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segunda-feira, 15 de março de 2010

Fofinho como uma nuvem: Angel Food Cake

Sempre tive curiosidade quanto a esse bolo. Tem nome mais cuticuti que "Angel Food Cake"? É impossível não imaginar algo puro e etéreo, flutuando em seus sonhos culinários. E esse bolo, apesar de ser uma versão "endiabrada" do bolo, como a própria autora diz, tem o miolo tão branquinho, tão leve e tão fofo, que não poderia mesmo ter outro nome.

O Angel Food Cake original não leva gordura nenhuma: são claras, cremor tártaro, açúcar, baunilha e farinha. Esta versão leva um belo e saboroso banho de manteiga, razão pela qual a autora deve ter acrescentado também o fermento. O resultado é tão delicioso e leve; todos que o experimentaram até agora tiveram a mesma reação: "Noooossaaa... que bolo fofiiiinhoooo...". Não sei por quê, mas algo nele me trouxe uma sensação nebulosa de infância, daqueles bolinhos de baunilha que se agarram à memória para perdurar até o fim de seus dias.

De qualquer forma, a razão pela qual resolvi preparar esse bolo foi o fato de ter 14 claras congeladas em meu freezer. O que fazer com todas elas, se meu menor pacotinho continha 4 claras? Essa menor quantidade já produziria um batalhão de suspiros. Nada de suspiros, então. Macarons? Neh. Não quero ter de comprar farinha de amêndoas. Financiers? Também não. Pode-se dizer que, enquanto fuçava em meus livros, essa receita de Angel Food Cake caiu mesmo do céu: usa 9 das minhas 14 claras e tudo o que eu já tinha na despensa. Houve apenas duas adaptações: a substituição da cake flour por farinha comum peneirada com amido de milho e o uso de açúcar baunilhado e essência de baunilha no lugar da fava que eu não tinha. (Você pode usar açúcar comum e omitir a essência se quiser usar a fava: acrescente as sementes raspadas da fava logo antes da manteiga.) Aliás, sempre que falo de açúcar baunilhado, refiro-me ao pote de açúcar cristal orgânico entulhado de favas de baunilha usadas, e não, NUNCA, dos vendidos prontos em saquinhos, artificiais e caros que só eles.

Se você também é cabeça oca como eu e de vez em quando congela claras sem anotar quantas há no saquinho, deixe descongelar durante a noite e pese: cada clara deve pesar cerca de 28g, totalizando 252g de claras. O preparo é na verdade tão fácil quanto fazer merengue. Há praticamente dois passos: bater as claras e incorporar os secos. Por isso, tenha tudo pronto para ser usado e leia toda a receita antes para pegar os truquezinhos e não se atrapalhar no meio.

ANGEL FOOD CAKE "ENDIABRADO"
(Adaptado do livro Desserts By The Yard, de Sherry Yard)
Tempo de preparo: 20 minutos + 45 min. forno + 1 hora de descanso
Rendimento: 10 porções


Ingredientes:
  • 1 xic. farinha de trigo
  • 2 colh. (sopa) amido de milho (maizena)
  • 1 xic. + 2 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico baunilhado
  • 1/2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 9 claras grandes
  • 1/4 colh. (chá) cremor tártaro
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha
  • 115g manteiga sem sal, derretida e ainda quente

Preparo:
  1. Posicione a grade do forno no meio e pré-aqueça a 180ºC. Use uma forma redonda, de 23-25cm de diâmetro (capacidade de 10 xíc.), de laterais razoavelmente retas. NÃO UNTE A FORMA: a massa é leve e precisa grudar nas laterais para conseguir crescer. Forre apenas o fundo com papel manteiga, para facilitar na hora de desenformar (dobre um quadrado de papel até que vire um triângulozinho, alinhe com o raio da forma e corte a parte externa para encaixar dentro da forma e a ponta interna; quando aberto, o papel parecerá um donut e encaixará certinho no fundo da forma).
  2. Junte a farinha, o amido, 1/2 xíc. + 1 colh. (sopa) do açúcar e o fermento e peneire umas 4 vezes. Reserve.
  3. Na batedeira, bata as claras em velocidade baixa até que espumem. Junte o cremor tártaro e 1 colh. (sopa) do açúcar e continue batendo, acrescentando 1 colh. (sopa) do açúcar restante por vez, até que ele tenha acabado. Bata até que as claras estejam medianamente firmes: ou seja, elas devem manter sua forma quando você levantar a batedeira, mas ainda bastante "cremosas". Se estiverem firmes demais, como suspiros, o bolo vai ficar denso e ressecado.
  4. Junte a manteiga derretida e a baunilha num fio rápido enquanto termina de bater as claras.
  5. Pare a batedeira e, com uma espátula grande, incorpore os ingredientes secos, pouco a pouco. Faça isso com cuidado mas rapidamente, para que as claras não desinflem. Puxe a massa do fundo da tigela para cima, pois normalmente a massa parece bem homogênea de cima, mas pode haver muita farinha ainda no centro e no fundo.
  6. Coloque a massa na forma às colheradas, alise a superfície e leve ao forno por 30 minutos. Abra o forno rapidamente e gire a forma de trás para frente. Asse por mais 10-15 minutos, até que esteja firme ao toque e um palito inserido no centro saia limpo.
  7. Retire do forno e imediatamente vire a forma de ponta-cabeça em uma grade. Se o bolo tiver chegado até a borda da forma, apoie a parte central da forma em algum objeto para que o bolo não fique encostando na grade. Deixe esfriar assim por 1 hora. Se você não fizer isso, o bolo, que é muito leve, vai naturalmente se afastar das laterais da forma e afundar.
  8. Passada 1 hora, vire a forma novamente e passe uma faquinha nas laterais. Desenforme o bolo e retire o papel-manteiga do fundo. Sirva com frutas, creme ou sorvete.

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

O menor bolinho de quatro camadas do mundo: forever alone

Eu sempre gosto de fazer festa no meu aniversário: receber gente, planejar cardápio e, principalmente, fazer um bolo de camadas.

Este aniversário, no entanto, foi exceção. Estava sem energia para receber gente enquanto corro atrás de criança desfraldando, sem imaginação para um cardápio...  bom, vontade do bolo de camadas ainda havia. Mas bolo gigante de camadas para 2 pessoas e meia (Laura ainda não come doce) era coisa demais.

E lembrei do Miette, esse livro lindinho de páginas rendadinhas, com bolos e doces gostosos e pequerruchos. Estava esperando uma oportunidade de preparar um dos bolos pequeninos e essa era a ideal.

Escolhi um bolo simples, um butter cake de baunilha com cobertura de ganache de chocolate. Mas eu tinha apenas uma forma do tamanho certo, 15-16cm de diâmetro, e a receita fazia dois bolos. Resolvi arriscar e usei com imenso sucesso minha forma de soufflé para um dos bolos. Então já fica a dica: dá pra fazer esse bolo numa travessa funda de soufflé. O bolo foi fácil e ficou lindinho, é denso e fácil de cortar em quatro camadas, principalmente se tiver passado um tempinho na geladeira, embalado em filme plástico. A ganache foi uma revelação: normalmente tenho problemas com ganaches, algumas com gosto só de chocolate derretido, muito fortes, arranhando o céu da boca. Essa é a melhor que já provei: perfeitamente doce, derrete na boca, combina maravilhosamente com o bolo simples de baunilha.

Bolo pronto, olho para os lados.

Marido teve de sair cedo para trabalhar. Eu iria a São Paulo para meu curso de aquarela e voltaria apenas tarde da noite. As crianças não entendem o conceito de aniversário. O cachorro lambia o próprio rabo debaixo da mesa da cozinha.

Ninguém pra cantar parabéns. Forever Alone.

Um bolo de camadas minúsculo, perfeito para os solitários. Perfeito para quem esqueceu que bolo de aniversário, sem parabéns, é só bolo.

No fim, depois do curso, já bem tarde, crianças dormindo, minha mãe e minha irmã cantaram e cortamos o bolo. Não sem antes cuspir meus pulmões pra fora tentando apagar as velas, uma vez que minha mãe comprou um três e um quatro de uma variedade que não apaga fácil e eu ando com uma tosse que faria inveja a pintores tuberculosos do século XIX.

Em casa, o marido me esperava já pra lá de meia-noite, com um abraço e cerveja stout, minha favorita.

Hoje, Thomas levou de lanche na escola a menor fatia de bolo de quatro camadas do mundo.

BUMBLEBEE CAKE
(do lindinho Miette, de Meg Ray e Leslie Jonath)
Rendimento: 2 bolos, cobertura bastante para 1

Ingredientes
(bolo)
  • 1 2/3 xic. farinha de trigo
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 3/4 colh. (chá) sal
  • 200g manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 10 gemas de ovos grandes, em temperatura ambiente (congele as claras para fazer angel food cake depois!)
  • 2/3 xic. buttermilk (leite + 1 colh. vinagre, deixado em temperatura ambiente por meia hora)
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
(xarope)
  • 1/4 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1/4 xic. água
(ganache) 
  • 280g chocolate picado (60% ou o que preferir; usei uma mistura de 180g 54% e 100g 70%)
  • 2/3 xic. açúcar cristal orgânico
  • 3/4 xic. + 1 colh. (sopa) creme de leite fresco
  • 2 gemas de ovo grandes
  • 3 colh. (sopa) manteiga sem sal em temperatura ambiente

