segunda-feira, 14 de julho de 2014

Pesto de folha de cenoura e novidades


Dia desses estava conversando com a Pat a respeito de eu não acreditar ter um "prato meu", como era o lombo com batatas da minha avó materna, ou o Apfelstrudel da avó do Allex [que eu juro, juro que vou postar a receita da próxima vez que preparar o danado]. Esses pratos que, toda vez que é preciso preparar comida, os outros pedem que você faça a tal da gororoba, e que eventualmente ganham uma assinatura só sua.

Acho que eu vario tanto o cardápio, que não dá tempo de repetir uma receita o bastante para torná-la minha.

Aí me lembrei do bolinho de folha de cenoura. Esse bolinho que venho fazendo há já alguns anos, desde que descobri a receita por aí, internet afora, e anotei no caderno, sem a fonte para dar os devidos créditos. Toda vez que os ramos das cenouras vêm bonitos, invariavelmente acabo preparando os danados, pois todas as outras alternativas de uso das folhas que testei não chegam aos pés dos bolinhos.

E ao longo dos anos, fui parando de pegar o caderno na prateleira, e fui fazendo de memória, inventando em cima, acrescentando quinua cozida (delícia), trocando farinha de trigo por outra qualquer disponível, usando mais queijo, menos queijo, queijo nenhum, ervas diferentes... até que ele virou MEU bolinho de folha de cenoura. Mesmo preparado cada vez de um jeito.

Ok. Comparar bolinho de folha de cenoura com Apfelstrudel e lombo com batatas é piada. Difícil imaginar os pimpolhos já adultos suspirando de saudades do meu bolinho verde. ¬_¬

Mas daí que nessa semana os ramos de cenoura vieram numa fartura tal, que apenas os bolinhos não deram conta. E eu que tenho uma nóia gigante com desperdício, saí matutando sobre o quê poderiam virar aquelas folhas.

Apanhei o copinho de bater tempero do liquidificador e meti as folhas ali. Fui no quintal, apanhei um pouco de manjericão e meti junto. Alho. Pensei em pesto. Mas pensei em pesto diferente. Apanhei sementes de girassol. E um punhado de parmesão, e azeite, e sal e pimenta. E bati. E as dez folhinhas de manjericão que eu usei transformaram aquelas duas xícaras de folha de cenoura em outra coisa. Ninguém diria que aquele não era um pesto exclusivamente de manjericão. Verde intenso, perfumadíssimo, delicioso. E barato, e cheio de coisas boas, e evitando despedício. Tão, mas tão bom, que decidi que a primeira coisa a se fazer com as folhas de cenoura a partir de agora não é mais bolinho: é pesto.

Enquanto o macarrão cozinhava, fatiei fino duas abobrinhas bem pequeninas, e refoguei num pouco de azeite e alho picado, até dourar. Misturei ao macarrão cozido e a metade daquele pesto, diluído com umas colheres da água do cozimento do macarrão, para ajudar o molho a aderir à massa.

De lamber o prato. Acredito que minha filha tenha de fato feito isso. Maravilha, que ela cata salsinha do prato, com nojinho,  e se recusa a comer espinafre, mas não se incomoda com um molho de macarrão inteiramente verde. ;)

Agora, as novidades.

Além, claro, do fato da Laura ter entrado oficialmente na fase chata de não comer.

Nesses tempos em que as crianças andam numa fase... ahn... que requerem um monte de atenção da minha parte, vejo posts e mais posts se acumulando, ficando apenas na intenção e nunca sendo escritos. Ou, mais comum, preparo algo digno de um belo de um post, mas estou tão atrapalhada, que desencano de pegar a câmera boa e ao menos tentar uma foto não-mequetrefe. E, sem foto, não há post.

Daí que, para resolver minha preguiça e falta de tempo, e para me manter mais próxima de vocês, queridíssimos leitores, enfim, FINALMENTE, La Cucinetta tem uma página no Facebook.

Aêeeeee!

ENTRA AQUI. Quero ver quem vai ser o primeiro a "curtir". ;)

É com certeza mais fácil atualizar o Facebook do blog via celular, com a criançada do lado, do que tentar mantê-los fora do meu escritório enquanto estou no computador.

Outras novidades são a reformulação da MINHA LOJA no Iluria, agora com uma área inteira La Cucinetta, apenas com temas culinários, e que em breve terá um bocado de pôsteres da Nonna e produtinhos diversos. E para quem tem cartão internacional, tem a MINHA LOJA do Society 6, com reproduções em diversos formatos de alguns trabalhos meus, e até produtos como caneca da Nonna, relógio de parede da Nonna, almofada da Nonna.

(UPDATE: a página do facebook não existe mais, nem a loja do Society 6, que cobrava muito caro pelo frete para o Brasil).

Vão lá. Fuça aê.
Façam pesto de folha de cenoura.

MOLHO PESTO DE FOLHAS DE CENOURA
Rendimento: cerca de 1 1/2 xic, o bastante para 6-8 porções de massa. 

