quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Cinnamon Bubble Buns para uma Padaria de Domingo adiantada

Pretendia postar essa receita no domingo, na Padaria de Domingo, onde ela pertence. No entanto, o resultado foi tão bom que foi como uma novidade incrível que você não vê a hora de dividir com alguém, e faz com que você acabe contando a história da sua vida para o motorista do táxi que acabou de conhecer.

Esses pãezinhos de canela são assim bons!

A massa é fácil de fazer, e para quem não tem uma Kitchen Aid com pá, deve ser facilmente adaptável para um processador ou mesmo para a boa e velha colher de pau, uma vez que o equipamento só serve para misturar os ingredientes. Quem sova mesmo é você. A massa começa grudenta, mas vai tomando corpo rapidamente, mantendo-se ainda bastante úmida mas incrivelmente elástica e acetinada. Ela é tão gostosa entre os dedos, tão agradável de manipular, que, parafraseando Tracy Jordan, do 30Rock, dá vontade de levar pro matinho e fazer filhos com ela. ;)

Quando você lê toda a matemática da coisa, entretanto, parece complicado. Dividir a massa em doze, dividir cada bolinha em outras seis bolinhas, e rolar cada uma das 72 bolinhas em manteiga, canela e açúcar e então montá-las nas formas. Mas o processo é rápido, principalmente se você enrolar as bolinhas não nas mãos, como brigadeiros, mas com a mão em concha, diretamente na bancada limpa, sem enfarinhar. Pá-pum. Enquanto rolava a minha 57a bolinha na manteiga, as pontas dos dedos melecadas de canela, senti-me como uma daquelas avós que fazem coisas gostosas como bolinhos de chuva. Esses pãezinhos têm gosto de avó. Eles parecem com algo de que um neto se lembraria com saudades. Os pãezinhos de canela da vovó, macios e perfumados, ainda quentinhos do forno.

Unte e enfarinhe muito bem as formas de muffins, pois o açúcar vira um caramelo na base e gruda sem dó. Use uma faquinha para ajudar a desenformá-los, com cuidadinho, pois eles saem do forno tão incrivelmente macios, que você tem certeza de que se rasgarão ao primeiro puxão para fora da forma.

A receita original tinha ainda um glacê de açúcar, manteiga e leite, mas o omiti. Gostei deles assim, simples, e desta forma eles podem ser congelados (depois de terem esfriados) e reaquecidos no forno, embalados individualmente em papel alumínio, a 150ºC por uns 10 minutos.


CINNAMON BUBBLE BUNS
(ligeiramente adaptado do livro Baking for All Occasions, de Flo Braker)
Tempo de preparo: 2h30m-3h
Rendimento: 12 pãezinhos


Ingredientes:
  • 2 1/4 colh. (chá) fermento ativo seco instantâneo
  • 1/4 xic. água morna
  • 3 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida e fria
  • 2/3 xic. sour cream
  • 3 colh. (sopa) açúcar cristal orgânico (usei o baunilhado)
  • 1 ovo grande, orgânico
  • 1 colh. (chá) essência de baunilha
  • 2 1/2 xic. farinha de trigo + 1-2 colh. (sopa) para sovar
  • 1/2 colh. (chá) sal
  • 1/4 colh. (chá) bicarbonato de sódio
(cobertura)
  • 2 colh. (sopa) cheias de açúcar cristal orgânico
  • 4 colh. (sopa) cheias de açúcar mascavo
  • 1 colh. (chá) canela em pó
  • 2 colh. (sopa) manteiga sem sal, derretida

Preparo:
  1. Na tigela da batedeira, misture a água morna e o fermento, e deixe descansar 5 minutos. Junte o sour cream, a manteiga derretida, o ovo, a baunilha e o açúcar e misture com uma espátula até ficar bem incorporado.
  2. Junte 2 xic. de farinha, o sal e o bicarbonato e bata com a pá da batedeira, em velocidade média-baixa, por 30-45 segundos, até que esteja homogêneo. Junte a 1/2 xic. de farinha restante e bata novamente, apenas até que a massa esteja homogênea e mais ou menos molenga. Ela fica com cara de massa de biscoito tipo "chocolate chip cookies".
  3. Transfira a massa para a bancada e sove por uns 3 minutos. Não se assuste com o fato de ela ser grudenta. Acrescente NO MÁXIMO 2 colh. (sopa) de farinha, caso tenha dificuldades. Coloque a massa de volta na tigela, cubra com filme plástico e deixe dobrar de tamanho por 1 hora.
  4. Enquanto isso, unte e enfarinhe cuidadosamente 12 formas padrão de muffins. Numa tigela, misture os açúcares e a canela. Coloque a manteiga derretida em um prato raso.
  5. Pré-aqueça o forno a 180ºC.
  6. Coloque a massa numa bancada limpa, afundando-lhe o punho para lhe retirar o ar, e forme um cilindro. Divida o cilindro em 12 partes iguais e forme bolas.
  7. Com a ajuda de uma faca ou espátula de metal, divida cada bola em 6 partes. (O jeito mais fácil é dividir como uma flor de 6 pétalas, como se faz com scones.) Forme bolinhas e role cada uma primeiro na manteiga e depois na mistura de canela.
  8. Acomode 5 bolinhas no fundo de cada forma, apertando a 6a bolinha no topo, com a ponta do dedo. Cubra sem apertar com filme plástico e deixe fermentar por cerca de 40 minutos, até dobrar de tamanho.
  9. Leve ao forno pré-aquecido por 20-22 minutos, até que os pães estejam dourados. Retire e deixe esfriar por 5-8 minutos. Com a ajuda de uma faquinha, retire os pães e sirva-os, ou deixe que esfriem sobre uma grade. São melhores consumidos no dia.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Sopa de Escarola e Arroz e uma novidade no blog

Primeiro: que difícil é fotografar uma sopa marrom-esverdeada à noite sob a luz fluorescente da minha cozinha! :P

Segundo: como tão poucos ingredientes podem produzir algo tão gostoso?