Preparo: 
  1. Unte generosamente com manteiga duas formas altas de 15-16cm de diâmetro (pode ser forma de soufflé). Polvilhe com farinha e bata fora o excesso. Pré-aqueça o forno a 180ºC.
  2. Peneire a farinha, sal e fermento numa tigela e reserve.
  3. Na batedeira, com a pá, se for planetária, bata a manteiga e o açúcar em velocidade média por cerca de 10-12 minutos, até que esteja bem fofa e clara.
  4. Junte as gemas em 3 adições, batendo bem a cada vez, para que a mistura não talhe e raspando as laterais com uma espátula a cada vez. Aumente a velocidade da batedeira por mais 30 segundos.
  5. Junte o buttermilk à baunilha numa tigela. Com a batedeira em velocidade baixa, junte 1/3 da farinha, batendo apenas até que esteja incorporado. Junte 1/2 do buttermilk, e continue adicionando a farinha e o buttermilk, terminando com a farinha.
  6. Raspe com uma espátula as laterais, para ter certeza de que a farinha está bem incorporada e distribua a massa nas formas, alisando com a espátula. Asse por 35-40 minutos, até que estejam dourados e um palito saia limpo ao ser inserido no centro dos bolos.
  7. Retire e deixe esfriar na forma, sobre uma grade, por vinte minutos. Então passe uma faquinha nas laterais, desenforme e deixe esfriar completamente. Embale em filme plástico e leve à geladeira por no mínimo 1 hora e no máximo 3 dias (fica mais fácil cortar o bolo gelado, e os sabores se desenvolvem). Se quiser congelar, embale numa segunda camada de plástico e congele por até 2 meses.
  8. Numa panela, misture o açúcar e a água do xarope. Leve à fervura e cozinhe até que o açúcar dissolva. Desligue o fogo e deixe esfriar. 
  9. Para a ganache, coloque numa tigela o chocolate e o açúcar. Coloque o creme em uma panela e leve ao fogo médio. Quando começar a ferver, retire do fogo e derrame sobre o chocolate, mexendo bem para ele comece a derreter. Coloque a tigela sobre uma panela com água em fervura branda e mexa o chocolate até que esteja derretido e homogêneo. 
  10. Retire a tigela do fogo. Bata as gemas numa tigela separada e junte aos poucos 1/2 xic. do chocolate quente, para temperar as gemas. Volte a mistura para a tigela principal e misture bem. Junte a manteiga e misture até que ela esteja incorporada e a mistura esteja homogênea e brilhante.
  11. Deixe esfriar até temperatura ambiente. Se não for usar na hora, pode levar à geladeira. Se firmar demais, coloque em banho-maria até ficar com consistência de manteiga mole. 
  12. Retire o bolo da geladeira e corte em 4 camadas iguais. Pincele as camadas com o xarope frio. Posicione a camada debaixo no prato e coloque 1/4 xic. de ganache no centro. Espalhe com uma espátula. Coloque a camada de cima e repita o processo até encaixar a última camada. Aplique um pouco da ganache nas laterais do bolo, passando a espátula sempre no mesmo sentido. Suba para a parte de cima e espalhe. Não use toda a ganache, apenas cubra mais ou menos a superfície do bolo. Leve à geladeira por uma hora. 
  13. Coloque o restante da ganache na batedeira e bata com a pá (alternativamente bata com a espátula; não use batedores de arame para não incorporar ar demais) até que fique cremosa, brilhante e um pouco mais clara. Espalhe nas laterais do bolo e então na parte de cima. Essa ganache é difícil de deixar lisinha; é mais fácil criar desenhos com a espátula. O bolo fica melhor servido em temperatura ambiente, ou a ganache fica firme. Conserve em geladeira, mas retire cerca de 4 horas antes de servir.
Observação: a receita dizia produzir 3 xic. de ganache, 2 das quais seriam usadas no bolo. Usei toda a ganache num bolo só.



terça-feira, 7 de agosto de 2012

Marshmallows de mudança

Como algumas pessoas adivinharam, a segunda parte da novidade em minha vida é a de que estou me mudando. De novo. Grávida. De novo. Mas desta vez a mudança é grande: estamos saindo de São Paulo. Foi um choque para nossos amigos mas um movimento totalmente esperado por nossa família. Estava cada vez mais óbvio que nosso estilo de vida não mais combinava com o centro dos Jardins.

Ainda não é um sítio no meio do mato, mas tem uma formiguinha me mordendo atrás da orelha, que me diz que o passo que estamos dando é apenas um em direção a algo ainda um pouco mais radical. Mas vamos ver. Nasci nos Jardins, e é a primeira vez que vou morar a mais de quarenta minutos de minha mãe, ou mesmo a mais de um quarteirão de uma padaria, então acredito que será uma experiência um pouco assustadora, ainda que bem vinda.

Com a mudança marcada, tornou-se uma missão minha acabar com todos os itens do meu freezer e tudo aquilo da geladeira e da despensa que fosse difícil de transportar. É claro que eu não consegui. É claro que há muito mais farinhas especiais, feijões, e pastas de curry do que minha família poderia consumir em um mês. Mas pelo menos o freezer precisava ser limpo. E minha maior nêmesis eram as claras. Vinte claras congeladas. O que um ser humano faz com vinte claras congeladas? Suspiro para abastecer uma escola primária? Não. Angel Food Cake. Que virou meu bolo oficial de mudança. Nada faz a rapa das claras congeladas como um Angel Food Cake. E encontrei um no lindo livro Bon Appétit Desserts que usava 14 delas! O bolo ficou delicioso, mas não vai aparecer por aqui. Primeiro porque não consegui tirar uma foto do bendito. Segundo porque ele precisa de uma forma de furo no meio absolutamente imensa, de um tamanho que eu sei que a maioria dos brasileiros simplesmente não tem. Nem eu. Usei a maior forma de pudim que eu tinha, e mesmo assim tive de jogar fora (!!!!) uma xícara e meia de massa, pois não cabia mais. Para quê dificultar a vida de vocês?

Mas ainda sobraram claras. O que fazer? O que fazer? Acabado o bolo, ataquei os marshmallows. Nunca fiz as versões que levam apenas gelatina, porque sempre que resolvo prepará-los é o uso das claras perdidas que me atrai. Esses, do delicado livro Miette, ficaram ótimos, e não consigo parar de comê-los, o que não é exatamente bom para minhas ancas parideiras. Certamente, no entanto, anuviam a preocupação e o stress de empacotar toda uma casa enquanto se impede um garotinho de um ano e meio de escalar a caixa onde está a louça.

Nos mudamos na semana que vem. Como ainda não consegui resolver a conversão do meu fogão de volta para gás de botijão [butijão? desligar a correção ortográfica automática é confiar perigosamente no próprio cérebro... hmmm...], provavelmente semana que vem será uma semana estranha de macarrão feito no fogareiro e legumes grelhados na churrasqueira. [Sim! Churrasqueira! Meus amigos não entendem para que serve uma churrasqueira na casa de quem não come picanha, mas eles vão ver só!] Não sei se haverá algum post, mas juro que tentarei, pelo menos para captar a bizarrice da situação. ;)

Enquanto isso, mais um marshmallow.

MIETTE MARSHMALLOWS
Rendimento: cerca de 48 unidades, dependendo do tamanho que você cortar

Ingredientes:
  • 1/2 xic. amido de milho
  • 1/2 xic. açúcar de confeiteiro, peneirado
  • 3 colh. (sopa) + 2 colh. (chá) gelatina em pó incolor e sem sabor (pouquinho mais de 2 envelopes de 12g)
  • 1/3 xic. água + 1/2 xic.
  • 2 xic. açúcar cristal orgânico
  • 1/2 xic. glucose de milho
  • 1/2 fava de baunilha
  • 3 claras de ovo grande, orgânico
  • 1 colh. (sopa) extrato natural de baunilha
  • 1 pitada de cremor tártaro
  • 1/4 colh. (chá) sal

Preparo:
  1. Unte ligeiramente com óleo neutro uma assadeira de aproximadamente 20x30cm. Em uma tigela pequena, misture bem o amido e o açúcar de confeiteiro. Polvilhe um pouco na assadeira, cobrindo bem o fundo e as laterais e bata o excesso de volta na tigela para usar depois. Reserve.
  2. Numa tigela pequena, coloque 1/3 xic. de água fria e polvilhe a gelatina por cima. Reserve.
  3. Numa panela pequena, combine o açúcar cristal, a glucose e 1/2 xic. de água fria. Corte a meia fava de baunilha ao meio e raspe as sementes para dentro da panela (guarde a casca da fava no seu pote de açúcar, se quiser). Coloque um termômetro de óleo/açúcar na panela e leve ao fogo médio-baixo, sem mexer, até que chegue a 120ºC. 
  4. Enquanto isso, coloque na tigela da batedeira (com o batedor de arame) as claras, o extrato de baunilha, o cremor tártaro e o sal. Quando o caramelo da panela chegar a 110ºC, ligue a batedeira em velocidade baixa. 
  5. Quando o caramelo chegar a 120ºC, retire imediatamente do fogo e junte a gelatina, misturando bem e rapidamente com um fouet até que não haja mais pedacinhos de gelatina visíveis. Passe a mistura por uma peneira em uma tigela resistente ao calor para retirar qualquer pedacinho de gelatina que não tenha dissolvido.
  6. Com a batedeira em velocidade baixa, coloque uma quantidade pequena do caramelo, tentando não atingir o batedor de arame. Continue adicionando o caramelo em fio, devagar. Quando todo o caramelo tiver sido adicionado, aumente a velocidade da batedeira para médio-alta e bata até que a tigela da batedeira esteja em temperatura ambiente e a mistura esteja clara e com picos firmes. Isso pode levar vários minutos. 
  7. Despeje a mistura na assadeira preparada e alise a superfície com uma espátula. Polvilhe mais um pouco de amido com açúcar por cima, cubra a assadeira com papel alumínio e deixe firmar por aproximadamente 6 horas em temperatura ambiente. 
  8. Com a ajuda de uma espátula, desenforme a massa. Com uma faca afiada, ligeiramente untada de óleo, corte o marshmallow em cubos e passe-os na mistura de amido e açúcar. Guarde em pote fechado, em temperatura ambiente, por até 5 dias.


quarta-feira, 28 de junho de 2017

Diário da mudança, café da manhã para encher de Maple Syrup e, para bom entendedor, meia música basta



Quando vieram levar embora nossa mesa de jantar e todas as oito cadeiras da casa, olhei para o espaço vazio na sala, para o rostinho atônito dos meus filhos, e lhes disse, empolgada: "Êeeeee! Um mês de piquenique!!!"

Eles acharam ótimo. Mas logo decidiram que era mais fácil comer na mesinha verde-limão, onde os dois, assim, um de frente para o outro, sentados numa mobília que lhes respeita a proporção, com louça, talheres, guardanapo de pano, pareciam clientes de um mini-restaurante. Morri de fofura.

"Vem fazer companhia pra gente, mamãe!", pediu Laura. E lá fui eu sentar no chão em frente a eles, com meu prato raso, garfo e faca, e o Gnocchi curioso passando com o rabo peludo balançando no meu prato e querendo lamber meu rosto, como ele sempre tenta toda vez que um ser humano resolve dividir o chão com ele.

Rapidamente percebi que isso não daria certo. Então veio um novo anúncio: "Ó, galera, a partir de hoje a gente só come em tigela. One bowl dinners. Ok?" Assim, só um garfo resolve a vida e dá pra comer até em pé, sem correr o risco do cachorro pisar bem no meio do seu prato enquanto você tenta cortar seus legumes.

Exemplo disso foi o Kedgeree do Jamie Oliver, que eu sempre faço para aproveitar sobras de peixe grelhado, frito, empanado, assado, o que for. Fica uma delícia e transforma dois filés de peixe ressecados de geladeira em uma refeição deliciosa para quatro pessoas novamente. Recomendo.


Uns dias depois, meu filho voltou de um passeio da escola à feira do bairro com uma enorme melancia, feliz da vida, e quando ele me pediu suco de melancia, eu disse sim automaticamente, até me dar conta de que não tinha mais liquidificador. Ou mixer. Ou processador. Ou batedeira.
Era já noite escura e não havia nada para o lanche da escola no dia seguinte. Pensei em fazer de novo aquele pound cake de louro e laranja, mas lembrei que tinha uma forma só e não era de bolo inglês. Pensei em outras receitas, mas também lembrei que não tinha nada mais para fazer o bolo além de uma tigela e uma colher de pau. Então puxei da memória o bolo de iogurte de sempre, e, tendo já preparado um dele na semana anterior na versão chocolate (substituindo 1/2 xic. de farinha por cacau em pó, omitindo a casca de laranja e acrescentando uma barra de 100g de chocolate ao leite picado), fiz num piscar de olhos mais uma versão, desta vez com baunilha e extrato de amêndoas. Eu e minha tigela e minha colher. Até pensei... o próximo vou transformar em bolo mármore para terminar de usar o restinho do cacau em pó.

