sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Calzone de espinafre e pimentão vermelho

Respirando fundo. Passada a raiva de ontem, vamos voltar ao que interessa e me deixa de bom humor – e não só a mim: comida.

É comum ver por aí receitas cheias de atalhos práticos para o dia-a-dia. Use base de torta comprada pronta, polenta pré-cozida, massa folhada congelada, etc e tal. Eu adoro fazer justamente o oposto. Apanhar o atalho e retorná-lo ao seu processo original. Não por teimosia ou orgulho, mas porque, se eu sei fazer e tenho tempo, não me parece haver motivo para gastar mais dinheiro com o atalho. Pois atalhos são sempre mais caros.

Esta era uma receita rápida da edição de Abril da revista Gourmet. [Para quem perguntou, se sua assinatura ficou pela metade, você vai receber Bon Appétit no lugar.] Usava pimentões em conserva e massa de pizza congelada. Bastante prático. Mas eu tinha enormes pimentões vermelhos na geladeira, e não me parece esforço nenhum chamuscá-los e picá-los. E, ainda que eu ache as massas de longa fermentação mais complexas em sabor e textura, Jamie Oliver tem uma receita de massa de pizza bastante honesta e que fica pronta em meia hora, em seu livro Jamie's Italy.

Iêeei! Calzone!

Para quatro calzones muito bem servidos, chamusque na chama do fogão um pimentão vermelho bem grande até que fique pretinho, pretinho. Feche-o dentro de um saco plástico e deixe que esfrie. Então retire do saco, retire a pele chamuscada e o miolo com as sementes. Se ficar um pouco de pele chamuscada, não se importe, e não passe na água, pois ela levará embora o delicioso óleo natural que o pimentão soltou, além daquele gostinho defumado. Corte em pedaços de cerca de 2cm e reserve.

Corte uma cebola ao meio e fatie fino. Refogue em um pouco de azeite de oliva e uma pitada generosa de sal, até que comece a dourar. Junte 2 dentes de alho picados e cozinhe até ficar aromático. Junte as folhas bem lavadas e escorridas de um maço de espinafre, e mexa até murchar. Acrescente um punhado de azeitonas pretas picadas grosseiramente, meia pimenta dedo-de-moça sem sementes picadinha e o pimentão vermelho reservado. Misture, acerte o tempero, e retire do fogo.

Numa tigela grande, misture 400g de farinha de trigo, 100g de semolina e 1/2 colh. (sopa) de sal. Faça um buraco no meio e coloque ali 7g de fermento ativo seco instantâneo, 1/2 colh. (sopa) açúcar e 325ml de água. Misture esse centro um pouquinho com um garfo e deixe descansar uns 5 minutos. Em seguida volte a misturar com o garfo, trazendo a farinha em torno para dentro do buraco aos poucos, até que a massa fique mais resistente ao movimento. Entorne tudo na bancada e sove por uns 10 minutos, até que a massa fique macia e elástica. Polvilhe de farinha, embrulhe em filme plástico e deixe descansar por 15 minutos em temperatura ambiente.

Passado esse tempo, divida a massa em 4 porções iguais e, na bancada enfarinhada, abra cada uma das porções em discos de cerca de 20cm. Distribua o recheio sobre uma metade dos discos, deixando uma borda de uns 2cm. Corte 250g de mozzarella defumada, cacio cavalo ou provolone em 16 pedaços iguais e distribua sobre o recheio, 4 pedaços em cada calzone. Dobre uma metade sobre a outra, como um pastel, e, a partir de uma das pontas da meia-lua, vá dobrando e apertando a borda, para selá-la completamente. Com uma faquinha, faça 3 cortezinhos sobre cada um deles, para o vapor sair. Passe um fio de azeite sobre eles e, se estiver usando uma pedra no forno, coloque-os diretamente sobre a pedra quente em forno pré-aquecido no máximo. Se não, coloque sobre uma assadeira polvilhada com farinha de milho e leve ao forno pré-aquecido no máximo. Asse até que estejam dourados, uns 15 minutos (depende do forno). Deixe descansar por 5 minutos antes de servi-los.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Direitos Autorais, coisa que ninguém mais parece saber o que é (UPDATED)

A coisa que mais se discute em fóruns de ilustração e design hoje em dia é direito autoral, plágio, apropriação, etc. Para quem não sabe, direito autoral funciona da seguinte forma: eu desenhei/fotografei/criei, é meu, é meu patrimônio, é patrimônio dos meus descendentes. Quer usar? Por um valor X você pode imprimir aquela imagem na sua camiseta, você pode usar num livro, pode tatuar na testa se quiser.

