Mostrando postagens com marcador queijos. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador queijos. Mostrar todas as postagens

domingo, 30 de novembro de 2008

PADARIA DE DOMINGO 28: Pão de leite


Um dia, ah! um dia eu alcanço meu sonho de auto-suficiência.

Minhas neuroses não são à toa. Elas vêm de algum lugar. Quando era criança, tínhamos uma chácara no interior de São Paulo. Lá meu pai exercitava seu lado "a sociedade que se lasque, eu me viro sozinho", e colocava a mão na massa para construir um lugar onde não precisássemos de nada nem ninguém de fora. Tudo o que ele fez, dos terraços no terreno em declive, à plantação das parreiras e do milharal, passando pelo galinheiro amplo, foi feito seguindo uma coleção de livros da época, que tinha como subtítulo, se não me engano, "guia da auto-suficiência".

De fato, aqueles livros ensinavam de tudo: da construção de um forno de pizza à criação de cavalos puro-sangue. Mas o que mais me encantava naquelas páginas eram as ilustrações. Passava minhas tardes, quando não estava brincando por aí, sentada na varanda da pequena casa da chácara, bebendo chá de erva-cidreira gelado e folheando os livros. Ficava fascinada (tanto quanto uma criança de 9 anos pode ficar) com tanta informação: eu podia criar minhocas; podia construir um poço; podia plantar lichias; fazer meu próprio requeijão.

Aos poucos, o bicho do "faça você mesmo" incutido por meu pai foi pegando, pegando, pegando... e hoje posso dizer que ele está confortavelmente instalado em mim. Praticamente construindo um condomínio na minha cabeça e criando netos.


Fazer pão, iogurte e sorvete toda semana já virou um hábito e satisfez meu ímpeto "deixa que eu faço" por algum tempo. Agora quero mais. Quero fazer manteiga, geléia, moer minha própria polenta, quero fazer queijo! Por isso, quando vi um post antigo (com receita) do From my home to yours sobre queijo cottage caseiro, fiquei alucinada. Além de alimentar minha loucura, posso ainda usar a desculpa da economia no supermercado, uma vez que como queijo cottage todo dia no café da manhã.

Achei incrivelmente fácil, e o queijo fica muito gostoso. No entanto, meu queijo não formou as pelotinhas maiores, típicas do cottage. Sua textura ficou muito mais para ricotta. Sem problemas: adoro ricotta, e vou continuar fazendo queijinho em casa, sim, senhora. Esse cottage/ricotta ficou ótimo com o pãozinho de leite e azeite da semana, tostadinho na torradeira...

PÃO DE LEITE E AZEITE (adaptado do livro Professional Baking)
Tempo de preparo: 2h30
Rendimento: 1 pão grande
Ingredientes:
  • 400g farinha de trigo para pães
  • 40g cristal açúcar orgânico
  • 8g sal
  • 12g fermento ativo fresco
  • 1 ovo
  • 200ml de leite integral
  • 30g azeite extra-virgem
  • 6g extrato de malte
  • 1 ovo para pincelar
Preparo:
  1. Esfregue o fermento entre os dedos, junto com a farinha, até que ele esteja bem esmigalhado. Junte o restante dos ingredientes e mexa com uma colher até começar a formar uma massa. Sove por cerca de 10 minutos, evitando acrescentar mais farinha. A massa é grudenta.
  2. Forme uma bola e deixe fermentando em local morno (25ºC) por 1 hora a 1 hora e meia.
  3. Devolva a massa fermentada para uma superfície ligeiramente enfarinhada e abra-a como um retângulo, amassando-a para retirar-lhe o ar. Dobre um lado em direção ao meio, como quem faz um avião de papel, repita com o outro lado e dobre uma aba sobre a outra, sempre selando bem as bordas. Role a massa sob as palmas das mãos para arredondá-la e dar-lhe o comprimento desejado. Coloque o pão em uma assadeira polvilhada com farinha de milho, cubra com um pano e deixe fermentar novamente, por cerca de meia hora.
  4. Pincele com o ovo e faça um talho com uma faca afiada. Leve ao forno pré-aquecido a 220ºC até que esteja bem dourado e emita um som oco ao bater-lhe em baixo com os nós dos dedos.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Quiche de beringela e cogumelos: o fim da maldição da mão do cozinheiro louco

Definitivamente a maldição da mão do cozinheiro louco se foi junto com o último trabalho entregue. Foi o rapaz da gráfica retirar o CD com os arquivos para que eu imediatamente tivesse vontade de cozinhar.

