sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

Por uma vida menos séria

Cansei de ser séria. Já há algum tempo eu cansei de ser séria. Salvo no quesito trabalho, onde a seriedade é fundamental, não vejo onde mais em minha vida essa qualidade me beneficiaria.

É fácil cair na armadilha de se levar muito a sério. Você começa a se cobrar mais do que deve e exigir resultados (de você e do mundo à sua volta) muitas vezes inatingíveis. Você pára de rir de si mesmo. E conseqüentemente, pára de rir e ponto.

Há já algum tempo aprendi a não me levar muito a sério. Não foi uma transformação fácil. Talvez tenha ocorrido ao longo dos anos, em doses homeopáticas, em diferentes áreas da minha vida. Primeiro, parei de me importar com o que os outros achavam das minhas roupas. Enquanto tem gente que passa maquiagem para ir ao supermercado, eu não me importo de passear o cachorro no meio da Oscar Freire de chinelo de dedo, bermudão e camiseta velha de faculdade. Aliás, a perda de peso me fez notar uma coisa triste e interessante: aos olhos dos outros, mulher gordinha vestida de saco de batata não se ama; mulher magrinha vestida de saco de batata é "estilosa". Dá vontade de dar um tiro na testa. Mundo idiota...

Depois, aprendi a passar vergonha. Ah, se tem uma coisa em que sou especialista é passar vergonha. Normalmente eu falo mais do que a boca, e é uma mera questão de tempo até que eu faça algum comentário... hmm... inapropriado. E eu não costumo guardar minhas opiniões para mim. Adoro discussão. Adoro polêmica. Discutir de forma inteligente exercita o cérebro. Mas tenho amigos e familiares que querem se esconder quando percebem que escolhi uma vítima despreparada para ser meu interlocutor da noite.

Eu sou do tipo que dá pulinhos de alegria (literalmente) em locais públicos, e que acha que o mundo é um enorme karaoke. Não basta cantar. O negócio é interpretar a música, de todo o coração. Eu rio alto. Do tipo "HÁ-HÁ-HÁ". E é garantido que no meio da risada vão surgir aqueles vergonhosos sons suínos de quando você tenta respirar durante um ataque de riso. Óinc-óinc. Eu não ligo.

[O que mais amo no meu marido é que ele não só não sente vergonha das bobagens que eu faço em público, como ele normalmente participa e dá risada.]

Não tenho a menor vergonha de dizer que fui bem gordinha, depois magrinha, depois gordinha, e agora magrinha de novo. Conheci uma menina na faculdade que me puxou de canto e me deu bronca, dizendo que nunca, NUNCA, se deve contar a um homem que você foi gordinha, ou ele pode achar que você voltará a sê-lo.

Pausa para se recuperar.

Eu quis bater na menina. Tadinha. Mas tudo bem, ela era cor-de-laranja de tanto bronzeador artificial, então não dava para esperar nada melhor.

Eu levava minha mente muito a sério. Talvez cursar faculdade de filosofia não tenha ajudado muito. Mas logo percebi que nada melhor que intercalar livros clássicos com algum grande best-seller porcaria. Nada como intercalar filmes iranianos com alguma comédia pastelão. Eu gostei do Virgem de 40 anos! Eu li Bridget Jones! Adorei Mamma Mia! E estou lendo Crepúsculo, que me leva completamente a minha adolescência gótica e anti-social!

Mais recentemente, aprendi a não levar o blog tão a sério. Andava muito estressada com a quantidade de cópias fajutas que estava encontrando por aí, com a quantidade de textos meus surrupiados e até mesmo publicados em "comunidades" de sites conhecidos... até que resolvi respirar fundo e mandar às favas. Quer saber? Eu tenho de me divertir com essa joça, senão é mais fácil apagar tudo e desistir. Quer dar copy-paste no texto? Copia aê. Quem gosta do La Cucinetta vai descobrir e vai pegar mal... hmmm...prá você que copia! Quer roubar foto? Tadinho de você que não sabe tirar foto. Falta de talento dá nisso mesmo. A única coisa que eu bato o pé e levo a sério sim é ilustração. Porque é isso que paga meu aluguel. Então, se roubar ilustração, aí vai ter advogado no meio. DE VERDADE. O mais engraçado é ver que tem gente que me lê e que me leva muito a sério. Pessoas, às vezes é só piada. Dá risada, relaxa a bisteca, e deixa passar.

