quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Agradecimentos e uma sopa de beterrabas fruto de um chilique

Antes de começar, preciso agradecer a todos que passaram por aqui no aniversário do blog. Quem diria que depois de dois anos, tanta gente se daria ao trabalho de ler os absurdos que eu escrevo. Meu coração gelado foi derretido pelo carinho de todos vocês. Muito, muito obrigada!

No entanto, até que o bolo de aniversário de minha irmã esteja pronto, estamos de volta à contagem de [argh!] calorias. A boa notícia é que ao menos estou começando a ver já algum resultado depois de duas semanas e meia querendo mastigar meu braço esquerdo de vontade de comer doce.

Há alguns meses atrás, tive o que não poderia descrever de outra forma senão como um siricotico. Um ataque, daqueles que fazem com que você saia gritando pela casa com os braços para cima, querendo jogar fora tudo o que tem e começar de novo, limpa, sem peso nas costas. Não se alarme, porém: tenho um desses, eu diria, trimestralmente. Após três anos morando com a louca que vos escreve, meu marido já se acostumou a chegar em casa e encontrar o apartamento inteiro invertido, os cds organizados por data de lançamento na estante onde antes ficavam os álbuns de fotografia, os livros empilhados ao invés de horizontalmente alinhados, o sofá onde antes ficava a TV. Normal. Ataques. Chiliques. Siricoticos.

No último deles, resolvi implicar com minhas revistas de cozinha. Espalhei-as por toda a sala e folheei uma a uma, recortando apenas o que tinha certeza de que cozinharia um dia (surpreendentemente, pouca coisa), e jogando o esqueleto repolhudo restante fora. Os recortes foram, então, organizados por tamanho, montados como quebra-cabeças e colados no meu caderno. Caderno de volta à estante e tudo bem: hora de comprar revistas novas.

Ah, essa compulsão...

Foi numa noite em que jantaria sozinha que resolvi exercitar minha opção de "duas conchas grandes de sopa de legumes — SÓ LEGUMES" colada à geladeira. Imediatamente me lembrei de uma das receitas coladas ao caderno que, para ser sincera, eu já quisera preparar muitas vezes fora da dieta, mas sempre me esquecia de comprar os ingredientes. E desta vez, tinha todos à mão. A receita era de uma sopa de beterrabas de uma Cláudia Cozinha de uns dez anos atrás. Mas, quando comecei a lê-la, desanimei: panela de pressão.

Ooook... Não preciso explicar de novo o por quê de não ter uma panela de pressão.

Apanhei meus ingredientes e resolvi reinventar a sopa, a meu modo. Desde que descobri as maravilhas das mini-beterrabas assadas en papillote com vinagre balsâmico [receita que achava ser do Jamie Oliver, até descobrir que é clássica italiana], nunca mais as preparei de outra forma. O que mais gosto nelas dessa forma é o fato de ficarem ligeiramente caramelizadas, macias, doces e deliciosas, mas sem absorverem toda aquela água de quando são cozidas. Outra facilidade é o fato de sua casca ainda ser muito fina, e, quando assada, praticamente desaparece na boca, razão pela qual não me dou ao trabalho de descascá-las.

Esta é uma sopa para amantes de beterrabas, mas talvez possa convencer alguns do contra. Ela é ainda mais saborosa acompanhada de mozzarella de búfala ou algum queijo de cabra.

SOPA DE BETERRABAS ASSADAS
(Inspirada por uma receita da revista Cláudia Cozinha)
Tempo de preparo: 40 minutos
Rendimento: 3-4 porções


Ingredientes:
  • 1 lata de tomates italianos pelados
  • 1 cebola
  • 1 talo de salsão de uns 15cm
  • 2 dentes de alho
  • 6 mini-beterrabas, ainda com parte dos ramos
  • 1 colh. (chá) de vinagre balsâmico
  • 2 colh. (chá) de azeite extra-virgem
  • 1 colh. (chá) de Tabasco
  • 1 xíc. de água
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
  • salsinha para guarnecer

Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 200ºC. Rague uma folha grande de papel alumínio e dobre-a ao meio, para que fique mais segura e não rasgue. No meio dela, coloque as beterrabas inteiras (ou cortadas ao meio se forem maiores) e o vinagre balsâmico. Tempere com sal e pimenta. Feche o papel alumínio como um envelope, apertando bem as laterais para que o vapor não escape. Leve ao forno e asse por 20-30 minutos, até que o papel esteja bem inflado e as beterrabas estejam assadas e caramelizadas. Não tem importância se queimar um pouco.
  2. Pique o alho, a cebola e o salsão e refogue em uma panela, com metade do azeite. Junte os tomates e cozinhe por uns 15 minutos, mexendo de vez em quando.
  3. Retire as beterrabas do forno e coloque-as num liqüidificador, com qualquer caldo que tenha escorrido delas. Junte a mistura de tomates, a xícara de água e o Tabasco e bata até que fique homogêneo.
  4. Volte a mistura para a panela, para reaquecê-la. Tempere com sal e pimenta (e mais Tabasco, se quiser). Guarneça com folhas de salsinha e sirva.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

La Cucinetta faz anos, e o azar é só dela...


Há dois anos atrás resolvi começar a escrever sobre comida para meus amigos e quem mais caísse por aqui de pára-quedas. Marcara na agenda a data e desde o início de agosto eu tinha planos para um belo bolo de camadas para comemorar o aniversário do blog. Não contava, no entanto, com o advento da dieta. Esta que anda me enlouquecendo por me proibir de preparar e comer doces.

Tenho sido uma boa menina, quero deixar isso claro. Melhor, tenho sido uma paciente exemplar. Tanto, que, num momento meigo, quando o marido comentou que meus olhos estavam com um tom esverdeado bonito, pensei comigo mesma: "são os legumes".

Com minha irmã (que faz aniversário também essa semana) pedindo para que eu fizesse seu bolo, tentei manter a cabeça no lugar e deixar meu "pedaço de doce permitido da semana" para o dia da festa. No entanto, o alien que habita meu estômago ganhou como forte aliado o grilo estridente em meu cérebro, que gritava exasperado que eu já deixara passar em branco o 1º aniversário do La Cucinetta.

Está bem, está bem. Vejam o que não faço por vocês. Maculei minha até então incólume dieta em nome de um post de aniversário mais ou menos decente. Apanhei uma receita do livro da Ghirardelli, adaptei o quanto pude para produzir um único bolinho de tamanho próprio para alguém que quer emagrecer um pouco, troquei alguns ingredientes e tchananans: ele não tem mais manteiga do que você passaria no pãozinho de manhã cedo, não tem quase nada de farinha, contribuindo com sua textura interna cremosa, e leva meu permitido chocolate a 70% de cacau, aromatizado com menta, combinando maravilhosamente com as framboesas surpreendentemente doces. Furei a dieta mas valeu cada colherada...

[E o melhor de tudo é o alívio incrível por ter gasto vinte minutos de meu tempo preparando um doce, ao invés de sonhando com ele... ]


BOLINHO CREMOSO DE CHOCOLATE-MENTA
(livremente adaptado do livro The Ghirardelli Chocolate Cookbook)
Tempo de preparo: 20 minutos
Rendimento: 1 porção


Ingredientes:
  • 15g de manteiga sem sal, e mais para untar
  • 30g de chocolate amargo 70% de cacau aromatizado com menta
  • 1 ovo extra-grande
  • 2 colh. (sopa) de açúcar baunilhado
  • 1/4 colh. (sopa) de farinha de trigo
  • framboesas
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 230ºC. Unte com manteiga um ramequin de 150ml.
  2. Derreta em banho-maria a manteiga e o chocolate. Enquanto isso, bata na batedeira o ovo e o açúcar por uns 10 minutos, até que esteja muito fofo e esbranquiçado.
  3. Desligue a batedeira e, com uma espátula, incorpore a mistura de chocolate. Junte a farinha e misture.
  4. Derrame no ramequin e leve ao forno por 10-15 minutos. O bolo inflará como um soufflé e será muito mole, tendo apenas uma fina casquinha mais ou menos firme. Retire do forno e deixe descansar por uns 5 minutos. Ele desinflará. Desenforme num prato de sobremesa e sirva com as framboesas.

Cozinhe isso também!

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