Como a balança estivesse quebrada, abdiquei de minha receita tradicional de pâte brisée e usei uma outra, medida por volume, da revista Blue Cooking, que ainda não experimentara. Ao contrário da que costumo usar, a massa é enriquecida com gema de ovo e aromatizada com ervas frescas (alecrim, no meu caso). Nunca havia usado a pá da batedeira para misturar a massa, e achei interessante ver como de fato funciona, se para você for muito enfadonho ficar esfregando manteiga e farinha entre os dedos. Mas a verdade é que prefiro o método manual, pois resta menos tranqueira suja na pia.

De qualquer forma, a massa ficou bastante leve e flocosa, diferente da maior parte das massas enriquecidas que já experimentara (razão pela qual me atenho à receita básica manteiga-farinha-água).

Como vou viajar na semana que vem e sei que Allex não cortará uma única cebola durante o período, achei pertinente usar tudo o que tenho na geladeira para que eu não volte após 15 dias e encontre toda uma nova civilização desenvolvida dentro da gaveta de legumes. Apanhei uma pequena beringela e meia bandeja de cogumelos de Paris frescos e refoguei-os em alho. Cobri-os com leite, ovos e queijo Gruyère e o resultado foi um quiche perfumado e "carnudo", uma daquelas "receitas de sobras" que garante lugar na minha lista de "a ser repetido".

QUICHE DE BERINGELA E COGUMELOS EM MASSA DE ALECRIM
(Massa retirada da revista Blue Cooking, edição nº 14, Abril de 2007)
Tempo de preparo: 2 horas
Rendimento: 4 -6 pessoas


Ingredientes:
(massa)
  • 1 3/4 xíc. de farinha de trigo
  • 1/4 colh. (chá) de sal
  • 2 colh. (sopa) de alecrim fresco picado
  • 9 colh. (sopa) de manteiga sem sal gelada
  • 3 colh. (sopa) água gelada
  • 1 gema
(recheio)
  • 1 beringela pequena orgânica (cerca de 10-15cm)
  • 150g de cogumelos de Paris frescos
  • 1 dente de alho grande
  • 1 colh. (sopa) de azeite
  • 1 colh. (sopa) de manteiga
  • 3 ovos extra-grandes orgânicos
  • 3/4 xíc. de leite integral
  • 150g de queijo Gruyère ralado grosso
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
Preparo:
  1. Misture a farinha, o sal e o alecrim em uma tigela. Junte a manteiga em pedaços e esfregue com as pontas dos dedos até obter uma farofa grossa. Misture a gema à água e junte à farofa, mexendo com um garfo até começar a formar uma massa. Vá juntando a massa em uma bola aos tapinhas, sovando o menos possível. Embrulhe em filme plástico e leve à geladeira por meia hora.
  2. Enquanto isso, corte a beringela ao meio no sentido de comprimento, corte novamente, e depois fatie em pedaços "triangulares" de cerca de 0,5cm de espessura. Fatie fino os cogumelos frescos e o dente de alho.
  3. Doure ligeiramente o alho no azeite, apenas para liberar o perfume. Junte a beringela e refogue até começar a amaciar, em fogo médio-baixo. A beringela absorverá todo o azeite. Não junte mais. Acrescente os cogumelos fatiados e tempere com um pouco de sal e pimenta. Quando a beringela estiver cozida, mas não desmanchando, junte a manteiga e misture bem, desligando o fogo assim que ela tiver derretido.
  4. Abra a massa sobre uma forma de quiche de 21-23cm de diâmetro, cubra com papel alumínio e feijões e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 15 minutos. Retire o papel e os feijões e asse por mais 10 minutos.
  5. Espalhe a beringela e os cogumelos sobre a massa semi-assada. Misture em uma tigela os ovos, o leite, o queijo e um pouco de sal e pimenta, e derrame a misture na massa. Leve ao forno por mais 20-30 minutos, até que o recheio esteja firme e a superfície ligeiramente dourada.