Porque agora tem disso: preciso usar a despensa toda. Mas não é mais como das outras vezes, em que eu precisava esvaziar a geladeira, fazer meu Angel Food Cake com todas as claras congeladas, mas colocar minhas farinhas e temperos numa caixa e levar de carro até a casa nova. Eu abro a gaveta de temperos e sei que aquelas sementes de mostarda não têm a menor chance: eu não vou conseguir usá-las em um mês. E não posso fazer mostarda com elas, pois não há tempo de maturar o condimento ou consumi-lo. É estranho jogar fora as aparas de frutas e legumes ao invés de congelá-las para geleias e caldos. Meu freezer está vazio. Isso nunca aconteceu.

Mais estranho é entrar em casa e se sentir estapeada pela sensação de caos. Há livros empilhados, caixas com itens de cozinha para serem vendidos, mangás separados em fardos, brinquedos para serem doados, os poucos móveis que restam estão fora de lugar, e não há meios de trazer uma noção de ordem a tudo aquilo.

Conforme vou vendendo as coisas e levando ao correio, o vazio vai trazendo paz. O espaço vazio, que normalmente traz inquietude quando nos mudamos para um lugar novo, o espaço vazio que não vemos a hora de ocupar com coisas para apaziguar aquela palpitação no peito, esse espaço vazio me traz calma. Mostra que as coisas estão caminhando. Percebo como hoje gosto mais de espaço do que de móveis. Como quero ter tão menos do que eu tinha no meu próximo lar.

Mas uma coisa é ter poucas coisas que servem a você. Outra é você se ver sem aquelas coisas que não parecem importantes mas faziam parte da sua rotina invisível, aquela parte do seu dia que você faz automaticamente, sem pensar, como prometer suco de melancia para o seu filho. E daí que você entra em casa e pela oitava vez se vê zonza, segurando sua bolsa na ponta dos dedos, se movendo pela sala como uma galinha sem cabeça, confusa, simplesmente porque NÃO TEM ONDE DEIXAR SUA BOLSA. o_O

Isso é ridículo.

Mas eu me pego atordoada pela rotina invisível quebrada, e de repente parece que você tem que voltar a prestar atenção a tudo o que faz novamente. Toda vez que entra em casa tem que procurar um novo espaço vazio para depositar sua bolsa.

Dã.

As crianças às vezes surtam. "Mamãaaaaae! Você NÃO PODE vender as forminhas de picolé!!!" Aí vai mamãe explicar que a gente está vendendo tudo o que não cabe na mala, e que vai usar esse dinheiro para comprar novamente aquilo de que realmente precisamos.

Aí eles apanham um saco e brincam de escolher o que vão levar e o que vão vender. "Mamãe, eu não vou levar meu carrinho de boneca. Ele é muito grande. Eu vou dar para uma menina que não tem. Uma menina da França. Porque as meninas na França não têm carrinho de boneca."

Não, eu NÃO VOU para a França. Sabe-se lá porque diabos ela encasquetou com a França ou com esse problema grave de ausência de carrinhos de boneca que aparentemente acontece por lá. o_O

De qualquer forma, as crianças estão empolgadas. Mas a ansiedade e a insegurança gerada por toda essa movimentação em casa as faz mais agitadas, mais cansadas, um pouco mais briguentas. Há toda uma dose extra de paciência que preciso resgatar dentro de mim para lidar com os dois nesse momento.

Passo meus dias tirando coisas de dentro dos móveis, limpando, embalando, levando ao correio, recebendo gente que leva embora meus armários. Aquele vazio na casa se torna intermitente, pois o caos se instaura a cada armário que vai embora, deixando seu conteúdo no chão da sala, e então esse conteúdo é separado, limpo, embalado, enviado a outras pessoas.

Allex sugere que usemos o método Lean 5S para lidar com a bagunça. Eu fico fula, dizendo que é o que tento fazer na nossa casa há quase dez anos e ninguém deixa. o_O Mas vamos lá. Há muito o que fazer na casa ainda antes de entregá-la ao proprietário. Fiz então o canto do UT - A Fronteira Final (lembra do UT?), e o canto do Vai Na Mala, em polos opostos da sala. Porque isso de ficar separando as coisas que ficam em cada cômodo não estava dando uma noção exata do que teríamos de levar. Já veio o primeiro susto: é muita coisa. Quando a gente brinca de ilha deserta, se convence de que consegue levar só dois livros com você. Quando tira tudo da estante o bicho pega: muitos dos livros são edições que você não acha mais, ou traduções que você gosta muito.

Quando criança, meus pais tinham O Tesouro da Juventude, uma enciclopédia que eu adorava, que continha uma tradução do monólogo de Hamlet feita por Machado de Assis que eu sabia de cor, e versões originais dos contos de fada, com direito a toda a violência e lições de moral típicas das histórias antigas - a Cinderella do Tesouro da Juventude botava Game of Thrones no chinelo, com olhos furados por pássaros e calcanhares serrados fora. Até hoje me dá uma tristeza por terem mandado embora aqueles livros. Nunca mais achei essas histórias ou aquela linda tradução de Hamlet em lugar nenhum. Hoje sei bem quais livros são substituíveis, recompráveis, e quais devem ser mantidos com você.

Convenço-me então de que aquela pilha enorme é apenas uma pré-seleção. Ou que talvez eu precise sim que meus pais levem uma caixa de livros para mim quando forem visitar. >_<

Aviso as crianças que quando o sofá for embora, vamos usar o banco do jardim para ver TV na sala. Tempos estranhos. Compram minha cama. Resta apenas meu colchão.

Gnocchi já está super adaptado à gaiola. Logo no primeiro dia se enfiou lá dentro e dormiu a noite toda, o que nos deixou muito mais tranquilos. Ele adorou seu novo cantinho e acho que fará bem a viagem.

Estou imensamente feliz por estar vendendo todas as minhas obras. Restam muito poucas, e acho que vou conseguir viajar apenas com meus sketchbooks e meus desenhos de infância, para começar toda uma nova fase de pintura por lá.

Neste fim de semana, entrego minhas panelas WMF a quem as comprou, com dor no coração. São panelas maravilhosas. Mas não faz o menor sentido levá-las comigo. Eu sei que com meus panelões vermelho e verde e com as outras duas frigideiras que ficam pelo menos esse mês aqui em casa, consigo cozinhar tudo. Mas é estranho não usar a panela de vapor ou a leiteira. Novamente, uma quebra da sua rotina invisível.

As refeições têm sido extremamente simples. Usando o que tem na despensa ao máximo, e com apenas uma bancadinha para trabalhar. Logo vêm gente pegar minha estante da despensa, e então esse espaço diminuirá ainda mais. Uma grande cozinha vazia sem ter onde apoiar a tigela do bolo. Prometi às crianças que vamos comer pastel na feira toda quinta e domingo até o dia da viagem. Deu-me uma súbita vontade de queijo minas, requeijão e farofa. Farofa de verdade, feita com farinha de mandioca, cebola, uma tonelada de manteiga... não essas farofas compradas prontas, com gosto de serragem e sal. Vai entender como funciona a cabeça da gente. Água de coco e caldo de cana. Só penso nisso. E tenho planos para uma comida mais relaxada e divertida nesse mês de julho.

Estou ansiosa para o fim das aulas, daqui a alguns dias. Para eliminar pelo menos essa correria de manhã e poder tomar café da manhã com calma com as crianças. Novamente inventar mais um pouco, pois esse semestre, com Thomas no primeiro ano, entrando meia hora mais cedo na escola, quebrou completamente esse nosso hábito do café variado.

Para inspirar vocês nos cafés da manhã das férias, deixo aqui um apanhado das ideias de café da manhã do meu finado Facebook, que ainda estão com os textos originais dos posts. Única coisa que guardei daquela época. Um monte de panquecas e mingaus para besuntar de Maple Syrup.

Vamos ver se por aqui conseguimos fazer um repeteco disso tudo. O objetivo é acabar com o garrafão de Maple que Allex trouxe de viagem. Ele ri da minha cara quando sirvo o xarope sobre as panquecas das crianças, dizendo que ando muito perdulária agora que sei que vou poder comprar disso mais barato depois da mudança. Aliás, por incrível que pareça, Maple Syrup barato e a perspectiva de panquecas e waffles todas as manhãs tem sido o grande selling point da mudança para as crianças. ^_^

E vamos nessa. Respira fundo. Faltam pouco mais de trinta dias. E dia 4 de agosto vamos de casa até o aeroporto ouvindo essa música:

https://www.youtube.com/watch?v=CiCselxgw8s

Para bom entendedor, meia música basta. Quem adivinhar para onde vamos ganha um pirulito de nabo. ;)

OBRIGADA A TODOS pela força, pelo carinho, pelos emails de incentivo, pelas histórias, por nos ajudar nessa transição com cada comprinha de nossas coisas e minhas obras. Fiquei realmente emocionada com a reação de todos vocês. Num mundo que anda tão frio e capenga em termos de empatia, vocês me surpreenderam positivamente e encheram meus olhos de lágrimas.
VOCÊS SÃO SENSACIONAIS!!!  

Agora, de volta à nossa programação normal... ;)

 
Panqueca básica de iogurte

Sexta-feira de panquecas de iogurte. 1 de tudo: 1xic de farinha, 1 colh(sopa) rasinha de fermento, 1 colh (sopa) rasa de açúcar, 1 pitada de sal, 1 xic de iogurte, 1 ovo, 1 colh. (Sopa) manteiga.

Panquecas de banana e quinoa

Usando bananas que estavam na geladeira e me esperaram ir e vir de Trinidad. Dá pra imaginar o estado das pobrezinhas. A parte seca das panquecas leva 3/4xic de farinha de trigo, 1/4xic de farinha de quinua, 1 colh (Sopa) de fermento, 1 pitada de canela e 1 pitada de sal. Parte liquida, 1 ovo, 3/4xic de leite e 1colh (sopa) de manteiga, derretida. Misture secos com molhados e junte 2 bananas bem amassadas, de preferencia já de casca bem marrom. As bananas nesse estado não estão estragadas. Apenas difíceis de comer. ;) Mas elas assim já começando a escurecer por dentro dão às panquecas um sabor caramelado delicioso, que combina bem com os tons terrosos da quinua.


Panquecas de trigo sarraceno

Quando você já não lembra mais se já publicou uma receita ou não... De qualquer forma, essa panqueca de trigo sarraceno vale um repeteco.  :) Numa tigela, 1/2xic de farinha branca, 1/2xic de farinha de sarraceno, 3/4 colh (sopa) fermento, 1/4 colh (Cha) de bicarbonato, 1 pitada de sal. Em outra, 1 ovo, 1 xic de iogurte natural, 1 colh (sopa) de óleo vegetal e outra de melado. Só misturar tudo e dourar em um fio de óleo em porções de 1/4xic.

