segunda-feira, 20 de abril de 2009

Estranhos macarons – um desabafo

Decidi que hoje seria o dia de dar fim às claras congeladas que gritavam de dentro de meu congelador. Apanhei o livro novo da Heloísa Bacellar e, quando vi a receita dos macarons de baunilha, usando um total de 5 claras, sabia ter encontrado um fim para as danadas. A receita prometia 40 lindos macarons recheados de creme de baunilha; uma quantidade grande, mas não muito monstruosa. Principalmente quando li o texto que descrevia bolinhas de 1,5cm. Ah, 40 macarrons de 1,5cm não são tanta coisa assim.

Não vou entrar no mérito de que os macarons ficaram parecendo suspiros, pois eu nunca havia feito macarons antes e insisti em usar açúcar orgânico no lugar do de confeiteiro, mesmo sabendo que isso afetaria a textura. O resultado foi que ficaram feiosinhos, assim pontudos ao invés de achatados como na foto do livro, mas foram aprovados em sabor assim mesmo.

Meu problema, no entanto, foi com a quantidade prometida pela receita. Coloquei o creme no saco de confeitar e comecei a produzir bolinhas de 1,5cm, separadas por 3cm de espaço. Quando estava na minha quadragésima bolinha ainda na primeira assadeira, percebi que ainda restavam 3/4 de massa dentro do saco. Hmmm... Apanhei a régua. Um centímetro e meio. Certinho. Estranho... Continuei com o mesmo tamanho, até o fim da segunda assadeira, mas sem ver o fim do creme no saco. Apanhei mais duas assadeiras debaixo da pia, forrei com papel-manteiga e continuei a produzir bolinhas, mas dessa vez invertendo a instrução do livro: bolinhas de 3cm, com espaço de 1,5cm entre elas. Nesse tamanho, consegui produzir mais 60 bolas.

O livro pedia para aquecer o forno apenas quando as bolinhas estivessem nas assadeiras, para que o tempo de espera formasse uma película que as impedisse de rachar. Na hora de colocar as assadeiras no forno, percebi que o livro, apesar de mencionar o preparo de duas assadeiras, não mencionava nada a respeito de colocá-las juntas no forno, revezando prateleiras, ou sobre assá-las uma por vez. Concluí que, se esperar dez minutos não fizera mal, esperar mais quinze também não faria, e coloquei a primeira assadeira sozinha no forno.

No tempo exato, retirei a primeira e coloquei a segunda, e fui revezando as assadeiras no forno até a última delas. Ironicamente, os macarons mais "macaronescos" foram os últimos, que esperaram mais tempo, e que, por isso, desinflaram um pouco, perdendo suas pontinhas. Ainda assim, eu tinha agora cerca de 140 biscoitos à minha frente.

Olhei para a receita do recheio com bastante desconfiança. Ela pedia 2 claras e 250g de manteiga, o que me parecia simplesmente demais. Resolvi fazer apenas metade dela. O recheio ficou ótimo, mesmo para alguém como eu, que não é fã de cremes amanteigados, e combinou muito bem com meus macarons-suspiros. No entanto, mesmo recheando generosamente quase o dobro de macarons que a receita previra (70 pares de biscoitos ao invés de 40) com METADE do creme (teoricamente creme para 20 macarons ao invés de 40), ainda SOBRARAM 3/4 do recheio.

Agora me digam: alguém já fez essa receita? Alguém sabe se esse livro foi revisado???
Fala sério.

domingo, 19 de abril de 2009

PADARIA DE DOMINGO 32: Pão quase sourdough

Este é exatamente o tipo de pão que me faz entender porque diabos faço pão em casa toda semana ao invés de comprá-lo pronto. Assim que provei a primeira fatia pensei "esse é o melhor pão que já fiz na vida." Mas só tive certeza quando meu marido repetiu a sentença durante o café da manhã.