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Quem tem pressa come risotto

Entre trabalhos e pepinos, minha vida anda mais ocupada que a agenda do Papa. Fenômeno estranho para mim, que sempre gostei do ritmo sossegado dos meus dias, em que podia usar as manhãs para assuntos pessoais e apenas a parte da tarde para de fato ligar o computador. Desde o início do ano, no entanto, sinto que não parei. Por isso o alívio em saber que dentro em breve estarei de férias: minhas primeiras férias desde a viagem para a Itália, em 2004. Quem disse que vida de freelancer é fácil?

Em meio à finalização de uns abacaxis que não terminavam nunca e outros trabalhos com prazos para lá de estourados, tive ainda de encaixar as idas ao escritório de minha irmã para imprimir materiais (uma vez que minha impressora quebrou e não consigo tempo para mandá-la à assistência técnica), favores ao marido ocupado que queria vender o baixo, atenções à família, três passeios diários com o cão, e algumas idas ao consulado italiano para resolver problemas de documentos da cidadania de minha cunhada, residente na Itália. Vão surgindo outros orçamentos, outros compromissos, inclusive ótimas novidades, mas simplesmente não sei como darei conta de tudo. Conto os dias para minha viagem, para poder me afastar um pouco de meu quotidiano e respirar, enfim. [Coisa que aprendi com o tempo: para quem trabalha em casa, férias só são férias se você SAIR de casa.] A sensação de, no entanto, ir riscando da lista as tarefas realizadas é boa, muito boa. Trabalho número 1 entregue, trabalho número 2 entregue, nota-fiscal enviada, documentos enviados à Itália, contas pagas, pagamento recebido, balanço do mês feito, roteiro de viagem fechado, cão passeado, cão passeado de novo e de novo, café com mãe tomado, favores feitos, baixo vendido, orçamento passado, jantar... jantar?


Jantar...?


Sabia que eu estava esquecendo alguma coisa... F*ck.

Abro a geladeira para ver que matéria-prima tenho à disposição e lembro-me de uma receita x do livro y. A receita é, porém, precisa, e suas medidas estão todas por peso, e minha balança continua e continuará quebrada, até que eu tenha tempo de procurar uma nova (pois a Black & Decker não conserta a balança quebrada, não manda nem para assistência; o máximo que ela faz é vender uma nova por preço de custo, o que eu acho o absurdo dos absurdos, nesses tempos em que "descartável" é palavrão).

Lembrando-me dos últimos dois desastres bolísticos da semana (um bolo de maçãs e um de mel com passas que foram do forno para o lixo) achei melhor ater-me ao que sei fazer melhor. Larguei a receita firulenta e tratei logo de criar um risotto, pois se por um lado minha experiência com doces me ensina a seguir minuciosamente os passos e medidas de uma receita, por outro sei que risotti são meus melhores amigos, e não há nenhum prato com o qual me sinta mais confortável, e que me dê mais liberdade para criar.

Refoguei uma cebola e dois talos de salsão muito bem picados em um pouco de azeite, juntando 1 xícara de arroz arbóreo e um punhado de ervilhas tortas fatiadas fino, seguindo com o cozimento normal, com caldo de legumes (quando não tenho caldo caseiro, uso um italiano, em pó, que não tem glutamato monossódico nem conservantes). No meio do cozimento, juntei o restante das ervilhas, inteiras, com seu filamento retirado, e prossegui, até que o arroz e as ervilhas estivessem no ponto. Desliguei o fogo, polvilhei um punhado generosíssimo de parmesão ralado na hora, um naco grande de manteiga, pimenta-do-reino, 1 colher (sopa) de mostarda de Dijon com pimenta verde, e cerca de 1/4 de xícara de queijo Brie picado. Misturei, cobri e deixei descansar por 5 minutos. Na hora de servir, cobri o risotto com fatias bem finas de Brie.

domingo, 24 de fevereiro de 2008

Torta "Fui ver Waitress e fiquei morrendo de vontade de fazer torta"

Ontem finalmente consegui ver o filme Waitress, e tive, provavelmente, a mesma reação que todos os outros expectadores: corri para casa e fiz uma torta.

