sexta-feira, 16 de setembro de 2011

Salada de lentilhas e beterrabas pra mamãe e bebê

E o pequeno cavaleiro começou a almoçar. Eu vinha me divertindo com os lanchinhos entre as mamadas, e ele gostara de quase tudo que eu lhe dera: banana (que ele come sozinho, sem precisar amassar), pera, mamão, abacate, atemóia, cenoura com laranja, compota de maçã com canela e limão siciliano, compota de maçã com canela e pimenta-da-jamaica, morango, abóbora com sálvia e noz-moscada, guacamole (abacate com tomate picadinho e limão)... Apenas kiwi e purê de favas com hortelã não fizeram sucesso. Dei risada quando vi um livro dizendo: "a partir dos 6 meses você não precisa mais peneirar a papinha...". Hein? Era pra peneirar?? Até então eu vinha raspando com a colher ou amassando no disco de buracos menores do passa-verdura, que transformam em purê sem eliminar todas as fibras, mantendo alguma textura.

Quando veio a hora de de fato substitur uma mamada por uma refeição, meu cérebro pirou um pouquinho. Não ia rolar preparar todo dia uma refeição diferente para ele além do que eu já cozinho, e eu não gostei da ideia de fazer uma batelada e congelar, pois sei que ele acabaria meio que comendo sempre a mesma coisa, o que não é muito bom para um vegetariano, que precisa de variedade.

Entra em cena a mãe neurótica.

Comecei a pesquisar. De sites médicos a blogs de culinária como o meu, passando por nutricionistas, entusiastas, mães e pais experientes... Cada um dizendo uma coisa diferente. Um ingrediente novo a cada 7 dias. A cada 5 dias. Todo dia uma coisa nova. Não pode botar sal. Uma pitada não mata. Não pode botar gordura (sites americanos). Tem que variar a gordura: um dia manteiga, um dia gordura de pato (sites franceses). Não pode colocar temperos fortes (sites ocidentais). Essa papinha tem 25 especiarias diferentes (sites indianos). Comida de criança tem que ser especial. Pega o Pad Thai e bate no liquidificador (NY Times).

A conclusão a que cheguei? Go free style, como disse meu marido. Aparentemente ninguém sabe porcaria nenhuma, e papinha de criança é o maior chutômetro do mundo. Concluí que a melhor forma de garantir uma alimentação saudável para o meu pequeno é se ele comer o que eu como. E pronto. Bate o Pad Thai no liquidificador é o novo lema da casa. (A não ser que seja massa de trigo ou tabuleh, como aprendi do pior jeito: o glúten estimulado transforma a papa numa cola muito pouco apetitosa.) As únicas coisas vetadas pelo médico no momento são peixes e ovos. Para a cozinha, então.

Essa salada de lentilhas ficou deliciosa, e o purê dela também, passado no passa-verdura e afinado com a água de cozimento das próprias lentilhas. Para 2 porções de adulto, ou 1 adulto e 2 porções de bebê comilão, descasquei e cortei em cubos 2 beterrabas pequenas, temperei com azeite, uma pitadinha de sal e coloquei em uma assadeira, no forno a 180ºC por 20-30 minutos, até que estivessem caramelizadas e macias. Enquanto isso, cozinhei destampado 1/2 xícara de lentilhas verdes com 2 cenouras picadas, 1 folha de louro, 1 ramo de salsinha, 1 ramo de tomilho e 1/2 cebola picada, com água bastante para cobrir. Quando macias, escorri as lentilhas reservando o líquido, retirei as ervas, juntei as beterrabas e temperei com azeite, uma espremida de limão siciliano, salsinha e hortelã picadas. Separei a minha porção, que temperei com mais um pouco de sal e pimenta, e fiz purê do resto, conseguindo dois potinhos como o da foto, afinados com o líquido das lentilhas. A receita é um nadinha adaptada do ótimo Vegetarian Cooking For Everyone, da Deborah Madison.

Cozinhe isso também!

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