terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Picolé de melão e pistache para um dia mequetrefe

Tem dias em que o bom humor é como areia fina nas mãos. Você acorda bem, o céu está azul, o café da manhã é gostoso, o cachorro está sendo fofo, você ama seu marido, o bebê está chutando. Você finalmente acordou cedo o bastante – graças ao fim do horário de verão – para conseguir ir ao treino de corrida caminhar um pouco e rever seus amigos. Nem o fato de que o tênis de corrida incomoda seus pés de melão parece tirar seu sorriso do rosto.

O mundo é um lugar bom. As pessoas são legais. Tudo vai dar certo.

Então o dia se desenrola. E conforme você vai tropeçando nos acontecimentos, você começa a acreditar que o universo está testando sua fé na humanidade. É o tiozinho perfeitamente jovem e saudável de carrinho cheio na fila preferencial do supermercado, a capa de almofada nova que veio com o zíper quebrado, é um idiota que faz uma idiotice e envolve você e sua família num pepino enorme e totalmente desnecessário a essa altura da sua vida, e mais um sem número de demonstrações de falta de civilidade que fazem você pensar que o mundo talvez seja um lugar horrível. E que as pessoas são:

a. sem noção
b. sem educação
c. sem caráter
d. todas as alternativas.

E que talvez o universo não seja justo desde a extinção dos dinossauros, e tudo está fadado a ser um desastre, no fim das contas. E você sente, ao longo das horas, aquele seu bom humor escorrendo rápida e inevitavelmente por entre seus dedos. O sabiá da sua janela vai embora e alguém liga novamente uma serra circular no seu quarteirão.

Então você senta na beira da cama e contém o choro de raiva. Tenta se lembrar do modo como o dia começou. Do céu azul, do beijo de tchau, do modo doce como o cão olha para você simplesmente porque você está acordada e existe, das risadas com os amigos.

Inspira. Expira.

Decide que não vai mais atender o telefone pelo resto do dia, porque não quer mais más notícias entrando pelo ouvido e porque precisa parar de ser interrompida toda vez que senta para trabalhar. Então se lembra de que tem sorvete de melão no freezer. Levanta-se, dá dois passos em direção à cozinha e então estaca, receosa: e se não tiver dado certo? E se tiver ficado uma porcaria? Vai ser a gota d'água e você vai sair pelas ruas, a grávida louca, degolando seres humanos aleatoriamente.

Não. Vai estar bom. Precisa estar bom. Tem que ter dado certo. Eu acredito que o sorvete de melão vai salvar meu dia.

Bendita Santa Martha entre as mulheres. Delicioso e refrescante sorvete de melão, doce e pontilhado de pistaches. E tão simples! Valera a pena recortar aquela receita de uma revista sua e guardá-la no caderno. E esperar pelos bons melões do verão. Os que não são meus pés.

Vá lá. Se o seu dia não está lá essas coisas, compre um melão maduro de 1,5kg. Ela pede o HoneyDew; usei o Gália, que estava mais perfumado. Retire a casca e as sementes, e corte a polpa em quadrados. Bata no liquidificador até virar suco; tem que dar umas 4 xícaras. Numa tigela, misture 1/4 xic. de mel e 1/2 xic. de creme de leite fresco, bem gordo e saboroso. Junte o suco de melão e misture bem. Distribua alguns pistaches pelas forminhas de picolé. E despeje a mistura de melão nelas. Leve ao freezer. Se estiver usando palitos soltos, deixe gelar umas 2 horas antes de colocar os palitos, e então gele por mais 6 horas antes de servir. Metade da receita encheu minhas 6 formas. Tão, tão bom... Dá de dez no Melona e restaura o bom humor.

[Obs: porque já tá chovendo a pergunta, aqui vai a resposta: comprei as forminhas de picolé numa Bed, Bath & Beyond, em Nova York.]

Cozinhe isso também!

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