Há pontos positivos e negativos nessa receita inventada à la Jenna. Por um lado, os sabores realmente funcionaram (e não havia por que ser diferente). Por outro, a pressa e a distração quase puseram a torta a perder.

Havia pêras orgânicas na geladeira e um pote de mascarpone pela metade, e imediatamente soube que queria uma torta feita dessa mistura. Descasquei três pêras pequenas, retirei seus miolos e cozinhei-as em fogo baixo em 625ml de água e 150g de açúcar cristal orgânico, até que estivessem macias. Este é o primeiro ponto negativo: tive tanto medo de que as pêras desmanchassem, que não as cozinhei o suficiente, e elas ficaram mais firmes do que eu pretendia. Deixei que elas esfriassem no xarope enquanto preparava a massa.

Esta, por sua vez, foi tirada ipsis literis do livro Jamie At Home, com a única substituição de raspas de limão por noz-moscada. Adianto desde já que não gostei do resultado. Estou acostumada a produzir massas de torta muito leves e flocosas, e esta ficou dura como um biscoito, o que não era meu objetivo quando imaginei essa torta suave e macia. De qualquer forma, fiz metade da receita do livro e forrei com 2/3 da massa (o resto foi para o freezer) uma forma de 21cm. Assei-a no forno a 180ºC, forrada com papel alumínio e feijões por 15 minutos e depois terminei de dourá-la, sem os feijões e o papel, por mais 10 minutos. Retirei-a da forma e deixei que esfriasse sobre uma grade, para que eu aplicasse o recheio.

Em uma tigela, misturei a cerca de 150g de mascarpone 3 colh. (sopa) de açúcar baunilhado, 2 colh. (chá) de aguardente de pera, 1 colh. (chá) de leite e uma pitada de noz-moscada, até que o creme ficasse homogêneo e acetinado. Apliquei essa mistura sobre o fundo da torta fria, espalhando bem. Então fatiei as pêras e as dispus de forma um pouco displicente sobre o mascarpone.

Aí entra a distração que causou o erro no julgamento. A torta estava pronta, e poderia ir à geladeira ou à mesa. No entanto, eu não estava satisfeita com o aspecto pálido das frutas, e queria que elas tivessem as pontas mais coradas. Se tivesse um maçarico e boa pontaria, teria resolvido isso rapidamente, carmelizando apenas as pêras e deixando o creme (que jazia por baixo das fatias de fruta, devidamente escondido e protegido) intacto. No entanto, polvilhei açúcar por cima e coloquei a torta sob o grill do forno, apenas para me dar conta de que as pêras jamais caramelizariam sob o grill tão rapidamente a ponto de não interferir na textura do creme, pelo simples fato de terem sido cozidas, e precisarem de tempo para perder toda a água absorvida até que só restasse o açúcar a ser queimado. Além disso, esqueci-me do fato de que a equação fruta+açúcar+calor geraria um xarope indesejado, que tornaria o queijo aguado. A mistura do queijo, antes firme, de repente não suportava mais o peso das frutas, que afundaram, colocando a perder a minha trabalheira de tentar construir alguma forma geométrica visualmente agradável com três pêras de formatos tão variados.

Na hora de servir, fiquei decepcionada com justamente esses atributos, mas só hoje, depois de uma noite na geladeira, seu sabor suplantou seus defeitos e me arrependi de ter falado tão mal dela ontem ao meu convidado.