Panquecas de sarraceno e pera

Panqueca de sarraceno e pera, adaptado do livro lindo da Kim boyce, good to the grain. Uma pera ralada, com seus sucos, um ovo, uma colher de manteiga derretida, 1/4 xic de farinha integral, 1/4 xic de farinha comum, 1/2 xic de farinha de sarraceno, 1 colh sopa rasa de fermento, 2 de açúcar e uma pitada de sal. Leite, começo com meia xícara e acrescento mais conforme a suculência da pera. Delícia absoluta.
German Puff Pancake

Fim de semana teve café da manha diferente: German puff pancake. Basta derreter 3 colh(sopa) de manteiga numa frigideira de 23cm, juntar 1 maçã grande em fatias finas, polvilhada com 1 colh (sopa) de açúcar mascavo, 1 colh (cha) de canela e um pouco de noz moscada. Cozinhe por dois minutos. Em uma tigela, bata 3 ovos, 3/4 xic de leite e 3/4 xic de farinha. Despeje sobre as maçãs e leve ao forno preaquecido a 190oC por 15-20 minutos, ate que esteja inflado e dourado nas laterais. Aí é só espremer umlimaozinho por cima, polvilhar açúcar e mandar ver. Delicioso. De um livro ótimo, mas comum titulo ridículo: yummy mummy.

Waffles com chocolate


Crêpes doces

Outra opção delicia para o café da manhã, principalmente no fim de semana, quando se tem mais tempo. Você prepara a massa dos crepes na noite anterior, deixa ela descansando na geladeira durante a noite, e cozinha de manhã. Só misturar 1 1/2xic de farinha, 1 pitada de açúcar e de sal, 2 ovos e cerca de 2 1/4 xic de leite, misturando ate ficar homogêneo e com consistência de creme de leite fresco, sem bater demais, para os crepes não ficarem borrachudos. Deixe descansar durante a noite na geladeira (isso hidrata e relaxa a farinha e melhora o resultado dos crepes) e no dia seguinte junte mais umas colheradas de leite, se a mistura tiver engrossado muito. Esquente um pouquinho de manteiga numa frigideira de 23cm e cozinhe porções de cerca de 1/3xic de massa, dos dois lados. Recheie como quiser. Eu comi com ricotta e mel. Marido e crianças preferiram apenas uma espremidinha de limão e açúcar de confeiteiro polvilhado por cima. Do lindo livro da Rachel Khoo, The Little Paris Kitchen.

Crepioca

É só misturar 1 ovo, 2 colheres de goma para tapioca, 2 colheres de ricotta ou cottage e uma pitada de sal. Levar à frigideira quente com um pouco de manteiga, coberta com tampa até que firme o bastante para virar com espátula e dourar do outro lado. Receita do meu treinador de Kettlebell, e eu sei que isso virou a comida fit da moda por um bom tempo, mas é uma delícia: parece um pão de queijo de frigideira. :D

Mingau de aveia básico

Eu não canso de postar mingau por aqui, pois é uma das minhas coisas favoritas no mundo. Meus filhos comeram mingau de tudo que é jeito na época em que estavam desmamando, e continuam gostando. Assim, aveia cozida em água com bananas, uvas passas, linhaça, papoula, sal e canela, e depois coberta de mais banana, um naco de manteiga, um nada de leite frio e adoçada com mel, é clássico dos clássicos aqui em casa.

Mingau de trigo sarraceno

Trigo sarraceno cozido em água por uns 10 minutos, junto com frutas secas picadas (no meu caso, Cranberries e damascos orgânicos, marronzinhos e com gosto de caramelo), canela em pau, extrato de baunilha, uma pitada de sal, um nadinha de semente de cardamomo e uma ralada de gengibre fresco. No potinho, acompanhado de um pouco de leite, melado de cana e figos frescos. Do livro Vegetarian Everyday, lá do blog Green Kitchen Stories. Bom dia.

Mingau de sarraceno, coco e chocolate

Mingau de sarraceno de novo. Desta vez batido com linhaça, cozido em leite de coco, água e açúcar baunilha do, e servido com nozes picadas, iogurte e gotas de chocolate.

Mingau de feijão azuki

Estranho comer feijão no café da manhã. Mas gostoso. Pra quem gosta de mingau que parece apenas naturalmente doce. Fãs de Sucrilhos, olhem para o lado. Cozinhe 90g de feijão azuki em 6xic de água até ficar macio, bata no liquidificador deixando um pouco pedaçudo, misture 1/4xic de açúcar, 1/4xic de farinha de arroz glutinoso e cozinhe até engrossar. Coma com passas e nozes picadas. Essa quantidade serviu um adulto e duas crianças curiosas. A receita original estava no Serious Eats:http://www.seriouseats.com/recipes/2010/01/seriously-asian-korean-red-bean-porridge.html

Mingau de aveia com marmelos

Nem só de banana e canela vive um mingau. Aveia em lâminas cozida em agua e leite, com marmelo poche e castanhas de baru picadinhas. Um pouquinho de iogurte natural por cima para arrematar. Marmelos poche feitos assim: http://www.lacucinetta.com.br/2010/05/compre-marmelos-compre-marmelos-compre.html

Iogurte com sarraceno e figos dourados

Figos dourados em quase nada de manteiga, iogurte caseiro, nozes picadas, trigo sarraceno e mel. Bom dia. :)


Iogurte com geleia de nectarina

Simples: um pouco de iogurte caseiro, uma colher de geleia de nectarina, gengibre e cardamomo. 900g nectarinas, descascadas e sem caroço, 3/4 xic açúcar orgânico, suco de um limão, 1 colh sopa gengibre fresco ralado, 4 bagas de cardamomo moídas no pilão. Cozinhar tudo ate dar o ponto quase como uma goiabada cremosa.


Iogurte, frutas e trigo sarraceno cru

Parece esquisito, mas o trigo sarraceno cru assim sobre frutas, iogurte e mel fica uma delícia, crocante como granola.

Suco de pepino, maçã e hortelã

Suco de pepino, maçã e hortelã, de um livro da Heloísa Bacelar que eu adoro, mas que seria ainda melhor com um índice remissivo. Suquinho acompanhou o iogurte com granola das crianças e foi para o lanche da escola. Me sentindo muito virtuosa hoje. 
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Tartine de Abacate e Grapefruit
 
Pão caseiro tostado, fatias de abacate, segmentos de grapefruit, sal e azeite. Estranho mas bom. O abacate cremoso e gorduroso contrasta com o amargor refrescante do grapefruit. Delícia. 


Tartine de morango e iogurte

Pão caseiro tostado, uma colherada de iogurte, morangos fatiados, menta fresca e um polvilhar de açúcar baunilhado. PERFEITO.

Granola

Às vezes gosto de tomar café da manhã mais tarde, com criança na escola e cachorro passeado. Fui dormir ontem à noite contente em saber que tinha iogurte e granola caseiros pro dia seguinte. Uso sempre uma receita da revista do Jamie Oliver. Misturo 2 colh (sopa) de algum óleo vegetal, 6 colh (sopa) mel, 300g de aveia laminada, e um punhado de quaisquer sementes e castanhas que houver em casa. Espalho numa assadeira e levo ao forno a 180oC por 15 minutos. Junto um punhado de frutas secas e asso por mais 10 minutos. Deixo esfriar e guardo num pote fechado. O da foto tem uvas passas, goji berries (também caí nesse conto), castanha de caju, linhaça e sementes de girassol e melão.
(Post republicado. Fui editar o outro e acabei excluindo sem querer. :P)

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

Um monte de sorvete, um monte de livros


Pimpolhada come como gente grande. Às vezes fala que não está afim de comer toda a berinjela. Mas come a berinjela. E come escarola. E come a salsinha no meio da comida. E experimenta uma coisa nova quando eu digo que eles nunca comeram aquilo na vida.

Minha vida culinária anda muito tranquila. :)

Valeu a pena encher tanto os pacová dos meus filhos durante esses quatro anos e meio.

Tanto que pude dar um tempo em toda a quinua e toda a mousse de chocolate com abacate. Não precisei enfiar linhaça em mais nenhum prato, porque eu não preciso mais esconder o espinafre. Todo mundo está forte e saudável e come o espinafre sem muita birra assim, só aquela coisa verde no centro do prato. (Mas confesso que toda a carne que rolou nos últimos meses nos fez desejar um ano vegetariano em 2016...)

A naturebice então deu uma relaxada, e depois de alguns picolés feitos apenas de fruta gelada, comecei a produzir sorvetes mais complexos de novo, coisa que eu não fazia havia um tempo, tentando fazer crianças que empurravam a abobrinha para longe comer pelo menos fruta de sobremesa então.

Aconteceu uma avalanche de sorvete nos últimos meses, para a alegria geral da família. Primeiro o de chocolate, que fez o povo aqui revirar os olhos de tão bom. Quase ganache congelada. O de iogurte já fiz mais de sete vezes. O de café e canela foi uma surpresa, como um cappuccino geladinho e cremoso, tão bom que até o marido que não gosta de sorvete de café gostou. O de buttermilk acabou no dia em que foi feito, no Natal, e todo mundo aprovou e elogiou e lambeu os beiços. O de pão era uma ideia estranha que ficou ótima, pois usei o panettone amanhecido e ele ficou parecendo um crocante dentro do sorvete. A receita original não usava açúcar no creme de ovos, mas achei isso muito esquisito, então acrescentei um pouco. Também só coloquei o crocante de panettone depois de tirar o sorvete da sorveteira, pois gente que acrescentou antes, como a receita pedia, reclamou que o pão meio que dissolveu lá dentro. Do meu jeito, o crocante continuou crocante. Ainda rolou sorvete de limão com spekulatius e sorvete de chocolate ao leite com Guinness e crocante de aveia, os dois do David Leibovitz. Mas as receitas são mais complexas e mais caras, então só vou colocar se muita gente pedir, ok?

E enquanto a comida de todo dia anda mais relaxada e mais simples, eu comecei a perceber que mesmo os livros que eu havia guardado depois da primeira rapa andavam abandonados.

Separei-os então e os apaguei da minha lista do Eat Your Books. E prossegui a vida, usando apenas os que ficaram na minha estante.

E para minha surpresa, ninguém morreu de fome. ;)

Fiz então mais uma rapa entre meus livros favoritos, mantendo em mente o que eu levaria se pudesse levar para uma ilha deserta apenas uma mala pequena de livros. Alguns dos selecionados para ir embora contém receitas que amo muito, mas que já tenho aqui no blog ou anotadas em outro caderno. Ou essas receitas já sei de cor e não preciso mais do livro. Ou elas são excelentes mas são muito parecidas com outras que já tenho,  e não preciso duas coisas parecidas ocupando lugar na estante se podia haver uma só. Eu manteria todos eles, não fosse meu desejo forte de limpar um pouco a casa de tantos livros e coisas.

Então deixo aqui para vocês a lista dos livros que estão indo agora, se alguém se interessar. Caso haja interesse em um ou mais de um, mande-me um email em lacucinetta@gmail.com (NÃO mande pelos comentários, só via email, para eu controlar melhor), informando seu cep para o cálculo do frete. Quando o livro for pago, risco aqui da lista.

