Tenho cozinhado um bocado, é verdade, mas a volta ao trabalho tem sido prioridade total – quando Thomas não é. O bichinho voltou a dormir noites inteiras (benzadeus) mas passa o dia todo pedindo atenção, carinho, conversa, risada, brincadeira. Não se conforma em ficar deitado; seu negócio é sentar e ficar em pé. Mas como ainda não o faz sozinho (por mais de dois segundos, pelo menos), vale-se de meus braços para ajudá-lo, e fica enfurecido quando não estou disponível para a tarefa. Logo, qualquer sinal de sonolência que o leva a um rápido, muito rápido, cochilo, leva-me imediatamente ao computador para trabalhar. E não para atualizar o blog. Fué.
Hoje o dia está mais calmo, no entanto, e consegui sacar a máquina fotográfica na hora do almoço.
Tenho uma nóia muito específica com comida: fico obcecada quando descubro um ingrediente novo, e absolutamente frustrada se não posso experimentá-lo. Nem que seja uma vezinha só, mas eu PRECISO cozinhar aquele legume estranho, aquele doce interessante, aquela fruta difícil de achar que apareceu na revista. Como assim existe um troço que é favorito de alguém e eu não conheço o gosto?
Quando vi uma receita com raiz de bardana (gobo), fiquei louca. O que é isso? Que gosto tem? Como come? Com o quê combina? A receita original, do lindo livro francês Nature, de Alain Ducasse, serviu de inspiração, pois meu adaptômetro estava ligado no máximo.
Descasquei uns 4 talos de bardana rapidamente, colocando-os de molho em água com limão. O contato com as mãos deixa sua carne branca imediatamente escura. Cortei os talos em pedaços menores e reservei, ainda na água. Piquei uma cebola bem pequena e esmaguei um dente de alho inteiro, sem picá-lo. Refoguei ambos no azeite até começar a amolecer e juntei a bardana, tampando a panela e cozinhando por uns 5 minutos, até começar a dourar. Juntei cerca de meia xícara de trigo em grãos, uma colher de chá de casca de limão siciliano picada, um punhado de passas claras e misturei bem. Despejei 1/4 xic. de Vermute, deixando que o trigo absorvesse, e cobri com caldo de legumes caseiro, temperando com sal e tampando a panela. A mistura cozinhou por cerca de meia hora, até que os grãos estivessem macios e al dente, e a bardana, cozida. Escorri, acertei sal e pimenta e servi polvilhado de cebolinha picada.
O resultado ficou bem interessante. A bardana tem algo que lembra fundo de alcachofra, mas diferente. O marido, meio avesso a novidades, não virou fã, mas se essa raiz caísse no meu colo de novo, essa seria uma bom jeito de comê-la. Para compensar a naturebice do almoço, servi de sobremesa morangos orgânicos com chantilly fresquinho e suspiros de farinha de castanha e nozes, o que já deixou o homem mais feliz. De qualquer forma, pretendo preparar tudo isso de novo com alcachofras, que vão combinar lindamente com o prato.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
terça-feira, 12 de julho de 2011
Uma coisa leva à outra, e às vezes leva a Shortbread
Noutro dia contava à Pat sobre meu histórico de fracassos retumbantes com biscoitos: biscoitos queimados, crus, moles demais, esfarelentos demais, e o diabo a quatro. O que é estranho, pois eu me lembrava de assar bons biscoitos há anos atrás; mas algo aconteceu ao longo do tempo que me fez meio que "perder a mão".
Eu não desistia da ideia dos biscoitos, porém. A louca desvairada que me habita (e que se parece com a velha dos gatos dos Simpsons) continua comprando livros apenas de biscoitos, alimentando a fantasia de um dia ser uma fantástica cookie baker. Confesso, entretanto, que caí no mesmo pecado com os biscoitos que com os bolos: elegi meus tipos favoritos, caí na preguiça culinária e preparei sempre os mesmos ao longo dos anos. Chocolate Chip Cookies, Oatmeal cookies... e infinitas variações sobre o tema. Assim como aconteceu com brownies, quick breads e pound cakes.
Algo aconteceu no final da gravidez, no entanto, que me fez querer tentar novamente. E comecei com os biscotti, que havia anos não apareciam na minha cozinha. Pode ter sido desejo de grávida nos 44 do segundo tempo, mas o sucesso daqueles biscotti me incentivou a continuar. Parecia que a a mão para os biscoitos retornara. Após o nascimento do Thomas, NÃO sair para comprar ingredientes que faltavam me fez trabalhar com o que tinha e cozinhar o que dava, e acabei me aventurando nas barras. Foi com elas que caí nas bases de shortbread, que eu nunca preparara antes, e foi paixão à primeira mordida.
Shortbread é um tipo de biscoito cuja receita aparece em todos os livros americanos e ingleses que possuo, e que nunca me havia apetecido. Sua simplicidade passa por monotonia, erroneamente. Não me parecia interessante o suficiente. Não parecia algo que eu tivesse vontade de comer. No entanto, agora, estou apaixonada por sua textura leve e ligeiramente crocante, por seu sabor amanteigado. Adorei comê-lo com chá, café, ou com marmelos cozidos e iogurte. E agora que fui fisgada, pergunto-me o que mais andei perdendo, que outros biscoitos ignorei presunçosamente por tanto tempo. E não vejo a hora de prepará-los todos.