É uma torta a ser repetida com certeza, mas com pêras muito bem cozidas, sem a parte do grill e com uma massa melhor.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Mac & Cheese my way



De vez em quando tudo o que uma pessoa pode querer é macarrão com queijo. Muito queijo. Apanhei minha maior travessa e despejei-lhe 400g de rigatoni cozido até 80% do tempo da embalagem, depois de passá-lo embaixo da água fria para evitar que passasse do ponto. Misturei à massa cerca de 500ml de molho branco que fiz derretendo duas colheres de manteiga, dourando nela ligeiramente uma colherinha de orégano seco e um dente de alho descascado inteiro, antes de acrescentar uma colher de farinha e prosseguir com o molho normalmente, juntando os 500ml de leite integral quente, aos poucos. Antes ainda de misturá-lo ao rigatoni, derreti no molho quase 2 xícaras de parmesão ralado grosso e uma colher do queijo Melba que havia na geladeira, junto com uma colherinha de cebolinha picada. Temperei com noz-moscada, sal e pimenta-do-reino moída na hora. Polvilhei mais um punhado generoso de parmesão por cima e levei ao forno pré-aquecido a 200ºC por 10 minutos. Liguei o grill e deixei que ele finalizasse o prato, tornando a superfície dourada e crocante sobre o fundo cremoso. Mac & Cheese, my way.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Verrine de rabanetes e queijo de cabra (Updated)

De vez em quando eu também chuto o balde. Preparei essas verrines (terrines em copos de vidro) segundo a receita daquela mesma revista Saveurs de onde tirei as sardinhas empanadas, a torta de tomates, a pissaladière e o clafoutis. Até agora a danada não me decepcionou. Mas ainda não sei, agora que as verrines estão na geladeira aguardando a hora da janta, se meu paladar é TÃO europeu assim... Gosto de rabanetes e gosto de queijo de cabra, mas ainda não me convenci a comer um vidrinho desta gororoba assim, às colheradas, inteiro. Veremos. Se for aprovado, coloco a receita. Ainda não faço a menor idéia do que preparar para acompanhar isso...

Ah, atente ao fato de a foto ter sido tirada de cima, devido à minha completa e frustrante inabilidade em montar a verrine sem que as fatias de rabanetes despenquem das paredes e sem sujar toda a borda do copo com o creme de queijo. A próxima vez uso o saco de confeitar...

[UPDATE: De fato, apesar de a acidez do queijo de cabra equilibrar maravilhosamente a picância dos rabanetes, a verrine ficou demasiado rica para qualquer paladar: até mesmo o francês. Não consigo imaginar nem mesmo o mais viciado dos viciados em queijos comendo um desses — que nomeei "Danoninho de rabanete" — inteiro de uma só vez. Assim, tive de inventar outras formas de usar a gororoba que, não me entendam mal, estava uma delícia.

Na própria noite para a qual fizera a verrine, ela transformara-se em recheio de sanduíche. Despejei meio copinho entre duas fatias de pão integral barradas com mostarda de Dijon, cobri com folhas de alface roxa e salsinha e foi esse nosso jantar. Bastante leve e, para falar a verdade, apropriado para uma noite quente.

Foi hoje à hora do almoço, entretanto, que a verrine revelou todo o seu potencial. Allex ficara em casa, gripado, febril, e pedira um almoço leve, com as batatas orgânicas que haviam vindo na cesta orgânica. Cortei-as em fatias grossas, sem descascá-las, e cozinhei-as em água e sal. Então, misturei-as ainda quentes ao restante do creme de rabanetes, dispus a mistureba sobre folhas de alface lisa e roxa e temperei com um fio de azeite.

Parecia apenas mais uma gororoba caseira. No entanto, o resultado foi excelente. A textura similiar à maionese, o queijo ácido, os rabanetes picantes, as batatas macias absorvendo esses sabores, os do alho, da cebolinha, do azeite... Nham-nham. Pretendo fazer muitas outras vezes essa verrine de rabanetes, mas como uma alternativa à maionese de batatas. Aliás, revelou-se uma substituição mais do que perfeita para quem gosta de boas maioneses de batatas, mas não gosta de maionese industrializada ou tem medo de ovo cru. Pode experimentar, que você não vai se arrepender.

