terça-feira, 10 de junho de 2008

A 1ª coisa da Califórnia de que sinto falta: café-da-manhã


Se existe algo que americanos fazem bem, isso é com certeza café-da-manhã. Nunca fui, na infância, uma grande fã de qualquer coisa mais que café com leite e um pão com manteiga antes de começar o dia, mas, conforme fui crescendo e viajando, adquiri um gosto especial pelos cafés-da-manhã de hotéis. Nada me deixa de melhor humor durante uma viagem do que pães, bolos, ovos mexidos, frutas, cereais, sucos, cafés, tudo à minha disposição. E sou exatamente aquele tipo de turista que, uma vez sabido que o café está incluso, faz questão de aproveitar muito bem, para poder fazer um almoço leve e só se preocupar de verdade com o jantar.

No entanto, no dia em que me dei conta, estupidamente, de que não precisava estar num hotel para comer ovos mexidos com torradas, minhas manhãs mudaram drasticamente. Sempre que tenho tempo, dou-me um pouco da abundância dos cafés de férias, e preparo panquecas, ovos mexidos, e, agora, depois de ter adquirido o vício com minha tia, ovos pochés.

Não era segredo para ninguém, portanto, que um dos momentos pelos quais eu mais ansiava ao pensar em minha viagem eram os fartos cafés-da-manhã americanos. É preciso afirmar com vontade que eles não decepcionaram.

Nas pousadas em que o café era incluso, comíamos bagels fresquinhos tostados, com passadelas generosas de cream cheese, que me deixaram com o comichão de querer tentar prepará-los por aqui. Pulávamos o café com gosto de chá preto e procurávamos uma Starbucks ou Peete´s Coffee para aplacar nossa sede por espressos bem tirados.

Quando o café não era incluso, entretanto, não me entristecia: pelo contrário, gostava de andar pela vizinhança buscando um bom lugar para experimentar algo novo. Em Lee Vining, uma cidadezinha de uma rua só à beira do Mono Lake (o lugar mais estranho que já vi), comi minhas primeiras buttermilk pancakes, sentada em um grande sofá vermelho de um tradicional dinner. As panquecas macias, os ovos mexidos cremosos e as torradas de pão sourdough foram extremamente reconfortantes no frio daquela manhã. Sim, porque, àquele dia, apesar de ser já fim da Primavera, estava ne-van-do.

Em Sutter Creek, uma cidade histórica da época da Corrida do Ouro, depois de um jantar leve, não resisti a um café reforçado no hotel do século XIX em que ficamos, na rua principal. A grande dose de café espresso e o copo de suco de laranja acompanharam bem o enorme porém leve waffle servido com manteiga, morangos incrivelmente doces e amoras pretas. Para completar, meus ovos mexidos com torradas de english muffin. Tudo bem, eu não estava com tanta fome assim, mas não pude resistir ao english muffin do cardápio, que sempre quisera provar. Espécie de pãezinhos muito macios e saborosos, entraram na minha lista de "fazer em casa no fim de semana". Tivemos de dar parabéns ao chef, pois as hashbrown potatoes que minha tia pedira para acompanhar as salsichas italianas (entendam: ela mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos) foram as melhores de sua vida, segundo ela.

Em San Francisco, havia um dinner muito próximo de nosso hotel que me fazia sentir dentro de um filme. Com jukeboxes nas mesas, ele era como algumas lanchonetes aqui no Brasil, exceto pelo fato de que esta era the real deal. Lá, voltei às panquecas; desta vez normais, não de buttermilk. O interessante era que, naquele pequeno dinner de Lee Vining, fora deixada sobre a mesa uma enorme jarra de maple syrup, para que eu me servisse à vontade; enquanto em San Francisco, cidade grande, minhas panquecas vieram acompanhadas de um pequeno (e suficiente) frasco.

Em Santa Barbara, descendo pela costa, a caminho de Los Angeles, descobrimos a D´Angelo Pastry & Bread, com pães de encher os olhos. Foi quando descobri as maravilhas da tríade ovo poché - pão de centeio - marmelada de laranja. Aliás, descobrir finalmente que fin cut orange marmalade é geléia feita com fatias finas da fruta, levou-me de volta a um bolo de chocolate de Nigella que eu nunca tentara por não fazer idéia do que era o tal ingrediente. Comendo e aprendendo... Claro que, olhando para aquelas belezuras na saída, não consegui resistir a levar um danish de avelãs para comer enquanto caminhava.

Enfim, de volta a Los Angeles, num último passeio pelo Farmer´s Market, para as infames compras de tralha, percebi que ainda não provara nenhum blueberry muffin. Banana, ok. Lemon-poppy-seed, ok. Blueberry, not yet. Acredito que a foto fale por si mesma, e, por isso, acrescento apenas que esse blueberry muffin estabeleceu, para mim, o padrão de comparação para todos os blueberry muffins que hei de comer e/ou preparar durante minha vida.

E é por isso que a 1ª coisa da Califórnia de que sentirei falta é o café-da-manhã.

segunda-feira, 9 de junho de 2008

Salada de beterrabas e folhas amargas: controle de prejuízo das férias...



Férias são mesmo necessárias para se colocar a cabeça de volta no lugar e pôr sua vida em perspectiva. Mas que faz um estrago na silhueta, isso faz. Depois de grandes porções de boa comida e uma certa freqüência (deliciosa? preocupante?) de vinhos e cervejas para acompanhar as refeições, voltei sentindo-me uma verdadeira bolha. Tudo o que quero é retomar o ritmo de exercícios e tentar tornar os pratos da casa um pouco mais leves. Afinal, ultimamente, o único da casa com físico impecável é o cachorro.

Passei no mercado para livrar minha geladeira de seu triste vazio, e tentei compor no carrinho a salada que me lembrava de um dos livros que comprei durante a viagem (Fast Food, de Gordon Ramsay, o único dele que me pareceu mais pé no chão e com menos receitas carnívoras). No entanto, ao folhear novamente o livro em casa, percebi que misturara em meu cérebro cerca de 3 diferentes receitas suas, de modo que, sem titubear, usei os ingredientes para criar minha própria, que ficou parecida, mas não igual a uma outra que fiz há tempos atrás.

SALADA DE MINI-BETERRABAS E FOLHAS AMARGAS
Tempo de preparo: 20 minutos
Rendimento: 1 porção


Ingredientes:
  • 5-6 mini beterrabas, com casca e caules
  • 1 punhado de folhas de rúcula selvática
  • 1 radicchio de treviso pequeno (aquele comprido, que parece uma endívia, menos amargo que o redondo)
  • 1 colh. (sopa) de queijo de cabra tipo Crottin esmigalhado
  • 1 1/2 colh. (sopa) de azeite extra-virgem
  • 1/2 colh. (sopa) de vinagre balsâmico de qualidade
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
Preparo:
  1. Lave as beterravas, coloque em uma panela pequena com água e cozinhe até ficarem macias.
  2. Fatie o radicchio inteiro, de modo a obter rodelas finas. Reserve.
  3. Misture o azeite, o vinagre, o sal e a pimenta, até que fique homogêneo e reserve.
  4. Escorra as beterrabas, e corte-as ao meio no sentido do comprimento, ou em quartos, se forem maiores. Você pode comê-las quentes na salada ou esperar que esfriem.
  5. Misture a rúcula e o radicchio, disponha as beterrabas por cima e derrame o vinaigrette, misturando delicadamente. Espalhe o queijo por cima e bom apetite!

Cozinhe isso também!

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