segunda-feira, 17 de novembro de 2008

Os favoritos (por enquanto)


Não costumo participar de eventos de blogs, e não quero que ninguém me leve a mal por isso. Já pensei muito a respeito, e concluí que não conseguiria dar conta de todos os desafios (ou ao menos não daria conta de comer os frutos dos mesmos), e, quase sempre, quando chegam em mim os memes e afins, ou não tenho mais a quem repassar, pois todos que conheço já participaram, ou não sinto identificação com o tema do mesmo. De vez em quando, porém, aparecem alguns aos quais não consigo resistir. Como o que Suzana me passou.

Três livros favoritos?

Há dias estou pensando a respeito. Seria mais fácil se fossem de literatura, uma vez que acredito que meus favoritos sejam praticamente hors concours. Livros de cozinha são mais complicados. Hoje tenho exatamente 66 livros de culinária. E a coleção só tende a crescer. Meus favoritos de três anos atrás eram completamente diferentes dos de hoje. Alguns são meus prediletos porque os uso com muita freqüência, porque já fiz a maioria de suas receitas. Outros, porque me trazem boas lembranças, e por isso adoro folheá-los. Outros ainda parecem ser a representação de algo maior que quero para mim, e são meus favoritos mesmo sem ter cozinhado nem três pratos deles. Como, então, escolher? Usei o critério mais simples de todos: "se fosse para uma ilha deserta, que livros você levaria?"

CULINÁRIA ITÁLIA
Apaixonei-me pelo livro ao folheá-lo pela primeira vez e encontrar nele uma fotografia de página dupla da Peck, uma loja de queijos e frios em Milão onde comprara meio quilo de gorgonzola para meu marido, então namorado. Adoro sentar-me no sofá com o enorme livro no colo e passear por suas páginas, lembrando os lugares que vi e aqueles que gostaria de ter visto. Suas receitas são tradicionais e bastante pé-no-chão, sem "interpretações" modernas do que é a cozinha italiana. Boa parte de minhas receitas favoritas vêm dele, como o sorvete, o tiramisù, o pizzoccheri, catalogne racanate, aragosta al forno, frico, zaleti, radicchio di treviso al forno, asparagi alla milanese, condijun, erbazzone reggiano, pecorino con i bacelli, gnocchi di semolino alla romana...

DOUGH, de Richard Bertinet
Depois de assistir a um vídeo de Richard Bertinet fazendo pão, é impossível uma pessoa não se apaixonar por ele e pela arte da panificação. A naturalidade com que ele lida com a massa faz você perder o medo e nunca mais pensar em pão de forma industrializado na sua vida. Até mesmo meu marido, que quase nunca entra na cozinha, ficou fascinado com a simplicidade com que Bertinet faz seus pães. "Dá pra ver que o cara gosta MUITO do que ele faz", disse ele. Seu livro e sua técnica mudaram minha forma de fazer pães para sempre. Seu pan de mie já virou favorito aqui em casa, e nunca mais tentei fazer nenhum outro pão de forma depois dele.

COUNTRY COOKING OF FRANCE, de Anne Willan
Já haviam me perguntado a respeito de bons livros de culinária francesa, e eu não soubera o que responder, uma vez que meu único livro de cozinha francesa era o pequenino e delicioso La Cuisine Paysanne, sensacional, mas... bem... em francês e muito regional. Apesar do livro ser bastante novo aqui em casa, ele se tornou um de meus favoritos assim que o abri pela primeira vez. Absolutamente recheado de maravilhosas fotografias, e repleto de receitas tradicionais e perfeitas para o dia-a-dia, tornou-se rapidamente um de meus livros de cabeceira. O papeton d' aubergines foi um sucesso tão grande que sequer pude fotografá-lo. A salada niçoise tornou-se minha favorita dentre todas as saladas niçoises que já comi. E não vejo a hora de preparar todo o resto.

