quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Bolo de peras ao conhaque e chocolate branco

Existem dicas e existem intromissões.

Dica: bota a banheira do bebê no box do chuveiro que facilita a vida.
Intromissão: bota um casaco no menino que ele tá com frio.

Dica: não lute contra sua nova rotina quando tiver um bebê pequeno em casa; assim você estressa menos.
Intromissão: você PRECISA (insira qualquer predicado irritante que soe como uma lei universal da mãe estressada).

Dica: presuma que tudo é normal e bebês são criaturinhas em formação completamente imprevisíveis; isso também estressa menos (e aborrece menos seu pediatra). Se o bebê tá fofo e feliz, aquele soluço não quer dizer nada.
Intromissão: que ABSURDO você não usar (insira qualquer objeto-tralha de bebê que você considere inútil).

Dica: nos momentos desesperadores, lembre-se de que não é para sempre: um dia seu filho VAI dormir, VAI aprender a ir ao banheiro sozinho e VAI dizer a você o que o está incomodando.
Intromissão: pára de comer chocolate, porque isso é cólica.

Dica: Happiest Baby on The Block. É bizarro, mas FUNCIONA. Fiquei fula de ter descoberto isso só no segundo mês.
Intromissão: peraí que eu sei botá-lo pra dormir (diz a pessoa, desenrolando o bebê, que estava tranquilo e imediatamente desata a chorar).

A lista é infindável. E hoje, andando com o bebê sentadinho no sling, olhando para frente, um homem me abordou, horrorizado: "Ai, mas isso não está apertando o nenê???" INTROMISSÃO. Oi, você não me conhece. Bom dia. Tudo bom?

Claro que há quem vá achar que minhas dicas são também uma intromissão. A verdade é que qualquer coisa que digam a você que seja diferente do que você está fazendo com seu filho vai deixá-la ligeiramente ofendida. Porque por melhor que sejam as intenções, fica sempre aquele gosto amargo de "você acha que não estou fazendo um bom trabalho". E quem é mãe está sempre tentando fazer o melhor possível.

Ainda bem que existem também as dicas inofensivas, que só trazem felicidade. Por exemplo, quando a Pat me mandou uma mensagem me sugerindo que eu preparasse esse bolo, depois de ter comentado que eu tinha peras e chocolate branco dando sopa em casa. Foi bater o olho na receita (facílima) que corri para a cozinha. Talvez tenha sido o fato de usar uma forma 1cm menor do que devia (distração) ou ter aberto o forno 15 minutos antes (outra distração) que fizeram o bolo afundar no meio. Ou talvez ele deva ser assim mesmo, pois a massa ficou muito fofa, deliciosa com o sabor da manteiga noisette. O bolo ficou maravilhoso, macio, molhadinho, perfumado. De comer sozinha e escondido. ;)

Outra dica boa? Essa aqui: http://desenhoque.tanlup.com/
Finalmente produzi uma nova leva de posters de frutas e verduras, e estou testando vendê-los através dessa lojinha. Assim não preciso ficar fazendo novos posts a cada vez que produzir, e fica tudo concentradinho em um lugar só. Então quem estava esperando, vá lá. Se funcionar direitinho, do jeito que espero, mês que vem já coloco à disposição outras coisinhas mais. :)

BOLO DE PERAS AO CONHAQUE COM CHOCOLATE BRANCO
(do livro The Boozy Baker)
Tempo de preparo: 1 hora
Rendimento: 8 fatias gordinhas

Ingredientes:
(peras ao conhaque)
  • 2 colh. (sopa) açúcar
  • 1/4 xic. conhaque
  • 2 colh. (chá) suco de limão
  • 2 xic. peras (cerca de 2 peras) maduras, descascadas e cortadas em cubos de 1cm
(bolo)
  • 1 xic. farinha de trigo
  • 1 colh. (sopa) fermento químico em pó
  • 120g manteiga
  • 3 ovos grandes
  • 2/3 xic. açúcar
  • 1/2 xic. chocolate branco picado