Os livros estão todos usados, mas em bom estado. Estão empoeirados, alguns com a capa externa (dust cover) com sinais claros de uso, de quando você puxa a lombada para tirar da estante, mas o interior está perfeito. Alguns têm anotações. Os preços estão relativos ao menor valor do livro usado na Amazon americana, de onde comprei, e convertidos de real para dólar, mais ou menos.

Lembre-se que a maior parte dos livros de 60 reais é GRANDE e se você morar muito longe de SP, o frete pode ficar meio caro.

E para quem não quer os livros, ou para quem quer também, deixo aqui as receitas dos sorvetes. :D


Update: Já foi tudo vendido! Obrigada! ^_^
LIVROS POR 60 REAIS + FRETE:

  • THE COUNTRY COOKING OF FRANCE, Anne Willan (Lindo, grande, cheio de imagens, melhor ensopado de peixe e melhor caramelo salgado que já fiz)
  • THE BLUE CHAIR JAM COOKBOOK, Rachel Saunders (Lindo, gigante, muitas receitas muito bem explicadas, para quantidades razoavelmente grandes de geleia – eu costumava dividir pela metade ou em quartos para quantidades pequenas. Mas combinações maravilhosas.)
  • FOOD FROM MANY GREEK KITCHENS, Tessa Kiros (Ótimas receitas, mas sinto que já tenho o que quero dela em termos de influência grega em todos os outros livros que tenho da Tessa.)
  • MARCELLA's ITALIAN KITCHEN, Marcella Hazan (Muito bom, livro raro, fotos antigas, receitas ótimas, mas no fim volto sempre para os meus outros livros dela.)

LIVROS POR 30 REAIS + FRETE:
  • LOCAL FLAVORS, Deborah Madison (Excelentes receitas acho que quase tudo vegerariano, mas acabam sendo variações de tudo o que já tenho da Deborah Madison. )
  • THE ART OF FERMENTATION, Sandor Ellix Katz (Nunca usei, mas ganhou prêmios e ensina a ciência de se fermentar qualquer coisa.)
  • A16 FOOD + WINE, Nate Appleman e Shelley Lindgren (Melhor pizza. Fiz bastante coisa desse livro, com a conserva de atum, as almôndegas de frango, as cenouras com ervilhas, o ragù com polenta de castanha...)
  • THE SWEET LIFE, Kate Zuckermann (Livro lindo, receitas super apetitosas, a Pat do Technicolor Kitchen já me mandou largar mão de ser besta e usar o livro, mas eu simplesmente nunca me animei. Sempre acabo achando outra coisa pra preparar. Me arrependo de nunca ter usado o livro, mas no espírito da rapa, não vou nem tentar usar, pra não acabar ficando com ele.)
  • DESSERTS BY THE YARD, Sherry Yard (ótimo. O Devilish Angel Food Cake é maravilhoso. O Corn Bread docinho docinho parece um bolinho de fubá bem molhadinho.)
  • COZINHA DE ORIGEM, THiago Castanho (Comprei pra me aventurar mais em cozinha brasileira, mas acabei não usando.)
  • THE NEW PORTUGUESE TABLE, David Leite (Muitas receitas apetitosas de muitas coisas que parecem brasileiras, por motivos óbvios. Mas também sempre esqueço de usar.)
  • CHARLÔ EM PARIS, Nina Horta (Comprei pela ilustração há mais de dez anos. Aprendi a fazer com ele as torradas com claras em neve no forno e o bolo de mel, que era uma delícia. Uma fofura para crianças.)
  • GIADA'S KITCHEN, Giada di Laurentiis (A pastinha de figo seco com avelã é a favorita da minha irmã, e eu aprendi com esse livro a comer sanduíche de pera com taleggio. Livro muito bom.)
  • SATURDAY's & SUNDAY"s, Kay Francis (Muitas receitas de cardápios para fazer em diferentes situações de fim de semana.)
  • MIETTE, Meg Ray (Saiu daí o meu menor bolo de aniversário do mundo, do ano passado, e meus marshmallows favoritos, um maravilhoso bolo de abóbora, thumbprint cookies, etc... E o livro é uma fofura. Pena que minha filha fez o favor de rasgar a capa externa e uma das páginas internas. Ainda assim, o livro vale. 
  • CHEZ PANISSE VEGETABLES, Alice WAters (Gravuras lindas, mas nenhuma foto. Receitas impecáveis.)
  • CHEZ PANISSE FRUIT, Alice Waters (Mesma coisa do Vegetables. Muitas receitas com frutas em pratos salgados, o que é bem legal.)

LIVROS POR 20 REAIS + FRETE:

  • THE GHIRARDELLI CHOCOLATE COOKBOOK
  • SEASONAL FRUIT DESSERTS, Deborah Madison (O foco é totalmente a fruta. Vários jeitos diferentes de se servir as frutas, seja com caldas, com queijos, com bolos ou biscoitos, transformados em pudins, em tortas...)
  • THE NAKED CHEF, Jamie Oliver
  • THE ULTIMATE FROZEN DESSERT BOOK, Bruce Weinstein e Mark Scarbrough (Ótimos sorvetes. Usei horrores esse livro.)
  • THE BOOZY BAKER, Lucy Baker (Gracinha de livro, com receitas de doces e drinks.)
  • MACRINA BAKERY AND CAFE COOKBOOK, Leslie Mackies (Pão de batata maravilhoso e muffins gigantes – tem que dividir a receita pela metade para assar em forma de muffin tradicional. Mas muito bons. Vários pratinhos salgados no fim do livro.)
  • COMO COZINHAR UM LOBO, MFK Fisher (Em português, sobre como economizar dinheiro na cozinha em época de recessão.)
  • FORMAGGI, Fiona BECKETT (Comprei na Itália, então está em italiano – melhor receita de fondue.)
  • THE MULTI-CULTURAL CUISINE OF TRINIDAD & TOBAGO & THE CARIBBEAN (Comprei em Trinidad. A cozinha de lá é uma mistura de chinesa, indiana e inglesa, muito interessante e apimentada. Mas no fim não estou usando o livro, que funciona mais ou menos como aqueles livros do SESI, com tamanho de porção, calorias, nutrição... é usado nas escolas de lá. Está em inglês.)
  • COOK 1.0, Heidi Swanson (Livrinho fofo mostrando variações sobre métodos de cozinha rápida. Vegetariano. Receitas simples, fáceis e gostosas.)


E agora... SORVETE!!!


SORVETE DE BAUNILHA
(Do Livro Twelve, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 700ml leite integral
  • 250ml creme de leite fresco
  • 1 fava de baunilha*
  • 4 gemas de ovo
  • 200g açúcar
* eu uso 200g do meu próprio açúcar baunilhado e acrescento mais 1 colh (chá) de extrato natural de baunilha.

Preparo:
  1. Se estiver usando a fava, abra-a ao meio com uma faca e raspe as sementes pra dentro de uma panela. Jogue a fava lá dentro junto. Junte o leite e o creme e leve à fervura. Retire do fogo. 
  2. Enquanto isso, bata as gemas e o açúcar (e o extrato se estiver usando no lugar da fava) até que fique homogêneo. 
  3. Junte o leite quente aos poucos, batendo sempre, pra que os ovos não cozinhem.
  4. Volte essa mistura para a panela e mexa com uma colher de pau, em fogo baixo, até engrossar um pouco. Não deixe ferver. (A medida certa é quanto você passa a ponta do dedo nas costas da colher – cuidado, está bem quente – e o líquido não escorre imediatamente, mas sim mantém o rastro do seu dedo intacto.)
  5. Desligue o fogo, passe por uma peneira para dentro de uma tigela grande (a peneira retira a fava e qualquer pedacinho de ovo que pode ter empelotado). Misture o conteúdo da tigela até que pare de sair vapor. Leve à geladeira por no mínimo 4 horas ou até uma noite inteira antes de colocar na sorveteira. Isso garante que a mistura vai gelar bem devagar e não vai criar nenhum cristalzinho de gelo. 


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SORVETE DE CAFÉ E CANELA
(Do livro Recipes & Dreams From An Italian Life, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 2 xic. creme de leite fresco
  • 1 pau de canela
  • 1 colh (chá) extrato natural de baunilha
  • 1 colh (chá) cacau em pó sem açúcar
  • 4 gemas de ovo
  • 2/3 xic açúcar
  • 1 xic (250ml) de café bem forte, de preferência espresso, se você tiver uma máquina de espresso
Preparo:
  1. Aqueça o creme, canela, baunilha e cacau em uma panela grande.
  2. Bata as gemas e o açúcar até que fique fofo e claro. 
  3. Quando o creme estiver quase fervendo, misture o café.
  4. Junte devagar o creme quente às gemas, batendo sempre. Volte para a panela e cozinhe como no passo 4 e 5 do sorvete de baunilha.
  5. Remova o pau de canela antes de colocar na sorveteira. 



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BUTTERMILK ICE CREAM OU SORVETE DE IOGURTE DO DAVID LEIBOVITZ
(Do livro Apples For Jam, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 1xic. de creme de leite fresco
  • 1 xic açúcar
  • 1 colh.(sopa) extrato de baunilha
  • 2 xic. buttermilk*
*Use o soro do iogurte quando você o drena para obter "iogurte grego" ou "labneh", ou use o soro restante da fabricação de queijo, que foi o que eu usei.

Preparo:
  1. Misture o creme, o açúcar e a baunilha e bata na batedeira ou com um fouet até começar a engrossar e o açúcar ter-se dissolvido. Junte o buttermilk, misturando sempre para incorporar. Leve à geladeira por 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira.
  2. Alternativamente, pra fazer o sorvete de iogurte, você só precisa substituir o buttermilk por iogurte integral. Se quiser, pode omitir o buttermilk E o creme e usar 3 xic apenas de iogurte integral. Já fiz ambos e ficam ótimos 



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SORVETE DE PÃO COM MANTEIGA (OU DE PANETTONE)
(Adaptado do livro Apples for Jam, de Tessa Kiros)
Rendimento: cerca de 1 litro

Ingredientes:
  • 3 fatias de pão caseiro ou panettone
  • 3/4 xic. açúcar mascavo
  • 4 colh. (sopa) manteiga e mais para untar
  • 2 gemas de ovo
  • 1 colh (chá) extrato natural de baunilha
  • 1/2 xic. leite
  • 1 1/2xic creme de leite fresco
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 205ºC. Unte uma assadeira com manteiga. Esfarele o pão ou panettone com as mãos e espalhe as migalhas na assadeira. Polvilhe com 1/2 xic do açúcar mascavo, misture bem e leve ao forno pré-aquecido.
  2. Asse por 10-12 minutos, mexendo de vez em quando para não queimar. As migalhas devem ficar razoavelmente crocantes e douradas, mas não podem queimar. Retire e transfira para um prato frio para que não continuem cozinhando.
  3. Numa panela, derreta a manteiga e continue cozinhando em fogo baixo até que ela adquira um tom de caramelo e um aroma de avelã. Retire do fogo e reserve em outro recipiente, pois se deixada na panela, ela vai continuar cozinhando até queimar.
  4. Enquanto isso, aqueça o leite e o creme numa panela. Bata as gemas com o restante do açúcar mascavo e a baunilha até que fique homogêneo. Junte o leite quente aos poucos, volte para a panela e cozinhe como no passo 4 do sorvete de baunilha. Junte a manteiga reservada e misture bem.
  5. Leve o creme e o pão torrado separados à geladeira por 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira. Assim que o retirar o sorvete da sorveteira e colocá-lo num recipiente, incorpore o pão torrado. (Vai parecer pouco sorvete, mas ao misturar o pão ele vai preencher 1 litro.)