Esta receita de Alice Medrich não apenas é deliciosa, mas é à prova de idiotas. Se você se sente um desastre na cozinha e não tem coragem de assar biscoitos com medo de estragar ingredientes, essa é a porta de entrada para um caminho viciante e sem volta: a dos homemade cookies. Não apenas os ingredientes são simples, mas o processo não envolve bater manteiga, abrir com rolo, nem separar bolinhas. Apenas tenha certeza de usar uma manteiga bem saborosa e extrato de baunilha de verdade. Aliás, isso é regra para tudo e estou chovendo no molhado ao especificar esse tipo de coisa... ;)
Pat, esse shorbread é para você, que me fez ter vontade de retornar aos biscoitos. :)
Eu não desistia da ideia dos biscoitos, porém. A louca desvairada que me habita (e que se parece com a velha dos gatos dos Simpsons) continua comprando livros apenas de biscoitos, alimentando a fantasia de um dia ser uma fantástica cookie baker. Confesso, entretanto, que caí no mesmo pecado com os biscoitos que com os bolos: elegi meus tipos favoritos, caí na preguiça culinária e preparei sempre os mesmos ao longo dos anos. Chocolate Chip Cookies, Oatmeal cookies... e infinitas variações sobre o tema. Assim como aconteceu com brownies, quick breads e pound cakes.
Algo aconteceu no final da gravidez, no entanto, que me fez querer tentar novamente. E comecei com os biscotti, que havia anos não apareciam na minha cozinha. Pode ter sido desejo de grávida nos 44 do segundo tempo, mas o sucesso daqueles biscotti me incentivou a continuar. Parecia que a a mão para os biscoitos retornara. Após o nascimento do Thomas, NÃO sair para comprar ingredientes que faltavam me fez trabalhar com o que tinha e cozinhar o que dava, e acabei me aventurando nas barras. Foi com elas que caí nas bases de shortbread, que eu nunca preparara antes, e foi paixão à primeira mordida.
Shortbread é um tipo de biscoito cuja receita aparece em todos os livros americanos e ingleses que possuo, e que nunca me havia apetecido. Sua simplicidade passa por monotonia, erroneamente. Não me parecia interessante o suficiente. Não parecia algo que eu tivesse vontade de comer. No entanto, agora, estou apaixonada por sua textura leve e ligeiramente crocante, por seu sabor amanteigado. Adorei comê-lo com chá, café, ou com marmelos cozidos e iogurte. E agora que fui fisgada, pergunto-me o que mais andei perdendo, que outros biscoitos ignorei presunçosamente por tanto tempo. E não vejo a hora de prepará-los todos.
Esta receita de Alice Medrich não apenas é deliciosa, mas é à prova de idiotas. Se você se sente um desastre na cozinha e não tem coragem de assar biscoitos com medo de estragar ingredientes, essa é a porta de entrada para um caminho viciante e sem volta: a dos homemade cookies. Não apenas os ingredientes são simples, mas o processo não envolve bater manteiga, abrir com rolo, nem separar bolinhas. Apenas tenha certeza de usar uma manteiga bem saborosa e extrato de baunilha de verdade. Aliás, isso é regra para tudo e estou chovendo no molhado ao especificar esse tipo de coisa... ;)
Pat, esse shorbread é para você, que me fez ter vontade de retornar aos biscoitos. :)
SHORTBREAD ASSADO DUAS VEZES
(do livro Chewy Gooey Crispy Crunchy, de Alice Medrich)
Tempo de preparo: 5 min + 2 horas de descanso + 1h10min forno
Rendimento: cerca de 16 biscoitos
Ingredientes:
- 11 colh. (sopa) manteiga sem sal (cerca de 160g)
- 1/4 xic + 1 colh. (sopa) de açúcar cristal orgânico
- 1 colh. (chá) extrato de baunilha
- 1/4 colh. (chá) sal
- 1 1/2 xic. farinha de trigo branca orgânica
- açúcar demerara para polvilhar
Preparo:
- Forre o fundo de uma forma quadrada de 20cm com papel-alumínio OU unte uma forma de quiche de 23cm com fundo removível.
- Derreta a manteiga. Numa tigela média, misture a manteiga ainda quente ao açúcar, sal e baunilha. Junte a farinha e misture apenas até que esteja incorporada. Com as mãos, espalhe a massa no fundo da forma e deixe descansando em temperatura ambiente por 2 horas ou durante a noite.
- Pré-aqueça o forno a 150ºC e posicione a grade na parte inferior do forno. Asse o shortbread por 45 minutos. Remova a forma do forno mas deixe-o ligado. Polvilhe o açúcar demerara sobre o biscoito e deixe esfriar por 10 minutos.
- Remova o shortbread da forma cuidadosamente para que não quebre e corte-o em quadrados, fatias ou palitos. Coloque os biscoitos numa assadeira forrada com papel-manteiga, ligeiramente afastados entre si, e asse por mais 15 minutos.
- Retire, remova os biscoitos da assadeira e deixe que esfriem sobre uma grade. Guarde em pote fechado por várias semanas.
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