Ingredientes:

  • 2 xic. folhas de cenoura bem verdes, sem os talos mais grossos (as folhas bem apertadas na xícara medidora)
  • 10 folhas de manjericão fresco
  • 2 colh. (sopa) sementes de girassol
  • 1/3 xic. parmesão ralado
  • 1 dente de alho pequeno
  • sal e pimenta-do-reino a gosto
  • azeite de oliva o quanto baste para dar consistência ao molho


Preparo:

  1. Aqueça uma frigideira pequena, coloque as sementes de girassol e toste, mexendo de vez em quando, apenas até que fiquem perfumadas. Coloque-as no copo do liquidificador ou processador. 
  2. Junte as folhas de cenoura, manjericão, alho, queijo, sal e pimenta, e bata até obter uma pasta. 
  3. Junte o azeite aos poucos, batendo, até obter um molho grosso e razoavelmente homogêneo. Experimente e acerte sal e pimenta, coloque mais queijo ou mais azeite, de acordo com seu gosto. 
  4. Se não for usar na hora, guarde num pote bem fechado, na geladeira, de preferência com um filme plástico aderindo à superfície do molho, pois ele escurece rapidamente em contato com o ar. 

terça-feira, 1 de julho de 2014

Jardineira à francesa, uma carninha de tempero e meu tempo foi pra onde?

A melhor foto que consegui tirar com 11kg de Laura no braço esquerdo e a câmera na mão direita.
Esse panelão colorido é exatamente o tipo de prato que me dava um comichão na minha época vegetariana: o tipo de prato totalmente vegetariano, NÃO FOSSE pelo pedacinho de porco no meio. E um maldito pedacinho que faz uma falta danada, que dá aquela encorpada no gosto do caldo e dos legumes. Em outra época, provavelmente teria omitido o toucinho e pronto. A gordura da manteiga TALVEZ até bastasse. Mas eu jamais faria esse prato em versão vegana, por mais que goste de legumes. Acho que realmente faltaria essa gordura doce da manteiga, que transformou essa batata e essa cenoura nas melhores batatas e cenouras cozidas que já comi na vida.

A receita aparece no livro One Good Dish, de David Tanis, mas até como ele mesmo comenta, já vi em outros livros franceses, em versões mais ou menos parecidas. No prefácio da receita, ele diz que o cozido se basta como refeição. Concordo. Mas não resisti a preparar uma porção de arroz integral para ajudar a absorver esse caldinho maravilhoso.

A receita original pedia alho-poró e nabos, que eu não tinha. Substituí por inhame e rabanetes e ficou delicioso. Aliás, esse é um prato que me parece bem permissivo em termos de substituições.

Mas calma que não abandonei a naturebice que vinha surgindo nos últimos posts. Ando num esquema "almoço vegan" e "jantar whatever". Virou desafio pessoal, sempre buscar uma refeição o mais carregada de legumes possível, e ir vendo: dá pra ser vegan? Dá, não dá. Dá pra ser vegetariano? Dá, não dá. Não sendo vegetariano, opto por esse tipo de prato, abarrotado de legumes, com uma porçãozinha pequena de carne, que na verdade é apenas tempero.

Tenho sentido nos últimos meses que nunca as refeições aqui em casa tiveram tamanha variedade de frutas e legumes. E a cozinha fica absolutamente colorida. :) Dei inclusive uma surtada no supermercado e acabei trazendo um sortimento tão variado de grãos e feijões, que quase não coube na estante da despensa. Quero aproveitar ao máximo enquanto o Matador de Dragões está comendo de tudo, pois sabe-se lá até quando isso dura. :P

No mais, ando com posts atrasadíssimos e trabalhos mais atrasados ainda. Pimpolho de férias, e mamãe freelancer pirando pra descobrir como trabalhar, se basta abrir a porta do meu estúdio para que a criançada entre correndo e comece a meter dedo em tinta com composto venenoso e tentar desenhar em cima das minhas telas. Nein, nein. Não vai rolar.

JARDINEIRA, OU COZIDO DE LEGUMES À FRANCESA
(adaptado do lindo One Good Dish, de David Tanis)
Rendimento: 4 porções como prato único

Ingredientes:

  • 150g toucinho fresco
  • 6 colh. (sopa) manteiga
  • 4 cebolas pequenas, descascadas e cortadas em quartos
  • 1 folha de louro
  • 1 ramo grande de tomilho fresco
  • 500g batatas, descascadas e cortadas em pedaços de mais ou menos 5cm
  • 250g cenouras médias, descascadas e cortadas ao meio
  • sal e pimenta-do-reino moída na hora
  • 2 inhames descascados e cortados em quatro ou seis pedaços, dependendo do tamanho
  • 4 rabanetes cortados ao meio
  • 1 xic. ervilhas congeladas


Preparo:

  1. Corte o toucinho em fatias de 0,5cm de espessura (para ficarem como pecinhas de dominó). Coloque em uma panelinha pequena, cubra com água, leve à fervura branda e cozinhe por 2 minutos. Escorra, descartando a água.
  2. Derreta a manteiga em uma panela grande, em fogo médio e junte a cebola e o toucinho escorrido. Aumente um pouco o fogo e cozinhe, mexendo com uma colher de pau, por cerca de 1 minuto ou 2. 
  3. Junte o louro, tomilho, batatas e cenouras, e misture para recobrir os legumes de tempero. 
  4. Tempere com sal e pimenta, junte 1 xic. água, abaixe o fogo e tampe. Cozinhe por 15 minutos ou até que as batatas estejam praticamente cozidas. 
  5. Retire a tampa, junte o inhame e o rabanete, coloque um pouco mais de sal e tampe novamente. (Se achar que tem pouca água, coloque mais um pouquinho.) Cozinhe por 5-8 minutos, até que os legumes estejam cozidos. 
  6. Junte as ervilhas, misture bem, cozinhe por 1 minuto ou 2 e sirva, quente, com o caldo por cima dos legumes. 




Cozinhe isso também!

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