Adoraria saber, então, quais são os três livros favoritos das seguintes pessoas:

Patrícia, Technicolor Kitchen
Vitor, Prato Fundo
Leandro, Cozinha Pequena
Glau, Madames na Cozinha
Fabrícia, Sopa Vermelha

domingo, 16 de novembro de 2008

PADARIA DE DOMINGO 27: pão meio que de mandioca

Acordo no sábado, tomo meu café, e me vejo mais uma vez em pé em minha cozinha pequena, olhando para as duas prateleiras que chamo de despensa. A batedeira está na tomada, com o gancho de pão à espera, e ainda não sei exatamente o que fazer. Vejo um pote com farinha de trigo, um de farinha integral e um terceiro de farinha de milho. E nenhuma inspiração. Começo a dedilhar sobre meus temperos, tirando-os do lugar, olhando para ingredientes que ainda não usei em pães. Então me deparo com um pacote de farinha de mandioca que comprara para fazer farofa, e sinto um comichão no alto da nuca, uma coceirinha na parte de trás do cérebro, uma sensação incômoda de inquietude até que... hnnnnnnf! Idéia!

Pão de mandioca! Com farinha de mandioca ao invés de mandioca cozida!

Parecia fantástico na teoria, até apanhar o pacote e me dar conta de que mandioca não tinha glúten. Nenhum. Hunf! Mas então a idéia já se afixara em meu cérebro: queria pão de mandioca, mas não sairia para comprar mandioca nenhuma.

Resultado? Decidi que a farinha de mandioca entraria mais como um aspecto aromático, como com o pão de linhaça, do que como ingrediente principal. Na hora de medir as farinhas, acabei resolvendo fazê-lo parcialmente integral, mas me arrependo um pouco da decisão, uma vez que a farinha integral mascarou um pouco o gosto da farinha de mandioca. Ainda assim é um pão interessante. Se você resolver fazê-lo sem a farinha integral, diminua a água para 250ml.

Deve-se apenas atentar ao fato de que, no calorão que anda fazendo, não é preciso pré-aquecer o forno com muita antecedência. E é preferível apenas cobrir o pão com um pano de prato ligeiramente úmido, ao invés de cobrir a tigela com filme plástico. Isso porque o calor excessivo pode fazer o pão crescer rápido demais e prejudicar a textura.

PÃO MEIO QUE DE MANDIOCA
Tempo de preparo: 2h30
Rendimento: 1 pão de 500g


Ingredientes:
  • 240g farinha de trigo para pães
  • 110g farinha de trigo integral
  • 55g farinha de mandioca
  • 9g sal
  • 9g açúcar mascavo
  • 10g fermento ativo fresco
  • 290ml água
Preparo:
  1. Numa tigela, misture as farinhas e o açúcar. Coloque o fermento e esfregue com as pontas dos dedos até fazê-lo sumir na farinha. Junte o sal e a água, misture bem e sove por uns 10 minutos (ou 10 minutos em velocidade 2 na batedeira com gancho). Cubra com um pano e deixe fermentar até que dobre de volume e a massa não volte quando você apertar ligeiramente seu dedo sobre ela.
  2. Devolva a massa para uma superfície ligeiramente enfarinhada e forme uma bola. Deixe descansar por 5 minutos. Então abra-a como um retângulo. Como quem faz um aviãozinho de papel, dobre uma aba em direção ao centro, apertando bem, repita com o outro lado e depois dobre uma aba sobre a outra, apertando bem. Role sob as palmas para terminar de dar o formato e coloque em uma assadeira enfarinhada, cobrindo com um pano e deixando fermentar por mais meia hora, ou até que dobre de volume e, ao apertar ligeiramente o dedo, a massa volte devagar.
  3. Com uma tesoura, faça picotes na superfície (ou cortes com uma faca afiada). Pincele com água e leve ao forno pré-aquecido a 220ºC por meia hora, ou até que esteja dourado e produza um som oco ao bater os nós dos dedos na base.

Cozinhe isso também!

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