VERRINE DE RABANETES E QUEIJO DE CABRA PARA MISTURAR COM DELICIOSAS BATATAS ORGÂNICAS E COMER EXCELENTE VARIAÇÃO DE MAIONESE DE BATATAS
(Ligeiramente adaptado da revista Saveurs)
Tempo de preparo: 20 minutos (mais 1 hora de geladeira)
Rendimento: 4 porções


Ingredientes:
  • 10-12 de rabanetes em fatias finas
  • 190g de queijo de cabra tipo Boursin
  • 1 colh. (sopa) de requeijão cremoso
  • 150ml de creme de leite
  • 1 dente de alho picado
  • 2-3 cebolinhas picadas
  • pimenta-do-reino moída na hora
  • sal

Preparo:
  1. Misture o queijo, o creme, o requeijão, a cebolinha e o alho até que fique homogêneo. Incorpore os rabanetes.
  2. Se pretender (ainda) fazer as verrines, coloque uma colher cheia do creme de queijo no fundo dos copos. Disponha algumas fatias de rabanetes à volta dos copos e termine de preenchê-los com o creme. Salpique cebolinha e pimenta por cima e leve à geladeira por 1 hora. Se não, simplesmente leve à geladeira e misture a batatas cozidas em água e sal, temperando com um fio de azeite na hora de servir.]

domingo, 23 de dezembro de 2007

Biscotti de parmesão e pimenta-do-reino para uma tarde com café (Updated)




Meu pai veio a São Paulo para passar o natal, e levará todo mundo embora (minha mãe e minha irmã) para Fortaleza para o Reveillon. Allex e eu ficaremos aqui, pois ele não tem férias coletivas. Como no ano passado passamos o natal com minha família, esse ano é a vez do lado alemão, e por isso mesmo convidei meu pai para passar esta tarde conosco, tomar um café e brincar com o Gnocchi. Cada vez que meu pai vê o cão é um novo susto, pois de mês em mês o bicho cresce horrores. Lembro-me de quando ele ainda conseguia se enfiar no estreito vão entre a parede e a geladeira. Hoje, com 20 quilos, o bichinho desistiu de se espremer em cantos apertados, após entalar embaixo do armário do banheiro.

Bom, voltanto a meu pai... Há já algum tempo ele não pode consumir doces, gordura, sal, ou qualquer coisa que seja gostosa. Não consegui imaginar o que servir a ele nessas condições, mas tendo mais preocupação com o princípio de diabetes do que com o colesterol, e sabendo que ele mesmo trapaceia o regime de vez em quando, resolvi fazer essa receita de biscotti de parmesão e pimenta-do-reino, um pequeno tira-gosto salgadinho e apimentado. Apesar da receita ter queijo e manteiga, a quantidade total não é lá grande coisa, e mesmo que meu pai coma metade dos biscotti, ainda assim não terá consumido quantidades alarmantes dos "perigosos" ingredientes.

Ando um pouco distraída, no entanto, por causa da dor de garganta, que andou piorando, e acabei me esquecendo de achatar os rolos de massa antes de levá-los ao forno. Da mesma forma, esqueci-me de cortá-los na diagonal. Razões pelas quais os biscotti saíram mais rechonchudos e menos estilosos. Isso não influencia em nada, claro, no sabor.

A receita é de um blog que adoro, chamado Smitten Kitchen.

[UPDATE: os biscotti fizeram tanto sucesso, que meu pai levou para casa um saquinho cheio deles para comer depois!]

domingo, 16 de dezembro de 2007

Deliciosa salada de lentilhas verdes

Adoro lentilhas. Adoro comê-las com arroz, em sopas, quentes, frias, verdes, vermelhas, comuns, como for. Em especial adoro essas lentilhas verdes francesas (que vemos em muitos livros estrangeiros chamadas de Puy lentils), que na verdade são mais acinzentadas do que de fato verdes. Elas são excelentes para saladas, pois ao contrário de suas irmãs comuns ou sem casca, mantêm forma e firmeza depois de cozidas.

Esta receita, muito simples, é uma variação em cima de cerca de 3 ou 4 fontes diferentes, e tornou-se minha forma preferida (e também mais fácil) de servi-las. O vinaigrette feito com mostarda de Dijon e folhas de tomilho fresco realça o sabor das lentilhas e as traz mais para perto de sua origem. No almoço de hoje, elas serviram como acompanhamento para uma polenta simples de forno. O queijo pode ser trocado por qualquer outro tipo salgado e que se desmanche em grumos, como o Feta, por exemplo, ou pode mesmo ser omitido, pois as lentilhas se sustentam por si só.

