segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Bolinhozinhoinho mármore de corrida (e de aniversário), e o bem que um pouco de yoga faz...


Passou, passou...

Era tanta a raiva mal resolvida por uma dezena de diferentes situações, que não me vira disposta sequer para escrever a respeito deste bolinhozinhoinho feito na última quarta-feira. Fico feliz que ao menos o bolo não tenha absorvido meu mal humor. Pudera, foi feito com carinho, num raro momento de paz.

Como não tive tempo nem paciência para preparar um bolo de aniversário para mim, fiz uso das comemorações de um amigo da corrida para sanar minha vontade de cozinhar. Era uma excelente oportunidade de relaxar a mente e estrear minha forma de bolo nova, de apenas 16cm, perfeita para uma casa com apenas uma adoradora de bolos. Escolhi um bolo mármore, com cara de café da manhã, mas tive de fazer algumas adaptações para a forma diminuta. Felicidade é levar bolo no café da corrida e trazer de volta um prato vazio.

Passado o momento de sossego na cozinha e na corrida, já arranjara novas sarnas para me coçar, e foi de muita má vontade que me arrastei para o retiro de yoga programado para o fim de semana. Não queria ver gente e não estava (havia já muito tempo) com vontade de meditar. Todas as vezes que o fizera nas últimas semanas, na tentativa de acalmar a cachola cheia de caraminholas, conseguira apenas ficar mais irritada por minha incapacidade de eliminar os pensamentos conturbados da mente idiota.

Depois de dois dias sentada meditando e olhando para a cara indiana, barbuda e enigmática de meu mestre, só posso dizer uma coisa: era exatamente o que eu precisava. Dois dias em um sítio, ouvindo pássaros e cigarras, pisando na terra e meditando de pernas cruzadas até os joelhos caírem. Tomar uns tabefes espirituais em forma de broncas também deu nova perspectiva a meu mau humor.

Deixei o retiro como outra pessoa, leve, bem humorada, feliz, decidida a não me deixar irritar com pessoas irritantes. E, de quebra, minha força de vontade foi renovada, e prometi a mim mesma tentar ser uma discípula melhor, meditando todos os dias.

Se isso vai fazer com que o número de posts do blog volte a aumentar, isso eu não sei. Afinal, trabalho + cachorro + meditação = menos tempo para escrever. Dieta (ainda em vigor) também me impede de preparar trocentas guloseimas por semana.

Por enquanto, deixo-lhes esse mini-bolo para quatro pessoas, pois foi o número necessário de comensais para destruir o coitado em uma sentada.

BOLO MÁRMORE
(ligeiramente adaptado do livro Baking - From My Home to Yours)
Tempo de preparo: 45 minutos
Rendimento: 1 bolo pequeno para 4 pessoas


Ingredientes:
  • 1 xíc. + 1 colh. (sopa) de farinha de trigo
  • 1/2 colh. (chá) de fermento químico em pó
  • 1/4 colh. (chá) de sal
  • 6 colh. (sopa) de mantiega sem sal em temp. ambiente
  • 1/2 xíc. de açúcar cristal orgânico
  • 2 ovos extra-grandes em temp. ambiente
  • 1/2 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 1/4 xíc. de leite integral
  • 50g de chocolate amargo

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte uma forma de bolo de 16cm, com furo no meio e polvilhe com farinha, batendo fora o excesso.
  2. Pique o chocolate e derreta em banho-maria. Deixe esfriar e reserve.
  3. Misture com um garfo a farinha, o sal e o fermento. Na batedeira, bata a manteiga devagar, por 10 minutos, até que fique cremosa e volumosa. Junte o açúcar aos poucos e bata por mais uns 3 minutos. Misture a baunilha. Junte os ovos, um de cada vez, e não se preocupe de a mistura parecer coalhar.
  4. Junte 1/4 da farinha, misturando em velocidade baixa até incorporar. Junte uma parte do leite e continue intercalando os dois até que acabem, misturando apenas até que a massa esteja uniforme, terminando com a farinha.
  5. Divida a massa em duas. Junte o chocolate a uma delas e misture. Coloque metade da massa clara na forma. Cubra com a massa de chocolate e depois com a massa clara e, com a ajuda de uma faca, crie o efeito marmorizado.
  6. Leve ao forno por 30 minutos ou até que o bolo esteja dourado-claro e um palito saia limpo ao ser inserido nele. Desenforme e deixe esfriar. Polvilhe com açúcar de confeiteiro antes de servir.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

