sábado, 1 de março de 2008

PADARIA DE DOMINGO 8: ciabatta fajuta

Para me redimir da última "ciabatta de polvilho", resolvi recorrer a uma receita do primeiro livro de Jamie Oliver, que eu já fizera outra vez com sucesso. Na época, Jamie era minha única fonte de receitas de panificação, e foi muito estranho voltar a ele depois de mais de um ano com o Professional Baking. Primeiro, dei-me conta dessa solução salafrária de Jamie de simplesmente adicionar qualquer coisa a uma receita-base e mudar-lhe o nome. Ok, ok, isso facilita as coisas para quem está começando. Mas, ainda que o resultado seja um pão bom e fácil, com cara de ciabatta, ele nada tem de autêntico, e seu miolo e casca nem de longe lembram o original que lhe dá o nome. O tipo de coisa que passa batido quando somos inexperientes e nosso único objetivo é que o pão seja "comível", mas que hoje em dia é de irritar um bocado.

A primeira coisa que notei na receita, contudo, foi a quantidade de fermento. Quando comecei a fazer pães em casa, a resposta que mais obtinha de Allex era que o pão tinha um retrogosto azedo. Não era implicância: era verdade. Demorei muito tempo para me dar conta de que isso era resultado de fermento em excesso. Quando vi, então, as medidas em inglês (30g yeast or 21g dry yeast), dei-me conta do erro cometido: fermento ativo seco (dry yeast) é diferente de fermento ativo seco instantâneo (instant dry yeast). Sinceramente, a única vez que vi à venda fermento ativo seco foi no Santa Luzia, em pacotes de 1kg. Esses vendidos em envelopes, que uso o tempo todo, são os instantâneos, o que quer dizer que, teoricamente, eles não precisam ser ativados em água morna: podem ir direto na farinha. Mas qual a diferença entre usar o comum e o instantâneo? A quantidade. E isso é crucial. Sempre que se substitui fermento fresco por ativo seco instantâneo, o segundo deve ser 35% a quantidade do primeiro. Ou seja, ao fazer o pão de Jamie, eu não deveria usar 21g, mas 10-11g de fermento seco instantâneo. É uma diferença substancial. Nunca vi os livros de Jamie em português, mas, para aqueles que já produziram pães insatisfatórios a partir de suas receitas, vale a pena averiguar quantidade e tipo de fermento requisitados.

Outro assunto deste post é a danada da sova do pão. Houve muita gente que me escreveu a respeito de pães e de como diabos se sova um. Realmente, para quem cozinha há já certo tempo, parece bobagem ensinar sova de pão, pois é um movimento que, uma vez aprendido, parece brincadeira de criança. Mas quantas vezes já não mandei amigos sovarem uma massa de pizza ou mesmo a massa do macarrão, e os vi sem saber o que fazer, sendo excessivamente delicados e cuidadosos?

Então, seguindo algumas sugestões que recebi, produzi um videozinho muito tosco, com minha pobre câmera que, coitada, só grava 1 minuto por vez, na tentativa de explicar (mais ou menos) o processo básico de sova. Eu poderia ficar aqui descrevendo passo-a-passo, mas acho que é o tipo de coisa que se aprende olhando, e não lendo a respeito. Desculpem-me pela tosquice, e aqueles que já forem bons padeiros, tentem não rir... muito.

sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Seed-crusted CORN biscuits

Desde o bizarro soufflé de amaranto que eu tinha da sementinha na geladeira, esperando por um novo uso. Quando decidi que faria farinha das sementes para produzir os biscoitos salgados de Heidi Swanson, sabia que seria chato amassá-las no pilão, tanto quanto fora com a quinua, mas não fazia idéia de que seria impossível. Voltei as sementes para o pacote, frustrada, olhando para os outros ingredientes misturados e a pequenina fortuna gasta com sementes de nigella e papoula.

Mmmmmm... Pensa, pensa, pensa.

Cortei a receita pela metade, para não desperdiçar tanta comida caso tudo desse errado, substituí parte da farinha integral por farinha comum e a de amaranto por farinha de milho fina. Como acontecera com o soufflé, Heidi fizera mais propaganda das sementes polvilhadas sobre o biscoito do que elas de fato merecem. Mas, apesar do efeito dramático ser mais por conta do visual, os biscoitos ficaram saborosos e com certeza devem ser repetidos por sua facilidade e versatilidade, lembrando um pouco a textura de scones, mais do que cookies ou shortbread, como a receita sugere. Acredito que isso seja devido à pequena quantidade de manteiga.

O "plus a mais" fica por conta da estréia dos meus cortadores de biscoito! A única estranheza da receita é o fato de Heidi indicar que a receita inteira produz cerca de 18 biscoitos de 4cm de diâmetro, quando, com metade dela, eu produzi 25. Talvez tenha estendido a massa um pouco mais fina do que deveria. Será? De qualquer forma, prefiro-os assim, com essa cara de biscoitos para serem tomados com chá ou café, no meio da tarde.


SEED-CRUSTED CORN BISCUITS

(Adaptado do livro Super Natural Cooking, de Heidi Swanson)
Tempo de preparo: 15min. + 20min. de forno
Rendimento: 20-25 biscoitos


Ingredientes:
  • 1/2 xíc. de farinha de trigo tipo 00 ou 1
  • 1/2 xíc. de farinha de milho fina orgânica
  • 1 xíc. de farinha de trigo integral orgânica
  • 1 colh. (sopa) de fermento químico em pó
  • 3/4 colh. (chá) de sal
  • 1/4 de xíc. de manteiga sem sal gelada
  • 3/4 de xíc. de leite integral
  • 1 clara de ovo
  • 3 colh. (sopa) de sementes à sua escolha (usei as do livro: gergelim, papoula e nigella, mas acredito que erva-doce, alcaravia, cominho, entre outras, possam ser tão boas quanto)
Preparo:
  1. Pré-aqueça o forno a 220ºC e forre uma assadeira com papel-manteiga.
  2. Misture as farinhas, o fermento e o sal. Corte a manteiga em pedacinhos pequenos e junte-a às farinhas, esfregando entre os dedos até que tudo tenha a textura de uma farofa fina.
  3. Junte o leite e misture com um garfo até formar uma massa uniforme.
  4. Forme uma bola e achate-a sobre uma superfície levemente enfarinhada, abrindo com um rolo de massa até que tenha cerca de 1,5cm de espessura. Com um cortador de biscoito, uma carretilha de massa ou uma faca, corte biscoitos de cerca de 4cm de diâmetro. Junte as aparas, abra-as novamente e continue cortando até que toda a massa tenha sido usada.
  5. Coloque os biscoitos na assadeira, pincele-os com a clara de ovo e polvilhe as sementes por cima. Leve ao forno por 15-20 minutos, até dourarem muito ligeiramente. Retire-os com uma espátula e deixe que esfriem sobre uma grade.
[UPDATE: ignorância é fogo. A anta aqui achava que "biscuits" eram "biscoitos", quando na verdade são como scones. Não é a toa que a quantidade deu toda errada... Santa paciência...]

Cozinhe isso também!

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