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segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

All work and no fun makes Ana a dull girl...


Queria sair da frente do computador, olhar pela janela de minha sala e ver isso...

Saudades de Positano, do albergue no alto da colina, em cujo terraço tomava cappuccino todas as manhãs, olhando para esse mar azul. Saudades da turma australiana com quem ia jantar todas as noites na trattoria do Luigi, que, por vinte euros fixos, servia-nos bruschette, pizzas, spaghetti com frutos do mar fresquíssimos, tiramisù, vinho e limoncello. Saudades dos velhos pescadores que conheci lá e de Michelle, a americana que conheci em Roma e que me ajudava a entender parte do incompreensível sotaque australiano do resto do pessoal do albergue. Saudades do sanduíche de atum e tomates que curou minha ressaca de limoncello. É uma lição que se aprende uma única vez: não exagere no limoncello.

terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Saudades do meio do mato

Estas fotos são da travessia de 3 dias a pé de Petrópolis a Teresópolis, no Rio de Janeiro, que fiz com amigos no ano passado. Estava olhando-as novamente, pois ando com uma necessidade quase física de me enfiar no meio do mato de novo. Mas ultimamente nenhuma viagem que tenho planejado tem dado certo, então o jeito é ficar por aqui, com saudades de beber água de cachoeira, de comer pão com queijo, andar 15km por dia, ficar 3 dias sem tomar banho...

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

Lembranças de uma bruschetta perfeita

Estava completamente perdida em Roma quando, com fome, resolvi sentar-me em qualquer boteco com mesas ao ar livre que encontrasse. Esta era a vista que eu tinha de minha pequena mesa de madeira escura. Pedi uma caneca de cerveja, pois fazia calor, e duas bruschette: uma de tomates e outra de pimentões. Mal tinha idéia da explosão de sabores que seria, e como, até hoje, eu me lembraria deste lugar, ainda que não saiba apontá-lo num mapa. A bruschetta de tomates era um frescor só; equilíbrio perfeito entre os tomates muito maduros, o manjericão genovês, o alho e o azeite frutado. A outra era feita de pimentões amarelos chamuscados no forno, descascados, quase derretidos sobre uma passadela comedida mas suficiente de queijo de ovelha fresco e macio como um cream cheese, ácido, salgado, um excelente contraponto ao pimentão doce e quente e ao fio de azeite que escorria sobre ambos, amalgamando os sabores. Hmmm... Excelentes lembranças...

quarta-feira, 13 de junho de 2007

Eu adoro feira!


Ufa! É sempre ótimo dizer que não tive tempo de escrever no blog, pois isso quer dizer que andei trabalhando um bocado, o que para um freelancer é o paraíso! Mas cá estou de volta. Desta vez tentando convencê-los a afastarem-se das estéreis geladeiras de seus supermercados e darem uma voltinha na feira semanal mais próxima de sua casa. Não, não adianta tentarem me enganar com a conversa da falta de tempo: existem feiras de domingo. A da Alameda Lorena, nos jardins, é minúscula, de um quarteirão só, mas excelente (ótimo pastel, por sinal).

Na última quarta, voltando da feira — praticamente arrastando meu sacolão vermelho até em casa — brinquei, dizendo que sou em uma feira livre como a maioria das mulheres é em uma liquidação de sapatos. Meus olhos não param quietos, tentando identificar nas barracas que parecem todas iguais, os melhores produtos da estação. Sou invasiva, quero encostar em tudo, apertar tudo, escolher cada tomate, cheirar as frutas, experimentar. Fico constantemente inebriada pela variedade de tons de verde no imenso paredão de hortaliças de minha banca favorita. Existe coisa mais linda que o rubi intenso de uma beterraba? E suas folhas, que mantém no talo o cor de vinho forte e esmaecem até um verde-bandeira lustroso. "É uma pena que eles vão para o lixo", você deve ter pensado. Ledo engano. Se você tem livros de culinária metidos a besta, deve já ter visto menção a uma folhagem deliciosa chamada "swiss chard". Tchanans: folhas de beterraba. Você as come como comeria espinafre, refogadas com alho e azeite, talos e tudo o mais, ou rapidamente cozidas (1 minuto apenas) em água fervente com sal, deixando os talos o dobro do tempo.

