
Se existe algo que americanos fazem bem, isso é com certeza café-da-manhã. Nunca fui, na infância, uma grande fã de qualquer coisa mais que café com leite e um pão com manteiga antes de começar o dia, mas, conforme fui crescendo e viajando, adquiri um gosto especial pelos cafés-da-manhã de hotéis. Nada me deixa de melhor humor durante uma viagem do que pães, bolos, ovos mexidos, frutas, cereais, sucos, cafés, tudo à minha disposição. E sou exatamente aquele tipo de turista que, uma vez sabido que o café está incluso, faz questão de aproveitar muito bem, para poder fazer um almoço leve e só se preocupar de verdade com o jantar.
No entanto, no dia em que me dei conta, estupidamente, de que não precisava estar num hotel para comer ovos mexidos com torradas, minhas manhãs mudaram drasticamente. Sempre que tenho tempo, dou-me um pouco da abundância dos cafés de férias, e preparo panquecas, ovos mexidos, e, agora, depois de ter adquirido o vício com minha tia, ovos
pochés.
Não era segredo para ninguém, portanto, que um dos momentos pelos quais eu mais ansiava ao pensar em minha viagem eram os fartos cafés-da-manhã americanos. É preciso afirmar com vontade que eles não decepcionaram.
Nas pousadas em que o café era incluso, comíamos
bagels fresquinhos tostados, com passadelas generosas de
cream cheese, que me deixaram com o comichão de querer tentar prepará-los por aqui. Pulávamos o café com gosto de chá preto e procurávamos uma
Starbucks ou
Peete´s Coffee para aplacar nossa sede por
espressos bem tirados.


Quando o café não era incluso, entretanto, não me entristecia: pelo contrário, gostava de andar pela vizinhança buscando um bom lugar para experimentar algo novo. Em Lee Vining, uma cidadezinha de uma rua só à beira do
Mono Lake (o lugar mais estranho que já vi), comi minhas primeiras
buttermilk pancakes, sentada em um grande sofá vermelho de um tradicional
dinner. As panquecas macias, os ovos mexidos cremosos e as torradas de pão
sourdough foram extremamente reconfortantes no frio daquela manhã. Sim, porque, àquele dia, apesar de ser já fim da Primavera, estava
ne-van-do.


Em Sutter Creek, uma cidade histórica da época da Corrida do Ouro, depois de um jantar leve, não resisti a um café reforçado no hotel do século XIX em que ficamos, na rua principal. A grande dose de café
espresso e o copo de suco de laranja acompanharam bem o enorme porém leve
waffle servido com manteiga, morangos incrivelmente doces e amoras pretas. Para completar, meus ovos mexidos com torradas de
english muffin. Tudo bem, eu não estava com tanta fome assim, mas não pude resistir ao
english muffin do cardápio, que sempre quisera provar. Espécie de pãezinhos muito macios e saborosos, entraram na minha lista de "fazer em casa no fim de semana". Tivemos de dar parabéns ao
chef, pois as
hashbrown potatoes que minha tia pedira para acompanhar as salsichas italianas (entendam: ela mora nos Estados Unidos há mais de 20 anos) foram as melhores de sua vida, segundo ela.


Em San Francisco, havia um
dinner muito próximo de nosso hotel que me fazia sentir dentro de um filme. Com
jukeboxes nas mesas, ele era como algumas lanchonetes aqui no Brasil, exceto pelo fato de que esta era
the real deal. Lá, voltei às panquecas; desta vez normais, não de
buttermilk. O interessante era que, naquele pequeno
dinner de Lee Vining, fora deixada sobre a mesa uma enorme jarra de
maple syrup, para que eu me servisse à vontade; enquanto em San Francisco, cidade grande, minhas panquecas vieram acompanhadas de um pequeno (e suficiente) frasco.


Em Santa Barbara, descendo pela costa, a caminho de Los Angeles, descobrimos a D´Angelo
Pastry & Bread, com pães de encher os olhos. Foi quando descobri as maravilhas da tríade ovo
poché - pão de centeio - marmelada de laranja. Aliás, descobrir finalmente que
fin cut orange marmalade é geléia feita com fatias finas da fruta, levou-me de volta a um bolo de chocolate de Nigella que eu nunca tentara por não fazer idéia do que era o tal ingrediente. Comendo e aprendendo... Claro que, olhando para aquelas belezuras na saída, não consegui resistir a levar um
danish de avelãs para comer enquanto caminhava.

Enfim, de volta a Los Angeles, num último passeio pelo
Farmer´s Market, para as infames compras de tralha, percebi que ainda não provara nenhum
blueberry muffin. Banana, ok. Lemon-poppy-seed, ok. Blueberry, not yet. Acredito que a foto fale por si mesma, e, por isso, acrescento apenas que esse
blueberry muffin estabeleceu, para mim, o padrão de comparação para todos os
blueberry muffins que hei de comer e/ou preparar durante minha vida.
E é por isso que a 1ª coisa da Califórnia de que sentirei falta é o café-da-manhã.
10 comentários:
É muita maldade postar esse tipo de coisa só para deixar a gente com vontade.....
Mais uma vez os seu post meu deixou com água na boca.
Oi, que bom que está de volta. Olha Ana Elisa, depois da sua narrativa e das fotos que a acompanharam até eu que nunca fui à Califórnia e tomei estes cafés da manhã fiquei com saudades...risos. Deve ter sido maravilhoso...que saudade de viajar.
E adorei as "tralhas" de cozinha, principalmente o Silpat que morro de vontade de ter mas aqui é muito caro.
Beijos
Ana que delícia de post!!! E ainda dizem que os americanos não sabem comer. Com cafés como esses, realmente é só comer no jantar, delicia.
Lá isso é verdade que o café da manhã americano é outra coisa...! Sempre que eu estive nos E.U.A., era a minha refeição favorita. :-)
Beijos.
Ana , que delícia de post , quanta coisa boa ! Nunca fui a Califórnia , porem meu marido sim , então já sabia que por lá tem tudo isso de bom ! Suas fotos estão uma belezura ! faltou somente o cheiro ......
beijos
um bom motivo para voltar! ;-)
[ah, Sutter Creek eh tao fofinha. faz anos que nao vou la!]
beijo, Ana Elisa,
Olá
Morei NYC por um ano, ainda sinto falta do leite, da manteiga e principalmente dos pães, como vivo em constante dieta estou dando graças a Deus por estar longe destas preciosidades.Leo
Você está me matando aqui de ver tanta coisa boa, fiquei com saudade do saborzinho americano destes cafés... ai que delícia..... é bom demais!!!
Faço a mesma coisa nos hotéis, ainda mais quando o almoço não é incluso, hahahah... pobreza é dose, hahah.
Tenho vontade de experimentar um dinner desses, bem estilo anos 50. :)
Quem sabe daqui um tempo, :)
To indo pra California em Agosto, to doida para experimentar os mais diversos cafés da manhã possíveis! hehehe
;-)
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