Fiquei feliz em ver, enfim, folhagens saudáveis e bonitas, sem as marcas das chuvas excessivas dos últimos meses. Na minha banca de feira favorita, a baciazinha azul tinha quatro ou cinco pés de escarola pequenos, novinhos, mas de folhas verde-vivo, sem manchas, tenras e bilhantes. Levei toda a bacia para casa, pensando nas saladas, tortas e sopas por vir.

Esta sopa italiana é a prova de que não é preciso se complicar para produzir delícias. De uma simplicidade ilusória, ela depende completamente da qualidade de seus ingredientes, como quase tudo na boa cozinha da Itália. Só comecei a compreender a maravilha das sopas da terrinha quando passei a produzir meu próprio caldo de legumes e a comprar verduras e legumes sazonais, no pico da estação. Escarolas murchas, inchadas de fertilizantes e sem sabor não farão nada por essa sopa. Devem ser frescas, tenras, do tipo que se sente doce na ponta da língua e amarga ao ser mastigada. E caldos de cubos, ainda que práticos, são excessivamente salgados e de uma nota só: carecem da complexidade de sabor do mais simples dos caldos caseiros.

A receita é, como acontece com muitos de meus pratos favoritos, de Marcella Hazan, primeira dama da cozinha italiana. Certa vez, fuçando na Amazon, vi uma crítica de um consumidor xingado horrores os livros de Marcella, dizendo "onde diabos se têm tempo hoje em dia de se fazer seus próprios filés de anchova?" ou "é um absurdo que se diga que sem Parmiggiano-Reggiano ou caldo caseiro uma receita não funcionará!". Bem... Eu boto minha mão no fogo por Marcella Hazan. Ela nunca quis ensinar atalhos, mas sim como se faz BOA comida italiana, DIREITO. E não vejo como pressa, atalhos e ingredientes industrializados se encaixem nesse conceito.

Então, mais uma vez: se você ainda não fez seu próprio caldo, FAÇA. Demora meia hora, você usa todas as aparas que iriam para o lixo, e fica congelado e pronto para usar durante meses a fio. E o melhor de tudo é poder fazer caldos com gosto de primavera ou com sabores de inverno, mais leves ou mais robustos. Coisa que caldo de cubo simplesmente não tem, e faz com que todos os seus pratos tenham exatamente o mesmo gosto de sopinha de pacote.

Use as folhas mais externas da escarola para essa sopa, e faça um favor ao seu palato e guarde aquele miolinho claro e delicado para saladas. :)

E a novidade?

Para tentar interagir mais rapidamente com vocês, e porque eu sempre acabo perdendo emails seus na minha bagunça de trabalho e spams, estou testando um novo widget na lateral do blog: Formspring. É só fazer sua pergunta, que eu responderei, e todas as perguntas e respostas estarão disponíveis em http://www.formspring.me/LaCucinetta. É um teste. Porque como muitas vezes a mesma pergunta é repetida em vários posts pelos comentários ou via e-mail, quero ver se fica mais fácil para todo mundo ter acesso às perguntas e respostas de todos. Vamos ver se funciona... :)

SOPA DE ESCAROLA COM ARROZ
(do livro Fundamentos da Cozinha Italiana Clássica, de Marcella Hazan - um livro obrigatório, se me permite dizer)
Tempo de preparo: 30-45 minutos
Rendimento: 4-6 porções


Ingredientes:
  • 1 pé de escarola
  • sal a gosto
  • 4 colh. (sopa) manteiga
  • 2 colh. (sopa) cebola picada
  • 3 1/2 xic. de caldo de carne (usei legumes) caseiro
  • 1/3 xic. arroz
  • 3 colh. (sopa) parmesão ralado na hora

Preparo:
  1. Lave, seque e corte em tirar de 1cm de largura a escarola. Não use folhas murchas, machucadas ou descoloridas.
  2. Em fogo alto, derreta a manteiga e refogue a cebola picada até começar a dourar. Acrescente a escarola e coloque uma pitada de sal para manter a cor. Mexa duas ou três vezes.
  3. Junte 1/2 xic. do caldo, abaixe o fogo e tampe a panela. Cozinhe por 20-40 minutos, até que murche bem. Atenção: se a escarola estiver novinha e macia ou se você estiver fazendo porções menores, o tempo é bem menor. Dez minutos podem bastar. Fique sempre de olho na panela para não queimar.
  4. Junte o restante do caldo, cubra novamente e deixe levantar fervura. Acrescente o arroz, mexa duas ou três vezes, tampe e cozinhe em fogo baixo por cerca de vinte minutos ou até que o arroz esteja cozido. Ele deve ficar firme, porém macio, mas sem se desmanchar. A sopa deve ficar densa mas fluida. Se o arroz absorver água demais e a sopa começar a ficar muito grossa, acrescente uma concha de água ou caldo. Só não deixe a sopa rala demais.
  5. Quando o arroz estiver pronto, desligue, acrescente o parmesão ralado e acerte o sal. Sirva imediatamente. (Se precisar preparar a sopa com antecedência, pare quando a escarola estiver junto de todo o caldo, e só acrescente o arroz e termine perto da hora de servir, ou o arroz ficará empapado. Não coloque a sopa na geladeira.)

Cozinhe isso também!

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