SALADA DE LENTILHAS VERDES
Tempo de preparo: 20 minutos
Rendimento: 4 porções


Ingredientes:
  • 1 xíc. de lentilhas verdes
  • 1 dente de alho grande fatiado
  • 1/2 colh. (chá) de pimenta calabresa seca
  • 1 folha de louro
  • 3 colh. (sopa) de azeite
  • 1 1/2 colh. (chá) de mostarda de Dijon
  • 1 colh. (chá) de vinagre de vinho tinto de qualidade
  • 1 colh. (chá) de folhas de tomilho fresco
  • pimenta-do-reino
  • sal
  • 50g de queijo Roquefort ou Gorgonzola (opcional)

Preparo:
  1. Refogue o alho, o louro e a pimenta-calabresa seca em 1 colher de azeite, até que o alho comece a dourar nas bordas. Junte a lentilha e mexa bem para cobri-la com o refogado. Não salgue: o sal no começo do cozimento deixa as cascas das lentilhas duras.
  2. Adicione água suficiente para cobri-las (cerca de 2 1/2 xíc.), deixe levantar fervura, abaixe o fogo e tampe. Cozinhe por cerca de 20 minutos, ou até que as lentilhas estejam macias mas não se desmanchando. Se necessário, mexa e acrescente mais água.
  3. Enquanto isso, misture com um garfo o restante dos ingredientes, menos o queijo, até que fique homogêneo.
  4. Escorra as lentilhas, se houver algum líquido ainda na panela, e diponha-as em uma tigela grande, para que esfriem mais rápido. Misture o vinaigrette com um garfo, cuidadosamente, para que as lentilhas não se desmanchem. Tempere com sal e pimenta a gosto. Se usar o queijo, salgue menos as lentilhas do que faria normalmente, ou o prato ficará excessivamente salgado. Deixe esfriar por 5-10 minutos e misture o queijo. Sirva em temperatura ambiente.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Slow Food Brasil

Finalmente o novo site do Slow Food Brasil está no ar! Bonito, cheio de informações importantes e interessantes, e atualizado com freqüência, é um click obrigatório para quem está absolutamente de saco cheio dessa cultura de comida de plástico e "só meu umbigo importa". Coloco aqui, só para dar um gostinho, um texto que faz parte de um manifesto em defesa dos queijos de leite cru (entre eles meu maravilhoso Parmigiano-Reggiano), que estão desaparecendo.

"MANIFESTO EM DEFESA DOS QUEIJOS DE LEITE CRU

O queijo feito com leite cru (não-pasteurizado) é mais do que um alimento maravilhoso, é uma expressão profunda de nossas tradições mais valiosas. É tanto uma arte quanto uma forma de vida. É cultura, patrimônio e ambiente estimados. E está em risco de extinção! Em risco porque os valores que ele expressa são opostos à sanitização e homogeneização dos alimentos produzidos em massa.

Nós chamamos todos os cidadãos do mundo amantes dos alimentos para responder em defesa da tradição do queijo não-pasteurizado. Defesa de um alimento que tem por centenas de anos inspirado, dado prazer e sustento, mas que tem sido destruído pelas mãos estéreis dos controles higiênicos globais.

Nós pedimos um fim para todos os regulamentos discriminatórios da União Européia, OMC, FDA (Food and Drug Administration) e outras instituições governamentais que restringem a liberdade de escolha dos cidadãos em comprar estes alimentos, e ameaçam destruir o meio de vida de artesãos que os produzem.

Lamentamos as tentativas das autoridades regulatórias em impor padrões inatingíveis de produção, em nome da proteção da saúde humana.

Acreditamos que tais imposições terão efeitos adversos aos pretendidos. A saúde bacteriológica dos nossos laticínios não-pasteurizados é destruída pelos procedimentos de esterilização excessivamente zelosos. Da mesma forma, a saúde humana será destruída por uma dieta de alimentos esterilizados. Sem nenhum desafio, nosso sistema imunológico vai falhar e os medicamentos se tornarão ineficientes.

Além de tudo, os sabores e aromas únicos dos queijos são conservados pela não-pasteurização.

