sábado, 9 de fevereiro de 2008

Sweeny Todd e as tortas de carne com as quais nunca terei de me preocupar

Eu adoro o Tim Burton. Talvez seja meu passado pseudo-gótico que permanece mais enraizado do que eu gostaria de confessar. Adoro as histórias que ele escolhe filmar, adoro sua direção de arte, seu senso de humor bizarro, e seu talento para encontrar as pessoas perfeitas para seus papéis. Quando a parceria é com Johnny Depp, então, eu sou a primeira a comprar pipoca e esperar ansiosamente na fila do cinema. (Hmmm... pipoca...)

Ontem fui assistir ao filme Sweeny Todd. É claro. Não era tudo o que eu esperava, porque não é por ser fã que abdico de meu senso crítico. Mas adorei (como sempre) sua luz, sua cores (ou falta delas), a representação teatral, os ângulos de câmera, as roupas. Para um musical, as canções deixam a desejar. Já se foi o tempo de My Fair Lady. E Sasha Baron Cohen com certeza me impressionou mostrando que é mais do que um comediante sem um pingo de vergonha.

Agora, vocês me perguntam, por que demônios estou falando de cinema aqui?

Porque toda a história das "Meat Pies" me fez pensar... Acho que se existe uma vantagem em não consumir carne é que você nunca comerá uma torta de abobrinhas que tenha sido prévia e inadvertidamente um gato ou um ser humano. A não ser em outra vida. Mas se um ser humano renasceu como uma abobrinha, ele provavelmente fez por merecer ser comido de qualquer forma.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Delícia (queimada) de chocolate: Pierre Hermé 2x3 Ana Elisa




Meu lado masoquista estava dando pulinhos, pedindo para que eu desse mais uma chance ao livro amaldiçoado. A verdade é que continuo muito encasquetada, principalmente depois de ter nas mãos a versão original em francês e a traduzida para o português, uma ao lado da outra na livraria, e pude conferir todos os meus fracassos assim como Hermé as escreveu. O choque foi ver que o tal do Bolo Suzy não tem erros de tradução. É aquilo mesmo, com colher e tudo. A única diferença que havia em quase todas as receitas era no tipo de chocolate. Enquanto as brasileiras dizem "chocolate com tantos por cento de cacau ou meio amargo", as francesas especificam apenas a primeira opção. Sem substituições. O que para mim faz muito sentido, pois trocando um chocolate a 70% por um "tipo cobertura" da Nestlé, você está alterando a quantidade (e tipo) de gordura, quantidade de açúcar e quantidade de amido da receita, o que pode, dependendo da sensibilidade da mesma, provocar pequenas mas notáveis alterações no resultado.

De qualquer forma, continuo afirmando que não vou jogar o livro fora ainda. Se eu conseguir encontrar duas receitas "repetíveis", para mim está bom.

Apesar da estranheza que me causou o processo desta receita específica, resolvi levá-la a cabo, pois tinha um potinho de amêndoas moídas que logo sairia andando sozinho da geladeira. Eu nunca vi um bolo tão estranho. Bater gemas com açúcar. Ok. Derreter chocolate. Ok. Misturá-lo às gemas. Ok. Misturar a manteiga em temperatura ambiente às amêndoas e à farinha. O.. Hein? E quando virar uma massaroca com cara de marzipã, misturá-a ao reboco de chocolate e gemas (ficou mesmo parecendo reboco). Achei que a coisa toda viraria um tijolo, mas a manteiga acabou suavizando a mistura. Então, voltando à vida normal, bater claras em neve e misturá-las ao restante. Com cuidadinho.

Tudo para a forma milimetricamente untada e enfarinhada, e para o forno a exatos 200ºC. Vinte minutos?, pensei, lembrando do fiasco do bolo Suzy. O timer tilintou e lá fui eu com um palitinho. Porque dessa vez, pelo menos, Hermé avisa que o bolo tem que sair sequinho. Espeta. Ainda um tantinho úmido. Marquei mais cinco minutos. Incorri no erro fatal de ir responder a e-mail de cliente (ou você achava que eu passo o dia cozinhando? Fiz o bolo no meu horário de almoço, tá?!) , e, cinco minutos depois, o cheiro de queimado era inconfundível.

Desenformei a "delícia de chocolate", que mostrava para o mundo sua bunda tostada, e virei-o novamente na grade. Então eu vi. Vi aquele sorriso sarcástico para cima de mim, aquele bolo com cara de sapo rindo da minha cara. Ok, eu enlouqueci.

Deixei que esfriasse para experimentá-lo e... ok. Gostei. Deu certo. Não é demasiado rico para meu paladar, como fora o Suzy, mas suave, muito macio e úmido. Dá até para passar por cima do queimado e dizer que sim, deu certo. Sem adaptações. Eu faria de novo.

Mas antes... compraria uma tigela extra da batedeira. Afe, que dor no braço! Se você tem o livro e resolver fazer o bolo, faça um favor a você mesmo e compre uma tigela extra para sua batedeira. Ou escolha sabiamente suas batalhas. Bata as gemas e o açúcar na mão, e deixe as claras para a batedeira. Não o contrário, como eu fiz. Ê, antebraço fora de forma...

Cozinhe isso também!

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