Desde meu primeiro pãozinho eu buscava essa textura aberta, leve, essa casca quebradiça e fina e esse sabor um tantinho mais rústico, mais complexo. Claro que um resultado assim não viria sem algum esforço. Ok, ok, chamar de "esforço" é um tremendo de um exagero, uma vez que o único pré-requisito desse pão é tempo livre. Basta ter paciência e esperar as longas horas de fermentação, deixando o despertador pronto para avisá-lo de que é hora mexer na massa novamente, e pronto. Se, ao contrário de mim, ainda decidir fazer a primeira etapa antes de dormir, pode deixar o fermento trabalhando durante a noite na geladeira e ter pão fresquinho no almoço do dia seguinte.

Não é exatamente um sourdough, pois sua fermentação não é natural. Mas o fato de ela ser tão lenta faz com que sua textura e sabor fiquem muito próximas a um. Acho que é um bom treino para quem (como eu) ainda não teve paciência para fazer seu próprio fermento. Mas só assim, bem devagarinho, a massa fica tão leve, com esses lindos vazios como um queijo suíço.

O que restar de fermento deve ser guardado num pote fechado, na parte inferior da geladeira e, segundo Bertinet, pode ser usado para a próxima batelada de pão ou para uma pizza.

PÃO TIPO SOURDOUGH
(ligeiramente adaptado do livro Crust, de Richard Bertinet)
Tempo de preparo: 6h ou durante a noite (para o fermento) + 4h30
Rendimento: 2 pães grandes


Ingredientes:
(fermento)
  • 5g fermento ativo fresco
  • 250g farinha de trigo para pães
  • 5g sal
  • 175g água
(massa)
  • 475g farinha de trigo para pães
  • 25g farinha de centeio
  • 360g água
  • 300g do fermento preparado
  • 10g sal

Preparo:
(fermento)
  1. Esfregue o fermento ativo fresco entre os dedos com a farinha, até desfazê-lo inteiro. Junte a água e o sal e misture bem até que a massa pareça uniforme. Coloque numa superfície não enfarinhada e sove segundo o método de Bertinet. Volte a massa para uma tigela ligeiramente enfarinhada, cubra com um pano de prato e deixe descansar em temperatura ambiente por 6 horas ou na geladeira durante a noite (ou até 48 horas) até que tenha dobrado de tamanho.
(massa)
  1. Coloque a pedra de assar na prateleira do meio do forno e ligue-o a 250ºC.
  2. Misture as duas farinhas em uma tigela grande. Junte a água e misture bem até que forme uma massa. Cubra com um pano e deixe descansar por 30 minutos.
  3. Junte 300g do fermento preparado à mistura de farinha e água. Quando a massa começar a ficar uniforme, despeje em uma superfície não enfarinhada. Sove por alguns minutos, até que a massa comece a ficar elástica. Polvilhe o sal por cima e continue sovando por mais uns dois ou três minutos.
  4. Enfarinhe ligeiramente a superfície e forme uma bola com a massa. Coloque-a de volta à tigela enfarinhada, cubra com um pano e deixe fermentar por 1 h30.
  5. Enfarinhe ligeiramente a bancada e despeje a massa fermentada. Forme uma bola novamente, volte à tigela, cubra e deixe descansar por mais 1 hora.
  6. Pela última vez enfarinhe ligeiramente a bancada e despeje a massa. Divida-a em duas partes iguais e dê forma aos pães.
  7. Coloque um pano de prato sobre uma assadeira e enfarinhe-o generosamente. Coloque os dois pães sobre o pano, dobrando-o entre os pães para que eles não se toquem enquanto crescem. Cubra com outro pano e deixe que descansem por 1 hora ou até que dobrem de tamanho.
  8. Polvilhe uma pá ou uma assadeira invertida com fubá ou semolina. Coloque os pães sobre ela, com a fenda para baixo. Faça um ou mais cortes na superfície dos pães. Abra o forno, pulverize com água e deslize os pães para a pedra quente, num movimento rápido. Feche e asse por 25-30 minutos, ou até que estejam grandes, dourados e que emitam um som oco ao bater-lhes embaixo com os nós dos dedos. Remova do forno e deixe que esfriem sobre grades.

Cozinhe isso também!

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