sábado, 9 de fevereiro de 2008

Nóis toma sol na laje: sorvete de ameixas e a fonte do mofo


Com um dia bonito de sol, sem perspectiva de chuva, tiramos o cãozinho e o levamos... para a laje. Não sei se é o vento, o sol, o fato de estar no alto; de qualquer forma, ele parece adorar a laje, e brinca mais ali do que quando o levamos ao parque. Muito prático, já que está a apenas um lance de escada de distância, e não temos de pegar carro de mãe emprestado nem pagar zona azul.

Foi numa dessas que descobrimos o motivo do mofo no nosso armário. Um furinho, coisa pequena, de nada... Só dá para passar um punho inteiro pelo buraco gigante na laje, que fica, por acaso, exatamente sobre a parede do meu quarto onde fica o armário embutido. É mole?

Corre para lá, corre para cá, o cão cansa, e, voltando para o apartamento, feliz e contente, desaba debaixo da mesa, seu lugar favorito para sonecas vespertinas. Enquanto ele dorme e Allex se deixa hipnotizar pelo video-game, resolvo fazer um sorvete de ameixas.

O pacotinho de ameixas da minha despensa era ainda da cesta de Natal de Allex, e eu nunca as teria comprado, pois vinham com caroço. Mas a madame-nada-de-desperdício resolveu descaroçá-las e colocá-las em uso, acreditando que seria uma tarefa fácil.

Para quê? Foi um verdadeiro "ameixacídio", uma carnificina escalafobética, e estou até agora com dorzinhas nas pontas dos dedos por causa de pedaços de ameixa que se enfiaram embaixo das unhas. Faça um favor a você mesmo: deixe o trabalho sujo para outra pessoa e compre ameixas sem caroço.

Havia duas receitas distintas para sorvete de ameixas, mas nenhuma era a que eu queria. Veja bem: no que se refere a sorvetes, nunca fui uma criança muito ortodoxa. Deixe morangos e chocolates para crianças menos aventureiras. Meus verdadeiros amores sempre foram sorvetes de gente grande: pistache, nozes, gianduia, ameixas, entre outros que normalmente fazem Allex torcer o nariz. A primeira receita, do Ultimate Frozen Desserts, usava a base de gelato italiano, com muitas gemas e pouco creme de leite. Mas só havia três ovos na minha geladeira, e eu os estava reservando para outra coisa. A segunda receita, do Perfect Scoop, e levava uma quantidade considerável de Armagnac e creme azedo, nenhum dos dois presentes na despensa. Mesmo porque eu não queria sorvete de ameixas com Armagnac; queria só sorvete de ameixas.

Decidi botar a cachola para funcionar e fazer uma mistureba muito bem feita das duas receitas, e a versão final ficou nem a cara de uma, nem a fuça de outra: acho que é filha do padeiro. Ficou, no entanto, inegavelmente sensacional, com um sabor muito mais rico e interessante do que eu esperava. E acredito que possa ser livremente adaptada para outras frutas secas melequentas, o que me faz olhar com outros olhos para aqueles cajus secos da despensa. Se você for fã de ameixas secas, esse é seu sorvete.

SORVETE DE AMEIXAS SECAS
Rendimento: 1 litro
Tempo de preparo: 30min. + 1 hora para esfriar


Ingredientes:
  • 200g de ameixas secas sem caroço
  • 1 xíc. de creme de leite fresco
  • 1 1/2 xíc. + 2 colh. (sopa) de leite integral
  • 1/2 xíc. de açúcar orgânico claro
  • 1/2 colh. (chá) de essência de baunilha
  • 1/2 colh. (chá) de rum escuro
  • 1/4 colh. (chá) de sal
Preparo:
  1. Coloque as ameixas, o açúcar, o leite e o creme de leite numa panela e leve ao fogo baixo, até que surjam pequenas bolhas nas laterais. Não deixe que ferva. Desligue o fogo, tampe e deixe descansar por 10 minutos.
  2. Bata o creme com o resto dos ingredientes num liqüidificador até misturar bem, mas deixe ainda alguns pedacinhos de ameixa. Leve à geladeira por 1 hora ou até que esteja bem frio. Coloque na sorveteira e prepare o sorvete segundo as instruções do fabricante.

Sweeny Todd e as tortas de carne com as quais nunca terei de me preocupar

Eu adoro o Tim Burton. Talvez seja meu passado pseudo-gótico que permanece mais enraizado do que eu gostaria de confessar. Adoro as histórias que ele escolhe filmar, adoro sua direção de arte, seu senso de humor bizarro, e seu talento para encontrar as pessoas perfeitas para seus papéis. Quando a parceria é com Johnny Depp, então, eu sou a primeira a comprar pipoca e esperar ansiosamente na fila do cinema. (Hmmm... pipoca...)

Ontem fui assistir ao filme Sweeny Todd. É claro. Não era tudo o que eu esperava, porque não é por ser fã que abdico de meu senso crítico. Mas adorei (como sempre) sua luz, sua cores (ou falta delas), a representação teatral, os ângulos de câmera, as roupas. Para um musical, as canções deixam a desejar. Já se foi o tempo de My Fair Lady. E Sasha Baron Cohen com certeza me impressionou mostrando que é mais do que um comediante sem um pingo de vergonha.

Agora, vocês me perguntam, por que demônios estou falando de cinema aqui?

Porque toda a história das "Meat Pies" me fez pensar... Acho que se existe uma vantagem em não consumir carne é que você nunca comerá uma torta de abobrinhas que tenha sido prévia e inadvertidamente um gato ou um ser humano. A não ser em outra vida. Mas se um ser humano renasceu como uma abobrinha, ele provavelmente fez por merecer ser comido de qualquer forma.

Cozinhe isso também!

Related Posts with Thumbnails