Preparo:
  1. Combine o açúcar, o conhaque e o suco de limão numa tigela pequena e junte as peras em cubos. Deixe macerando por 20 minutos. Então escorra sobre outra tigela, reservando o líquido e as peras separadamente.
  2. Pré-aqueça o forno a 180ºC. Unte e enfarinhe uma forma redonda de fundo removível de 22-23cm. 
  3. Em uma frigideira pequena, derreta a manteiga em fogo baixo, cozinhando por cerca de 8 minutos, até que fique acastanhada e solte um cheiro de nozes. Cuidado para não queimar. Retire do fogo. 
  4. Numa tigela, misture a farinha, o fermento e o sal. Reserve.
  5. Na tigela da batedeira, bata os ovos em velocidade alta até que fiquem bem claros e fofos. Vá juntando o açúcar aos poucos, batendo por mais uns 2 minutos. 
  6. Baixe a velocidade da batedeira e junte 1 colh. (sopa) do líquido de conhaque reservado (o restante não será usado). 
  7. Alternadamente, junte a farinha e a manteiga, começando e terminando pela farinha. Bata apenas até que a farinha esteja incorporada. 
  8. Espalhe a mistura na forma e espalhe por cima as peras em cubos e o chocolate. Leve ao forno por 45 minutos, ou até que um palito inserido no meio saia limpo e o bolo esteja dourado. Deixe esfriar completamente na forma antes de desenformar. 

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

7grãos com pesto e verduras e meu fornecedor de orgânicos

Foi na semana em que Thomas nasceu que mudei muita coisa a respeito da minha cozinha e minha forma de comprar comida. Primeiro, porque imediatamente após a primeira mamada do bebê, dei-me conta de que tudo o que pusesse na boca viraria o corpo do meu filho. Segundo, porque a mudança em minha rotina me forçou a buscar soluções mais práticas, que não me tirassem de casa o tempo todo. E terceiro, porque só pensar nas fraldas descartáveis que ele usaria já me fazia tremer e querer compensar a natureza de alguma forma: trazer menos embalagens para casa e gerar menos lix, por exemplo.

Foi no blog Fogão Azul que encontrei a indicação para o website do Fernando, antes Cesta Orgânica, e agora renomeado Alimento Sustentável, que faz a distribuição de produtos de pequenos produtores de orgânicos, pescadores que trabalham com espécies sustentáveis e pesca não-predatória e produtores de queijos artesanais, como o queijo Serrano e o Canastra. Receber pela primeira vez aquela cesta de vime cheia de frutas e verduras soltas me deixou emocionada: finalmente aquilo me parecia coerente. Na semana seguinte, quando mais uma cesta foi entregue, a primeira foi devolvida, junto com o saquinho de pano onde vieram os cogumelos e a caixa onde vieram os ovos, para que tudo fosse reutilizado.

Ao longo desses meses, todas as minhas frutas e verduras têm vindo dele. Peço sempre uma grande quantidade de produtos, o que me força a preparar uma boa variedade nas refeições e a economizar as viagens ao mercado, onde acabo comprando apenas alguns poucos itens de mercearia e confeitaria que ainda não constam de sua lista.

