quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Feijão fradinho com espinafre, tomate e música porqueira


Detesto Black Eyed Peas. [Pronto! Você que é fã de Black Eyed Peas já pode preparar seu hate mail, vai, use toda a sua maldade, sem dó.] Outro dia mesmo tive uma discussão acalorada com um amigo sobre porque o Will.I.Am é um excelente marqueteiro, mas um músico... nhé. Foi uma sacada genial trazer uma loira vistosa para dar uma graça a uma banda de marmanjos sem destaque nenhum, e acho fantástico como eles conseguem gerar exposição na mídia que demonstra como eles são legais, mas que distrai da qualidade de sua música. [Vide o flash mob na Oprah, que é tão legal, mas tão legal, que você não presta atenção no fato de a música ser fraquinha.]

O caso é que sempre que ouço ou vejo Black Eyed Peas, lembro dos feijões, tão gostosos. E sempre que vejo os feijões, lembro das magníficas contribuições culturais que são Pump It e My Humps. Pontos para o fator chiclete, que faz com que cozinhemos feijões fradinho cantando qualquer uma das duas pérolas sem nem mesmo nos darmos conta.

Pelo menos esses "black eyed peas" eu consigo engolir. Os feijões fradinho com espinafre, tomates, cebola e limão do lindíssimo livro da Tessa Kiros, que até ilustrações já me inspirou, são absolutamente deliciosos, e obrigatórios agora que os maços de espinafre estão lindíssimos e saborosos e que os BONS tomates estão começando a voltar.

Deixe os feijões de molho de um dia para o outro, escorra e coloque numa panela, cobertos com água. Quando ferver, retire a espuma que se formar com uma escumadeira, escorra, lave os feijões, e volte-os à panela cobertos de água limpa, e cozinhe-os destampados até que estejam prontos, mas não desmanchando. O livro indicava 1 hora, mas os meus ficaram prontos em 30 minutos. Quando eles estiverem quase prontos, junte belos punhados de folhas de espinafre rasgadas, tempere com sal e cozinhe por uns 3 minutos. Desligue o fogo e sirva com tomates picadinhos, uma cebola picadinha previamente marinada em água e sal por meia hora e então escorrida, limão para espremer, salsinha picada e um fio de azeite.

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Ceviche de tilápia e tortillas de milho

Tudo corrido. Tudo muito corrido. Foi parar cinco minutos e abrir o tubo de tinta acrílica para um projeto pessoal, que pronto: entra trabalho novo. Bem... graças a Deus, certo? Trabalho é sempre bem-vindo. Nesta semana, no entanto, faltou-me paciência para fotografar os poucos pratos que cozinhei e os poucos fotografados não me inspiraram texto nenhum. Então hoje, enquanto espero um cliente responder-me sobre um trabalho, plim! Inspiração. Para cozinhar e para escrever.

Quem lê minhas bobagens há tempos sabe da saga do peixe de supermercado, do "fishy fish", do excesso de açougues mas ausência inexplicável de peixarias no meu bairro, da descoberta de uma boa peixaria que entrega em casa e, enfim, da quantidade enorme de peixes que consumi durante os meses de dieta, confundindo badejo com robalo e por aí vai. Muitos de vocês (principalmente os que moram nas redondezas) me aconselharam a comprar peixe na feira. Mas eu tinha um enorme pé atrás pela experiência negativa de minha mãe, tendo comprado peixe com gosto de iodo, e por não saber qual banca escolher. Eu me arrisco com alfaces, mas não com frutos do mar.

Então conheci em minha aula de aquarela Ludivine, uma moça francesa, pequenina e muito simpática, que, por acaso, mora aqui do lado. Conversa vai, conversa vem, comida aqui, comida ali, entramos no mérito dos peixes e ela me diz que costumava comprar na mesma peixaria que eu, mas que agora mudara para uma banca da feira do bairro, muito boa e que entrega em casa. Ah! Uma indicação específica, com nomes e tudo o mais! Agora sim.

Ontem fiquei contentinha, olhando os peixes inteiros ali esparramados no gelo, e pensando "olá, dona Tilápia! Não sabia que você era dessa cor! Oi, senhor Bacalhau Fresco. Será que o senhor é aquele mesmo black cod que comi em San Francisco? Muito prazer, senhora Corvina." Como havia levado pouco dinheiro, escolhi duas tilápias, pedi que filetassem para mim e levei para casa, feliz e contente.

Talvez tenha sido o bar da noite anterior. Mas hoje acordei com uma vontade imensa de comer ceviche. Olhei para o peixe na geladeira. Ceviche de tilápia? Será que fica bom? A tilápia não é um "fishy fish", então deve ficar bem suave. Hmmm...

Eu sei que na última vez que coloquei um ceviche aqui foi uma polêmica só. Pior que isso, acho que só quando fiz a piada dos alemães com as batatas e os repolhos. O que foi lindo, porque quem fez a receita chamou de "ceviche" foi Gordon Ramsay, e quem tomou bordoada fui eu... :P

O caso é... todo episódio de Top Chef tem pelo menos um ceviche sendo feito, e, assim como aconteceu com outros pratos típicos da culinária mundial, a palavra "ceviche" acabou virando sinônimo de "peixe cru cozido em suco de frutas cítricas". E a partir daí a imaginação é o limite. Ou seja, a intenção não é fazer nada autêntico de lugar nenhum. Apenas tentei me lembrar dos gostos e cores dos ceviches que já comi na vida e fiz o que tinha vontade de fazer.

Está claro?

No hate mail?

Ok.

Continuando.

Cortei dois filés de tilápia em pedaços de uns 2cm, e misturei em uma tigela a um punhado de salsinha picada [queria usar coentro, mas não tinha], 1/4 cebola roxa fatiada bem fininho, meia pimenta ardida, um dente de alho e uma cenoura pequena picados bem miudinho, suco de 3 limões [os danados estavam secos de doer], um fio generoso de azeite e sal e pimenta-do-reino a gosto. Misturei e deixei marinando.

Enquanto isso, tive um siricotico e decidi que não seguiria com meus planos originais de comer o peixe acompanhado de brócolis e cevadinha. Neh. Então, rapidamente preparei tortillas de milho, desta vez abrindo-as com mais facilidade ao imitar uma prensa de tortillas ao pressionar a bola de massa bem enfarinhada com uma frigideira pesada e de base lisa (sem reentrâncias e desenhos). Não ficaram tão finas quanto ao abri-las com rolo, mas o processo economizou um tempo incrível, e quando o peixe estava no ponto, eu tinha tortillas quentinhas e quebradiças na mesa e um vidro de Tabasco me esperando.

Cozinhe isso também!

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