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SORVETE DE CHOCOLATE
(Do livro The Perfect Scoop, de David Leibovitz)
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
  • 2xic. de creme de leite fresco
  • 3 colh (sopa) cacau em pó sem açúcar
  • 140g chocolate amargo picado (SEM gordura hidrogenada)
  • 1 xic leite integral
  • 3/4 xic açúcar
  • 1 pitada de sal
  • 5 gemas de ovo
  • 1/2 colh (chá) extrato natural de baunilha
Preparo
  1. Aqueça 1 xic do creme misturado ao cacau em pó numa panela média, misturando bem para o cacau dissolver. 
  2. Leve à fervura, abaixe o fogo e mantenha em fervura branda por 30 segundos, mexendo sempre. 
  3. Retire do fogo, junte o chocolate picado e misture até que fique bem homogêneo. Então junte o restante do creme. 
  4. Coloque a mistura em uma tigela grande com uma peneira por cima e reserve.
  5. Aqueça o leite, açúcar e sal na panela agora vazia. Em outra tigela vazia, bata as gemas. Junte o leite quente às gemas aos poucos, volte para a panela e cozinhe como no passo 4 do sorvete de baunilha. 
  6. Derrame na tigela com o chocolate, passando pela peneira. Junte a baunilha e leve à geladeira por pelo menos 4 horas ou durante a noite antes de colocar na sorveteira. 



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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

O que eu como em um dia (quer dizer, uma semana, mais ou menos...), muitos reaproveitamentos, um bolo simples e um sorvete de baunilha

As frutas sao da Laura, eu nao sou tao saudavel assim.

CAFÉ-DA-MANHÃ

O dia amanhece tarde. O sol não dá as caras antes das sete da manhã. Ainda são seis e alguma coisa, uma preguiça-monstro impera, e não fosse o fato do marido acordar dez para seis para correr ou meditar, acho que jamais acordaria. Está frio lá fora, chove, e não me animo para a rotina-loucura matinal com as crianças. Mas o cão vem batendo o rabo entre a parede e a cama, panc, panc, panc, panc, feliz e contente pedir por comida e carinho, e seu bafo quente e suas lambidas em meu nariz escapando para fora das cobertas me convencem.

Levanto.

Há mais de meia hora as crianças já estão de pé, brincando no quarto ou desenhando na sala. Já saio do quarto vestida de roupa de corrida e de cama feita, para não me animar a voltar ao travesseiro. O ruído da cafeteira moendo grãos de café e ligando a caldeira é confortável. Acendo as luzes da sala e da cozinha conforme caminho pelo pequenino apartamento. Ainda é noite fechada lá fora.

Thomas dá comida ao cão e pergunta o que há de café. Tem pão, tem cereal, tem waffles de ontem. Quer uma torrada? Laura apanha as frutas do prato azul da bancada, uma faca pequena e começa a preparar seu prato. Ela sempre come frutas no café da manhã. Um bocado delas. Naquela manhã, kiwi e romã. Faço torradas para o resto da família, douradas com manteiga na frigideira. Thomas come várias com mel ou geleia, Allex come duas. Uma torrada basta para mim, pois nunca tenho fome assim que acordo. Uma torrada solitária, com uma passadela extra de manteiga e uma pitada de sal para acompanhar meu cappuccino de todo dia. Nessa semana, no entanto, minha torrada vem sempre com esse estranho queijo-que-não-é-queijo que minha cunhada trouxe da Noruega. Pense um doce de leite. Mas sem açúcar nenhum. Estranhíssimo e delicioso.

Como assim, de pé, sobre a tábua de corte onde já saio preparando o almoço das crianças. Allex sempre leva restô-dontém, mas as crianças raramente têm tempo para uma refeição decente, o que sempre me entristece. Mas bola para frente. Ando sempre buscando alternativas para enfiar mais legumes nos lanches.

Naquele dia, resolvo fazer um rolinho de ovo com legumes, uma espécie de omelete de forno para usar as nove claras que eu tinha no freezer, e que eu não queria transformar DE NOVO em Angel Food Cake. Ossos do ofício de quem faz sorvete em casa - arrumar novos modos de usar as claras que sobram. Encontrei essa receita internet afora, preparara na noite anterior e deixara já pronta na geladeira para a manhã seguibte  Os adultos adoraram. As crianças, no entanto, não se animaram. Thomas achou que tinha queijo demais e ficou muito salgado, mas a verdade é que usei a quantidade de sal pedida na receita, sem me dar conta de que o sal que compro é bastante salgado (tem disso, sal que é mais salgado, sal que é menos salgado). Ovos salgados mais queijo cheddar, realmente ficou meio além da conta. Então, se for fazer a receita, lembre-se de salgar a gosto e com cuidado. Já Laura não gostou foi da textura, e é sempre disso que ela reclama quando dou algo essencialmente macio para ela comer: frittata, gnocchi, Spaetzle, omelete, e até crepioca são sempre sumariamente reprovados por ela por conta da textura.




Olha que fofura! Dá pra acreditar que eles não gostaram? Eu adorei, mesmo muito salgado.

Enquanto todos terminam de se arrumar e colocar nas lancheiras seus almoços, coloco roupas para lavar, louças na lava-louças, passo um pano na mesa e na bancada da cozinha (quando uma das crianças não se anima a fazer essa limpeza), alimento meu fermento, e verifico minha lista de coisas a fazer do dia.

Allex já saiu correndo para o trabalho que fica longe.

Quando todos estão prontos, saímos para a escola. Eles de casacos de inverno, eu tilintando de frio num agasalho leve de corrida, puxando o cão comigo e pedindo para que os dois acelerem o passo para mamãe não congelar até chegar na escola. É o primeiro dia de sensação térmica negativa do Outono. Chove leve.

Beijinhos, recomendações, abraços, jogo a criançada para dentro da escola e imediatamente começo a correr, puxando o cachorro para o parque, buscando me esquentar com a movimentação.

LANCHE DA MANHÃ

Quando chego em casa, depois de alguns quilômetros corridos (as vezes três, às vezes sete, às vezes nenhum, depende do que tenho para fazer no dia e da colaboração do cão), a fome bate. São nove e quarenta e cinco. Dez da manhã quando a corrida foi longa. Tomo um banho rápido, dou mais comida e água ao cão e preparo o que considero meu segundo café da manhã, desta vez apreciado em silêncio, com calma, sentada à mesa. Simples e, assim como a torrada com manteiga, todo dia tudo igual: meia xícara de iogurte natural, a fruta que houver, uma colher de manteiga de amendoim (sem açúcar, apenas amendoim, e quando tenho na geladeira, substituo por nozes picadas) e um fio de mel. Acompanha uma xícara de chá, que, assim como meu café, tomo sem açúcar -  acho que açúcar estraga o gosto das bebidas.

Ok, sou saudável sim. Mas minhas frutas vem sempre aqui, com iogurte.
A partir daí, o dia começa. Pintar, desenhar, escrever, resolver pepinos, responder emails, terminar um trabalho, prospectar clientes, costurar joelho de TODAS as calças das crianças e passar aspirador na casa (coisa que leva cinco minutos - vantagem do apartamento pequeno) para recolher toda a areia que se solta dos pelos do cachorro quando a lama do parque seca. 

ALMOÇO

Às dez para meio dia já tenho fome e começo a preparar minha torrada, que gosto de chamar carinhosamente de Tartine, pois isso me faz sentir mais inclinada a caprichar na preparação. 

Uma de minhas favoritas: abacate e grapefruit, azeite, sal e pimenta-do-reino. O pãozinho da vez é aquele integral de aveia do post passado.
Quase toda semana compro ingredientes específicos para meus almoços, pois sei com quê meu apetite se anima nesse horário e o que me satisfaz sem precisar de grandes malabarismos culinários. Abacate é um item praticamente obrigatório na minha cozinha. Pepinos apareceram durante todo o verão, mas agora que esfriou estão custando um rim. Tahini é uma pastinha que passo no meu pão com frequência, e sempre tenho potinhos de hommus que preparo de batelada e congelo para quando precisar. Agora no frio, o grapefruit é minha primeira escolha para acompanhar o abacate.
Nesta semana, no entanto, havia apenas um avocadozinho na geladeira e, por algum motivo, acabei não comprando mais. Às vezes me divirto NÃO indo às compras e me desafiando a criar refeições com tudo o que sobrou na geladeira, no freezer e na despensa. Doida de pedra.
Num dia, havia sobrado do jantar anterior uma Salada Siciliana de Erva-doce e Laranja (na qual usara azeitonas ao invés das nozes, para o marido e a filha não reclamarem). Pensei naquela erva-doce que passara a noite marinando em suco de laranja e limão, e pesquisei na internet: o que fazer com picles de erva-doce. Acabei caindo Neste Site que sugeria, veja só, uma torrada, e adaptei como bem entendi. Havia sour cream na geladeira (que aqui é grosso como um iogurte grego), que misturei a salsinha picada, sal e pimenta-do-reino e passei a colheradas generosas na minha torrada grelhada em azeite. Cobri com dois filezinhos de anchova cada, e então a salada de erva-doce. Corrigi a acidez da salada com mais um pouco de suco de limão, polvilhei com as folhas da erva-doce e o que restara da salsinha, um fio de azeite e NHAC!
Inventando com os restos: sour cream, anchovas e um "picles" falso de erva-doce.
Num almoço, eu apanhara um tantinho de maionese que sobrara da batelada do sábado anterior e misturei a ovos cozidos, cenoura ralada, salsão picadinho, cebolinha e salsinha, um nada de mostarda, sal e pimenta, e recheei sanduíches de pão integral de aveia para o almoço das crianças. O que restou no potinho, virou meu almoço também. Boa e velha salada de ovo.



No dia seguinte, eu tinha uma baguette grelhada no azeite, hommus de edamame (que eu preparara num dia em que me deu um siricotico e eu não tinha grão-de-bico), cenoura ralada, queijo feta, cebolinhas, sal, pimenta-do-reino e azeite como almoço. Uma versão aberta do wrapp de tortilla que eu mandara de lanche para as crianças. (Que Thomas amou e Laura odiou, porque ela detesta edamame.)  E chá. Quando não bebo água durante o almoço, bebo chá. A água, aliás, na minha garrafa azul, está sempre comigo.

Hommus de edamame, cenoura ralada, queijo feta e cebolinhas picadas.

