Adoro encontrar pessoas que me inspiram, gente que parece um eu-melhorado-aperfeiçoado. Não porque sejam perfeitos, mas porque têm qualidades que busco e que me faltam. Seja a filosofia de vida ou a personalidade, ou mesmo a vida que deus lhes deu, com determinadas oportunidades que parecem caídas do céu para quem está de fora. Adoro encontrar pessoas que se preocupam com coisas além do próprio umbigo mas conseguem manter a leveza, sem se transformarem em eco-guerrilheiros. Adoro gente que mora em lugares sossegados que lhes permitem fazer tudo aquilo que eu sempre quis fazer: ficar em contato com a terra mas sem perder o contato com a civilização.
Ando lendo de cima a baixo o Chucrute com Salsicha, porque algo nele me pareceu inspirador. A atenção por detalhes de uma planta, um prato, uma flor, um objeto, que passam desapercebidos por tanta gente. O apreço pelos orgânicos, e outras opções mais saudáveis para o planeta. E um pouco do desprendimento na cozinha. As coisas podem dar errado.
Às vezes me sinto neurótica demais, presa demais a técnicas e receitas, focada no ponto final e esquecendo de aproveitar o passeio. Fico muito estressada quando as coisas dão errado. Já dizia minha mãe que eu não sei lidar bem com frustrações. Ler esse blog está sendo uma terapia, e me dá vontade de me libertar um pouco dessa pretensa chef, e caminhar de novo para a nonna em treinamento. Fazer experiências menos milimetradas e ver o que acontece. E não arrancar minha própria cabeça se um bolo afundar. Preciso me cobrar menos. Preciso me cobrar menos. Com certeza.
quinta-feira, 9 de agosto de 2007
Eu adoro o Mercadão!

O lado ruim de ser freela é o pânico que dá às vezes de não saber se amanhã você vai ter trabalho. Nervos de aço! O lado bom é que você pode tirar uma manhã inteira para cuidar da sua vida. E foi o que eu fiz hoje. Mandei arrumar umas calças que estavam largas, fui buscar minha toalha na costureira (ficou perfeita!), e resolvi dar um pulo no Mercado Municipal (menos de 10 minutinhos de carro) para comprar queijo. Tudo porque ultimamente ando com siricutico de queijo ralado. Não agüento mais aquela serragem salgada de pacotinho, mas também não há orçamento familiar que suporte o preço de um bom pedação de queijo no supermercado. Ainda mais nos Jardins! Daí o pulinho no mercado.
Comprei meio quilo de um Grana Padano italiano maravilhoso e fresquinho pelo preço de 300g de um Faixa Azul no supermercado do meu bairro. E antes que alguém ache um absurdo usar o Grana prá ralar, já explico que o Grana Padano é meio que a versão genérica do Parmigiano-Reggiano, meu queijo-perdição, esse sim pecado ralar pelo preço que é por aqui! Enquanto meu queijo-maravilha-pedacinho-picante-do-céu só pode ser produzido numa região reduzida entre a província de Parma e de Reggio-Emilia (daí o nome), e tem que usar uma técnica xis de produção, com as vacas ípsilon, que vivem livres comendo mato de excelente qualidade, o Grana Padano pode ser feito em várias regiões da Itália, obedecendo regras de produção um pouco menos restritivas, o que resulta em uma variação bastante grande de queijos, a preços mais reduzidos. Ele é o queijo duro mais usado por lá para ralar. Então não é pecado não!
Era já hora do almoço quando comprei o queijo, e resolvi aproveitar e passar no Hocca Bar para comer alguma coisa. Um pastel sensacional de bacalhau e um choppinho depois, resolvi que adoro minha vida e achei melhor voltar para casa, que minha folha de zona azul venceria em 5 minutos. Resisti à tentação de comprar mais quitutes (difícil, muito difícil), e comecei a voltar para casa.
É claro que eu me perdi. Seguindo a tradição que comecei na Itália, em que sempre que bebia durante as refeições acabava pegando o caminho errado para o albergue, perdi o viaduto para a Zona Sul e fui parar no Museu do Ipiranga. Normalmente eu não estresso com essas coisas. Gosto de me perder, porque é o melhor meio de aprender caminhos. E fez-me pensar em pegar o próximo sábado de sol e dar um pulo no Museu e fazer um piquenique no jardim, reformado e lindo.
Resumindo, demorei 1h30 para chegar em casa. Mas os apertos sempre valem a pena pelo meu queijinho supimpa pela metade do preço, e pelo pastel de bacalhau do Hocca!
DICA: Prá saber se o queijo está fresco, você deve observar a junção da casca com o miolo. Quanto mais dourada, melhor. Conforme o queijo vai envelhecendo e ressecando (o ressecamento é a morte do queijo), ele vai ficando esbranquiçado nessa mesma área, até que a casca fique bem separada visualmente do miolo. Para conservá-lo melhor (e isso vale para qualquer queijo duro), tire-o do plástico, se houver, e envolva-o muito bem com papel-manteiga, embrulhando-o em seguida com papel alumínio. Isso evitará a perda de umidade. Se for usá-lo para ralar, é mais fácil se o fizer com ele recém-tirado da geladeira. Se quiser consumi-lo aos bocados, depois do jantar, tire-o e desembrulhe-o antes da refeição, para que volte à temperatura ambiente.
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