E, por fim, aprendi a não levar a cozinha tão a sério. Ás vezes tudo o que você quer é uma bela gororoba. Dia desses, preguiçosa, cortei alguns tomates frescos e misturei-os a um dente de alho pequeno bem picado, um bom punhado de salsinha, sal, pimenta, azeite, vinagre, misturei a um pouco de cevadinha cozida e fria, um belo chumaço de brotos de trevo, queijo branco em cubinhos e... caramba! Ficou muito bom! Então toma. Uma salada nem um pouco séria.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Bolo de maçãs e cramberries da Joy e uma mente sem sossego


Fazia tempo que não me sentia tão exausta. Por um lado, ando completamente elétrica: tenho tido dificuldades de parar, sinto que preciso estar fazendo alguma coisa o tempo todo. [Ayurveda explica: a perda de peso tornou-me uma pessoa menos letárgica, mais bem disposta e enérgica.] Isso tem sido muito conveniente para mim, uma vez que ando com mais tarefas, compromissos e atividades do que meu pobre dia de 24 horas comporta. O que é estranho para uma freelancer como eu, que costumo ter um bocado de tempo livre em relação a meus coleguinhas que trabalham em agências e escritórios. Por outro lado, tanta agitação tem tornado cada vez mais difícil encontrar cinco minutos (quanto mais 45) para meditar direito. E a falta da meditação parece tornar minha mente e meu corpo ainda mais elétricos, mas agora não de um jeito bom [Ayurveda também explica isso. Ayurveda rocks!].

Ontem foi um daqueles dias em que, apesar do cansaço, você se sente muito produtivo. Consegui correr, passear o cachorro, arrumar a casa, fazer pão (que não deu tempo no domingo), pagar minhas contas e trabalhar um bocado. Quando o dia terminou, estava orgulhosa por ter conseguido encaixar todos os trabalhos na semana e ter finalizado tudo dentro do prazo. Foi quando descobri que o arquivo no qual passara boa parte do meu dia trabalhando havia dado pau. Por algum motivo, ele não salvara. Eram nove horas da noite, e eu precisava sentar-me ao computador... e começar tudo de novo.

Como, no entanto, os deuses sabem o que fazem, identifiquei alguns erros que cometera no arquivo com pau e pude pacientemente corrigi-los em sua segunda versão, coisa que não teria dado tempo de fazer hoje. Fui dormir tarde e de mente agitada pela falta do período de desaceleração (aquela tv preguiçosa que você assite após o jantar), para acordar às 5h30 da manhã para meu treino pancada de quarta-feira.

Então, depois do treino, suada e ainda com sono, passeando o cãozinho, comecei a sentir meu corpo e minha mente desligando. Eu estava (estou) exausta. Voltei para casa e, apenas para provar a mim mesma o quanto ando tantan, liguei o computador para passar os arquivos da noite anterior para o lap que vai para o cliente à tarde. Enquanto isso, fui à cozinha, lavei a louça do café e comecei a preparar uma deliciosa receita de chá de Heidi Swanson para que gelasse durante o dia e eu tivesse algo gostoso para beber à noite.

E eu parei. Me vi em pé na cozinha, faca na mão abrindo um melão maduro para a sobremesa do almoço (às 10h da manhã!), e cansada demais para descansar. Eu entrara em um ritmo enlouquecidamente automático, e meu cérebro parecia ter desistido de formar qualquer pensamento contra.

Larguei tudo.

Caminhei até a sala.

Tirei as meias, sentindo a sola do pé no assoalho velho de madeira. Mais fresquinho.

Apanhei a faca, cortei um belo pedaço do bolo de maçãs e cramberries que fizera na segunda de manhã e mordi um pedaço. Hmmmmm...

Levei meu pedaço de bolo para o sofá, sentei e descansei.

Por cinco minutos, até resolver levantar e vir ao computador para escrever esse post.

Tantan. Tantan da silva.

Cozinhe isso também!

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