Purê de abóboras com lentilhas, queijo feta, salsinha, cebolinha, limão e azeite.
 Mais um dia, mais um aproveitamento de restô-dontém. As abóboras com lentilha do jantar foram amassadas com um garfo até quase virarem purê, e ligeiramente aquecidas. Cobriram a baguete douradinha, e ganharam mais feta, ervas, limão e azeite. Esse almoço acabou me deixando mais satisfeita do que eu pretendia, e pensei que era melhor ter preparado uma torrada só. Detesto sensação de barriga cheia depois do almoço, pois fico letárgica e pouco produtiva. Mas estava uma delícia, de qualquer forma.
Por último, repeti para mim o almoço que mandara para as crianças: wrapp de tortilla com hommus, cenoura ralada, as beterrabas assadas que haviam sobrado de outro dia, salsinha, cebolinha, queijo feta, umas gotinhas de limão, azeite, sal e pimenta-do-reino, tudo enroladinho e pronto pra comer. Adivinha! Adivinha! Thomas adorou. Laura detestou. Por quê, Laura? Por quê? Por causa da textura do queijo, mamãe. >_<
Wrapp de tortilla de trigo com hommus, beterrabas assadas, cenoura ralada, queijo feta, salsinha, cebolinha, limão e azeite.

De barriga cheia, levo o cão para um passeio, aproveito para ir a mercado ou biblioteca ou onde precisar ir com o bichinho junto, e volto para trabalhar mais um pouco e adiantar, de repente, algum processo do jantar. (Aliás, peraí, que enquanto escrevo isso, deixei minha cevadinha cozinhando, e acho que ela começou a queimar. Nãaaaaaao!)

SNACK

São quase três horas e preciso buscar as crianças. Em dias chuvosos como hoje, sei que voltaremos para casa assim que eles saírem da aula, e então apenas tomo mais uma xícara de chá e saio. (Quando está muito frio, o chá vai comigo numa caneca térmica.) Em dias sem chuva, em que sei que eles quererão brincar meia hora ou mais e que demoraremos para voltar para casa e fazer o jantar, belisco algo com minha xícara de chá. Uma banana, uma metade de maçã que ficou na geladeira são habituais opções. Às vezes cato um talo de salsão ou uma cenoura que sobrou de algum lanche deles de outro dia e dou uma passadela rápida no pote de hommus. O normal, no entanto, é só o chá mesmo, pois não tenho fome nesse horário.

Naquela manhã mais tranquila, eu preparara rapidamente um bolo simples para que as crianças levassem de lanche durante a semana. E o motivo para ter usado as claras nos rolinhos de ovo ao invés de um bolo, foi que eu tinha intenção de usar a calda das peras cozidas do post anterior para molhar o bolo. Reduzi a calda um pouco e reguei todo o bolo pronto com ela.

E como houvesse bolo pronto ali pedindo para ser experimentado, naquela tarde meu snack foi uma fatia de bolo ainda morna.

Pound cake de azeite de oliva, regado com a calda das peras cozidas.
Como eu queria uma base bem neutra para a calda de pera, usei óleo de semente de uva, que é bem suave, no lugar do azeite. Você pode também usar um óleo vegetal neutro, se quiser.

POUND CAKE DE AZEITE DE OLIVA
(Do livro Sinfully Easy Delicious Deserts, da Alice Medrich)
Rendimento: 2 bolos ingleses ou 1 bolo de furo no meio (forma de 10-12 xic. de capacidade)

Ingredientes:
  • 3 xic. farinha de trigo
  • 2 colh (chá) fermento químico em pó
  • 2 xic. açúcar
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 1 xic. azeite de oliva
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 5 ovos ainda gelados da geladeira
  • 1 xic. de leite integral

Preparo:
  1. Posicione a grade do forno na parte inferior e pré-aqueça o forno a 180oC. Unte e enfarinhe a(s) forma(s) ou forre o interior com papel-manteiga, se estiver usando as formas de bolo inglês.
  2. Numa tigela, misture a farinha e o fermento. Reserve.
  3. Na tigela da batedeira, bata o açúcar, sal, óleo e baunilha até que esteja tudo bem misturado. 
  4. Junte os ovos, um a um, batendo bem a cada adição, e então continue batendo até que fique aumente o volume e fique pálido, entre 3 a 5 minutos. 
  5. Junte 1/3 da farinha, e bata em velocidade baixa apenas até que se misture. Junte metade do leite, misturando, então prossiga alternando a farinha e o leite até que tudo esteja incorporado. 
  6. Transfira a massa para a(s) forma(s). Asse por 1 hora ou 1 hora e 10 minutos, até que um palito inserido no meio saia limpo.
  7. Esfrie na forma, sobre uma grade, por 15 minutos. Desenforme e deixe que esfrie completamente antes de servir. Os bolos, frios e embalados, podem ser congelados por até 3 meses. 
  8. (Esse bolo é bem compacto, e por isso se presta bem a ser furadinho e banhado em caldas e xaropes ainda na forma. Banhe ainda quente do forno e deixe que esfrie completamente e absorva toda a calda antes de desenformar. Ele também é um ótimo bolo base para toda sorte de variações, com raspas de cítricos, por exemplo.)



JANTAR

Quando voltamos para casa, a criançada desempacota almoço e mochila. O que sobrou é consumido como lanche da tarde enquanto Thomas faz lição. Ele senta no sofá e lê seu livro em voz alta (todo dia a professora manda um livro diferente), e eu preparo o jantar enquanto Laura vai para o banho ou senta para incomodar ouvir a história lida pelo irmão.

Eu ando pegando livros de cozinha na biblioteca, mas não sei muito bem por quê. Fico animada ao ter o livro nas mãos, mas no fim, ao folheá-los, tenho sempre essa sensação estranha de o autor estar tentando com força demais reinventar a roda. Tive essa impressão principalmente com o livro novo do Ottolenghi, o Simple. Folheei, folheei, mas só de pensar em começar de novo a colecionar temperos que eu não uso todos os dias, bateu uma preguiça gigante. A bem da verdade, depois de tanto tempo experimentando e cozinhando de diferentes fontes, acabo gravitando em torno da cozinha italiana e francesa (com breves incursões em modinhas naturebas), onde ingredientes têm os gostos deles mesmos. Não é a toa que a sopa favorita dos meus filhos é a sopa francesa de abóbora que se faz com abóbora, água e leite. Ela é maravilhosa e tem gosto de... abóbora. (Sempre faço a receita inteira, para 8 porções, para ter congelada para dias apressados. As crianças adoram e assim que o Outrono chegou, já vieram pedir por ela.)

Além da parte do sabor, onde parece que quero abobrinha com gosto de abobrinha e berinjela com gosto de berinjela, com temperos simples que realcem o sabor natural dos ingredientes, também, entrando no reino da auto-análise, me dou conta de que sempre saio à caça de livros de cozinha quando me sinto atrapalhada na vida. Como se buscasse em receitas de comida as fórmulas mágicas para aplacar minha ansiedade e encontrar direção. Mas o que isso faz, quase sempre, é complicar ainda mais meu dia-a-dia, quando me pego passando mais tempo do que gostaria na frente do fogão, ligeiramente alvoroçada por processos menos familiares, e usando ingredientes que não fazem parte de verdade da minha vida. Quando minha cabeça está bem, toda a minha cozinha é simples e direta ao ponto. É couve-flor com azeite. É bolo de iogurte. Na hora em que me meto a fazer saladas que levam vinte e sete elementos e começo a me preocupar que o bolo de beterraba não leva nenhuma farinha de grãos antigos, eu sei que é hora de parar, abrir um vinho, botar o pé pra cima e pedir uma pizza. Liga pruma amiga pra conversar e bota as ideias em ordem.  

Enfim. Preguiça. A maior parte dos livros que andei pegando, devolvi no mesmo dia.

No caso desse livro do Ottolenghi, resolvi preparar algumas receitas antes.

Na segunda-feira, preparei de jantar esse alho-poró e espinafre braseado com ovos e queijo feta. Lembra do feta que apareceu aí em cima em todos os almoços? Veio daqui, pois eu comprara um enorme para fazer pão de queijo, mas desisti e resolvi usar em todas essas receitas. Para acompanhar, fiz aquela salada de funcho lá em cima, cujas sobras viraram torrada. Na hora em que fui servir, no entanto, dei-me conta de que esquecera de preparar o arroz que eu pensara para acompanhar essa profusão de legumes. Na pressa, servi tudo com uma fatia de pão dourado no azeite e todo mundo gostou.

O veredito do prato do Ottolenghi? Bom, acabou que não usei o zatar, e mantive os sabores clássicos, usando tomilho no cozimento dos legumes. Ficou muito saboroso, mas foi um consenso de que é simplesmente alho-poró demais para se comer assim, sozinho. Em termos de verduras com ovos, a versão do outro livro dele, de espinafre, e cuja pimenta-diferente-específica-difícil-de-achar eu também nunca uso, ainda é mais apetitosa em termos de TEXTURA. Laura concordou comigo. Hahah! ;)

Um ovo de gema mole para cada um sobre os legumes.

Jantar.

Em outro dia, eu lembrei de fazer o arroz. Há! ;) 

Ele acompanhou as Abóboras Assadas com Cebolas, Lentilhas, Queijo (que era para ser gorgonzola mas usei o feta) e o molhinho de ervas. Eu adorei esse prato, ainda que não houvesse nada de inovador nele. Enquanto preparava e comia, tinha a impressão de já ter feito diversas versões daquele mesmo prato durante os últimos quinze anos. Leguminosas + vegetal caramelizado no forno + queijo salgado e picante + ervas refrescantes. Fórmula imbatível. De qualquer forma, a refeição foi um sucesso com todos a não ser com o marido, que fez cara de "eu só estou comendo abóbora por educação porque as crianças estão me olhando" durante todo o jantar. No dia seguinte, ele fez a marmita dele apenas com as lentilhas e o arroz, deixando todas as abóboras para trás na geladeira com uma colherada minúscula de lentilhas. E foi esse resto abandonado que virou meu almoço ali em cima.

Amo essas cores.

Comeria esse prato todo dia. Tá bom, toda semana, que não gosto de comer todo dia a mesma coisa.
No dia seguinte, resolvi fazer bom uso das folhas de alho-poró que eu tinha guardado. Eu usara um bocado de alho-poró na receita da segunda-feira, mas os que eu comprara no mercado tinham partes verdes bojudas e muito logas, com pelo menos 15cm de comprimento cada, o que resultou numa pequena bacia de folhas de alho-poró. Meu primeiro instinto foi usar para caldo, mas me dei conta de que era simplesmente demais. O caldo teria apenas gosto de alho-poró e me deu preguiça de ter aquilo tudo de folha no freezer para a eventual necessidade de precisar aromatizar alguma coisa. Fiquei encafifada. Aquilo É comestível! Porque a gente não usa? Porque a gente obedece esse monte de chefs mandando a gente descartar partes boas dos alimentos? Se eu estivesse numa guerra, eu jogaria aquilo fora?

NÃO.

