
"Não vai acreditar! Comprei facas Henckels! Iêeei!"
Ao que, no dia seguinte, tive sua resposta:
"Pára de comprar faca! Não tem mais espaço, mulher!"
Dei ouvidos ao apelo desesperado de meu marido? É claro que não. Havia entre as lojas de cozinha e mim uma atração irresistível. Era impossível passar por qualquer uma delas sem arrastar minha tia para dentro para fuçar em tralha. Ela ria e meneava a cabeça, num misto de preocupação e surpresa, assistindo à minha crescente empolgação frente a cortadores de biscoito e panelas. Hoje minha tia provavelmente pensa que sou um pouco biruta.
Quando pus meus pés brasileiros na Sur la Table e na Williams-Sonoma, comecei a contar mentalmente meu dinheiro, para saber se seria possível levar as lojas inteiras. Ok, respire fundo. Seu apartamento é minúsculo, sua cozinha já está irremediavelmente abarrotada e a verdade é que você não precisa de micro-panelinhas verde-limão da Le Creuset, nem de um pilão mexicano. E acalme-se, não leve todos os cortadores de biscoito: você nem faz tantos biscoitos assim.
Ai, ai...
O resultado do equilíbrio entre a histeria consumista e a fagulha moribunda mas ainda existente de consciência em mim, está aqui:

Uma forma francesa de madeleines não antiaderente (enfim!!), porque assim elas criam aquelas deliciosas casquinhas em volta, que de outra forma não existiriam;
Um assadeira de baguettes, para aplacar o perfeccionismo irritante da padeira dentro de mim;

Quatro novos cortadores de biscoito: uma árvore de Natal, um homem de gengibre, um pé e um osso, pois sempre quis fazer cookies de gente que tivessem cara de biscoito de cachorro. Só pela piada;
Dois silpats;
Um pano de linho para queijos e afins, pois nunca os encontrei por aqui (e me arrependo de não ter comprado mais);
Quatro potinhos dengosos com desenhos de tomate, beringela alcachofra e aspargos;
Um cesto para fermentar pão, para que ele fique com desenhos circulares sobre a casca;
Uma espátula decente de cabo de madeira;

Como vocês podem ver, eu fui uma boa menina, e nem me descontrolei... muito.