Ele faz sujeira. Ele quer segurar a colher. Quer pegar o pote. Quer comer direto do pote, enfiando a cara inteira no purê. Ele emite grunhidos de nhaum-nhaum-nhaum com a colher na boca. Ele mete os dedos no purê e os passa na orelha, nos cabelinhos ralos. As mangas da roupa, mesmo arregaçadas, já foram esfregadas na comida espalhada sobre a bandeja de sua cadeira. Ele inclina todo o corpo em direção à próxima colherada, bracinhos jogados para trás, e então ri, boca escancarada, cheia de comida.
Quando a papinha faz sucesso, ela acaba em quinze minutos. Quando nem tanto, o processo pode durar até uma hora. Os maiores sucessos foram sopa de espinafre com aveia e parmesão, e refogado de legumes (cenoura, couve e repolho) com crumble de tofu. As frutas nem têm mais graça, ele devora todas, mas se animou um bocado com a compota de pera e fava de baunilha e a de pera e cardamomo.
Tinha deixado separada uma sopa de lentilhas e maçã para ele. Mas quando o almoço ficou pronto, decidi que daria uma boa papinha. Como já havia temperado com pimenta, bati a quinua e a couve-flor com leite, para amenizar o apimentado e manter o sabor, além de melhorar a textura para ele. O pequeno raspou o prato e as lentilhas ficaram para amanhã. Orgulho desse moleque! :)
No que diz respeito aos adultos, esse prato era apenas uma salada quente de couve-flor, da revista do Jamie Oliver. Acrescentei quinua cozida para completar a refeição, que ficou muito saborosa. Adoro jeitos diferentes de se preparar couve-flor; principalmente uma que leva coentro, erva adorada aqui em casa.
Corte uma couve-flor média em floretes menores; mergulhe em água fervente com um pouco de sal pr um minuto ou dois, escorra e deixe sair um pouco o vapor antes de dispor em uma assadeira. Amasse no pilão 2 colh. (chá) sementes de cominho, 1/2 colh. (sopa) de coentro em grão e uma pitada de pimenta calabresa. Misture à couve-flor, regue com azeite, tempere com sal e pimenta, misture 2 colheres de semente de abóbora ou girassol e leve ao forno a 200ºC por 20 minutos. Enquanto isso, cozinhe um pouco de quinua segundo instruções da embalagem. Retire a couve-flor, junte coentro e cebolinha picadas, tempere com uma espremida de limão e sirva sobre a quinua. Serve 4 pessoas.
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
sexta-feira, 16 de setembro de 2011
Salada de lentilhas e beterrabas pra mamãe e bebê
E o pequeno cavaleiro começou a almoçar. Eu vinha me divertindo com os lanchinhos entre as mamadas, e ele gostara de quase tudo que eu lhe dera: banana (que ele come sozinho, sem precisar amassar), pera, mamão, abacate, atemóia, cenoura com laranja, compota de maçã com canela e limão siciliano, compota de maçã com canela e pimenta-da-jamaica, morango, abóbora com sálvia e noz-moscada, guacamole (abacate com tomate picadinho e limão)... Apenas kiwi e purê de favas com hortelã não fizeram sucesso. Dei risada quando vi um livro dizendo: "a partir dos 6 meses você não precisa mais peneirar a papinha...". Hein? Era pra peneirar?? Até então eu vinha raspando com a colher ou amassando no disco de buracos menores do passa-verdura, que transformam em purê sem eliminar todas as fibras, mantendo alguma textura.
Quando veio a hora de de fato substitur uma mamada por uma refeição, meu cérebro pirou um pouquinho. Não ia rolar preparar todo dia uma refeição diferente para ele além do que eu já cozinho, e eu não gostei da ideia de fazer uma batelada e congelar, pois sei que ele acabaria meio que comendo sempre a mesma coisa, o que não é muito bom para um vegetariano, que precisa de variedade.
Entra em cena a mãe neurótica.
Comecei a pesquisar. De sites médicos a blogs de culinária como o meu, passando por nutricionistas, entusiastas, mães e pais experientes... Cada um dizendo uma coisa diferente. Um ingrediente novo a cada 7 dias. A cada 5 dias. Todo dia uma coisa nova. Não pode botar sal. Uma pitada não mata. Não pode botar gordura (sites americanos). Tem que variar a gordura: um dia manteiga, um dia gordura de pato (sites franceses). Não pode colocar temperos fortes (sites ocidentais). Essa papinha tem 25 especiarias diferentes (sites indianos). Comida de criança tem que ser especial. Pega o Pad Thai e bate no liquidificador (NY Times).
