terça-feira, 8 de abril de 2008

Bolo de bananas para uma cozinheira banana que esquece as coitadas sobre a mesa

Se bobear, todos os doces de frutas que publiquei nesse blog têm a mesma história por trás: "havia [insira o nome da fruta] bobeando na geladeira, já quase passada..."

Por mais vergonha que sinta ao dizer isso, é preciso admitir que como menos frutas do que deveria. Não por não gostar: adoro frutas, assim como Allex. Mas ainda que elas estejam presentes sempre na geladeira ou sobre a mesa, é fácil nos esquecermos delas até o ponto além da salvação. Principalmente com frutas mais comuns, que temos o ano todo, como bananas ou maçãs. As mais sazonais, principalmente depois de ter começado a comprar das orgânicas, que têm sua época mais restringida, acabo tratando com mais cerimônia, como é o caso dos figos, das mangas, dos morangos, das cerejas. Essas, quando surgem no mercado, viram centro da minha refeição, in natura, pois quase não ouso cozinhá-las, tão frescas.

Seguindo a tradição, este foi mais um cacho de bananas pequeninas que ficou ali quietinho sobre a mesa da sala e ninguém viu. Quando percebi, estavam pretinhas, pretinhas, e talvez não agüentassem mais um dia.

Aproveitando o término do bolo de cenoura, corri atrás do bolo de bananas de Nigella que estava maluca para experimentar, mas logo frustrei-me ao ler que ela pedia por meio quilo de bananas. Meio quilo?? Sou muito distraída, mas não a ponto de deixar passar do ponto meio quilo de bananas. Como tinha exatamente 240g de bananas descascadas, liguei o adaptômetro. Cortei a receita pela metade, aumentei a quantidade de ovos por pura preguiça de pesar 1 ovo e meio, e usei o suco de um limão tahiti inteiro ao invés de meio siciliano, também, como sempre, substituindo açúcar refinado pelo cristal orgânico.

A descrição de Nigella, confesso, é um pouco exagerada. Apesar de ter ficado delicioso, ele não tem muito de diferente, em sabor, de todos os outros bolos de banana de vó que já comi em minha vida. A diferença fica por conta do uso do limão e do fato de a massa ficar bastante pálida, ao contrário da maior parte dos bolos de banana, que escurecem bem. Fiquei sim morrendo de vontade de, imitando o sorvete, acrescentar pedacinhos de chocolate à massa em uma próxima vez.

O bolinho assim, pequenino, ficou incrivelmente charmoso, do tamanho de um prato de sobremesa, e muito mais prático, uma vez que não conheço ninguém que deixe passar meio quilo de bananas, mas conheço com certeza muita gente que esquece aquelas duas ou três...


BOLO DE BANANAS
(ligeiramente adaptado do livro Feast)
Tempo de preparo: 50 minutos
Rendimento: 6-8 pedaços gordinhos


Ingredientes:
  • 240g de bananas bem maduras, descascadas
  • 2 colh. (sopa) de óleo de canola
  • 2 ovos
  • suco de 1 limão e metade de sua casca ralada
  • 1/2 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 100g de açúcar cristal orgânico
  • 165g de farinha de trigo
  • 1/2 colh. (chá) de fermento químico em pó
  • 1/4 colh. (chá) de bicarbonato de sódio

Preparo:
  1. Amasse bem as bananas com um garfo. Acrescente os ovos, o óleo, o suco de limão e sua casca, a baunilha e o açúcar e mexa bem.
  2. Junte a farinha, o bicarbonato e o fermento peneirados e misture até ficar homogêneo.
  3. Coloque em uma forma com furo no meio com capacidade para 1 litro, untada com manteiga, e leve ao forno pré-aquecido a 180ºC por 35-40 minutos, até que esteja dourado e um palito saia limpo quando inserido em seu centro. Deixe descansar 5 minutos antes de desenformar.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

Panquecas de polenta com guacamole

Já devo ter mencionado isso por aqui, mas sempre fico irritada quando alguém me chama para comer e quer me levar a um "restaurante vegetariano". E, com exceção de um ou dois lugares, a maioria desses restaurantes serve comida sem tempero, sem textura, sem vida, o que faz com que realmente muita gente se sinta pouco estimulada a diminuir suas refeições carnívoras.

Está certo, é preciso fazer uma distinção para a culinária vegan. Esses sim se viram para substituir derivados de leite e ovos, e é preciso tirar o chapéu para sua força de vontade. Acho que jamais conseguiria viver mais de uma semana à base de leite se soja e margarina. Mas muita gente olha para mim e diz isso a respeito de bife. De qualquer forma, o que quero dizer é que existe sim "comida vegan". Mas não acredito que exista "comida vegetariana".

Evito comprar livros de receita que se vendam como vegetarianos, pois normalmente eles são abarrotados de receitas criadas para substituir carne. Bifes de soja, hambúrgueres de soja, lasagne de soja, e por aí vai. Quando o que deveriam fazer é mostrar que é possível ter um prato na sua frente absolutamente delicioso, que qualquer carnívoro devoraria, mas... tchananans! sem carne.

Por isso comprei meu primeiro livro de "cozinha vegetariana" (os outros da estante foram presentes), que só tem me dado alegria desde então. Salvo duas receitas de hambúrguer, o livro é recheado de tortas, omeletes, panquecas, saladas, massas, salteados, aperitivos, cheios de legumes, verduras, grãos, ovos e queijos. Recheado de fotos, acho que é o livro mais colorido que tenho, e um dos mais bonitos. E mamãe sempre me ensinou a comer pratos bem coloridos: quanto mais cores diferentes, mais saudável.

Como tinha abacates maduros e um resto de feijão preto cozido na geladeira, apanhei uma receita do livro de panquecas de polenta com guacamole. O livro, em português de Portugal é muito ambíguo ao distinguir polenta (sêmola de milho) de farinha de milho. Por instinto, usei a polenta mesmo, mas acredito que a farinha não produza um resultado muito diverso. Segui a receita das panquecas, mas ignorei a do recheio, preparando o guacamole do meu jeito, e "refritando" os feijões pretos. Cobri tudo com muito Tabasco e creme azedo.

Nham-nham. Quem acha que vegetariano só come salada de alfafa... :P

PANQUECAS DE POLENTA
(quase nada adaptado do livro Culinária Vegetariana)
Tempo de preparo: 20 minutos
Rendimento: 5-6 panquecas de 15cm


Ingredientes:
  • 50g de polenta (sêmola de milho)
  • 60g de farinha de trigo
  • 1/4 de colh. (chá) de sal
  • 1/4 de colh. (chá) de fermento químico em pó
  • 1 colh. (chá) de açúcar cristal orgânico
  • 250ml de leite integral
  • 2 ovos
  • 1 colh. (sopa) de manteiga sem sal derretida

Preparo:
  1. Misture os ingredientes secos em uma tigela e os líquidos em outra. Junte as duas e misture com um garfo até ficar homogêneo. Cubra e deixe descansar por 20 minutos.
  2. Aqueça um fio de óleo em uma frigideira pequena. Despeje uma concha da massa, cobrindo todo o fundo e deixe dourar em fogo médio, virando para dourar do outro lado. Mantenha aquecido até servir, e recheie de guacamole, feijões refritos e creme azedo.

Cozinhe isso também!

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