Outro dia fiquei em choque ao ouvir uma colega comentar que nunca vira folhagem de cenouras na vida a não ser em desenhos do Pernalonga. Bem, você pode comprar ramos maravilhosos de cenouras (com as folhas, que dão ótimos bolinhos) na feira. Assim como funcho (erva-doce), com lindos ramos de folhinhas verde-água minúsculas, com um delicioso perfume de anis. Estas folhinhas ficam ótimas em saladas, massas ou finalizando qualquer prato em que o funcho seja utilizado cozido, para evocar novamente o elemento fresco do bulbo.

Mas, e se eu não quiser comer esse monte de folha, você me pergunta, qual a vantagem? As folhagens de raízes e bulbos consomem a energia dos mesmos. Se não forem cortadas, as cenouras, por exemplo, murcharão. Mas sem os bulbos e raízes, são as folhas, por sua vez, que enfraquecem e morrem em pouco tempo. De modo que, ao comprar uma cenoura com a folhagem, você tem a garantia de estar comendo algo que foi colhido no dia anterior! Não poderia ser mais fresco do que isso! Isso também implica em uma durabilidade muito maior em sua geladeira do que a cenoura comprada no supermercado em bandejas de isopor. Sem contar toda a pataquada ecológica que eu adoro: usar as folhas das suas raízes e bulbos quer dizer maior aproveitamento do alimento e menor geração de lixo. Além do fato de que você estará levando dois vegetais pelo preço de um!!!

Vá à feira! As frutas fora da geladeira têm mais cheiro: você consegue diferenciar mais facilmente o que está bom do que não está. Pergunte ao feirante o que está na época, o que está bom, como preparar. Ele vai reponder com gosto. E se vier uma lagarta no meio da sua couve-flor, ou uma aranhinha no meio das suas uvas, comemore: o produto que você comprou tinha menos agrotóxicos (ou nenhum). Lembre-se de comprar vegetais menores: alho-poró mais fino, cenouras de no máximo 15 cm, funchos redondos e compactos; eles têm mais sabor do que seus irmãos super-crescidos. É importante também, assim que chegar em casa, separar as folhagens de suas respectivas raízes ou bulbos, e guardá-las em saquinhos. Use as folhas antes, pois o que fica embaixo da terra costuma durar mais.

Como queria adornar esse post com uma foto bonita de feira mas não tenho nenhuma local, vai aqui uma feira linda em Bolzano, na Itália. Aliás, culinária italiana é a melhor fonte de receitas de baixo orçamento para aproveitar cada pedacinho negligenciado de absolutamente qualquer vegetal.

sábado, 5 de maio de 2007

Acampamento chique







Andar 70 km em 3 dias? Dormir no meio do mato? Ficar sem banho? Bolhas nos pés? Picadas de micuins? Nada disso de fato me incomoda quando o que eu quero é me distanciar da cidade e ter a companhia de árvores e pássaros. No entanto, se existe um lado do acampamento selvagem que me irrita é a perspectiva de jantar miojo todas as noites.

Não há outro jeito: quando se faz uma travessia, não se pode levar comida pesada de carregar ou de preparo longo, já que o gás do fogareiro é pouco e existem grandes chances de você estar exausto demais no fim do dia para cozinhar pratos complicados. Quando programei a viagem com meu namorado, porém, deixei bem claro que, como encarregada da comida, as decisões seriam minhas, e eu não pretendia levar macarrão instantâneo ou aquelas horrendas sopas em pó, também figurinhas fáceis em acampamentos.

Os dois pratos escolhidos por mim (e que obtiveram grande êxito tanto no quesito leveza, quanto rapidez de preparo) para três noites foram couscous marroquino com grão-de-bico, ervilhas e especiarias, e tortellini de queijo da Barilla, com azeite extra-virgem e queijo ralado.

O primeiro foi escolhido por ser preparado em 5 minutos e usar apenas um copo de água. Levei na mochila um saquinho plástico com 200g de couscous seco (duas porções generosas), e outro pequenino com meio cubo de caldo de legumes, uma pitada de cominho, menta seca, pimenta-do-reino e sal. Para o tortellini, jantar dos outros dois dias, 2 pacotes de 250g cada (4 porções no total), dois pacotinhos de queijo ralado de 50g, e minha grande descoberta para culinária de acampamento: uma garrafinha de azeite extra-virgem de 125ml, que agora será lavada e guardada para ser reutilizada nas próximas viagens.

