quinta-feira, 31 de julho de 2014

Sorvete de chocolate branco e gengibre, com amendoins cobertos de chocolate, para acabar com o estoque


Foram seis meses de férias escolares.
Ou pareceram seis.
Não sei.

Foi um mês inteiro sem conseguir trabalhar, pintando apenas em cursos (longe da pimpolhada) e tentando não matar de tédio meus dois filhos. Foi um tal de levar à brinquedoteca, parque, museu, aquário, avós, e os dois corriam, brincavam, corriam mais, cada um prum lado, brinca junto, briga um monte, corre mais um pouco. Às 18h30 eles pediam pra ir dormir, exaustos, e eu, na esperança de então trabalhar um pouco, me via desmazelada no sofá, tão ou mais exausta que meus filhos. Imprestável.

A única coisa que eu mais ou menos conseguia fazer com eles correndo em volta das minhas pernas, balançando espadas no ar e gritando "iáaa! iáaaa!", era cozinhar. Na onda natureba, saiu muita coisa gostosa, muita coisa estranha, muita coisa porqueira. Muita coisa eu fotografei, mas de celular, porque eu não conseguia abrir o escritório. Estava bagunçado, com tinta e telas, e papéis para todo o lado, e eu precisava arrumá-lo antes de poder deixar que as crianças entrassem. Mas isso só consegui ontem, com o Matador de Dragões de volta à escola.

Tem muita coisa, aliás, que eu não tenho conseguido fazer. Doces, por exemplo. Salvo raras exceções, como o bolo de Guinness e um ou outro pudinzim à prova de idiotas, há meses todos os meus doces têm dado miseravelmente errado. De biscoitos moles a bolos solados, parece que o clima mental não está pra coisas açucaradas. Daí que meu estoque de chocolate continuava imenso, ocupando espaço e... vencendo.

Entrei num impasse: precisava gastar aquele chocolate todo antes que ele vencesse (desperdício!), mas não queria produzir um monte de bolos solados e desperdiçar o chocolate, não estava com vontade de comer bolo (e uma vez lá, sei que acabaria comendo tudo – perigo, pois não estou correndo), e não queria entupir a criançada de doce, agora que eles andavam comendo bem de novo e que Thomas andava bastante "fruteiro".

Quando encontrei esse sorvete, então, vibrei. Usava dois tipos de chocolate, numa boa quantidade, mas não era um doce imenso nem algo que precisasse ser consumido em uma semana, com pressa. E eu tinha gengibre fresco e amendoins sem sal, ambos precisando ver seu fim.

O sorvete é uma delícia. Pudera, do David Lebovitz. Procuro, procuro, e nunca encontro receitas de sorvetes melhores que as dele. Essa não é do Perfect Scoop, mas de um outro livro seu, Ready For Dessert, ótimo. A receita parece trabalhosa, por conta dos amendoins, mas é só derreter chocolate e misturar com eles. Nada mais.

De fato, a grande vantagem do sorvete caseiro é você poder fazer essas misturebas e poder colocar no sorvete esse tipo de coisa deliciosa que é amendoim torrado coberto de chocolate. O gengibre, na verdade, se sente pouco: ele parece apenas um frescor que aquieta a doçura do chocolate branco. Segundo Lebovitz, você pode omitir os amendoins e servir o sorvete com frutas da estação.  Mas eu gostei tanto do crocante que acho um pecado omitir essa etapa tão besta do preparo.

De volta ao blog, então. De volta ao "normal". De volta aos lanches de escola.