PADARIA DE DOMINGO 24: pão de centeio integral


Sexta-feira foi meu aniversário. Tinha planos de fazer bolos. Não apenas um bolo de aniversário, de avelãs e chocolate, mas também um pequeno, mármore, simplesinho, para levar na corrida. Nem uma coisa, nem outra. Fui consumida pelo trabalho e pela dieta. Pelo trabalho, porque novos jobs e novos esquemas, diferentes da minha vida normal de freelancer, criaram rotinas às quais estou custando um pouco a me adaptar. Pela dieta, porque após dois meses cravados, apesar de excelentes e visíveis resultados, tenho me sentido incrivelmente beligerante. Tudo me irrita. A explicação da nutricionista é simples falta de carboidratos. Boring... A explicação ayurvédica é que meu corpo está consumindo um combustível ruim, acumulado nas minhas gordurinhas, e seria mais ou menos como queimar pneus (literalmente, nesse caso) ao invés de ervas aromáticas. A fumaça que sai não é agradável. Gosto mais da minha explicação: minha porção má, antes diluída numa Ana Elisa maior, agora está ficando mais concentrada; como um xarope de ruindade.

Estou irritada por não poder cozinhar qualquer coisa que eu queira, irritada com a nova rotina, irritada com determinados clientes e determinadas situações de trabalho, irritada com fornecedores que mandam provas erradas e mandam as mesma provas erradas para o cliente errado, irritada com o tempo ruim que me faz passear com o cachorro na chuva três vezes por dia, irritada porque passei meu aniversário correndo e resolvendo pepinos, mesmo tendo adiantado todas as minhas tarefas para passar a manhã de sexta bundando... suficientemente irritada para querer arrancar a cabeça de algumas pessoas (uma em especial) com os dentes; bastante nervosa para não ter paciência para cozinhar nada que preste além de gororobas de dieta que (garanto) apesar de comíveis, ninguém quer ver por aqui; e mais do que enfurecida para olhar bem nos olhos de pessoas que:
1. Acham que são o centro do universo;
2. Me mandam e-mails mal-educados e impessoais, como se eu fosse SAC de empresa;
3. Não se lembram que nem todos são milionários como eles;
4. Acham que meu cachorro é corrimão;
5. Ficam tentando passar colegas de trabalho para trás na frente do cliente...
...e fazer uma pergunta meramente retórica que aprendi com um amigo sem papas na língua, escandindo sílabas:

"Você é idiota?"

No meio disso, tenho tido muito pouca paciência até mesmo com esse blog, que costumava ser fonte de prazer para mim.

Noutro dia, apanhei uma folha de caderno e escrevi em letras garrafais: "NÃO SE IRRITE", e colei na parede atrás do computador, para que aquele virasse meu mantra e eu me lembrasse de respirar fundo antes de mandar as pessoas para a p*ta que pariu.

Tem funcionado... um pouquinho.

Outro fator calmante é o cão. Cãozinho fofo e gigante, que vem todo peludo balançando seu rabo-espanador-derruba-coisas, tentando melhorar meu humor com lambidas, pulando no meu colo quando estou em frente ao computador, desavisada, como se ele não pesasse 20kg. Ele me acalma. Não há criatura no mundo com menos maldade no coração; ao contrário da dona, ultimamente.

Outras coisas que me fazem relaxar e esquecer a raiva são as flores surgindo por causa da primavera, que parecem iridescentes contra o céu prateado de chuva; passear pela rua com o cão e me deparar com uma amoreira ou pitangueira carregada e sair comendo frutinhas direto do galho, assim, como se eu não estivesse no meio de São Paulo; passar o sábado inteiro pós-aniversário com meu marido, sem pensar em trabalho, tomando café da manhã num lugar gostoso, passeando pela rua para aproveitar uma brecha de sol, indo ao cinema; sentar no sofá de pernas cruzadas no domingo, com uma xícara de chá, e folhear meus livros novos que chegaram todos antes do meu aniversário; e fazer pão.


Pão me deixa de bom humor. O processo, o cheiro que a casa ganha por horas. E não dá para fazer pão com raiva. Quem quereria comer um pão raivoso?

A receita é a mesma da outra vez, mas substituindo o mel por 8g de extrato de malte (1 colh. (chá)), a farinha de trigo para pães por farinha integral e aumentando a quantidade de água em 1 colh. (sopa).

Cozinhe isso também!

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