quarta-feira, 1 de abril de 2009

Olha o título de livro de auto-ajuda: "Como cortei meus gastos e fiquei mais saudável" ;)

Finalmente, depois de analisar um bocado os hábitos aqui de casa e de ficar esmiuçando cada notinha de supermercado, consegui reduzir em 17% meus gastos com supermercado. Não é muito, mas já é um começo.

Meus dois grandes problemas em tentar diminuir esse gasto quando primeiro notei o valor que andava saindo de minha conta eram:
  1. Eu já comprava pouco ou nenhum alimento industrializado.
  2. Os preços em si haviam aumentado ao longo dos anos, e não a quantidade de comida que eu comprava.
Tendo isso em vista, onde diabos eu poderia fazer cortes???

A primeira coisa que fiz foi continuar comprando e comendo da mesma forma por uns dois meses, para que pudesse anotar tudo o que era comprado, em que quantidade e seu preço, e comparar isso com o que restava na despensa no fim do mês. Assim eu saberia se aquilo que eu comprava estava de fato sendo consumido ou se estava apenas ocupando lugar na prateleira de casa, esperando um dia de inspiração. E vamos lá, confessem: todo mundo tem no armário da cozinha algum item comprado para "ter quando precisar", e do qual você só lembra perto da data de vencimento. O resultado é sempre igual: acabamos preparando o tal item completamente sem vontade, só para não jogar no lixo... :P

Tendo a lista pronta, defini o que ali era de fato necessário e o que não era. Dentre os necessários, identifiquei os "estocáveis" (leite longa vida, farinha, açúcar, café, alguns grãos, tomate pelado em lata, macarrão, etc...). Fiz minha lista, fui até a loja de atacado mais próxima e comprei APENAS os itens da lista que estavam disponíveis, sem abrir mão da qualidade das marcas de que gosto.

Resistir às ofertas de coisas de que não precisamos num atacado é bem mais fácil quando você busca apenas alimentos mais próximos de seu estado natural. Você simplesmente pula todo o corredor de bolachas e doces, pula a geladeira dos congelados, e continua focado não em comida pronta, mas comida-ingrediente, que você usa para produzir sua comida de fato. Quanto aos "estocáveis", fico satisfeita se nada no carrinho de compras puder ser comido, por exemplo, na fila do caixa.

Manter-me presa à lista evitou (na maioria das vezes) que eu cometesse o erro do "tá tão barato!". "Noooossa! O coco ralado tá tão barato!" E eu coloco 1kg de coco ralado no carrinho. Convenhamos, eu uso coco ralado uma vez por ano, e nunca mais de 100 ou 200g. Ao invés de pensar "um dia eu posso precisar de coco ralado", comecei a lembrar que eu moro perto de dois ou três supermercados, e que comprar um saquinho de 100g de coco ralado quando eu de fato precisar não vai ser um problema nem um gasto exorbitante.

Foi preciso também esmiuçar mais meus hábitos. Você vê aquele paredão de massas italianas em embalagens de 1,5kg e pensa "ah, eu quero três ou quatro tipos de massa". Já cometi esse erro. Hoje em dia, não comemos massa mais do que umas cinco vezes por mês. Há coisas que não valem a pena serem compradas em quantidade, pois ou elas vão vencer antes que você consiga consumi-las [se for sozinho ou casal, como eu], ou você entrará num frenesi de "acabou o fusilli, então preciso comprar mais", apesar de ainda ter outros dois tipos de massa na despensa.

O interessante é que há dois anos atrás eu já tentara economizar planejando dessa forma, mas não dera certo. Em parte pelo frenesi do fusilli, em parte por causa de nosso estilo de alimentação na época. Depois dos meses de reeducaçnao, é minha geladeira que vê mais rotatividade de produtos, e não minha despensa, que deixou de ser uma base para alimentos frescos, para virar acompanhamento. E isso foi crucial para cortar os gastos.