O tortellini foi a escolha perfeita: um pacote leva só 7 minutos a mais para cozinhar do que dois pacotes de miojo, cabe exatamente na panela de acampamento e acaba absorvendo toda a água usada; ou seja, não há desperdício. Sua massa de ovos e seu recheio de ricotta, Grana Padano e Parmigiano Reggiano, satisfazem não apenas a fome, mas também o paladar, e permitem que um andarilho cansado vá dormir no chão frio de barriguinha cheia e quentinha, sem acordar com fome no meio da noite (o que sempre acontece comigo ao jantar sopas Maggi e afins).

Agora quero começar a fazer experiências, e buscar receitas que possam ser simplificadas para acampamentos mais longos, em que se sente falta de um gosto mais fresco na boca.
Vale dizer que nossos lanches de queijo meia-cura, mel e frutas secas foram refrescados por ocasionais amoras selvagens encontradas em arbustos no meio do caminho...

quarta-feira, 20 de setembro de 2006

O verdadeiro molho pesto

Apesar de não parecer, o lugar ao lado é um restaurantezinho minúsculo no centro histórico de Genova, na Itália, onde comi o melhor fusilli al pesto do mundo. Quando pedi o cardápio à senhora que atendia as 5 mesas do local, ela me trouxe contente uma pastinha verde com uma folha de caderno escrita à mão: "Fusilli al pesto: 4 euro, Spaghetti al sugo: 4 euro, Vino (1/4 bottiglia): 2 euro".

Explicando o nome: imagine um pilão; a tigela chama-se mortaio, em italiano, enquanto o socador chama-se pesto. Pestare quer dizer "esmagar", daí o nome do molho.

Esta receita é incontestável. Quando entrei na pequena livraria em Genova (onde o molho pesto é tradicional), fui logo perguntando pelo livro de cozinha genovesa mais tradicional, mais correto. E foi esse que comprei, de Alessandro Molinari Pradelli: La Cucina Genovese - in 300 ricette tradizionali.

PESTO ALLA GENOVESE
tempo de preparo: 10 minutos
rendimento: 4 porções


Ingredientes:
  • 1 dente de alho
  • 2 maços grandes de manjericão italiano de folha larga
  • 2 colheres (sopa) de queijo Pecorino ralado fino
  • 2 colheres (sopa) de queijo Parmigiano Reggiano ralado fino
  • 1 colher (sopa) de pinoli
  • 6 colheres (sopa) de azeite extra-virgem de oliva
  • sal grosso marinho
Preparo:
  1. Coloque o alho e uma pitada de sal no pilão e soque até formar uma pasta grossa. É importante que o socador não amasse os ingredientes no fundo do pilão, mas faça movimentos circulares, esfregando os ingredientes contra as laterais da tigela.
  2. Separe as folhas do manjericão dos talos, lave, seque bem e junte ao pilão, amassando-as devagar até que formem uma polpa verde intensa.
  3. Junte os pinoli e o queijo, esmagando e incorporando bem, e depois o azeite, pouco a pouco. Experimente e ajuste o queijo e o azeite a seu gosto. Espalhe o molho sobre 400g de massa que você cozinhou enquanto preparava o pesto (fusilli é a melhor opção) e sirva imediatamente. O molho é suficiente apenas para cobrir a massa com uma delicada película esverdeada. Não é costume servir com queijo à parte, pois o molho já o contém.

DICAS: Somente o manjericão italiano (aquele de folha larga e abaulada) pode ser usado nesta receita. Outros tipos têm um sabor muito mentolado e ficam esquisitos. O pilão não deve ser de metal, pois ele tende a escurecer as folhas do manjericão. Eu costumo colocar em uma segunda tigela a mistura de sal, alho e manjericão, socar os pinolis no pilão até formar uma pasta, e então voltar o manjericão e colocar os outros ingredientes. Assim os pinoli são incorporados mais rapidamente. Você pode substituir os dois queijos por queijo parmesão nacional de qualidade. Se for substituir os pinoli, use castanhas do Pará. Nunca use nozes, pois elas são muito fortes e dominarão o molho. Em última instância, se não quiser comprar um pilão, faça o molho em um pequeno processador de alimentos. Mas não é a mesma coisa. Você pode usar o pesto para sopas, legumes, pães, o que quiser.

Cozinhe isso também!

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