Eu não sou fotógrafa profissional, o que só quer dizer que eu não tenho um cartão de visitas onde se lê "fotógrafa". O que não quer dizer que eu não tenha investido em cursos, equipamento e que eu não trabalhe com isso. Ou mesmo que meu tempo e meu esforço não tenham valor. Para evitar maiores úlceras estomacais de ódio, minhas fotografias e textos do La Cucinetta (MAS NÃO AS ILUSTRAÇÕES) estão sob o Creative Commons. Quer usar a foto no blog? Usa. Coloca um link ou diz que foi a Ana que tirou a foto. Sem problemas. Quer usar o texto? Idem. Não há nenhum problema, ninguém se machuca.

Agora o que fazer quando é uma empresa que resolve usar sua fotografia? Ela está usando para quê? Para deixar a área de receitas de seu site mais vistosa, gerar visitação, empatia com a marca e, logo, mais vendas. ELA ESTÁ LUCRANDO COM A FOTOGRAFIA.

E se alguém está ganhando dinheiro com meu trabalho, nada mais JUSTO do que quem fez o trabalho ganhar uma parte.

LOGO, SE A EMPRESA NÃO ESTÁ ME PAGANDO PELA FOTOGRAFIA (e nem mesmo dando créditos, diga-se de passagem), ELA ESTÁ ME ROUBANDO. E ISSO É CRIME. É VIOLAÇÃO DE DIREITOS AUTORAIS.

Eu vivo de criação. Ilustração (e muitas vezes fotografia) paga meu aluguel. Se todo mundo olhar para meu trabalho e achar que "tá na rede, então o uso é livre", COMO SE ESPERA QUE EU PAGUE MINHAS CONTAS????

O pior de tudo, é que a foto roubada nem mesmo corresponde à receita ao lado.

Aos ladrões, queimem no inferno, porque KARMA IS A BITCH!

É por causa dessa gente mesquinha e ignorante que não dá valor para o trabalho alheio, e que gosta do roubo como saída fácil para cortes em verba de comunicação, que a maioria das pessoas que trabalha com qualquer espécie de arte precisa de um segundo emprego para poder pagar as contas. E não se engane: aquela loja legal de camisetas cheia de fotos do Poderoso Chefão, do Homer Simpson e etc, não pagou cessão de direitos de impressão para os donos das imagens também. Essa prática tem se espalhado numa velocidade alarmante, e quando até empresas que deveriam ser nossos clientes estão nos roubando, eu duvido que haja um único ilustrador ou fotógrafo profissional daqui a 200 anos, pois não vai valer a pena financeiramente fazer cursos ou faculdades se ninguém vai te pagar pelo seu trabalho.

Mandei um email à empresa bastante educado, muito mais civilizado do que esse post-desopila-fígado. Mas quero que vocês visitem o site e vejam as imagens das receitas. Pois eu tenho certeza de que encontrarão muitas fotos suas ali também.

VEJA O ROUBO AQUI.

UPDATE: Olha só como a empresa foi LEGAL [note o tom de sarcasmo aqui]. Bastou que eu fosse alertada por uma leitora [obrigada, aliás!], e escrevesse um email reclamando para que eles dessem o devido CRÉDITO AO FOTÓGRAFO. UAU! Quão magnânimo da parte da empresa... Da próxima vez, que tal FAZER ISSO ANTES???? OU QUE TAL PERGUNTAR SE PODE???? Eles me responderam, no entanto? Não. Não recebi NENHUM email pedindo desculpas pelo "mal entendido".

Depois de escrever esse post, contei a meu professor de aquarela, que me aconselhou a processar a empresa. Mas eu sou muito boazinha e me contento com créditos, SÓ PORQUE É FOTO E NÃO ILUSTRAÇÃO. [PORQUE SE EU VIR ALGUÉM USANDO DESENHO MEU SEM MINHA PERMISSÃO, EU VOU ARRANCAR CADA CENTAVO DO FDP E SEUS DESCENDENTES.] Mas dentro do assunto do meu último post do Desenhoquê, ele me contou que quando resolve usar uma fotografia como referência para uma pintura, ele entra em contato com o fotógrafo para pedir permissão primeiro. Afinal, ele só consegue pintar aquela cena ou detalhe por conta do trabalho do fotógrafo, então, nada mais justo. ISSO É ÉTICA.

Pergunta: vocês que também tiveram fotos roubadas... vocês têm créditos ali também?

Cozinhe isso também!

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