SORVETE DE CHOCOLATE BRANCO E GENGIBRE COM AMENDOINS COBERTOS DE CHOCOLATE
(Do ótimo Ready For Dessert, de David Lebovitz)
Rendimento: 1 litro

Ingredientes:
(sorvete)

  • 8cm de gengibre fresco, fatiado fino
  • 1/2 xic. açúcar
  • 1 xic. leite integral
  • 1 xic + 1 xic. creme de leite fresco
  • 200g chocolate branco, picado
  • 4 gemas de ovo 

(crocante)

  • 140g chocolate amargo ou meio amargo (entre 54 e 70%)
  • 1 xic. amendoins torrados sem sal


Preparo:

  1. Coloque o gengibre numa panela com água para cobrir. Leve à fervura, abaixe o fogo, cozinhe por 2 minutos, e descarte a água, reservando o gengibre.
  2. Na mesma panela, com o gengibre, junte o açúcar, o leite e 1 xic. de creme de leite. Aqueça até que fique morno, desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por 1 hora.
  3. Remova o gengibre com uma colher perfurada e descarte.
  4. Reaqueça o creme até que fique morno. Enquanto isso, coloque o chocolate branco picado numa tigela grande, com uma peneira em cima. 
  5. Em outra tigela, bata ligeiramente as gemas. 
  6. Misture aos poucos o creme às gemas, batendo sempre com um fouet. Volte o conteúdo à panela, em fogo baixo, misturando com uma colher de pau até que engrosse. Não deixe ferver. 
  7. Despeje o creme pela peneira, sobre o chocolate, e então misture com a colher até que o chocolate tenha derretido e a mistura esteja homogênea. Junte o restante do creme de leite e misture bem.
  8. Leve o creme à geladeira por pelo menos 4 horas ou durante a noite, antes de colocar na sorveteira.
  9. Enquanto isso, derreta em banho-maria o chocolate, mexendo com uma espátula. Quando tiver derretido, tire do fogo e misture os amendoins.
  10. Forre um prato com filme plástico e despeje o amendoim com chocolate sobre ele, espalhando com a espátula. Leve à geladeira até que fique firme. Retire do plástico, pique com uma faca e volte à geladeira até a hora de usar.
  11. Coloque o creme na sorveteira, segundo as instruções do fabricante. Quando estiver pronto, coloque em um pote e incorpore o amendoim picado. 

segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pesto de folha de cenoura e novidades


Dia desses estava conversando com a Pat a respeito de eu não acreditar ter um "prato meu", como era o lombo com batatas da minha avó materna, ou o Apfelstrudel da avó do Allex [que eu juro, juro que vou postar a receita da próxima vez que preparar o danado]. Esses pratos que, toda vez que é preciso preparar comida, os outros pedem que você faça a tal da gororoba, e que eventualmente ganham uma assinatura só sua.

Acho que eu vario tanto o cardápio, que não dá tempo de repetir uma receita o bastante para torná-la minha.

Aí me lembrei do bolinho de folha de cenoura. Esse bolinho que venho fazendo há já alguns anos, desde que descobri a receita por aí, internet afora, e anotei no caderno, sem a fonte para dar os devidos créditos. Toda vez que os ramos das cenouras vêm bonitos, invariavelmente acabo preparando os danados, pois todas as outras alternativas de uso das folhas que testei não chegam aos pés dos bolinhos.

E ao longo dos anos, fui parando de pegar o caderno na prateleira, e fui fazendo de memória, inventando em cima, acrescentando quinua cozida (delícia), trocando farinha de trigo por outra qualquer disponível, usando mais queijo, menos queijo, queijo nenhum, ervas diferentes... até que ele virou MEU bolinho de folha de cenoura. Mesmo preparado cada vez de um jeito.

Ok. Comparar bolinho de folha de cenoura com Apfelstrudel e lombo com batatas é piada. Difícil imaginar os pimpolhos já adultos suspirando de saudades do meu bolinho verde. ¬_¬

Mas daí que nessa semana os ramos de cenoura vieram numa fartura tal, que apenas os bolinhos não deram conta. E eu que tenho uma nóia gigante com desperdício, saí matutando sobre o quê poderiam virar aquelas folhas.