Saio normalmente com muito pouca coisa do atacadão: leite integral, açúcar orgânico, alguma massa se for preciso, tomate em lata, atum. Então passo no supermercado ao lado de casa e compro itens como o café de que gosto, farinha orgânica branca e 1kg de qualquer outra que esteja acabando (centeio, integral, milho, sarraceno...), arroz integral orgânico (1kg dura meses para nós) e um pacote de meio quilo de algum outro grão (feijão, cevada, quinua...), para se unir aos outros pacotes de meio quilo que compõem minha despensa [vivendo em casal é impossível comprar grãos em mais de meio quilo, a menos que você goste ou não se importe de comer o mesmo tipo de feijão todo dia, ou não se importe em jogar fora. Eu não gosto de nenhuma das alternativas.]

Então chegou a hora dos perecíveis. Ainda no supermercado, compro ovos, manteiga, fermento fresco, um belo pedaço de meio quilo de parmesão e algum queijo fresco. Então, a não ser que seja uma emergência de geladeira vazia, espero o dia da feira e levo comigo a lista dos produtos da estação. Compro comida suficiente para duas semanas, levando sempre mais legumes do que folhas, para que nada seja jogado fora. Como vou sempre à mesma banca, o cheiro verde sai sempre de graça. Aproveito e já compro minhas frutas na banca de trás. Volto para casa carregada, tendo gasto 1/5 do que gastaria em qualquer dos supermercados da região, e só entro de novo no supermercado para comprar um vinho, algum item especial (como cacau em pó ou creme de leite fresco) ou para repor queijos e ovos.

Parece que não há nada de novo em relação ao que eu já fazia, mas a diferença está na quantidade de perecíveis versus estocáveis. Quanto mais legumes e frutas fui colocando em meu cardápio, menos fui gastando com o restante. Comprando sazonais, evito também de comprar importados, bem mais caros. Não parei de tomar meu café gourmet ou de comprar meu queijo Feta, mas comecei a manter minha lista de compras muito, muito simples. Parei de comprar, inclusive, sucos. A única bebida que entra pronta na minha cozinha é alcoólica (hehehe). Um litro de suco custa uma barbaridade, e você tem muito mais nutrientes se comer uma fruta fresca de sobremesa ao invés de um copo de suco de caixinha na hora do almoço.

Claro, um estressadinho dirá: "Aaaah, mas você tem tempo para preparar tudo do zero. Imagina se eu vou fazer massa fresca de macarrão numa terça-feira ou se vou fazer pão toda semana!" E digo: terça-feira levei 35 minutos entre misturar farinha com ovo, abrir e cortar o pappardelle, preparar o molho e cozinhar a massa. Há seis anos atrás eu provavelmente demoraria 2 horas e daria errado. Enquanto escrevo esse post, meu pão, que demorou dez minutos para ser sovado, está crescendo, sozinho na cozinha. Meu iogurte, preparo-o em cinco minutos às 22h, vou dormir e às 6h, quando acordo para correr, coloco-o na geladeira. Nenhum trabalho. Lavo e seco todas as folhas assim que chego da feira, e as envolvo com papel-toalha e acondiciono em potes fechados. Isso me poupa tempo depois, quando só preciso abrir o pote, pegar as folhas e colocar no prato. Costumava demorar uma eternidade para picar uma cebola bem fininho, e hoje em dia meu marido acha divertido me ver picando coisas. PRÁTICA. E prática só se consegue se você fizer todo dia.

Por ter prática em preparar tudo do zero, cozinhar não dá trabalho e não consome tempo. Por isso, pude simplificar muito minha lista de compras e diminuir um bocado meus gastos. De quebra, sinto que comer assim está me tornando muito mais leve e enérgica.

Mas acho que ainda é possível aparar algumas arestas.

