicioso do bolo, coloquei no processador, e bati com duas colheres de sopa de água, o bastante para dar liga e aqueles farelos virarem algo como massa de biscoito. Fiz bolinhas, espetei-as em palitos, passei-as em chocolate derretido, depois em confeitos coloridos, (ignore o modo simples como digo isso e pense numa pessoa desesperada com chocolate até os cotovelos e confeitos grudados por toda a mesa, e tudo escorrendo, e derretendo, e virando a maior lambança) e deixei-os na geladeira, de cabeça para baixo, até que o chocolate endurecesse. Foram sucesso na festinha. Desses, meus filhos comeram e repetiram. Estavam mesmo uma delícia, apesar de, esteticamente, terem lembrado daqueles memes de "expectativa X realidade". >_<

Aproveitei a overdose de doce para fazer os beijinhos e os brigadeiros.

Antes de dormir, tirei do freezer uma apara de massa de torta da qual me lembrei e, no dia seguinte, forrei uma forma de muffin grande com ela. Fiz uma versão miniatura da compota de cerejas de sempre, que engrossei com uma colherinha de amido de milho e joguei dentro da massinha. Fechei pinçando com os dedos, pincelei com leite, polvilhei de açúcar e coloquei no forno por uns 20 minutos até dourar.

Melhor

Tortinha

Ever.



Eu sei me tratar bem quando quero. :P

O saldo da semana foi positivo. Quando o marido voltou de viagem, eu estava enchendo balões, pendurando bandeirinhas (as mesmas que eu fiz no aniversário de 3 anos do Thomas, e que viraram tradicionais nos aniversários aqui em casa) e terminando de preparar aquela falsa maionese de coentro e castanha de caju da Bela Gil para mergulhar os leguminhos na festinha no dia seguinte. A festa deu certo apesar da chuva torrencial que deixou todo mundo trancafiado dentro de casa, o bolo foi devorado e ninguém nunca soube que ele quase não vingou. Eu consegui entregar todos os trabalhos pendentes, e até consegui reorganizar meus custos para poder calcular os descontos na loja, o que deu um trabalho do cão e exigiu todo o poder de matemática que meu cérebro de Humanas conseguiu juntar. (Se você sempre quis ter uma obra original em casa, um quadro para decorar sua sala ou sua cozinha que fujam dos pôsteres de sempre que têm por aí, mas sempre achou meio caro, saiba que QUASE TODA A LOJA ESTÁ EM PROMOÇÃO, algumas obra com 50%. Isso tem um motivo, que depois eu explico com calma. Dêem uma olhada lá: www.anaelisagg.iluria.com)

Esta aquarela está R$200,00 e com frete grátis. :D

Passada a correria do aniversário, começaria a correria do material escolar. Mas tudo bem. Não resisti a receber meus pimpolhos de volta com os pedidos cupcakes que não aconteceram no aniversário. Redimi uma receita do Magnolia Bakery, que fica de fato deliciosa. Da primeira vez que preparei, há MUUUUITOS anos, eles grudaram nos papéis e ficaram tão esfarelentos que eram impossíveis de serem comidos. Desta vez ficaram leves e perfeitos. A cobertura, no entanto, eu não quis repetir, pois me pareceu MUITA manteiga e MUITO açúcar. Ao invés disso, usei uma cobertura de baunilha da Alice Medrich, que fica bem doce mas muito muito gostosa. Quando servi para as crianças, Laura comeu toda a cobertura e deixou o bolinho e Thomas comeu todo o bolinho e deixou a cobertura. (Até que eu percebi que um bolinho inteiro era muito pra eles, e que se eu o dividisse ao meio eles comiam tudo.) Então eu estava saindo para minha aula de sábado, e Allex, que não gosta de bolos, perguntou: "quantos desses bolinhos têm que ter aí quando você voltar?" "Por quê? Você pode dar para as crianças, eu fiz para elas...", respondi. "Não, é porque EU quero comer isso. Ficou muito bom!". Allex comeu bolinho E cobertura.

É bom ter minha família de volta.



CUPCAKES DE BAUNILHA
(Adaptado dos livros More From Magnolia e Sinfully Easy Delicious Desserts)
Rendimento: 12 cupcakes

Ingredientes
(bolinhos)
  • 1 1/3 xic + 1 colh (sopa) farinha
  • 1/2 colh (chá) fermento químico em pó
  • 1 pitada de sal
  • 115g manteiga em temperatura ambiente
  • 1 xic açúcar
  • 2 ovos grandes, em temperatura ambiente
  • 1/2 xic leite integral
  • 1/2 colh (chá) extrato natural de baunilha
(cobertura)
  • 1/2xic creme de leite fresco
  • 1 xic açúcar
  • 1/4 colh (chá) sal
  • 2 colh (chá) extrato natural de baunilha
  • 8 colh (sopa)(115g) manteiga fria mas um pouco amolecida

Preparo
  1. Faça os bolinhos. Pré-aqueça o forno a 180oC. Forre uma forma de muffins com papéis apropriados.
  2.  Numa tigela, misture a farinha, fermento e sal. Reserve.
  3. Na batedeira, bata a manteiga até que fique cremosa. Junte o açúcar aos poucos e bata por vários minutos, até que fique bem fofo e claro.
  4. Junte os ovos um a um, batendo bem a cada adição.
  5. Incorpore os ingredientes secos em três adições, intercalando com o leite misturado à baunilha. Não bata em excesso, apenas misture. Use uma espátula para raspar o fundo e as laterais, para ter certeza de que a mistura está homogênea. 
  6. Divida a massa entre as formas de muffin, e leve ao forno por 20-25minutos, até que um palito inserido em um dos bolinhos saia limpo.
  7. Deixe esfriar na forma por 15 minutos antes de retirar cuidadosamente. Termine de esfriá-los sobre uma grade antes de decorá-los. (Se eles parecerem fofos demais e difíceis de serem manuseados por uma criança, parecendo que a retirada do papel vai despedaçá-los, algumas horas na geladeira depois de decorados resolve esse problema e o papel sai super fácil.)
  8. Faça a cobertura: misture o creme, o açúcar e o sal em uma panela pequena. Limpe as laterais da panela com uma espátula molhada para retirar cristais de açúcar, pois eles podem cristalizar a cobertura depois. Cubra a panela, coloque em fogo médio e aqueça até que a mistura esteja borbulhando em toda a superfície. 
  9. Destampe, baixe o fogo para que a fervura seja branda e constante e cozinhe, sem mexer, por 1 minuto. Use a espátula pararaspar a mistura quente para uma tigela grande. Deixe que esfrie, sem mexer, até praticamente temperatura ambiente, o que deve demorar uns 45 minutos. Enquanto isso, coloque a tigela vazia da batedeira no freezer, para que esteja bem gelada na hora de bater a mistura. 
  10. Coloque a mistura na tigela gelada e ligue a batedeira com o batedor de arame. Gradualmente vá incorporando colheradas da manteiga fria, até que a mistura esteja fofa e homogênea. Se ainda parecer muito mole para confeitar um bolo, leve a tigela toda ao freezer por uns dez ou quinze minutos e bata novamente.  A mistura deve ficar firme o bastante para ficar sobre o cupcake sem escorrer. 
  11. Confeite os bolinhos frios e mantenha-os na geladeira. Pode retirar da geladeira umas duas horas antes de servir para que a cobertura fique mais cremosa e o bolinho menos gelado.

Cozinhe isso também!

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