A conclusão a que cheguei? Go free style, como disse meu marido. Aparentemente ninguém sabe porcaria nenhuma, e papinha de criança é o maior chutômetro do mundo. Concluí que a melhor forma de garantir uma alimentação saudável para o meu pequeno é se ele comer o que eu como. E pronto. Bate o Pad Thai no liquidificador é o novo lema da casa. (A não ser que seja massa de trigo ou tabuleh, como aprendi do pior jeito: o glúten estimulado transforma a papa numa cola muito pouco apetitosa.) As únicas coisas vetadas pelo médico no momento são peixes e ovos. Para a cozinha, então.
Essa salada de lentilhas ficou deliciosa, e o purê dela também, passado no passa-verdura e afinado com a água de cozimento das próprias lentilhas. Para 2 porções de adulto, ou 1 adulto e 2 porções de bebê comilão, descasquei e cortei em cubos 2 beterrabas pequenas, temperei com azeite, uma pitadinha de sal e coloquei em uma assadeira, no forno a 180ºC por 20-30 minutos, até que estivessem caramelizadas e macias. Enquanto isso, cozinhei destampado 1/2 xícara de lentilhas verdes com 2 cenouras picadas, 1 folha de louro, 1 ramo de salsinha, 1 ramo de tomilho e 1/2 cebola picada, com água bastante para cobrir. Quando macias, escorri as lentilhas reservando o líquido, retirei as ervas, juntei as beterrabas e temperei com azeite, uma espremida de limão siciliano, salsinha e hortelã picadas. Separei a minha porção, que temperei com mais um pouco de sal e pimenta, e fiz purê do resto, conseguindo dois potinhos como o da foto, afinados com o líquido das lentilhas. A receita é um nadinha adaptada do ótimo Vegetarian Cooking For Everyone, da Deborah Madison.
Quando veio a hora de de fato substitur uma mamada por uma refeição, meu cérebro pirou um pouquinho. Não ia rolar preparar todo dia uma refeição diferente para ele além do que eu já cozinho, e eu não gostei da ideia de fazer uma batelada e congelar, pois sei que ele acabaria meio que comendo sempre a mesma coisa, o que não é muito bom para um vegetariano, que precisa de variedade.
Entra em cena a mãe neurótica.
Comecei a pesquisar. De sites médicos a blogs de culinária como o meu, passando por nutricionistas, entusiastas, mães e pais experientes... Cada um dizendo uma coisa diferente. Um ingrediente novo a cada 7 dias. A cada 5 dias. Todo dia uma coisa nova. Não pode botar sal. Uma pitada não mata. Não pode botar gordura (sites americanos). Tem que variar a gordura: um dia manteiga, um dia gordura de pato (sites franceses). Não pode colocar temperos fortes (sites ocidentais). Essa papinha tem 25 especiarias diferentes (sites indianos). Comida de criança tem que ser especial. Pega o Pad Thai e bate no liquidificador (NY Times).
A conclusão a que cheguei? Go free style, como disse meu marido. Aparentemente ninguém sabe porcaria nenhuma, e papinha de criança é o maior chutômetro do mundo. Concluí que a melhor forma de garantir uma alimentação saudável para o meu pequeno é se ele comer o que eu como. E pronto. Bate o Pad Thai no liquidificador é o novo lema da casa. (A não ser que seja massa de trigo ou tabuleh, como aprendi do pior jeito: o glúten estimulado transforma a papa numa cola muito pouco apetitosa.) As únicas coisas vetadas pelo médico no momento são peixes e ovos. Para a cozinha, então.
Essa salada de lentilhas ficou deliciosa, e o purê dela também, passado no passa-verdura e afinado com a água de cozimento das próprias lentilhas. Para 2 porções de adulto, ou 1 adulto e 2 porções de bebê comilão, descasquei e cortei em cubos 2 beterrabas pequenas, temperei com azeite, uma pitadinha de sal e coloquei em uma assadeira, no forno a 180ºC por 20-30 minutos, até que estivessem caramelizadas e macias. Enquanto isso, cozinhei destampado 1/2 xícara de lentilhas verdes com 2 cenouras picadas, 1 folha de louro, 1 ramo de salsinha, 1 ramo de tomilho e 1/2 cebola picada, com água bastante para cobrir. Quando macias, escorri as lentilhas reservando o líquido, retirei as ervas, juntei as beterrabas e temperei com azeite, uma espremida de limão siciliano, salsinha e hortelã picadas. Separei a minha porção, que temperei com mais um pouco de sal e pimenta, e fiz purê do resto, conseguindo dois potinhos como o da foto, afinados com o líquido das lentilhas. A receita é um nadinha adaptada do ótimo Vegetarian Cooking For Everyone, da Deborah Madison.
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