terça-feira, 24 de abril de 2012

Um prato de beterrabas para dois

Não faltaram saladas e pratos rápidos na hora do almoço nesse blog, nos últimos anos. E se antes eu não podia ficar enrolando em preparos complicados para a refeição do meio-dia, agora preciso descomplicar o que já era simples. Pois na era pré-filho, qualquer pão com ovo era almoço. Na era pós-filho pão com ovo não pode passar por almoço todo dia.

Quando se abre a geladeira forrada de legumes e verduras mas o tempo é curto e não se aguenta mais fritatta, o que fazer? Macarrão de novo? Abrem-se os armários e todos os maravilhosos grãos de cozimento rápido e sem supervisão (quinua e arroz integral) acabaram. Há feijão no freezer, mas nenhuma vontade de combiná-lo com os legumes disponíveis. E o pequeno gerador de caos quer comer sozinho, com mãozinhas e garfinho, e tentar fazê-lo comer qualquer coisa que precise de uma colher ou assistência materna é pedir pela balbúrdia e destruição.

O que fazer?

Apanhar as beterrabas assadas e preparar um gratinado de cinco minutos enquanto o pequeno esfomeado batuca no cadeirão.

Noutro dia, transformando a quinua com legumes da noite anterior em um timbale para o almoço (misturada com queijo caseiro e ovo), aproveitei o forno já ligado, apanhei as beterrabas pequenas da geladeira, lavei-as, sem descascá-las, temperei-as com sal, pimenta-do-reino, azeite e tomilho, embrulhei-as em papel alumínio, coloquei-as em uma assadeira e as larguei no forno por uma hora, até que estivessem macias e espalhando seu perfume pela cozinha. Retirei-as do forno (e meti nele um bolo de laranja rapidíssimo, mais uma vez aproveitando o forno já ligado) e deixei o embrulho fechado ainda na assadeira, sobre a bancada. E ficou lá, enquanto eu colocava o pequeno para tirar uma soneca e corria ao computador para trabalhar enlouquecidamente. Quando o embrulho ficou frio, simplesmente transferi todo o conjunto para a geladeira. Não sabia exatamente o que fazer com as beterrabas, uma vez que já tinha planos para o jantar, mas sabia que se não as assasse logo, elas murchariam e estragariam na gaveta (pecado grave!)

No dia seguinte, aquelas lindas beterrabas assadas me esperavam, para serem picadas ou fatiadas numa salada, para acompanharem um peixinho, para serem misturadas a atum fresco e fettuccine, um risotto, uma sopa, ou para um gratin rapidíssimo, lido às pressas no meu livro favorito atualmente, How to Cook Everything Vegetarian. Abri o embrulho das beterrabas, e com beliscões rápidos de polegar e indicador, arranquei-lhes toda a casca. Fatiei todas elas e as arranjei em uma camada única numa travessa refratária. Polvilhei de sal e pimenta, esmigalhei um belo pedaço de queijo de cabra, tipo Feta, espalhei por cima folhas de tomilho, um punhado de farinha de rosca caseira, um fio de azeite, e levei para debaixo do grill pré-aquecido, por uns 5 minutos, até que o queijo estivesse derrertido e as migalhas de pão, douradas. (Imagino que para quem não tem grill ou forninho elétrico, um forno bem quente faça o mesmo trabalho em um pouco mais de tempo.)

Foi um almoço leve e delicioso, que deixou os dedos do pequeno devorador de legumes manchados de cor-de-vinho. Tente cobrir todas as fatias de beterraba com um pouco de queijo e pão, pois é o contraste do doce e do salgado, e do macio e crocante, que fazem o prato. E use um queijo de cabra de fato saboroso, que seja forte e salgado, com aquela acidez acentuada e deliciosa característica desses queijos.

Definitivamente, da próxima vez que tiver beterrabas, farei o mesmo, assando-as com antecedência, mas separando-as em duas partes: uma temperada, para os pratos salgados, e outra sem tempero, para usar em bolos e panquecas. Fica a dica.

Cozinhe isso também!

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