

Sempre falo a respeito de minha enorme frustração com frutas vermelhas: morangos repletos de agrotóxicos e com sua antes breve estação agora extendida por meses a fio; cerejas importadas de longe a preço de ouro; amoras, framboesas e mirtilos que, por serem muito perecíveis, não chegam frescos a São Paulo, precisando ser congeladas ou

Fui aos céus na Califórnia.
Saindo de Sutter Creek, a caminho de Sonoma Valley, paramos à primeira vista de uma placa com os dizeres: "Fresh Strawberries; Picked Daily." Hein?? Como não parar?!
Entramos pelo portão escancarado do pequeno sítio, e estacionamos o carro ao lado de uma pequena cabana de madeira branca, que ostentava, ao lado de cestas e mais cestas de morangos vermelhos e perfumados, uma enorme bandeira americana e um pequeno pedaço de papelão pregado no balcão de madeira, que dizia "2 dólares a cesta". Uma fenda no balcão com uma seta desenhada indicava onde deveria ser depositado o dinheiro, uma vez que o dono da vendinha estava... bem... colhendo os morangos.

Nunca haverá morango como aquele. Pelo menos não aqui. Toda a diferença do mundo, deixar que as frutas amadureçam até seu pico no pé, antes de colhê-las.
Próximo a Santa Rosa, após uma curva fechada na estrada, mais uma vez nossos olhos foram irremediavelmente atraídos pelo excesso de vermelho cintilando sob veios de sol por entre os galhos das árvores. Paramos pelas cerejas. "First pick", disse-nos o dono da venda. Primeira colheita.


