terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ana Elisa 3 x Pierre Hermé 0: alguém quer um livro ruim de presente??

Não é possível. Não - É - Possível!

Hoje consegui uma folguinha na correria desenfreada que tem sido as últimas semanas. Consegui brincar com o cachorro, tomar um café com minha mãe, até tomar uma tacinha de vinho no meio da tarde, já que meu trabalho está terminado por enquanto, e eu dependo do cliente para continuar. Então me deu vontade de bolo de chocolate. Nada muito cheio de firula. Simples e honesto bolo de chocolate. Daqueles com gosto de mãe.

Achei que seria uma ótima oportunidade de colocar o Larousse do Chocolate à prova novamente. Quem frequenta essas bandas já soube desse desastre completo e desse outro menor, e da cisma que fiquei do livro. Outro dia, saindo de uma reunião com uma colega que, só por acaso, trabalha com confecção de chocolates e chegou até a fazer o curso da Callebaut, na Bélgica, comentei a respeito do maledetto. "Ah, ganhei esse livro de natal, mas não fui muito com a cara não!", comentou. Perguntei por quê, e ela me disse que achara as proporções de ingredientes muito estranhas e que tentara duas ou três receitas sem bons resultados. Desistira e aposentara o livro. Estava mesmo pensando em passá-lo para frente. "E o Pierre Hermé?", perguntei, "Você que já comeu coisas dele, acha que é tudo isso ou é só o nome da modinha?". Ela deu de ombros. "Ele inventa umas coisas originais. Mas acho que é só moda."

Outro dia dei de cara com uma foto dele num blog, e não pude deixar de antipatizar com sua cara de bolacha de quem comeu mais macaroons do que comportava seu metabolismo. Você não me engana, pensei.

De volta ao livro, escolhi uma receita que por acaso não era dele, mas de um confeiteiro convidado. Bolo Suzy. Facílimo. Sem margem para erros. Derrete chocolate e manteiga, mistura aos ovos batidos com açúcar, incorpora farinha, leva ao forno entreaberto, calçado com uma colher de pau por exatos 25 minutos.

O forno estava na temperatura correta, a massa com uma cara ótima, forma do tamanho certo untada e enfarinhada à perfeição. Calço a porta. Vinte e cinco minutos passam. Minto: vinte e sete, pois confiei mais no meu relógio de pulso do que no timer do forno. Desligo o fogo. Abro a porta. O bolo cresceu maravilhosamente, de modo uniforme, e formou uma linda casquinha quebradiça. Uau! Redenção total!, pensei. Enfio as luvas de silicone nas mãos. No que movo a forma ligeiramente, fazendo menção de retirá-la da grade do forno, o alerta: wooble, wooble, wooble faz a massa. Um recheio completamente líquido move-se sob a casquinha quebradiça. Não é molinho. É LÍQUIDO.

Respiro fundo.

Blasfemo um pouco.

Fecho a porta do forno e programo mais vinte e cinco minutos no timer. Sem colher calçando p*rra nenhuma. Esse bolo vai sair, mas vai sair do MEU jeito. E pro inferno esse livro.

Cozinhe isso também!

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