O fato de ser tudo muito fresco ajuda um bocado (quase tudo é produzido em até 150km de São Paulo, e colhido praticamente no dia anterior à entrega). As verduras, depois de lavadas, secas e acondicionadas em potes fechados na minha geladeira, chegam a durar duas semanas ou mais, e as frutas têm vindo especialmente saborosas. Fazia anos que não comia kiwis tão doces. Aliás, escrevi esses dias um email ao Fernando, perguntando sobre a espécie de maçã que vinha na cesta (Gala, por sinal, pequenas, mas muito doces), e lhe contando algo bizarro que me acontecera: durante a semana em que ele não entregou os produtos, reorganizando o novo site, acabei comprando maçãs comuns no supermercado. Maçãs enormes, lindíssimas, Oregon, muito vermelhas, e Granny Smith, verdinhas. Foi fatiar a maçã Oregon para ter uma estranha surpresa: o movimento da faca estava manchando de vermelho a carne clara da fruta. Pensei que tivesse cortado o dedo. Olhei novamente e fiquei em choque: a casca vermelha era puro corante. Também a maçã verde, quando cortada, revelou-se tão verde-radioativa no interior quanto no exterior, como se lhe tivessem injetado aquela cor. "Isso não é normal", pensei. De volta às maçãs orgânicas, para sempre. :)

Desde então tenho me comprometido a consumir a maior quantidade possível de orgânicos em detrimento dos produtos "comuns", uma vez apresentada a devida qualidade. Até minha nêmesis aqui em casa, os "flocos de milho açucarados" daquele tigre maldito foram enfim abolidos, substituídos por sua excelente versão orgânica. O marido aprovou de boca cheia e o tigre não entra mais aqui.

Ironicamente, desde que comecei a comprar mais orgânicos, tenho gasto menos em supermercado. Justamente por limitar minha escolha de ingredientes ao que há disponível, muita compra por impulso foi impedida nesse processo. E, de quebra, sinto que, podendo fazer isso, estou, como diz Michael Pollan, "votando três vezes ao dia", estimulando a produção de algo em que acredito, na esperança de que um dia um tomate orgânico seja um tomate comum e não precise mais de predicado.

Esse almoço supimpa foi feito com as verduras da cesta e arroz 7 grãos orgânico. Aliás, a única coisa não-orgânica aqui era o extrato de tomate italiano (justo quem, mas fazer o quê? eu disse que estou tentando, e não que consegui). Tudo delicioso, adaptado novamente do livro Nature, de Alain Ducasse. Thomas olhava maravilhado para o prato colorido e esticava os bracinhos, tentando alcançar meu garfo. Não resisti. Mergulhei meu dedinho no arroz para lambuzá-lo bem e levei-o à boca do pequeno. Ele cheirou, esticou a linguinha para fora e experimentou. Primeiro o choque. Sabor novo. O que é isso? Então se refestelou, puxando meu dedo inteiro para dentro. Bom saber que gostou, filhão; isso um dia vai virar papinha para você. ;)

Para preparar o arroz, refogue meia cebola picada em um pouco de azeite. Junte 1/2 xícara de arroz 7 grãos, mexa um pouco, tempere com sal e acrescente 1 1/2xic. de água quente (ou a proporção de água indicada no pacote). Deixe ferver, tampe e cozinhe por 15 minutos. Destampe, junte 1 colh. (sopa) extrato de tomate, tampe novamente e continue cozinhando por mais 15 minutos, até que o arroz esteja cozido. Enquanto isso, corte 1 cenoura, 4-6 rabanetes e meio bulbo pequeno de funcho em fatias o mais finas possível. Reserve. Num pilão, ou num processador, triture um punhado de coentro, um de manjericão e dois punhados de salsinha acompanhados de 1 dente de alho pequeno, 1 colher (sopa) de amendoins crus (ou pinoli, ou castanha de caju, ou castanha do Pará...), 1 colh. (sopa) azeite e 3 colh. (sopa) de leite. Tempere com sal e pimenta. Na hora de servir, misture o arroz pronto e quente aos legumes fatiados e tempere com o pesto de ervas.

Para quem mora na área de entrega do Alimento Sustentável, recomendo muitíssimo: www.alimentosustentavel.com.br

Para quem acha que eu recebi alguma coisa por esse post, saiba que não: eu é que entrei em contato com o Fernando perguntando se poderia escrever a respeito e recomendá-lo. É justamente por não fazer propaganda por aqui que eu espero que vocês levem a sério minhas recomendações. :)




Cozinhe isso também!

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