terça-feira, 8 de setembro de 2009

Cookies em rolos

Mamãe me ensinou que quando se vai à casa de alguém pela primeira vez é sempre de bom tom levar alguma coisa: um vaso de flores, um vinho, um bolo, o que for. Apesar de ver esse gesto muito pouco difundido entre as pessoas da minha idade, toda a vez que sou convidada com antecedência à casa de alguém levo alguma coisinha. [Às vezes falha, não dá tempo, não tem nenhuma floricultura aberta, etc e tal. Mas os deuses sabem que tento.]

Quando fui convidada para conhecer a casa de uma amiga que também gosta de cozinhar mas trabalha sempre até altas horas, achei que seria uma boa oportunidade para colocar em prática uma dica de um livro de confeitaria que eu comprara alguns meses antes. O livro dizia para preparar uma boa receita de biscoitos tipo "slice and bake" ("fatie e asse"), embrulhar como um bombom e presentear junto com um cartãozinho com instruções de preparo. Pensando nos horários absurdos da minha amiga, achei que seria uma ótima ideia presenteá-la com uma massa de biscoito que ela pudesse tirar do freezer de manhã cedo, ao tomar café, e assar em 15 minutos quando chegasse em casa à noite, cansada e morrendo de vontade de comer um docinho para melhorar um dia supostamente tenso.

A receita é bastante fácil, e rende dois rolinhos como o da foto. Como eu nunca os havia preparado, guardei um rolinho para mim, para ver se funcionava. Os biscoitos ficam deliciosos, e parecem melhorar de textura de um dia para o outro, se guardados em um pote bem fechado.

Uma dica: se o dia estiver muito quente, descongele os biscoitos naquela gaveta mais gelada da geladeira, o cold room, e corte os biscoitos rapidinho, pois eles começam a ficar grudentos em pouco tempo depois de retirados da geladeira. E se a massa estiver grudenta demais na hora de enrolar os biscoitos, polvilhe um pouco – POUCO! – de farinha.

ROLOS DE CHOCOLATE CHIP COOKIES
(do livro Baking for All Ocasions, de Flo Braker)
Tempo de preparo: 15 minutos + 8 horas de geladeira + 15-30 minutos de forno
Rendimento: cerca de 4 dúzias de cookies


Ingredientes:
  • 1 1/3 xic. farinha de trigo
  • 1/2 colh. (chá) bicarbonato de sódio
  • 1/4 colh. (chá) sal
  • 115g manteiga sem sal em temperatura ambiente
  • 1/2 xic. açúcar
  • 1/3 xic. açúcar mascavo apertado na xícara
  • 1 ovo grande
  • 2 colh. (chá) essência de baunilha
  • 1/2 xic. chips de chocolate amargo

Preparo:
  1. Numa tigela pequena, misture a farinha, o bicarbonato e o sal. Na tigela da batedeira, bata a manteiga e os açúcares em velocidade média-baixa apenas até que esteja tudo bem misturado, mas ainda com aparência arenosa, cerca de 45-60 segundos. Não bata em excesso ou os cookies não terão a textura correta.
  2. Em velocidade baixa, adicione o ovo e a baunilha e bata apenas para misturá-los. Desligue a batedeira e passe uma espátula pela lateral da tigela, para misturar melhor.
  3. Na velocidade mais baixa da batedeira, misture a farinha até que fique bem incorporada. Desligue. Usando a espátula, incorpore os chips.
  4. Divida a massa em duas partes iguais. Forme dois rolos de aproximadamente 14cm de comprimento. Enrole em papel-manteiga e role os rolos, tornando-os mais arredondados e com cerca de 18cm de comprimento. Termine de embrulhá-los com o próprio papel e leve à geladeira por várias horas, de preferência durante a noite, para que firmem bem. Se for congelá-los, embrulhe por cima com papel-alumínio, coloque a data e leve ao freezer por até 1 mês. Descongele na geladeira por 8 horas ou durante a noite. (Na fotografia, o rolo congelado foi embrulhado ainda uma terceira vez, com papel-manteiga, apenas para efeito estético.)
  5. Antes de assar, pré-aqueça o forno a 180ºC. Forre duas assadeiras com papel-manteiga (uma para cada rolo). Usando uma faca serrilhada, corte rapidamente o rolo em rodelas de cerca de 0,5cm de espessura e coloque-as na assadeira, com uns 3cm de espaço entre elas.
  6. Leve ao forno por 12-14 minutos, uma assadeira por vez, até que fiquem dourados mas ainda moles. Retire do forno e deixe que descansem na assadeira por 3 minutos. Então transfira os biscoitos com uma espátula de metal para uma grade e deixe que esfriem completamente. Guarde em um pote fechado por até dois dias.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Putchiiiiim...