Portanto, nós chamamos todos aqueles que têm o poder de salvaguardar a diversidade e complexidade de nossos alimentos regionais e a saúde e estabilidade de nossas comunidades rurais para agir agora e assegurar um marco regulatório apropriado, justo e flexível; controles sensatos e uma disposição positiva em relação ao futuro.

Fique atento - porque uma vez que estes conhecimentos, habilidades e compromissos desta cultura estejam perdidos, há o risco de que nunca mais possam ser resgatados."

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

Eu adoro o Mercadão!


O lado ruim de ser freela é o pânico que dá às vezes de não saber se amanhã você vai ter trabalho. Nervos de aço! O lado bom é que você pode tirar uma manhã inteira para cuidar da sua vida. E foi o que eu fiz hoje. Mandei arrumar umas calças que estavam largas, fui buscar minha toalha na costureira (ficou perfeita!), e resolvi dar um pulo no Mercado Municipal (menos de 10 minutinhos de carro) para comprar queijo. Tudo porque ultimamente ando com siricutico de queijo ralado. Não agüento mais aquela serragem salgada de pacotinho, mas também não há orçamento familiar que suporte o preço de um bom pedação de queijo no supermercado. Ainda mais nos Jardins! Daí o pulinho no mercado.

Comprei meio quilo de um Grana Padano italiano maravilhoso e fresquinho pelo preço de 300g de um Faixa Azul no supermercado do meu bairro. E antes que alguém ache um absurdo usar o Grana prá ralar, já explico que o Grana Padano é meio que a versão genérica do Parmigiano-Reggiano, meu queijo-perdição, esse sim pecado ralar pelo preço que é por aqui! Enquanto meu queijo-maravilha-pedacinho-picante-do-céu só pode ser produzido numa região reduzida entre a província de Parma e de Reggio-Emilia (daí o nome), e tem que usar uma técnica xis de produção, com as vacas ípsilon, que vivem livres comendo mato de excelente qualidade, o Grana Padano pode ser feito em várias regiões da Itália, obedecendo regras de produção um pouco menos restritivas, o que resulta em uma variação bastante grande de queijos, a preços mais reduzidos. Ele é o queijo duro mais usado por lá para ralar. Então não é pecado não!

Era já hora do almoço quando comprei o queijo, e resolvi aproveitar e passar no Hocca Bar para comer alguma coisa. Um pastel sensacional de bacalhau e um choppinho depois, resolvi que adoro minha vida e achei melhor voltar para casa, que minha folha de zona azul venceria em 5 minutos. Resisti à tentação de comprar mais quitutes (difícil, muito difícil), e comecei a voltar para casa.

É claro que eu me perdi. Seguindo a tradição que comecei na Itália, em que sempre que bebia durante as refeições acabava pegando o caminho errado para o albergue, perdi o viaduto para a Zona Sul e fui parar no Museu do Ipiranga. Normalmente eu não estresso com essas coisas. Gosto de me perder, porque é o melhor meio de aprender caminhos. E fez-me pensar em pegar o próximo sábado de sol e dar um pulo no Museu e fazer um piquenique no jardim, reformado e lindo.

Resumindo, demorei 1h30 para chegar em casa. Mas os apertos sempre valem a pena pelo meu queijinho supimpa pela metade do preço, e pelo pastel de bacalhau do Hocca!

DICA: Prá saber se o queijo está fresco, você deve observar a junção da casca com o miolo. Quanto mais dourada, melhor. Conforme o queijo vai envelhecendo e ressecando (o ressecamento é a morte do queijo), ele vai ficando esbranquiçado nessa mesma área, até que a casca fique bem separada visualmente do miolo. Para conservá-lo melhor (e isso vale para qualquer queijo duro), tire-o do plástico, se houver, e envolva-o muito bem com papel-manteiga, embrulhando-o em seguida com papel alumínio. Isso evitará a perda de umidade. Se for usá-lo para ralar, é mais fácil se o fizer com ele recém-tirado da geladeira. Se quiser consumi-lo aos bocados, depois do jantar, tire-o e desembrulhe-o antes da refeição, para que volte à temperatura ambiente.

Cozinhe isso também!

Related Posts with Thumbnails