Lavei bem as folhas, fatiei todas elas bem BEM fininho, e refoguei no azeite, manteiga e tomilho exatamente como teria feito com as partes brancas do alho-poró. Mexi bem, temperei com sal, cobri com tampa e deixei ali cozinhando por bem uns dez minutos, fogo baixo, até amaciarem. Abri a tampa, juntei um pouquinho de água e uma colherinha de vinagre (teria usado meia xícara de vinho branco se tivesse, mas no caso só queria acidez), misturei bem e continuei cozinhando sem tampa, até o líquido reduzir. Fui experimentando as folhas. Queria quebrar todas as fibras dela e amaciá-las por completo. Juntei mais um tantinho de água e continuei cozinhando até que estivessem tão macias quanto as partes brancas do alho-poró, e foi isso o que aconteceu. As folhas ficaram macias e quase cremosas.

Preparei minha massa de torta de sempre usando farinha integral, pois acabara a farinha branca, e fiz um quiche usando as partes verdes do alho-poró, e um creme feito com 3 ovos, 1 xícara de sour cream, noz moscada, sal, pimenta-do-reino e queijo cheddar branco ralado grosso. Preparei o quiche normalmente.

A torta ficou tão boa, mas tão boa, que as crianças pediram para levarem de almoço na escola no dia seguinte. E assim foi. Aprendemos mais uma, amiguinhos: nunca descarte as partes verdes do alho-poró.

Para acompanhar, preparei uma salada de espinafre (o espinafre daqui é diferente do brasileiro, com textura de rúcula, bem suave), beterrabas assadas (que eu assara no forno no dia anterior, em outra grade, ao mesmo tempo das abóboras, com intenção de fazer um pão do livro do Ottolenghi, mas do qual desisti depois), queijo feta, cenoura fatiada fininho, e um vinaigrette com mostarda, cebolinha, salsinha e estragão.


Na quarta-feira, resolvi aproveitar outra apara de vegetal que geralmente vai para o lixo: os talos verdes e fibrosos da erva-doce. Como eu trouxera aquele funcho imenso da fazenda do passeio escolar das crianças, com todos os talos de meio metro junto, precisava dar cabo deles. Separara as folhas para pesto, e picara todos os talos e congelara, primeiro com intenção de fazer uma sopa. Mas então me veio a ideia de fazer um risotto de funcho usando apenas as partes descartadas. 

Comecei refogando cebola em meias-luas finas e o funcho em manteiga e azeite, devagar, em fogo médio, até começar a dourar. Quando isso acontecia, juntava uma colher de água e misturava energicamente, raspando o fundo da panela com a colher de pau e então largando para dourar de novo e repetindo o processo até os legumes ficarem macios a ponto de desmancharem e deliciosamente caramelizados. Nesse ponto, adicionei mais azeite e e então entrei com o arroz arbóreo para começar o processo normal do risotto, usando caldo caseiro. (Meu caldo tem cascas de cebola, então ele tinge tudo de um âmbar intenso.) Risotto pronto, com manteiga e queijo, polvilhei folhas de erva-doce e salsinha e servi. Delicioso. 

O que aprendemos de novo, amiguinhos? Não descarte os talos da erva-doce.(Aliás, li também que os talos de erva-doce podem ser usados exatamente com o salsão. Andei fazendo essa troca em receitas que pedem salsão, e o resultado é excelente e nem se sente a diferença. Fica a dica.)


Na quinta-feira eu planejara fazer ragù, pois não havia nada a não ser o cachorro para me tirar de casa, e ragù bolognese é um compromisso de dia todo aqui em casa. A receita que uso é a de Marcella Hazan, que sempre faço em dobro para congelar e sempre faço a versão que também leva carne de porco (ela diz pra substituir até 1/3 da carne por porco, mas já usei até meio a meio e fica ÓTIMO). O cozimento lento e extenso torna o molho de carne cremoso e sensacional.

É uma lindeza esse ragù.
Na sexta é sempre dia de pizza, e aqui andei voltando para minha massa tradicional, substituindo metade da farinha branca por farinha integral. Ninguém em casa notou a farinha integral na massa, mas todos preferiram essa versão, que ficou mais saborosa.

Eu tinha um pacote de linguiças do fim de semana anterior, e resolvi abri-lo e usar uma delas para essa pizza de... erva doce. Dá pra ver que tinha erva doce pra burro em casa, não? A massa foi com molho de tomate, linguiça sem a pele, esmilgalhada, e fatias finas de funcho temperadas com sal e azeite para o forno alto por doze minutos, então coberta de mozzarela e assada por mais oito minutos até o queijo derreter e a massa dourar. Um absurdo de bom!


Um outro momento de reaproveitamento foi quando resolvi pegar as cascas de todas as abóboras que usara durante o mês de outubro (menos as do Halloween, que apodrecem), e que deixara congeladas, e cozinhar em água até amolecerem. Escorri bem, reservando a água cor-de-laranja, e bati as cascas macias no processador até obter um purê liso e espesso. Esse purê usei para preparar um bolo de abóbora que as crianças levaram de lanche da escola a semana toda. Não gostei muito da receita que escolhi, no entanto. O bolo não assou no tempo certo e as especiarias ficaram muito tímidas. Mas sempre dá pra pegar uma fatia de bolo sem graça e dourar na manteiga na frigideira, caramelizando seus açúcares e trazendo à tona uma textura mais interessante. Nham!

A água do cozimento das cascas usei para preparar um simples arroz, cujas cebolas também refoguei com sálvia. O arroz ficou ligeiramente alaranjado, adocicado e delicioso. Terminei com o funcho e com as beterrabas nessa salada simples com laranja, e, como eu tivesse ainda um pouco de maionese que eu preparara aquela semana, resolvi fazer um clássico simplérrimo: Oeuf Mayo. Ovos cozidos com maionese. Só isso.


SNACK DA NOITE

Lembra que eu disse que eu janto cedo? As fotos ali em cima foram tiradas entre 5h30 e 6h30, dependendo do ritmo pós-escola. Dá bem pra ver como nossos jantares antes eram feitos com luz do sol entrando pela janela e agora apenas com a luz do abajur, pois o sol agora, às 5 da tarde, já foi embora e é noite fechada. 

O que acontece quando você janta às seis da tarde e vai dormir às dez da noite? Você tem fome. E é por saber disso que eu SEMPRE deixo para comer sobremesa no fim do dia, de snack. Sempre que tem alguma sobremesa, as crianças comem logo em seguida ao jantar e já correm para escovar os dentes e brincar ou encerrar o dia, pois vão para a cama entre 7h30 e 8h. Eu nunca como doce junto com eles, pois sei que mesmo que esteja satisfeita, o hábito vai me fazer buscar comida lá pelas nove da noite. Nove da noite é minha hora do doce. 

A abóbora de Halloween que Thomas trouxe da fazenda no passeio da escola virou torta a pedido dele. Deliciosa. Receita de Dorie Greenspan.

O miolo dessa abóbora virou recheio da torta aí embaixo.

 

Mas quase sempre a sobremesa por aqui é sorvete. Por causa das crianças? Não, por causa do marido, que pergunta toda noite depois do jantar: "tem sorvete?" Esse de baunilha que é o grande favorito da casa e o grande responsável pelo meu estoque sem fim de claras de ovos (ainda que essa receita use poucas gemas, comparada a outros).  Acompanhou um frozen yogurt de café de David Lebovitz, maravilhoso, mas a pior sobremesa do mundo para se comer às nove da noite, pois leva uma quantidade avassaladora de espresso. Também não recomendo sorvete de cafè para duas crianças. Tá? Só não. Experiência própria. De qualquer forma, me refestelei de sorvete de baunilha e sorvete de café, polvilhado com cacau em pó, quase lembrando um tiramisù. (Aliás, se você for comprar uma máquina de sorvete, recomendo a da Cuisinart. A mais barata das novas versões dela, só com botão de liga e desliga. Achei que os sorvetes ficam imensamente mais cremosos do que com minha antiga da Hamilton Beach.)

MEU SORVETE DE BAUNILHA PREFERIDO, que eu acho que já postei aqui, mas não custa colocar de novo.
(ligeiramente adaptado do livro Twelve, de Tessa Kiros)

Ingredientes:
  • 750ml de leite integral
  • 250ml creme de leite fresco
  • 4 gemas grandes
  • 200g açúcar
  • 1 colh. (chá) extrato de baunilha
  • 1 pitada de sal

Preparo:
  1. Numa tigela, misture com um fouet as gemas e o açúcar até que fiquem claras e fofas. Enquanto isso, aqueça o leite e o creme até quase o ponto de fervura. 
  2. Junte uma concha do leite quente às gemas, mexendo rapidamente para que as gemas não cozinhem. Repita o processo mais duas vezes e então junte o restante do leite quente, misturando bem com o fouet. 
  3. Transfira de volta para a panela e leve ao fogo médio-baixo, mexendo sempre com uma colher de pau ou espátula, fazendo um 8 no fundo da panela, até que a mistura engrosse o bastante para que você passe o dedo nas costas da colher e o rastro se mantenha, sem que o creme escorra. NÃO DEIXE QUE FERVA EM MOMENTO NENHUM, ou o creme vai talhar e arruinar a textura do sorvete. O processo pode demorar até uns dez minutos, dependendo da panela e da intensidade do fogo. 
  4. Remova imediatamente do fogo, e passe por uma peneira para uma tigela limpa, para remover qualquer pedaço de ovo que possa ter coagulado. Num mundo ideal, a peneira não vai pegar nada. 
  5. Junte o sal e a baunilha e continue mexendo a mistura na tigela até que o vapor pare de sair. Alternativamente, você pode colocar a tigela sobre uma maior com água e gelo para resfriar mais rápido, mas como minhas tigelas são de vidro, tenho medo que trinquem, então não faço isso. 
  6. Leve o creme à geladeira, sem nenhuma tampa (você não quer nenhum vapor condensando e pingando de volta no creme, para virar gelo depois). Resfrie durante a noite e coloque na sorveteira no dia seguinte, seguindo as instruções do fabricante. 


Quando não tem sobremesa nenhuma na casa, o que às vezes acontece, normalmente apelo para uma maçã com manteiga de amendoim, algum legume cru com hommus, ou, se é para ser brutalmente honesta, algum salgadinho que o marido abriu para acompanhar uma cerveja de fim de dia. Porque eu adoro salsão com hommus, só que cerveja pede porcaria. Quando ainda quero parecer virtuosa, abro um avocado e preparo um guacamole rapidinho para acompanhar tortilla chips. Senão, um punhadinho de Cheezes (pense um Cheetos canadense BEM crocante e feito com cheddar, mas que não deixa pózinho radioativo grudado no dedo) vai muito bem com a cervejinha, que via de regra é consumida só de fim de semana. Mas regras foram feitas para serem quebradas, né? 

E esse é o fim de uma semana e uns quebrados de refeições razoavelmente típicas aqui de casa. Vou dormir lá pelas dez e meia da noite, depois de um último passeio com o cão, e começa um novo dia de torradas e iogurtes com fruta e cappcuccino, e chás e jantares repletos de legumes e partes estranhas de vegetais. :)

Cozinhe isso também!

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