Meu deus do céu, como eu odiava aquela droga daquela propaganda com a mulher beiçuda pedindo "putchiiiiiim"! Qual era o produto, não sei. [O que me faz adorar publicidade brasileira, em que todo mundo sabe a piada de cor, mas não se lembra do produto. Alôo? Eficiência? Neh.] Só ficou bem gravada em minha memória aquela boca "angelinojolesca" numa atuação digna de Troféu Framboesa, dizendo "pudim". Bem devagar.

Pudim.
Puddddim.
PU-DIM.

Não, não importa. Para sempre, para todo sempre, pudim será "putchiiim". Com beicinho.

Shoot me.
Shoot me now.


E ultimamente os "putchiiins" são uma constante na minha geladeira. Uma vez que tudo o que botei no forno nos últimos tempos foi da forma diretamente para o lixo, saciei meu desespero por coisinhas doces com receitas de pudim. Desses fáceis, creminho engrossado com amido de milho, desses que fazem casquinha na geladeira e que se comem de colher. Tão bom!

Fiz diversos, de chocolate, de caramelo, butterscotch, sementes de cacau, baunilha, lavanda... Quem se divertiu com isso foi o Allex, que adora sobremesas de colher. Mas algumas ficavam muito moles, outras muito duras. Adaptando uma receita de Alice Medrich, encontrei a textura de pudim que mais me agrada, e que, teoricamente, pode ser variada à exaustão. A primeira versão foi feita com sementes de cacau torradas e moídas. Que foram, depois, substituídas por fava de baunilha, produzindo um sensacional pudim de baunilha, salpicadinho de pontinhos pretos. A terceira tentativa foi com lavanda (que é o da foto), que deu certo, mas ficou um pouco exótico, não para todos os paladares. Minha intensão agora é fazer o mesmo com anis, canela, ou mesmo folhas como menta. Ainda que com menta, a infusão seja diferente.

Então, para que também vocês testem outras variações, fica aqui meu pudinzinho de baunilha. Muito rápido e muito fácil. Não recomendo a substituição da fava por essência, a não ser que seja extrato natural. Você quer que a baunilha de fato exploda em sabor no pudim, e não acho que a essência artificial tenha a complexidade da fava. Pense nela como um investimento. Depois de usar, passe embaixo da torneira aberta para tirar o leite, deixe secar no escorredor de pratos e coloque dentro de um pote de açúcar. O açúcar fica mais perfumado que qualquer essência a base de petróleo.

PUTCHIIIIIM DE BAUNILHA
(Adaptado do livro Bittersweet, de Alice Medrich)
Rendimento: 6 porções
Tempo de preparo: 40 minutos


Ingredientes:
  • 1 1/2 xic. creme de leite fresco
  • 1 1/2 xic. leite
  • 1 fava de baunilha
  • 1/2 xic. açúcar
  • 1/4 xic. menos 1 colh. (chá) amido de milho
  • 1/4 colh. (chá) rasa de sal
Preparo:
  1. Com uma faquinha, abra ao meio a fava de baunilha no sentido do comprimento, e raspe para fora as sementes. Coloque as sementes e a fava aberta em uma panela com o creme de leite e o leite e leve à fervura em fogo médio. Assim que começar a ferver nas bordas, desligue o fogo, tampe e deixe em infusão por 20 minutos.
  2. Coe a mistura ou apenas retire a fava.
  3. Em outra panela, coloque o amido, o açúcar e o sal.
  4. Junte a essa panela 1/3 xic. do creme de baunilha e misture até formar uma pasta homogênea.
  5. Junte o restante do creme e ligue o fogo médio, mexendo sempre com uma colher de pau até que comece a ferver e engrossar. Reduza o fogo e deixe ferver, mexendo, por 1 minuto.
  6. Divida o pudim entre potinhos com capacidade para meia xícara. Sirva morno, em temperatura ambiente ou gelado. Na geladeira, eles formam uma película por cima que muita gente gosta e muita gente não gosta. Se você não gosta, basta cobrir com filme plástico, grudadinho no creme.
SUBSTITUÇÕES: Tente substituir a fava de baunilha por canela em pau, anis estrelado, lavanda, sementes de cacau torradas, etc, seguindo o mesmo método. Para folhas, como hortelã, misture as folhas rasgadas ao creme de leite e ao leite (frios) e deixe num pote fechado durante a noite na geladeira. Coe, apertando bem as folhas na peneira, e vá direto para o passo 3 da receita. Essas são sugestões NÃO TESTADAS. Se estiver inseguro dos resultados, faça pouquinho, uma porção para duas pessoas, como fiz com a de lavanda: 1/2 xic. creme de leite, 1/2 xic. leite, 1/6 xic. açúcar, 1 colh. (sopa) rasa amido de milho e 1 pitada de sal. No caso desta, usei 1 colh. (chá) de lavanda/alfazema (comprada na Bombay, porque eu sei que vocês vão perguntar).

Cozinhe isso também!

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