Antes que eu receba mais e-mails insandescidos de gente com o dedo em riste na minha cara, deixo MUITO CLARO que não acho que eu estou certa e todo mundo, errado. Esse foi o MEU modo de cortar gastos. Como funcionou para mim, acredito que pode funcionar para outra pessoa. E é claro que eu não sei como é para quem compra carne, por exemplo. Ou para quem tem 10 filhos e trabalha 18 horas por dia. É um desabafo. Relaxe. :D

quinta-feira, 26 de março de 2009

De volta do Ceará com um novo livro de cabeceira e vontade de comer tapioca com queijo

Depois de alguns dias de pé na areia, olhando para um mar que me fazia virar o pescoço de um lado para o outro para enxergar suas extremidades, descobri que adoro baião-de-dois e tapioca. Sim, parece incrível, mas nunca havia provado nenhum dos dois. Foi uma semana de pargo frito, camarão de inúmeras maneiras e caldinho de peixe espesso e amarelo, que me dava a impressão de que seria capaz de levantar um saco de tijolos acima da cabeça; mas agora tudo o que quero é um pouco de verde no prato.

O interessante dessas pequenas férias, além de conhecer um pedaço do Brasil que nunca antes visitara, foi reorganizar minha cabeça e, em conseqüência, meu tempo. Assim que o avião pousou, arranquei o relógio do pulso e meti-o na bolsa, decidida a não mais saber que horas eram a não ser pelo movimento do sol sobre os prédios de Fortaleza ou sobre as dunas de Canoa Quebrada.

O tempo longe do computador e da televisão fez com que eu terminasse um livro que estava pela metade, lesse um inteiro comprado no aeroporto e começasse um terceiro trazido de São Paulo, o que tornou minha mala mais pesada mas com certeza me trouxe de volta a meu antigo ritmo de leitura. Deitada numa rede, cervejinha numa das mãos, devorei, deliciada, o último livro de Michael Pollan: Em Defesa da Comida. Não sou muito de fazer resenhas de livros, mas não há uma pessoa que eu conheça a quem não esteja recomendando essa leitura. Para quem já leva a vida com mais calma, o livro não traz nada de novo em suas recomendações. As regras na parte de trás do livro, inclusive, dão uma idéia errada de seu conteúdo, e eu mesma pensei que o livro não me ensinaria coisa alguma, uma vez que já sigo boa parte (senão todas) das regras de Pollan. No entanto, o que o livro faz é dar respaldo a pessoas que já fazem determinadas escolhas no que diz respeito a estilo de vida e alimentação. É um alívio saber não estamos loucos e sozinhos no mundo, e que o que fazemos de fato faz algum sentido. [Sinto-me menos chata.] Àqueles que já pensam que talvez aquele pacote de bolachas sabor morango não seja uma compra tão boa – mas que ainda assim vão lá e o compram – o livro dá o último empurrão para que abandonem os maus hábitos. E aos glutões que pouco se importam com o que enfiam na boca, as informações sobre a história do cultivo de cereais no ocidente, a industrialização da comida, o "nutricionismo" e a relação de tudo isso com sua saúde debilitada serão certamente um choque.

O mais interessante disso tudo, foi conseguir compreender de fato o por quê de ter emagrecido – além do fato de ter me exercitado um bocado – sem ter aberto mão de nada de que gostasse. Durante oito meses (e ainda hoje) eu comi comida. Não muito. Principalmente vegetais.

Deixo a vocês então imagens relaxantes e essa recomendação de leitura. Imagens relaxantes são primordiais nesse momento, em que há dois encanadores fazendo de meu banheiro um queijo suíço. Só posso ignorar o barulho, apanhar um bocado do sorvete de milho verde da Patrícia, que preparei com as lindas espigas de milho fresquinhas compradas na feira, olhar para as fotos do mar e fingir que as marteladas são na verdade o burburinho das ondas. Suspiro, volto a trabalhar, e fico imaginando onde vou encontrar feijão de corda fresquinho para fazer baião-de-dois por aqui. [Fico também imaginando se posso fazer a goma da tapioca num dia, colocar na geladeira e preparar a tapioca na manhã seguinte. Será que posso? Será?]

Cozinhe isso também!

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