segunda-feira, 28 de junho de 2010

Bolo de maçãs com cobertura de açúcar e canela para tirar cisma

Há tempos olho para meu único livrinho da Magnolia Bakery com ressentimento. Depois de cookies molengas e sem gosto e cupcakes insossos e esfarelentos cobertos por uma cobertura de açúcar e manteiga que levaria qualquer ser humano primeiro ao dentista e em seguida a um cardiologista, eu havia desistido de estragar ingredientes com aquelas receitas. Tendo lido outras críticas no mesmo tom, criei um ranço do livro, da confeitaria e de todos os envolvidos. Ao ponto que cheguei a passar na porta da Magnolia Bakery em NY e não quis entrar. Mostrei a língua (mentalmente) e passei reto.

Veio porém a Valentina, luz no fim do túnel, dizer-me que havia sim tido boas experiências com os livros da Magnolia, incluindo o meu. As receitas que ela testara, entretanto, eram diferentes das que eu preparara. Hmmm.... Parte minha desconfiava que talvez nem todas as receitas do livro fossem confiáveis. Outra parte sugeriu que era meu adaptômetro que andava feito louco naquela época, e que eu provavelmente andara substituindo ingredientes onde não devia, usando ingredientes na temperatura errada, etc e tal. Afinal, eu confio em Valentina, e se ela disse que funciona, então funciona.

Tendo duas maçãs Pink esquecidas na fruteira, abri o livro na primeira receita e decidi preparar um bolo de maçãs com cobertura de açúcar e canela. O bolo era bastante simples e prometia dar certo, enfim. O único porém (e um dos motivos pelos quais o livro não me empolga muito) era o uso de maçãs enlatadas. Hmmm... É tão rápido descascar e fatiar uma maçã... maçã em lata? Jura? Isso acontece em outras partes do livro, em que a autora usa mistura pronta de pudim de baunilha e biscoitos industrializados, dos mais vagabundos. Não exatamente o que se espera de uma confeiteira... mas esse não é o ponto. O ponto é que estamos na época das maçãs, as minhas estavam lindas e suspirantes, cor-de-rosa como o nome, e ai de mim se eu me meteria num supermercado em dia de jogo justamente para comprar maçãs em lata. Hunf. Importadas, ainda por cima, e carésimas, uma vez que brasileiro pode até só conhecer maçã da Mônica, mas pelo menos come a fruta in natura.

Ok. O bolo é fácil de fazer, principalmente pelo fato de usar óleo no lugar de manteiga. Cresceu bem e desenformou fácil, apesar do medo de que todo aquele açúcar derretido por cima fosse criar uma barreira intransponível impedindo a passagem do bolo pronto. Ele ficou fofo, úmido e perfumado. A receita pedia uma lata de 20 ounces de maçãs em calda (560g, aproximadamente), e eu tinha 400g de maçãs fatiadas, in natura. Até pensei em cozinhá-las um pouco em uma calda de água e açúcar, apenas para simular sua textura, mas confesso que me deu muita preguiça. Procurei por aí qual era o peso DRENADO das maçãs em lata americanas, mas não encontrei. Presumi que a diferença de 160g fosse ok para as maçãs drenadas em relação ao peso total da lata, mas no fim das contas acho que faltou um pouquinho de maçã no bolo. Eu usaria 3 maçãs grandes facilmente, e talvez usasse outra variedade também, como a Gala ou a Golden, de sabor mais pronunciado.

Apesar disso, porém, e apesar de não ser meu bolo de maçã favorito (nenhum ainda superou o de Anna del Conte para mim), o livro me pareceu mais promissor, e tive vontade de testar outras receitas e mesmo tentar novamente aquelas que falharam. Nada me chateia mais do que livros de culinária ruins [ok, há coisas que me chateiam mais, mas livros de culinária ruins estão no Top 10 da chateação], então é sempre bom descobrir que fora apenas um caso de "dia ruim".