Apanhei o copinho de bater tempero do liquidificador e meti as folhas ali. Fui no quintal, apanhei um pouco de manjericão e meti junto. Alho. Pensei em pesto. Mas pensei em pesto diferente. Apanhei sementes de girassol. E um punhado de parmesão, e azeite, e sal e pimenta. E bati. E as dez folhinhas de manjericão que eu usei transformaram aquelas duas xícaras de folha de cenoura em outra coisa. Ninguém diria que aquele não era um pesto exclusivamente de manjericão. Verde intenso, perfumadíssimo, delicioso. E barato, e cheio de coisas boas, e evitando despedício. Tão, mas tão bom, que decidi que a primeira coisa a se fazer com as folhas de cenoura a partir de agora não é mais bolinho: é pesto.

Enquanto o macarrão cozinhava, fatiei fino duas abobrinhas bem pequeninas, e refoguei num pouco de azeite e alho picado, até dourar. Misturei ao macarrão cozido e a metade daquele pesto, diluído com umas colheres da água do cozimento do macarrão, para ajudar o molho a aderir à massa.

De lamber o prato. Acredito que minha filha tenha de fato feito isso. Maravilha, que ela cata salsinha do prato, com nojinho,  e se recusa a comer espinafre, mas não se incomoda com um molho de macarrão inteiramente verde. ;)

Agora, as novidades.

Além, claro, do fato da Laura ter entrado oficialmente na fase chata de não comer.

Nesses tempos em que as crianças andam numa fase... ahn... que requerem um monte de atenção da minha parte, vejo posts e mais posts se acumulando, ficando apenas na intenção e nunca sendo escritos. Ou, mais comum, preparo algo digno de um belo de um post, mas estou tão atrapalhada, que desencano de pegar a câmera boa e ao menos tentar uma foto não-mequetrefe. E, sem foto, não há post.

Daí que, para resolver minha preguiça e falta de tempo, e para me manter mais próxima de vocês, queridíssimos leitores, enfim, FINALMENTE, La Cucinetta tem uma página no Facebook.

Aêeeeee!

ENTRA AQUI. Quero ver quem vai ser o primeiro a "curtir". ;)

É com certeza mais fácil atualizar o Facebook do blog via celular, com a criançada do lado, do que tentar mantê-los fora do meu escritório enquanto estou no computador.

Outras novidades são a reformulação da MINHA LOJA no Iluria, agora com uma área inteira La Cucinetta, apenas com temas culinários, e que em breve terá um bocado de pôsteres da Nonna e produtinhos diversos. E para quem tem cartão internacional, tem a MINHA LOJA do Society 6, com reproduções em diversos formatos de alguns trabalhos meus, e até produtos como caneca da Nonna, relógio de parede da Nonna, almofada da Nonna.

(UPDATE: a página do facebook não existe mais, nem a loja do Society 6, que cobrava muito caro pelo frete para o Brasil).

Vão lá. Fuça aê.
Façam pesto de folha de cenoura.

MOLHO PESTO DE FOLHAS DE CENOURA
Rendimento: cerca de 1 1/2 xic, o bastante para 6-8 porções de massa. 

Ingredientes:

  • 2 xic. folhas de cenoura bem verdes, sem os talos mais grossos (as folhas bem apertadas na xícara medidora)
  • 10 folhas de manjericão fresco
  • 2 colh. (sopa) sementes de girassol
  • 1/3 xic. parmesão ralado
  • 1 dente de alho pequeno
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
  • azeite de oliva o quanto baste para dar consistência ao molho


Preparo:

  1. Aqueça uma frigideira pequena, coloque as sementes de girassol e toste, mexendo de vez em quando, apenas até que fiquem perfumadas. Coloque-as no copo do liquidificador ou processador. 
  2. Junte as folhas de cenoura, manjericão, alho, queijo, sal e pimenta, e bata até obter uma pasta. 
  3. Junte o azeite aos poucos, batendo, até obter um molho grosso e razoavelmente homogêneo. Experimente e acerte sal e pimenta, coloque mais queijo ou mais azeite, de acordo com seu gosto. 
  4. Se não for usar na hora, guarde num pote bem fechado, na geladeira, de preferência com um filme plástico aderindo à superfície do molho, pois ele escurece rapidamente em contato com o ar. 

Cozinhe isso também!

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