[UPDATE: o bolo ficou mais gostoso no dia seguinte, e o Allex, que dificilmente come qualquer bolo que eu faça - sacrilégio! - tanto gostou que disse de manhã cedo que não queria pãozinho: comeria bolo no café da manhã. :D]


APPLE CAKE WITH CINNAMON SUGAR TOPPING
(ligeiramente adaptado do livro More From Magnolia, de Allysa Torey)
Tempo de preparo: 20 min + 1 hora de forno
Rendimento: 1 bolo de uns 23cm

Ingredientes:
  • 2 xic. farinha de trigo
  • 2 colh. (chá) fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) sal
  • 2/3 xic. óleo vegetal (de preferência canola)
  • 1 xic. açúcar cristal orgânico
  • 2 ovos grandes, orgânicos, em temperatura ambiente
  • 1 xic. leite
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha
  • 3 maçãs grandes (aprox. 550g), descascadas e fatiadas
  • 1/2 xic. açúcar cristal orgânico misturado a 1 colh. (chá) canela em pó

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 160ºC. Unte e enfarinhe uma forma de furo no meio de 23cm de diâmetro.
  2. Em uma tigela pequena, peneire a farinha, o fermento e o sal. Reserve. 
  3. Na tigela da batedeira, em velocidade média, bata o óleo, os ovos e o açúcar até que fique espesso e claro, cerca de 3 minutos. 
  4. Junte a farinha em 3 partes, alterando com o leite e a baunilha, batendo apenas até que pareça bem misturado. 
  5. Em uma tigela, misture as fatias de maçã com metade da mistura de canela e açúcar, até recobri-las bem. Junte metade das maçãs à massa, misture com uma espátula e espalhe na forma. Disponha o restante das maçãs sobre a massa e polvilhe com o resto do açúcar e canela.
  6. Leve ao forno por 60-70 minutos, ou até que um palito inserido no meio saia limpo. Tire do forno e deixe esfriar na forma por 1 hora. Então desenforme, e deixe terminar de esfriar sobre uma grade.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Pêras gratinadas com roquefort

É claro que ando me empolgando horrores com a variedade de maçãs e pêras disponível nessa época do ano. Apenas quando se tenta comer sazonalmente é que se percebe como durante todo o ano reinam as velhas maçãs Fuji e "Turma da Mônica" e, de repente, assim que o tempo esfria, pipocam as Gala, Oregon, Golden, Pink, Red, Granny Smith... O mesmo com as pêras. Por conta disso e de minha insaciável curiosidade, acabei comprando muito mais pêras e maçãs do que conseguiria consumir. Daí que já fiz pelo menos três tortas com diferentes misturas de maçãs, pêras e marmelos. Tenho comido marmelos pochées com iogurte de manhã, e as pêras e maçãs restantes acabam parte integrante do almoço e do jantar, em forma de sanduíche de pêra e taleggio, saladas, couscous com maçãs ao curry, e outras gostosuras mais.

Esta delícia saiu, como quase tudo o que tenho feito de salgado ultimamente, da revista francesa Saveurs. Se você entende francês, está aí uma revista excelente. Depois que você se acostuma com algumas medidas padrão francesas como "1 iogurte" ou "1 envelope de fermento químico" [resolvido com uma busca rápida na internet, para descobrir que se trata de 125g de iogurte e 11g de fermento], e depois que se habitua a substituir determinados queijos que não se encontra por aqui, a revista é lindíssima e incrivelmente útil para uma cozinha do dia-a-dia com um toquezinho sofisticado.

Corte uma pêra por pessoa ao meio (descasque se quiser) e retire o miolo. Coloque as metades com a parte cortada virada para cima em um refratário ou assadeira. Em uma tigelinha, misture (por pessoa) cerca de 50g de gorgonzola ou roquefort esmigalhado, 1/2 colh. (sopa) vinagre balsâmico, 1/2 colh. (sopa) sementes de gergelim e 1/2 colh. (sopa) uvas passas (claras ou escuras). Distribua a mistura nas cavidades da pêra, tempere com 1 colh. (chá) óleo de nozes para cada 2 metades de pêra, pimenta-do-reino moída na hora e leve ao forno a 180ºC por 15 minutos ou sob o grill aceso, até que o queijo esteja derretido. Sirva com uma salada e use os sucos que ficarem na assadeira para temperá-la. No meu caso, rasguei algumas folhas de radicchio e de almeirão pão-de-açúcar, cujas folhas mais internas têm a cor da endívia, mas um amargor muito suave e delicioso.

Cozinhe isso também!

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